terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Capitulo 10

“Ponto de vista do Sam”
História 1
-Samuel, você não fez as lições até agora?! – Brigou meu pai – começa.
-  Mas pai! É 23:00 hrs!
- Quem mandou não começar antes? Problema seu meu chapa – e então ele subiu as escadas e foi dormir. É foda, fazer lição de matemática essa hora?! Que merda, eu não sei essa matéria.
- Sam? Acordado até essa hora? – Disse Lola depois que desceu as escadas com a camisola do super-man, um livro cujo título seria “Saco de ossos”, e uma chicara de chá vazia nas mãos.
- Papai não vai me deixar dormir até eu terminar essa lição... Não sei nada dessa matéria
– passei a mão frustrado no cabelo. Lola colocou o livro e a chicára em cima da mesa e olhou pro meu livro.
- Eu te ajudo.
- Mas você tem aula cedo amanha.
- Eu sei... Mas sem problema Sam, eu te ajudo – E ela sorriu, uma daqueles sorriso que me faziam acreditar que tudo iria ficar bem.

História 2
- Oi Drew! – Disse deixando ele entrar.
- Oi Sammy! – Ele deu um toque na minha mão.
- O que aconteceu?
- Nada... É que eu não queria ficar ouvindo o bla bla bla da minha irmã e vim aqui.
- O que ela tem?
- Brigou com o namorado – Drew revirou os olhos.
- Ta afim de um vídeo game?
- Pode ser – Dez minutos depois de começar a jogar eu já estava perdendo, comecei a ficar desesperado e apertei um monte de botões, e de repente soltei um mega ataque que tirou toda a vida de Drew – Caaara! Como você fez isso?
- Quisera eu saber!
- Cara! – Cantarolou Drew, nós rimos e depois disso toda vez que nos víamos a gente se chamava de “cara”
 História 3
- Touche – Disse espetando uma espada de madeira no peito de Drew.
- Cara, isso é na esgrima – Disse ele.
- Touche – riu.
- Que você está fazendo Sam? – Perguntou Lola se aproximando, Drew arrumou o cabelo enquanto olhava pra ela. Eu revirei os olhos, era sempre a mesma coisa, toda santa vez. Ela chegava olhava pra ele, e ele pra ela, ela tentava não olhar e ele a observava como se ela fosse uma deusa. Eu revirei os olhos.
- Nada... Sabe... É engraçado nosso nível de amizade.
- O que quer dizer? – Perguntou Drew.
- Ah... Sei lá. A gente briga mas ta sempre junto. Somos tipo os 3 mosqueteiros – Lola me olhou com um sorriso divertido, pegou um pedaço de madeira do chão e estendeu.
- Um por todos – Eu e Drew fizemos o mesmo.
- E todos por um.
Apesar de coisas ruins acontecerem e nós brigarmos sempre estamos juntos, e sempre um ajuda o outro. As vezes olho pra eles e sinto que temos algum tipo de química ou mágica para nos deixar juntos. Como o Harry, Rony e Hermione. Só que sem Hogwarts.

 Dias atuais.

Droga, droga! São muitos, são mais do que já lutamos. Mais do que já pensamos em lutar, o  que ta acontecendo?
- Lola...?
- As armadilhas... Se excederam – Mas é claro! Depois que tudo o que aconteceu, toda gritaria, toda movimentação que fizemos desde chegamos... Obvio que iria atrair zumbis! – Sam – Lola me chamou, jogou a espada de Drew e pegou o arco e flechas. Não vou perder tempo, cansei de ser um inútil aqui, passei a espada na cabeça de três errantes, seu sangue espalhando em possas pelo chão. Um veio rápido em minha direção e eu e eu afundei a espada em sua cabeça. Dois vieram pra cima de mim, eu coloquei a lâmina em seus pescoços e forcei, as cabeças explodiram e respingaram em meu rosto. Pisei no sangue e cambaleei, ouvi grunhidos vindo de trás , enfiei a espada do seu queixo e a ponta passou pela cabeça. Um outro que vinha logo atrás empurrou o errante tentando me agarrar e me derrubando no chão antes mesmo que eu pudesse  tirar a espada da cabeça do outro. O zumbi com a espada voou pra longe, eu cai e prendi meu braço numa armadilha de urso no chão; Gritei. Meu sangue se espalhava pelo chão, e a dor tomava conta do meu cérebro. Impurrei com o pé a base da armadilha e soltei com a outra mão a parte de cima da armadilha, tirei meu braço.
Olhei em volta e percebi que o numero de zumbis diminuiu consideravelmente. Nem Lola com um arco e flecha na mão poderia fazer tamanha façanha, o que está acontecendo aqui?
 Os zumbis guiados pelo cheiro do meu sangue se aproximavam, não consigo mover minha mão direita, usei minha mão esquerda para tentar me arrastar até a espada.  Os errantes me alcançaram, pus meu pé no peito do primeiro, só que mais se aglomeravam atrás deste fazendo peso sobre minha perna. “Destino, população , azarados” Era o que Drew dizia, Estiquei meu braço para o cabo da espada, só mais um pouquinho, o numero de zumbis aumentara, eu não consigo mais segurar, não consigo alcançar a espada. Droga.
Senti minhas pernas tremularem, é quase como se eu não a controlasse. Os errantes faziam força contra meu pé, e então ele cedeu.
BUM! Peso. Lola pulou em cima de mim com a espada na mão. O golpe dela foi tão rápido que eu mal vi, os zumbis caíram de lado com um buraco feito pela lamina da espada em suas cabeças.
- Putz... – Disse – to te devendo uma.
- Não... – Disse Lola ofegante – eu que paguei minha divida – Eu sorri, Lola tossiu. Tossiu sangue. O que é isso? Peguei ela em meus braços e então vi.
Uma mordida na costela.
-  O que...? O que...? Não... Não... NÃO! Lola você não, você não! Tudo menos isso... Não! Isso não é justo – Eu entrei em pânico. Minha garganta se fechou, e as lágrimas arderam em meus olhos, minha mão ficou dormente pela dor, mas idai? A dor no meu coração era bem pior.
- Ta... Ta tudo bem, Sammy – Ela deu um sorriso fraco.
- Porque? Porque fez isso? - Minha lagrimas rolou pelo nariz e pingou em sua testa.
- Existe maneira mais bonita de morrer... Se não por alguém que você ama? – Ela sorriu – fiz uma promessa pra Buddy e pra mim mesma que não deixaria você morrer, meu chapa.
- Lola... Eu sou fraco... Eu sou fraco sem você. Sem você não da – Ela colocou a mão por trás da minha cabeça e puxou meu rosto para o dela, encostando nossas testa.
- Nunca mais diga isso, Samuel! Você não é fraco. Na verdade, é mais forte do que imagina.
- Não vou conseguir perder você – Ela se afastou e fixou seu olhar para o jardim, passou a mão carinhosamente em meu cabelo e eu vi uma lágrima solitária escorrer pelo canto de seu olho:
- É um lindo lugar para se estar, lindo dia para morrer. Que lugar melhor para terminar se não no seu lugar favorito?
A pressão sufocante  da dor se instalara na minha garganta, meu coração parecia se rachar ao meio.
- Lembra Sammy?... um por todos... – A mão de Lola soltou meu cabelo, seus olhos se fecharam, sua respiração parou serena, e sua alma deixou seu corpo.
- E todos por um – Era impossível refrea-las. As  lágrimas de alguém quase sem esperança. Me sentia amorfo (uma objeto sem forma), vazio. Não sei...
- Você está bem? – Uma voz desconhecida. Um mulher alta, morena, olhos verdes, cabelo castanho cacheado, uma faca na mão e uma garotinha praticamente igual a ela atrás de si.
- Quem é você?
- Não lembra mais de mim Sam? Rebecca. Rebecca Leavington – Ah sim... Irmã do Drew – Eu vim aqui... Porque esperava que você soubesse do meu irmão.
- Enterrado próximo a uma cachoeira... Sinto muito...
- Entendo – Seus olhos se encheram de lágrimas, ela fungou e agachou. Enfiou com suavidade sua faca na parte de trás da cabeça de Lola.  Olhei em volta e não vi mais zumbis, ela acabou com eles. Agora entendi.
- Sam eu... Eu posso te ajudar? – Olhei para Lola – onde você quer que...
- Ao lado de Buddy. Em baixo da mangueira – Nada mais justo, certo? Ela assentiu.
- Vem Dallas – Ouvi ela chamar. Dallas... Nome bonito. Fiquei observando Lola durante um bom tempo. Estranho vê-la deste jeito. Calma, pálida, sem preocupações ou remorsos. Eu me sinto sozinho agora, apesar de saber que jamais estarei enquanto estiver com Lola no meu coração. Mas agora o que vou fazer? Lola era a única pilastra que me segurava, sem ela fico sem rumo.
Acho que vou pra casa dos meus tios... Tio Ben deve estar bem triste depois da morte da tia Trisha, e minha mãe poderá precisar de mim, acho que é isso que devo fazer, né mana?
Entre a sepultura de Buddy e a dela tinha uma pequena barreira de Lírios que as vezes soltavam e caiam em cima da sepultura. Coloquei Lola dentro, com a coleira de Buddy, o anel de Drew no dedo, e entre as mãos uma foto na qual é eu e ela quando crianças aqui. Fiquei feliz por estar acontecendo isso ao pôr do sol. Ela amava o pôr do sol.
- Sinto muito Sam.
- Eu também – fiz uma lápide escrita “aqui jaz Lola Prize, a melhor irmã que um garoto poderia querer”.  Acho que talvez, só talvez tenha sido bom. Acho que agora ela esteja num lugar melhor do que este.
Fiquei observando a terra cair por cima do seu corpo inerte, como a luz do sol banhando uma linda flor.

