Emily me ajudou a subir, mas eu já não sabia o que fazer. O
que é estranho, porque eu sempre sei. Eu olhava para Austin e tudo que eu sentia
por dentro ele demonstrava por fora, estava completamente devastado. Ficamos
alguns segundos em silencio até ele dizer:
- Amora conseguia me tirar do sério, e seu idiota. Mas ela
era forte e corajosa e eu sempre admirei isso nela.
-Austin... Eu não quero ser indelicada mas, precisamos ir.
- Eu sei – Ele respirou fundo vamos lá – Eu coloquei a mão
em seu peito e olhei no fundo de seus olhos.
- Eu sinto muito.
- Eu sei que sim – Odeio quando ele faz isso. Austin sempre
compreende, as vezes eu só quero que ele grite ou brigue comigo mas ele nunca faz
isso. Ele sempre entende. Eu me sentia mal, eu deveria ter ido no lugar de
Amora. Mas agora vai adiantar falar isso? Eu deveria ter pensado melhor,
enquanto ela estava viva. Agora já era.
- Caramba! Que demora foi essa?! – Perguntou Dylan – Cadê
Amora? – Eu balancei a cabeça negativamente. Todos se calaram. Descemos do duto
direto na ala restrita. E ali estava, um portinha que ligava um “escorregador”
de lixo até a lixeira.
- Vamos nessa – Disse Link.
- Só mais uma coisa – Eu disse, puxei minha arma e atirei na
cabeça de Ryan.
- NÃO! – Emily segurou ele enquanto ele caia e sangrava em
seu colo. Engraçado, não sinto remorso. Não sinto nada – PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?!
-Cheque os bolsos dele – Link e Mike me olhavam de boca
aberta. Emily me olhou com os olhos inchados de lágrimas, depois olhou nos
bolsos dele. E tirou uma faca de lá. Agachei e tirei de seu ouvido uma mini
escuta com câmera – Ele estava grampeado.
- O que? Não... Ele, ele ia ajudar a gente. Ele não é como
os outros – Disse Emily, balançando a cabeça.
- Eu também achava isso, até eu passar pela sala de Phil e
ele estava conversando com alguém, por escuta. Phil não podia nos deixar sair
daqui, e já que não podia nos deter estava autorizado a matar. Então...
- Ryan nunca nos mataria – Disse Emily.
- Isso não vamos mais saber – Dylan estava me olhando
diferente, parecia até com orgulho.
- Gosto quando você da uma de espeta – Disse ele.
- Traidorzinho de merda – Disse Mike. Ele se virou, pegou
sua mochila e pulou no escorregador. Link foi depois, e então Dylan.
- Emily vamos – Ela não respondeu, ficava acariciando os
cabelos de Ryan, deixando suas lágrimas pingarem no rosto dele, sua respiração tranqüila
fazendo seu corpo subir e descer e foi ai que eu percebi. Virei meu rosto para
Austin e dei sinal para ele descer, e ele o fez – Você não vai vir, não é? –
Ela balançou a cabeça – Não vou conseguir te convencer não é? – Ela balançou a
cabeça de novo – Tudo bem. Boa sorte Emily.
- Pra você também – Eu virei as costas pensando se isso é o
certo a ser feito, e desci. Eu consegui ouvir Phil gritando de raiva, e Emily
gritando de dor. Pensei em voltar, mas agora já era tarde. Cai no lixo e Austin
me ajudou a sair.
- Argh, que nojo – Disse tirando lixo de cima de mim. Austin
afastou o cabelo do meu rosto e disse:
- Você continua linda – Eu dei um sorriso tímido e Austin
puxou meu rosto e me deu um beijo.
- Hmmm, já tava demorando – Ouvi Link dizer, Austin sorriu.
Estavam todos dando risada, essa é a vantagem de viajar com homens, eles sempre
fazem você rir. E agora eu sou a única mulher aqui.
- Eu estava começando a pensar quando isso iria acontecer –
Disse Mike.
- Austin, pode ficar tranqüilo porque eu aprovo – Disse Dylan
rindo.
- Haha muito engraçado – Disse sarcasticamente e meio envergonhada.
