-Lola - Escutei a voz de Sam vindo de longe até meus ouvidos
– Lola – senti meu corpo balançar – Lola!
- Oi – Disse coçando meus olhos.
- Pensei que não fosse acordar nunca.
- O que você ta fazendo no meu quarto pirralho?
- Ei! Eu sou apenas 1 ano mais novo que você – Disse Sam
adotando um rosto contente, e desafiador onde ele levantava seu queixo e sua
sobrancelha esquerda, fazendo seus olhos castanhos claros brilharem mais do que
o habitual.
- Eu 14 você tem 13. 13 pirralho, 14 maneiro. Entendeu?
- Cala boca – Eu soltei uma risada e depois suspirei. Deitei
minha cabeça no travesseiro. Sam levantou da minha cama, abriu as cortinhas e
uma fresta na janela deixando o ar frio do inverno de Nevada entrar. Puxei o
cobertor para mais perto do rosto.
- Então, a que devo o prazer de sua visita tão cedo? – Disse
com um ar irônico.
- Ah sim... Quase me esqueci. A tia Trisha e o tio Ben te
trouxeram um presente – Tirei o cobertor e levantei de um salto da cama.
- O tio Ben ta lá em baixo? – Perguntei sorrindo colocando
meu roupão e as pantufas pretas – Porque não disse logo? – E dei um tapa na
parte de trás da cabeça de Sam antes de sair do quarto correndo.
- Oh... Ai está ela! – Disse tio Ben, seus cabelos grisalhos
brilhavam com a luz gélida do sol. Sua pele já flácida caia sobre seus pretos
olhos cansados. Mas seu sorriso jovial nunca saia de seu rosto. Corri até ele e
lhe dei um abraço.
- Faz tempo que não nos vemos.
- Verdade... E para compensar isso, te trouxe uma coisinha –
E com mão estava escondida atrás de seu corpo, tio Ben me estendeu um filhote
de husky siberiano preto. Arregalei meus olhos e abri minha boca. Segurei o
filhote na minha mão, fazia tanto tempo que eu clamava por um desses para os
meus pais. Ajoelhei no chão, e o coloquei em cima do tapete.
- Oi amigão... Você é lindo.
- Foi ideia da sua tia – Disse tio Ben, com uma expressão
divertida, com aquele sorrisão no rosto. Tia Trisha estava curvada olhando
algumas fotos na mesa.
- Tia Trisha você sabe que você é a melhor tia não sabe? –
Disse sorrindo, com o maior sorriso que uma pessoa poderia fazer. Ela sorriu
pra mim, com verdadeira ternura. Sua pele já começando a enrugar não nos
impedia de ver seus olhos castanhos. Seus lisos cabelos também castanhos caiam
sobre seus ombros. Era um mulher de classe, devo acrescentar. Era
assustadoramente parecida com sua irmã, Charllote Prize, também conhecida como
minha mãe. Já meu pai, tinha cabelos pretos quase grisalhos, pele bronzeada e
olhos verdes. Como os meus. Simplificando, meu irmão pegou a parte da minha mãe
da família e eu a do meu pai – Ai! – Disse passando a mão na parte de trás da
minha cabeça.
- Vingança gatinha – Disse Sam. Revirei os olhos – Ah...
então esse cachorrinho era é surpresa tio Ben?
- Sim Aranha – Tio Ben gostava de nos chamar como
super-heróis. Já que seu nome é Ben como o tio de Peter Parker, ou seja, homem
aranha, ele chamava Sam como o herói. E a mim de Maravilha, se referindo a
Mulher Maravilha.
- E qual vai ser o nome? – Perguntou Sam, olhando para mim
enquanto passava a mão no husky. Pensei um pouco enquanto passava os olhos pela
sala. Me sentia bem, segura, feliz, aqui. Meus pais me olhavam orgulhosos
enquanto se abraçavam, e tio Ben e tia Trisha também esperavam ansiosos. Nos
olhos de Sam eu sentia o calor de sua felicidade emanando dele. Voltei meus
olhos para o cachorro. Que botou a cabeça para cima me encarando, pensei na
hora que o peguei. Eu disse “Oi amigão...” talvez devesse ser o nome dele.
- Buddy... Seu nome vai ser Buddy – Sam sorriu.
- Nome legal – Tia Trisha voltou seu olhar para a mesa de
fotos. Tinha uma que estava eu e minha mãe caçando um veado numa floresta
próxima a casa de campo, minha mãe me observava na foto enquanto eu mirava com
o arco e flecha, era um hobbie meu e dela. Na outra estava meu pai segurando
Sam no ombro depois de ele ter ganhado no campeonato de natação. Em outra tinha
nós dois com papai na sala de treinamento de tiro, dentro da policia que era
onde ele trabalhava antes de achar um poço de água em quanto cavava para
plantar uma arvore no jardim da casa de campo. Porem tia Trisha focou em uma
foto.