(opcional, ouvir Fix You – coldplay)
Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você recebe o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso em marcha -ré

E as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas isso se desperdiça
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Bem lá em cima ou lá embaixo
Quando você está apaixonado demais para desistir
Mas, se você nunca tentar, nunca saberá
Exatamente qual é o seu valor

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
E eu

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Eu te prometo que aprenderei com meus erros
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
E eu

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você


Levantei, passei a mão pela lápide de madeira e pensei “obrigado Lola, por tudo”. Peguei algumas coisas minhas e água para viajem, desci as escadas:
- Sam! – Ouvi Rebecca chamar.
- Que?
- Pensei que fosse ficar aqui.
- Não, eu vou pra casa dos meus tios. Pode ficar aqui, toma conta da casa e reforça as armadilhas.
- Sua irmã fez um bom trabalho com elas.
- É... eu sei – Suspirei.
- Tudo bem... – Dallas veio correndo com uma bombinha nas mãos, quase me esqueci. Rebecca é asmática, fiquei imaginando como deve ter sido difícil pra ela viver no apocalipse sendo asmática, e com tem sido difícil pra ela lidar com seu irmão tendo morrido antes de conhecer sua sobrinha – Bem... Boa sorte.
- Pra você também – Sai de casa e andei até a estrada procurando um carro.

 Quando cheguei na casa dos meus tios, descobri que depois da morte da tia Trisha, tio Ben domado pelo desespero suicidou-se. Estranho como eu simplesmente aceitei e lidei com isso. Quer dizer, se ele tinha este tipo de agonia como continuaria?
“A vida é muito séria” “dizia tia Ben, a verdade é que ela não é seria. Ela ri na sua cara. Percebi que depois de que Lola morreu, eu não sinto tanto a morte de outros. Algum tempo depois uma horda de zumbis atacou a casa e papai foi mordido, mamãe fez questão de enterra-lo na areia a beira do mar perto da casa dos meus tios. Arrumamos um carro e eu e mamãe passamos anos viajando, conhecendo alguns lugares, belezas perdidas como Caribe, nunca parávamos num lugar só. Até que numa noite, minha mãe no auge de seus 94 anos,  com o câncer a dominando, faleceu na cama de um hotel em Vegas, onde ela e meu pai passaram a lua de mel.

 “Sua lar é onde seu coração está” Dizia tia Trisha. Voltei a casa de campo.
- Samuel? – Ouvi uma voz tremula vindo de fora, e um toc toc de metal. Rebecca, com a pele enrugara, cabelos brancos e andando com uma bengala vinha em minha direção, ela estava com as mãos sujas de terra, tinha acabado de por flores na sepultura de Drew.
- Oi Rebecca – Respondi. Sua filha estava no jardim, já tinha 16 anos. Estava replantando os Lírios que separavam a sepultura de Buddy e Lola, e tinham flores novas em cima das sepulturas deles. A casa estava igual, nada mudou. Mas eu não, hoje já  tenho 50 anos, não me movo mais como antigamente, meus cabelos grisalhos caem nos olhos, e honestamente já cansara de viver.  Já parei de tomar meus remédios a algum tempo, sentia meu corpo enfraquecendo. Resolvi andar pelo jardim, minhas pernas bambearam e eu cai. Cai ao lado de Lola.
Ao longe ouvi Rebecca dizer:
- Dallas querida... – Ela suspirou – pegue a pá.