Ouvi um barulho, os sorrisos de desfizeram, e a realidade nos atingiu como um
tapa – zumbis – sussurrei. Tirei minha faca do cinto, percebi que aqui fora
está tão ruim quando lá dentro. A neve cobria todo o chão, o que encobria o
barulho dos zumbis e diminuía nosso ritmo.
- Qual o plano? – Perguntou Link.
- Dar o fora. Dylan você arruma um carro e a gente te da
cobertura – Ele assentiu, e começou a andar. Eu fui atrás dele e Austin na
esquerda,Link na direita e Mike corria na frente. Os zumbis estavam todos
aglomerados correndo atrás de nós. Austin passou o machado na garganta de um
zumbi fazendo seu sangue espirrar na sua
camiseta, enfiei a faca na barriga de outro ele se inclinou e eu enfiei na
cabeça dele. Olhei pra trás Dylan tinha entrado dentro de um Sandero, eu
escorreguei na neve, bati a cabeça na traseira do carro, minha testa começou a
sangrar pingando no chão. Os zumbis pararam.
- Dallas! – Austin agachou e olhou minha testa, os zumbis
farejaram o ar e depois atacaram mais sedentos do que nunca.
-Eles querem meu sangue – Sussurrei. Austin segurou firme o
machado e levantou decepando a cabeça de um zumbi. Eu olhei para direita e vi
lá no fundo um corpo – eu tenho um ideia – peguei minha faca e cortei minha mão
no meio.
- O que você ta fazendo?! – Levantei e corri. Ouvi o carro
ligar, Dylan conseguiu. Corri rápido, Os zumbis vinham mais rápido ainda.
Passei minha mão numa arvore, alguns deles pararam e ficaram lambendo a arvore.
Um deles pegou minha perna, eu conseguiu sentir o álito frio do errante na
minha nuca, e pelo canto do olho via seus dentes podres e língua quase tocando
meu rosto. Puxei a língua dele e cortei com a faca. Depois enfiei a faca em sua
cabeça. Outros caíram em cima de mim, eu comecei a me rastejar no chão.
Deixando um rastro de sangue sobe a neve branca. O corpo estava ali, uma mulher
tão magra que provavelmente morreu de fome. Seu rosto ainda tinha cor, morreu
agora, então seu sangue ainda está fresco. Passei minha mão na perna da mulher,
consegui me levantar. Cortei o braço dela, e segurei um galho de arvore. Os
errante pegaram o braço da mulher, e de repente estava todo aquele aglomerado
em cima da pobre coitada.
Subi na arvore e pulei para outra enquanto os zumbis estavam
ocupados com a mulher morta. Corri de volta, e eles estavam esperando por mim.
- Você é maluca, sabia? – Perguntou Dylan.
- Completamente insana – Disse Mike.
-Adoro isso em você –
Disse Austin, ele sorriu e passou gazzi na minha mão. Abracei ele, não adianta
a onde formos a situação vai ficar cada vez pior. Mas isso não impede que
lembremos qual o significado da palavra “amor”.
-Então caras – Disse indo até o carro, e abrindo um red Bull
que eu tinha pegado dentro da Island Hope Corporation – onde querem ir agora? –
Eles se entre olharam.
- Hollywood? – Perguntou Link. Eu sorri pra ele.
- Los Angeles então – Entrei dentro do carro. Austin no
banco do passageiro como de costume, ele começou a olhar dentro do carro e
achou uma caixinha de som a pilha. Ele plugou um pen drive na caixinha e
começou a tocar Back In Black do Ac\Dc. Eu sorri, nunca pensei que fosse ouvir
musicas de novo. E essa é perfeita.
Eu me sentia bem, porque por mais que parece estranho eu
vivia cada dia como se fosse o ultimo. Um passo de cada vez. Apesar de saber que
nenhum de nós é feliz como costumava ser, agora estamos bem. Cada um tem que
lidar com seus próprios demônios, não podemos deixar os fantasmas do passado
nos atormentarem, porque no final nossos próprios inimigos somos nós mesmos.
Pela primeira vez eu sabia, quem sou eu. Eu sou Dallas
Kingsley, uma sobrevivente.
Fim.
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