- Parece que alguém ganhou uma medalha no kung fu... – Sam
sorriu timidamente pra ela – E você Lola, já foram as finais do campeonato?
- Semana que vem – Meu coração disparou só de lembrar. A um
mês eu já me tornei uma das melhores da turma de kung fu, o que significa que
eu fui classificada para encarar o campeonato onde eu tenho que ganhar o troféu
de numero um.
- O meu campeonato começa daqui dois meses! – Disse Sam se
levantando – e eu vou acabar com aqueles idiotas – ele começou a desferir
alguns golpes no ar como se estivesse lutando – vou fazer assim... e depois
derrubar eles no chão assim... E depois...
- SAMUEL! – Gritou minha mãe depois que Sam deu um chute no
ar fazendo o abajur cair e quebrar.
- Opa... – Eu comecei a rir, tio Ben e tia Trisha riram,
papai riu, mas a mamãe não. Ela ficou bem brava.
3 anos depois...
- Você ta pronta? – Perguntou Sam. Era de noite, nós
estávamos no carro que Sam ganhou dos nossos tios ano retrasado. Chovia, chovia
muito forte. Buddy estava sentado, observando comigo o lado de fora da janela,
eu segurava sua coleira de couro grossa que continha seu nome. Buddy cresceu
muito, sua cabeça fica junto a minha enquanto ele esta em meu colo – Será que
eles...
- Provavelmente – Respondi. Muita coisa mudou, a dois anos
meus pais foram para Los Angeles com meus tios, alguns meses depois tudo começou
e eles não retornaram. Os celulares não funcionam mais então nos comunicamos
com um antigo walkie talkie da policia que meu pai tinha guardado. Agora somos
apenas eu, Sam e Buddy. Agora eles são tudo que importa.
- Lola – Chamou Sam.
- Que? – Perguntei.
- Podemos ir? – Tirei meus olhos da loja e foquei nos olhos
amedrontados porem firmes do meu irmão.
- Claro – Descemos do carro levando nas costas a chuva
agressiva diretamente, segurava com força a coleira de metal de Buddy. Ele
olhava para os lados vendo se alguém, ou alguma daquelas coisas estava por ai,
mas não estavam. Sam se pôs na frente da loja, eu e Buddy na lateral. Segurei a
faca, e bati com ela no sino da porta da loja. Esperamos alguns segundos, e lá
vinha. O zumbi. Sam se manteve firmemente parado enquanto eu enfiava a faca na
cabeça da coisa – Rápido – sussurrei. Peguei uma lanterna do cinto, diminui a
luz e subi as escadas com Buddy. Sam pegou sua lanterna diminuiu a luz e
começou a passar pelas fileiras de mercadorias. Em silencio eu enfiei a faca na
cabeça de três zumbis, e depois me ajoelhei na grade de proteção da parte de
cima da loja, mirei a luz para baixo e a apaguei e acendi duas vezes. Era o
sinal para Sam, avisando que em cima tudo limpo. Eu guardei a faca, e fiquei
observando com a luz da lanterna. Ao meu lado, Buddy ofegava com a língua pra
fora. – Eu sei cara – Sussurrei eu seu ouvido – eu também to com cede – Sem
olhar para ele passei a mão em sua cabeçona, foquei em Sam. Está tudo muito
bagunçado lá em baixo, mercadorias no chão, estragadas, espalhadas, o cheiro
era horrível. Comida podre e carniça. Sam pegou a água que sobrava, e a comida
que não tinha a tanto tempo passado da validade e colocou tudo dentro de uma
mochila. “Merda” pensei. Ele se virou pra mim piscando a lanterna duas vezes.
Eu mirei e atirei a flecha a 3 centimentros de seu rosto. Levantei correndo,
segurei com mais força a corrente de Buddy e desci escorregando o corrimão da
escada. Alguns dos zumbis saiam de baixo da mesa, pratileira, de trás da porta
e isso fazia tanto barulho que chamava a atenção de outros. Sam ligou o carro e
eu entrei.
- Essa passou perto – Disse Sam.
- É... A gente não daria conta se os outros chegassem –
Disse sem mudar a expressão.
- To falando da sua flecha. Ficou louca? Podia ter acertado
em mim, você não tinha boa visibilidade e...
- Eu sou boa em atirar flechar Samuel. Relaxa, eu não iria
errar.
- Ta bom... – Disse descrente. A verdade é que eu tenho sido
mais fria com tudo, principalmente com Sam desde que eu vi a primeira pessoa
morrer e se transformar. Eu só queria que tudo voltasse a ser como era...
Talvez depois que chegarmos na casa de campo... Talvez, possa dar certo. Mas a
verdade é que eu sei que... Tudo mudou. E não vai voltar ao normal.
Ja disse que eu amo suas histórias? Então eu amo suas histórias u.u
ResponderExcluirUaaau, adorei !!! Parabéns. Continue.
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