(Opcional, ouvir Kings and Queen 30 seconds to mars)

À noite
Desesperado e sem dinheiro
O som de uma luta
O Pai se pronunciou

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno
O Céu e o Inferno

Em suas vidas
Sem esperança e tomadas
Nós roubamos nossas novas vidas
Através do sangue e da dor
Para defender nossos sonhos
Para defender nossos sonhos

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno
O Céu e o Inferno

A era do homem acabou
A escuridão vem, e todas
Estas lições que aprendemos aqui
Apenas começaram

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno

Nós somos os Reis
Nós somos as Rainhas
Nós somos os Reis
Nós somos as Rainhas

O tempo já cansara meu coração, e minha visão já estava turva. Mas conseguia ler “Aqui jaz Lola Prize, a melhor irmã que um garoto poderia querer”
Lembro-me de quando éramos crianças: corríamos por este jardim com Buddy, jogando mangas pra ele pegar. Sentia meu coração desacelerar. Cumpri a promessa mana, desse jeito eu aceito, se for ao seu lado... Sei que Rebecca vai colocar flores na minha sepultura, sei que ela vai cuidar bem da casa. Me sinto bem por estar aqui. Esse é o momento certo, sei disso. Bem...
É um lindo lugar para se estar, lindo dia para morrer. Que lugar melhor para terminar se não no seu lugar favorito?

Capitulo 9

- Lola, não fique tão perto da piscina! – Ouvi minha mãe gritar.
- Ta – fomos passar um fim de semana na chácara dos meus tios, a brisa do vento é muito boa, o cheiro de grama, o silencio. A paz, o barulho das arvores. Aqui é legal. Sam estava discutindo com meu pai, porque ele queria entrar na piscina, mas meu pai não deixava porque ele tava doente. Olhei mais a cima, e do topo de uma arvore voou um tucano. Antes de eu perceber, Buddy veio correndo perseguindo uma borboleta, bateu na minha perna e me derrubou na piscina. Eu não sei nadar.
Sam mergulhou e me tirou de lá, comecei a tossir água, e respirar fundo.
- Você ta bem? – Perguntou ele. Eu assenti:
- To te devendo uma.
- E eu vou cobrar com juros.

Dias atuais
“Quando você fala o que pensa, prepare para ser crucificado, porque as pessoas estão mais acostumadas com a doce mentira do que com a amarga verdade” – Dizia minha mãe.
“Para começar uma guerra, não são necessárias armas. Apenas dizer o que pensa” – Martin Luther King.
E quando você sente? Começa uma guerra consigo mesma? Eu estava começando a sentir ela se aproximando. Um time era a “solidão” e o outro a “vontade de continuar”, estava começando a ficar difícil sair da cama. Um bando de sentimentos se aglomeravam no meu coração, como lava subindo borbulhante dentro de um vulcão. Ficara difícil até respirar.
Sam agora é a única pilastra que me mantém, sem ele eu caio, e eu por isso que eu estou obstinada a protegê-lo.
Nunca mais vou enterrar pessoas que eu amo, não vou enterrar Sam. Talvez esse seja um pensamento egoísta, mas eu não ligo.
Virei na cama e girei o anel que Drew me daria no dedo. “Lola e Drew para sempre” suspirei. Apesar de ter ficado com dois ou três garotos durante a vida, Drew foi o único que fez minhas pernas fraquejarem com um sorriso, que fazia eu perder a concentração só com sua presença, que fazia meu corpo implorar por ele apenas sentindo seu cheiro, o único que eu amei.
Virei na cama de novo, e dei de cara com a coleira de Buddy na mesa. Olhei pro teto, passei a mão pelo cabelo, cansada. Não de corpo, mas de mente. Minha mente vem trabalhando sem cessar esses dias, e eu não aguento mais. Ai meu Deus, como eu sou fraca.
Levantei, desci as escadas e fui até o jardim. Percebi que Sam limpou tudo, como na noite que Buddy morreu e ele limpou a casa toda enquanto eu dormia. Ainda estava escuro, sentei ao lado da sepultura de Buddy. Essa hora da manhã depois do sereno da noite, a grama fica úmida. Puxei o ar repleto com o cheiro de grama molhada, amo esse cheiro. É tão... Puro.
“Aqui jaz Buddy, um cão, um companheiro, um amigo” deitei. Sabe quando uma pessoa que você ama, e que te ama e mesmo quando não falam nada é como se falassem tudo? Como se apenas a presença da pessoa fizesse aliviar a dor? Era sempre isso que eu sentia quando vinha ver a sepultura de Buddy, parece até que mesmo depois de sua morte ele me protege quando estou perto. Olhei ao redor da casa e vi zumbis se aglomerando presos nas armadilhas, foram atraídos pela carnificina e gritaria de ontem, tenho que lembrar de trocar essas armadilhas,
O sol estava nascendo. Amo o nascer e o pôr do sol, são a única coisa no mundo que não foi tocada por humanos, a única coisa que ainda continua a mesma desde que tudo começou. Definitivamente é a atmosfera da casa. Fez um dia de sol, algumas mangas caíram sobe a sepultura de Buddy, eu as deixei ali. As flores começaram a florescer ao seu lado. Levantei, entrei na sala de treinamento e comecei a socar o saco de pancada, com mais força a cada golpe.
- Bom dia – Sam entrou.
- Bom dia – Respondi. Sam pegou outro saco de pancada e colocou no prendedor ao meu lado, começou a socá-lo.
- Você ta legal? – Perguntei.
- Essa pergunta, eu gostaria que você respondesse.
- Eu to bem – Sam olhou pra mim – Só não quero mais enterrar gente que eu amo – Ele não respondeu – Sam pode me prometer uma coisa?
-Acho que sim... – Ele parou de socar e olhou pra mim – O que é?
- me prometa que você vai morrer bem velhinho, e de um jeito que você aceite.
 -Lola...
- Prometa – não sei porque disse isso, mas eu sentia que devia. Ele hesitou, suspirou e respondeu:
- Prometo – Eu assenti, e voltei a socar, mais aliviada dessa vez, mas Sam continuou a me observar:
- Sabe... – Disse ele por fim – quando você da uma festa de aniversário e a pessoa que você mais queria não foi, parece que o aniversário não teve graça. Ou quando um casal tem um casamento de 10 anos, e no décimo terceiro ano a esposa descobre que o marido a traiu, parece até que o casamento não valeu a pena, que foi baseado em mentiras. E isso, eu acho que talvez valha para nossa vida. Se morrermos de um jeito ruim parece que ela não valeu a pena. Então Lola... Sua vida tem valido a pena? – Todas as histórias que contei são felizes, quando olho pra trás, apesar de coisas ruins que aconteceram aqui eu só lembro das melhores. Parece até que vivemos a base do lado bom da vida, e isso é bom. Certo?
- Valeu a pena – Respondi. Sam pegou minha mão e me puxou para um abraço quente e aconchegante.  Barulho de água.

- mas o que...? – Sam e eu corremos pra fora da casa, um zumbi caiu dentro do poço. As armadilhas se excederam. Uma horda de zumbis, maior do que qualquer uma que já viu vinha marchando sombriamente em direção a casa.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Capitulo 8

- Amanha eu volto pra casa – Disse Drew no ultimo dia da nossa aula de Espadachim.
- Quando a gente se vê de novo? – Perguntei.
- Não sei. Mas olha, pra você não esquecer de mim, pode ficar com a minha espada.
- Mas você ama essa espada.
-Eu sei. Mas tenho certeza que vai ser bem cuidada – Ele sorriu.
Dias atuais
- O que a gente faz? – Perguntou Sam.
- Não vamos deixar eles tomarem esse lugar – Disse Drew.
- Ainda bem que disse isso – Respondi, sorrindo. Voltei para o jardim, Sam e Drew ficaram na porta de casa – Acontece que aqui é o máximo da casa que vai conseguir ver – O carecão soltou uma gargalhada.
- Garota, cala boca. Sai da frente, que ninguém vai se ferir – Dessa vez foi eu quem riu.
- Até parece que eu sou trouxa. Mesmo se entregássemos a casa da boa pra vocês, assim que sairmos vocês vão matar a gente.
- Olha só, além de bonita é inteligente – Apontei a espada pra ele. Os companheiros ameaçaram a entrar na briga.
- Ta tudo bem, eu dou conta dela sozinha – Disse ele. Não me subestime. Avancei com a espada pra ele, e ele desviou, passei a espada pra trás e ele parou com o braço. Olhei pra ele incrédula, sua mão sangrava no corte, ele se aproveitou da minha distração e socou meu rosto. Eu cai de joelhos no chão, me apoiando na espada que estava com a lâmina cravada na terra.  Senti sangue escorrer pelo canto da minha boca. Drew tentou vir correndo pra me ajudar, mas Sam segurou sua camiseta.
- Drew, não.
- Mas esse cara era militar,ele...
- Cara – interrompeu Sam – só tem uma pessoa que eu conheça que se compara com a Lola em uma ring.
- E quem é? – perguntou Drew.
- Eu – Sam sorriu. Eu sorri.Segurei o cabo da espada e dei impulso com o braço, chutei com as duas pernas o peito do carecão. Ele cambaleou e esse foi o tempo de eu levantar.  Limpei o sangue da boca, e ele me olhou estranho. Como se estivesse me vendo pela primeira vez, como se ficasse com mais raiva ainda. Ele veio pra cima de mim, e eu soquei seu rosto, ele tentou revidar socando meu rosto mas eu segurei braço, dei um chute em seu peito. Ele caiu, chutei seu rosto.
Ele se levantou tão rápido quanto caiu, sangue escorrendo pelo canto da boca.
- Agora estamos quites – Disse.
- Cansei de brincar com você garota – Ele veio pra cima de mim. Eu desviei, empurrei o homem com o ombro, mandei três socos no estomago dele e um chute no tórax, ele chutou meu estomago, eu escorreguei na grama molhada, ele se aproximou, e pisou com uma força insana minha canela. Segurei o grito que agourou na minha garganta. Sam começou a se aproximar.
- Não vem – Avisei. Tentei levantar mas então eu cai de novo, minha costas estavam encostada no poço de água. O homem sorriu, pegou minha espada que estava cravada na grama e se aproximou.
- Péssima escolha tentar me enfrentar sozinha – Disse ele. Eu agarrei com força a grama, respirei fundo. Ele impulsionou seu braço pronto pra enfiar a espada em meu peito, eu apenas aceitei, fechei os olhos e virei o rosto.
O que aconteceu? Não senti a dor. Morrer é tão indolor? Não... Eu ainda estou viva, o que é isso? Que silencio é esse? Abri os olhos. Tem alguma coisa pingando em meu rosto. Espera, é sangue? Meu sangue? Não.
 E foi ai que a dor atingiu meu coração meu em cheio. Foi em uma força tão voraz que era esmagador. Ver a espada atravessada bem no coração de Drew, era pior do que qualquer dor que eu já sentira. Meu olhos já se encheram de lágrimas e eu não conseguia pensar:
- Porque? – Perguntei com a voz esganiçada – Porque? Porque fez isso? Porque você fez isso?!
- Existe forma mais bonita de morrer, que não seja por uma pessoa que você ama? – De sua boca escorria sangue, de seus olhos azuis transbordavam lágrimas, e minhas mãos tremiam. O careca tirou a espada dele. E Drew caiu de joelhos em cima de mim.
- Não... – Eu limpava seus lábios sangrentos na esperança de ainda ver aquele garoto que eu conhecia – Você não pode ir embora assim. Não pode me deixar aqui, VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR DREW! – Eu afundei meu rosto em seu peito, fungando desesperada. Senti sua mão erguer meu rosto.
- Eu nunca... vou te deixar pequena. Você vai estar sempre aqui – Ele ergueu sua mão tremula até seu coração – comigo – Olhei em seus olhos, temendo o momento em que se fechassem - Eu te amo... Lola.
- Eu também te amo Drew, muito – Ele puxou meu rosto, e me deu um beijo suave e fraco. Até que seu rosto escorregou para o lado e caiu imóvel na grama.
Eu agarrei com força a grama, com tanta força que algumas pequenas pedras que estavam espalhadas por ela cortaram meus dedos. Eu levantei com minhas pernas bambas, senti aquele ódio mais uma vez. Aquele desejo de vingança, de matar.
 O ódio e o amor são sentimentos mais próximos do que você imagina. Onde a luz sempre a sombras, onde a amor a ódio, onde a pessoas a ignorância.
- O que foi que você fez? – Sussurrei para o homem.
- Eu? Se você tivesse me escutado eu...
- Eu te dou 5 segundos...
- O que? Garota, acabou. Já terminou.
- Lola... – Ouvi Sam chamar.
- 1
- Só pode ser brincadeira...
- 2...3...4...5 – Olhei para o homem.
- O que você... – Soquei seu rosto com mais força do que eu esperava ter, peguei a espada e enfiei em sua perna. Não queria matá-lo ainda. Queria vê-lo sofrer.
- COMO VOCÊ PODE MATÁ-LO?! COMO VOCÊ PODE MATÁ-LO COM A PROPRIA ESPADA?! – O caracão soltou um agoniado – CALA BOCA! – Passei a espada como um machado por sua garganta, decepando o homem.
- PAI! – Veio uma garota gritando, enfiei a espada no coração dela.
- LIXO! – Gritei – TODOS SÃO UM BANDO DE LIXO! – Uma parte do grupo pegou um dos carros e foi embora. Antes que o resto pudesse eu os matei antes mesmo de perceberem o que estava acontecendo.
Soltei a espada, andei em direção a Drew e desabei ao seu lado. Fiquei observando-o por algum tempo. Sam andou até mim e colocou sua mão em meu ombro.
- Agora somos só nós dois, Sammy – As lágrimas queimavam em meus olhos, voltei a sentir aquela dor insuportável na perna. Mas esta era insignificante perto a dor que eu sentia em meu coração.
- O que quer fazer? – Perguntou ele.
- Enterrar ele.
- E o resto? – perguntou olhando para os corpos jogados pelo jardim, eu respondi:
- Queima.

Sam me ajudou a levar Drew até a cachoeira. Sam cavou, enquanto eu ficava observando aquele rosto gélido. Branco como cera. Passei a mão sobe seu peito e senti. Um anel. Nele gravado “Drew e Lola. Pra sempre”.  “Comprei uma coisa pra você” “Jura o que é?” “Não posso contar, é segredo” “Poxa! Quando vai entregar?”  “No momento certo”
Era isso? Ele planejava me entregar hoje? Que droga! Porque isso teve que acontecer?
Drew... Se você soubesse tudo que significa pra mim...
Agora percebo que a dor que as pessoas que amamos sofrem é mais do que a nossa própria dor.
Porque?
Será que é uma punição por amar?
Porque?
Amar é errado? Droga.


Capitulo 7

“Ponto de vista do Drew”
- Quando você volta? – Lembro de ter perguntado isso a ela lutando contra minha garganta fechada que quase me impedia de falar. Estava chovendo, uma chuva forte, mas isso não me impedia de ver seus lindos olhos tristes.
- Não sei – Respondeu abaixando o rosto – meu pai está preocupado com essa epidemia, e quer estar em casa se alguma coisa der errado.
- Então talvez eu nunca mais te veja? – Não consegui impedir, algumas lágrimas rolaram pelos cantos dos meus olhos – Lola? – toquei com carinho seu queixo e subi seu rosto pra mim – eu não posso te perder – Ela não me respondeu – o que vai acontecer agora?
- Acho que vou ficar em casa com Sam e Buddy enquanto as coisas estão normais, e meus pais vão ver se meus tios estão bem.
- Não tem lugar mais seguro que esse, por favor fica. Não me deixa – Ela olhou dentro dos meus olhos, era incrível como eu não conseguia adivinhar o que ela está pensando. Nunca consegui. Ela me abraçou.E sussurrou em meu ouvido, fazendo os pelos da minha nuca se eriçarem:
- Eu nunca vou te deixar. A gente vai se ver – E então ela me soltou, pegou sua mochila e foi embora, levando uma parte de mim com ela.

Esse dia tem apunhalado minha cabeça a quase um ano, e agora nós estamos aqui. Nessa cachoeira, juntos. Eu a tenho em meus braços e não vou perdê-la de novo, vou protegê-la de qualquer coisa. Não vou deixar nada machucá-la.
A água que caia da cascata batia pelo lado do nosso corpo, era uma boa sensação de limpeza e alivio. E então separamos nossos lábios quando começou a chover.
- Acho que devemos voltar – Disse. Ela assentiu. Nossos pés afundavam na grama, água era espirada para os lados e a chuva aumentara. Entramos em casa e eu fechei a porta.
- Sam? – Chamou Lola. Ela tirou o tênis sujo, passou pela sala, abriu a porta que dava na sala de treinamento e entrou.
- Oi – Ouvi a voz de Sam,eu a acompanhei, e quando entrei vi um Sam diferente daquele que me recebeu ontem, diferente ao Sam que sempre sorria quando éramos jovens, diferente do Sam. Ele estava suado, e sua expressão beirava a raiva. Ele treinava com o saco de pancada.
- Ta fazendo o que? – Perguntou Lola.
- O que parece que eu to fazendo? – Perguntou ele com ironia socando o saco com mais força.
- O que você tem?
- Nada – Respondeu ele, sem nem olhar pra ela. Lola deu dois passos para o lado do saco de pancadas e repetiu:
- O que você tem?
- Não enche - Lola fechou a mão direita num punho, e socou a lateral do saco. Ele deslizou pelo fio que o segurava até o outro lado da sala – qual o seu problema?!
- Treina comigo.
- Como é? – Perguntou Sam.
- Não sei porque, mas você está com raiva. Desconta em mim – Lembro que a única coisa que a Lola não conseguia suportar era quando Sam se calava. Quando ele ficava com raiva, e se trancava na sala de treinamento sem falar nada. Ela sempre ia atrás dele.
- Para de besteira Lola – Disse Sam, ela socou o braço dele. Ele olhou pra ela como se ela fosse louca, ela impulsionou o joelho para cima e ele o parou com as duas mãos. Ele estendeu o braço para empurrá-la, ela segurou seus pulsos e tentou derrubá-lo chutando a parte de trás de seu joelho, Sam apenas cambaleou. Com as mãos de Lola segurando seus pulsos, Sam segurou os dela e a derrubou. Lola impulsionou as mãos no chão e deu uma cambalhota. Sam estendeu a mão para empurrar o ombro de Lola e ela segurou seu pulso, Lola tentou socar o ombro de Sam e ele segurou seu punho. Ofegante Sam parou. Soltou o punho de Lola e esta relaxou, Sam virou o rosto para baixo e então eu vi uma lágrima rolando solitária para  a ponta de seu nariz, suas pernas fraquejaram e ele caiu de joelhos – me desculpa...
- Desculpar pelo o que? – Perguntou Lola com uma voz tranquilizante, ela passava a mão sobe o cabelo dele, era estranho ver Sam assim. Tão... Acabado?  – o que ta acontecendo Sammy?
- Foi tudo minha culpa, se eu não tivesse sido tão idiota, Buddy não teria morrido. Eu não... Eu...
- Eu não o culpo Sam. E você também não deveria. Se acalma, ta bom?  Nada disso foi culpa sua, tudo vai dar certo.
- Mas eu... – Lola puxou seu rosto pra perto e o abraçou de um jeito acolhedor, como se ela pudesse arrancar toda tristeza de Sam com um abraço. E talvez ela pudesse.
É engraçado como ela consegue deixar tudo melhor, como ela consegue despertar o melhor nas pessoas, em mim. Como ela sempre sabe o que dizer, é como se apenas estando ao seu lado tudo parecesse melhor. Incrível como ela pode me deixar viciado em estar com ela, ficar com ela, não da mais pra ficar longe dela.
Mais tarde naquela noite, ouvimos estática no walkie talkie.
- Crianças? – Ouvi a voz do Sr. Prize.
- Oi pai – Respondeu Lola.
- Temos más noticias.
- O que aconteceu? – Perguntou Sam.
- Acho que sua tia Trisha atraiu alguns zumbis depois de ir a rua, e bom...
- O que aconteceu? – Sam repetiu.
- Trisha foi mordida – Ouvi Lola prender a respiração, Sam ficou atônito - crianças? – nenhum deles respondeu – crianças?
- Ah... Boa noite senhor Prize – Eu disse pegando o walkie talkie.
- Drew? Oi. Ta tudo bem por ai?
- Sim, é que... Tem muita coisa acontecendo;
- Serio?
- Sim... Hm... Buddy faleceu.
- Nossa... HM... Tudo bem, obrigado Drew. Tome conta deles – E então estática. Alguns minutos se passaram até que Sam disse:
- Eu vou pro quarto. Boa noite – E então ele subiu.
- Eu também– E então Lola subiu, e eu fiquei sentado durante algum tempo, apenas observando a luz da vela oscilando. É engraçado o jeito que as coisas são, um dia você está bem e no outro está mau. Num dia você está com alguém e no outro está em seu enterro. Minha mão sempre dizia “a felicidade é relativa” eu nunca entendi. Ou você está feliz ou não está, certo?
 Errado.
A verdade é que você pode parecer feliz, mas você pode estar apenas mascarando a verdade até de você mesma. Num momento feliz, no outro triste. Bem vindo ao mundo destino. População? Azarados.
Peguei o suporte da vela e subi as escadas, a chuva ainda rugia, com vai força agora. Fazendo seus pingos baterem com força nas janelas e seus trovões fazerem a casa tremer. Bati duas vezes na porta e abri:
- Hm... Só passei pra falar boa noite.
- Drew... Entra – Não fiz nada alguns instantes, surpreso, hesitante. Porque estou hesitante?  Fechei a porta atrás de mim. Lola estava com a coleira de Buddy na mão, sentei na cama e coloquei a vela em cima da mesa.
- Eu... Sinto muito pela sua tia.
- Talvez seja como você disse... Talvez tenha sido melhor para ela.
- É, talvez – Eu a via tão frágil naquele momento, fui tomado por uma vontade de abraçada e deixá-la bem.Eu a observei por algum tempo imaginando o que estava sentindo, uma frase ficava presa em minha garganta. Será que eu devo falar? Talvez seja cedo demais. Mas é o que eu sinto a tanto tempo, talvez eu deva falar. E se eu disser um “Eu te amo” e receber um “obrigada”?  Meus pensamentos dispersaram eu vi uma lágrima escorrendo pela sua bochecha. Limpei a lágrima e senti seu rosto frio. Ela apenas me fitou por alguns instantes, senti meu coração acelerar.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela fez. Puxou meu rosto para si e me beijou, este beijo foi diferente do da cachoeira. Aquele foi sereno, calmo. Este está rápido, cheio de sentimento e desejo. Coloquei minha mão em sua cintura, ela veio mais perto encostando seu peito em meu tórax, eu tirei minha camiseta e ela a dela. Ela arrancou o sutiã, e beijou minha nuca, segurei suas costas e a deitei na cama. A imagem de seu rosto tremeluzia a luz de velas.

Quando acordei, olhei para o lado na cama e estava vazio. Fiquei me perguntando se a noite passada foi sonho. Me levantei e andei até o banheiro, virei de costas ao espelho e então eu vi. Um arranhão selvagem feito pela unha de Lola. Não foi sonho. Desci as escadas e vi Lola e Sam plantando ao lado do tumulo de Buddy.
- Bom dia – Eu disse.
- Bom dia cara – Respondeu Sam.
- Bom dia – Disse Lola sorrindo. Sam começou a andar em minha direção, parou ao meu lado e colocou sua mão sobe meu ombro.
- Obrigado por trazer os sorrisos da minha irmã de volta – Olhei pra ele, e ele sorria. Entrou em casa e pegou uma pá.
- Tão plantando o que? – Perguntei me aproximando.
- Lírios – Respondeu Sam .
- Pensei que você não gostasse de flores – Disse depois de pegar uma semente na mão.
- Eu gosto de flores – Respondeu Lola – eu não odeio o cheiro delas. Me lembra imterro.
- Então pra que plantar?
- Porque Buddy merece – Ela respondeu.
- Elas vão crescer perto do tumulo do Buddy. Assim mesmo quando não estivermos por perto, ele sempre vai ganhar flores – Disse Sam. Eu sorri pra ele e comecei a ajuda.
Lembro de uma vez, depois do meu primeiro beijo com a Lola, que eu estava deitado na cama e fiquei pensando nela. Peguei o telefone e liguei:
- Alo? – Ouvi ela dizer.
- Oi Lola... É o Drew.
- Oi Drew! Como você ta?
- Bem e você?
- To legal.
- Sabe, eu comprei uma coisa pra você – Eu tinha comprado um anel, nada demais. Mas eu comprei com 2 meses de mesada. Tinha até mandado gravar “Lola e Drew. Pra sempre” nele. Eu sei, eu sei muito clichê. Mas sei lá... Esse tipo de coisa boba, é o que ela me faz fazer.
- Jura? – Perguntou curiosa – O que é?
- Não posso contar. É surpresa – Eu sorri. Estava com o anel na mão, girando ele entre meus dedos.
- Ah poxa! Vai me entregar quando? – Perguntou ela.
- No momento certo.
 Acho que esse momento já chegou, chegou a muito tempo e eu não entreguei por medo. Chega de medo Drew! Vou entregar hoje. Por isso coloquei ele no bolsa de fora da jaqueta, hoje a noite eu entrego para ela;
O pôr do sol estava subindo quando ouvi barulho de carro. Lola fez sinal para Sam, ele parou do lado da porta e eu o acompanhei. Ela pegou a espada e saiu de casa. Foi então que eu os vi. Um bando com dois carros, 10 pessoas. Um homem grande, forte, careca, com uma tatuagem de militar no ombro direito andava na frente do grupo.
- Quem são vocês? – Perguntou Lola, apoiando a espada nas costas.
- E isso importa? – Respondeu o homem.
- O que estão fazendo aqui? – Perguntou ela.

- Vim tomar este lugar.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Capitulo 6

- Câncer? – Minha mãe ficou subitamente pálida, parecia uma boneca de cera – Eu tenho câncer? – Suas pernas tremeram e ela desabou de joelhos no chão, começara a soluçar lágrimas rolavam de seus olhos e caiam brilhando para seu queixo. Papai pegou água pra ela e sentou no chão ao seu lado. Nunca vi minha mãe tão desesperada. Sam estava ao meu lado, ele tem 4 anos, e não entende o que estava acontecendo, nem eu entendo muito bem... Quer dizer só tenho 5.
- Senhora. Prize... Temo em dizer que sua doença é hereditária.
-Hereditária? – Minha mãe olhou para o médico como se ele fosse um monstro.
- Sim... Pode ser passada para seus filhos – Mamãe lançou um olhar agoniado para mim e Sam – e como sua genética é praticamente a mesma da do garoto... Temo que...
- Não... – Mamãe balançou a cabeça – insisto em uma bateria de testes.
- Senhora eu...
- Por favor... – O médico a olhou de uma maneira estranha, com um afeto quase como pena.
- Tudo bem – Ele se levantou, e estacou em frente a Sam – Poderia me acompanhar pequeno? – Sam olhou para minha mãe, que lhe lançou um sorriso tão triste que senti um arrepio passar pela nuca, ela assentiu e Sam acompanhou o médico para fora do consultório. Mamãe levantou com a ajuda de meu pai, ela andou até mim e disse:
- Amor, vamos esperar seu irmão lá na porta, tudo bem?
- Ele ta doente? – perguntei, minha mãe e meu pai trocaram olhares aflitos e disseram:
- Vai dar tudo certo – Mas não foi isso que eu perguntei. Saímos do consultório do médico e ficamos sentados num sofá em frente a sala de exames. E então Sam saiu de lá com um pirulito na boca, o médico o olhou para minha mãe. Ele não disse nada, mas seu rosto...
 Mamãe abraçou Sam chorando, ele por sua vez não entendeu nada.
- Senhora, seu câncer não é do tipo terminal se você tratar corretamente – Ela olhou para o médico.
- O que quer dizer?
- Tem uma injeção aplicada semanalmente, que pode ser feita até mesmo pela senhora. Ela retarda o processo do câncer. Enquanto vocês a injetarem, vai ficar tudo bem.
- E se não injetarem? – Perguntei, me arrependendo da pergunta assim que a fiz.
- Seus órgãos seriam atrofiados, e morreriam.

Dias atuais.
- É você mesmo? – Disse Drew. Eu senti como na vez que nos conhecemos. Eu envergonhada, sem saber o que dizer, e ele tentando me fazer falar. Andei até ele e fiquei em sua frente. A luz da vela tremeluzindo em seu corpo. Agora eu consigo vê-lo. Ta mais alto, o cabelo mais comprido, pele mais bronzeada, os ombros mais largos, machucado, sujo, calça preta, tênis, jaqueta de couro surrada, mas os olhos. Continuavam com aquele brilho que faziam minhas pernas tremerem – Você continua boa com flechas – Ele sorriu. Aquele sorriso.
- Eae Drew.
- Oi Sam – Ele olhou em volta procurando por Buddy, e antes de pensar em perguntar ele viu a lápide em baixo da árvore. Olhou para mim com dúvida e viu a coleira em meu pescoço, minha respiração ficou mais rápida, minhas pernas começaram a tremer e eu desmoronei em seus braços. Apaguei.


O que é isso? Meu quarto? Eu estou no meu quarto? A mesa de cabeceira está um pouco empoeirada, mas continua sendo meu quarto. Sam está sentado numa cadeira ao lado da cama fazendo alguma coisa com a minha testa, eu não sinto meus dedos. Não sinto nada. Desci meus olhos até meu braço esquerdo, tem uma agulha espetada nele. Tem sangue vindo de uma bolsa transparente até meu braço. De quem é esse sangue?
- O que você fez Samuel?
- Fique quieta, já estou terminando – Sam parecia mais cansado do que de costume. Alguns raios de sol passavam pelas frestas da janela. Já é de manha. Eu me sinto bem, muito bem, Porque eu me sinto bem? Meu cachorro morreu, e eu me sinto melhor do que a muito tempo.  O que aconteceu ontem? Drew está aqui. A então é isso.
- O que você está fazendo?
- Dando pontos em sua testa – Ele cortou a linha com uma tesoura – mas agora eu já terminei, provavelmente vai se sentir bastante dor quando passar o efeito da anestesia, mas isso é normal.
- Seu sangue é B negativo – Eu disse me sentando na cama.
- Eu sei.
- O meu é B positivo. Como o do papai.
- Também sei disso.
- Então da onde você tirou esse sangue?
- Drew tem seu tipo sanguíneo – Olhei pra ele. Ele respirou fundo e soltou o ar. Ele está definitivamente exausto. Mas fez um bom trabalho. Quando Sam estava no segundo ano do ensino médio minha mãe o obrigou a fazer um curso de enfermagem, e até comprou algumas coisas pra ele. Ele ficava com tanta vergonha de fazer isso, que acabou escondendo as coisas que minha mãe comprou; 
- Aquele curso de enfermagem foi bastante útil, não? – Disse. Sam olhou pra mim com um sorriso meio triste quase falso e disse:
- Eu vou dormir um pouco – Eu assenti, e ele saiu do quarto.
Meu coração não batia rápido assim a muito tempo, isso eu tenho que agradecer a Drew. É como eu disse, alguma coisa em sua atmosfera fazia tudo ficar feliz. Lembro o jeito que Buddy corria atrás dele sempre que ele vinha, ele amava Drew. E se estivesse aqui, estaria feliz. Esperei o sangue acabar de descer, peguei um algodão coloquei em cima da agulha e a retirei. Prendi o algodão com uma fita bege, como aquela que os médicos colocavam depois que você tira sangue.
Fui até o banheiro que tinha dentro do meu quarto e tomei um banho. Lavei meu cabelo, esfreguei em baixo da unha, escovei meus dentes, coloquei minha camiseta do Batman, passei perfume. O tipo de coisa que eu costumava fazer e que não faço pelo menos a dois meses. Que foi quando finalmente a água parou de vir, mas como aqui tem poços de água tem água suficiente para beber e tomar banho.
Não tinham tantas olheiras em baixo dos meus olhos, e minha aparência mudou bastante. O que uma boa noite de sono e um banho não fazem?
Coloquei a coleira de Buddy na mesa ao lado da minha cama, e então sai do quarto.
Drew estava sentado no ultimo degrau da escada, ele tomou banho também porque seu cabelo esta molhado,trocou de roupa, ta com a camiseta do Foo Fighters do Sam. Suas costas largas me chamavam para abraça-lo. Mas eu não o fiz. Ele passava a mão em seus cabelos negros que por sua vez dançavam sobre sua nuca, desci com cuidado as escadas parei no penúltimo degrau, me inclinei e sussurrei em seu ouvido:
- Ta pensando em que? – Ele teve um leve sobressalto, olhou pra mim com os olhos brilhantes e um sorriso elétrico. Eu sorri pra ele, com sinceridade, com felicidade, um sorriso que eu não deixava fluir em meu rosto a muito tempo. Drew tinha esse dom. Arrancar boas coisas de mim. Eu estava perto de seu rosto, me afastei devagar e sentei no mesmo degrau que ele.
- Eu estava pensando em como você estava.
- Eu to legal, obrigada pelo sangue.
 -Você me assustou bastante lá fora. Caindo daquele jeito, toda pálida. Não faça mais isso.
- Desculpa. É que... Tem muita coisa acontecendo.
- É... Sam me contou – Olhei em direção a janela, e conseguia ver a mangueira dali – Sinto muito.
- Eu também.
- Sabe, todos ficamos ruins em tempos como este. Quer dizer, além de ter cuidado com zumbis e sofrer a morte de entes queridos tem a pressão de superar isso rápido.
- Onde você quer chegar?  - Perguntei arrumando o cadarço do meu all star preto.
- Que nós temos que nos divertir. Fazer o que der vontade, falar o que der vontade – Ele segurou minha mão – vem comigo.
Drew me levou pra cachoeira, me ajudou a subir a pedra e sentou ao meu lado.
- O que aconteceu com você? – Perguntei.
- Minha irmã foi pra casa dos meus avós e não tenho noticias dela – Ele deitou na pedra com as duas mãos segurando sua cabeça. Eu continuei sentada, ouvindo – Meu pai foi mordido, e depois que se transformou mordeu minha mãe. Tive que matar os dois.
- Sinto muito – Disse.
- Sem problemas. No inicio eu fiquei triste, mas depois me dei conta que não foi tão ruim.
- O que quer dizer?
- Bom, você consegue imaginar eu, meu pai e minha mãe viajando? Matando zumbis por ai? – Ele olhou pra mim – Não... Minha mãe não matava nem uma barata, ela não conseguiria aguentar o sofrimento e a agonia de viver num mundo zumbi. Talvez tenha sido melhor assim.
- Talvez... – Sussurrei pensativa. Como será que minha mãe, meu pai, tio Ben e tia Trisha tem se virado? Eu nunca pensei nisso antes, estava ocupada demais pensando em não morrer para perguntar. Talvez eu devesse. Drew segurou minha camiseta e me puxou para si. Fiquei deitada de perfil com meu rosto perto do dele. Ele virou pra mim também, passou o dedo em minha testa.
- O que aconteceu?
- Nada – Eu sentia uma necessidade de estar com ele, de ficar com ele, de abraça-lo, tê-lo comigo até o fim.
- Você é sempre tão misteriosa. É difícil saber o que está pensando – Eu olhei em seus olhos, e percebi que apesar de tudo que o aconteceu, ele não mudou. O brilho cristalino em seus olhos, seu sorriso é o mesmo. Ele não mudou nem um pouco.
- O mistério é parte da magia. Se souber o segredo, a magia acaba – Respondi.
- A magia acabaria?
- É... Você se cansaria – Ele se aproximou de mim.
- Eu nunca me cansaria de você - ele ficou simplesmente olhando em meus olhos por alguns segundo e depois desviou o olhar para a cachoeira. Se sentou e tirou a camiseta. Seus braços estavam mais musculosos do que eu me lembrava – Vamos? – Hesitei alguns instantes, alternando meu olhar de seu rosto e seu tórax.
- Bom... Por que não? – Ele sorriu. Tirou o tênis. Eu tirei minha camiseta, meu tênis. Ele continuou com a bermuda e mergulhou. Eu mergulhei depois, nadei até próximo da cascata. Drew ficou boiando por algum tempo e eu o observei. Ele afundou, e me levou consigo. Drew segurou meu rosto com delicadeza e firmeza e então me beijou. Nós submergimos com nossos lábios ainda colados, eu me sinto bem. Quando travamos um guerra com nós mesmos temos que nos preparar para um apocalipse interno. Mas quando essa guerra acaba, revemos a beleza que ainda representamos.

Sinto que minha guerra tem apenas começado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Capitulo 5

- Que dia lindo – Refletiu Sam.
- Com certeza – Eu e ele brindamos com a latinha de Coca. Eu arrumei meus óculos, e Sam tirou seu boné azul de amarelo dos Lakers arrumou o cabelo e repôs o boné. Estávamos encostados preguiçosamente na casa de campo, sentados na grama observando Buddy roer animadamente um caroço de manga, sobe a sombra da mangueira. Um lindo dia de sol, silencioso, onde a brisa quente das 16:00 horas bate preguiçosa e acolhedoramente em seu rosto. Uma outra manga caiu na grama, Sam correu e pegou a manga antes de Buddy pudesse fazê-lo.  Buddy logo se levantou e fitou-o, Sam começou a correr sorrindo e me fazendo rir:
- Você não vai pegar essa manga Buddy – Ele sacudiu a manga na mão, e jogou ela de uma mão para outra. Buddy corria e latia atrás dele e eu me sentia feliz e ria sozinha – Lola vem! – Eu levantei. Sam jogou a manga pra mim e Buddy correu até mim, corri para o outro lado da casa e joguei a manga de volta pra Sam. Buddy correu até Sam e este jogou a manga pra mim. Buddy correu rápido e pulou com suas grandes patas no meu peito e me derrubou. Lambeu meu rosto e abocanhou a manga, andou tranquilamente até a mangueira onde começou a come-la. Ele ama mangas. Ele ama a sombra dessa mangueira. Ele ama este lugar.
- Quer ajuda? – Sam estendeu a mão pra mim, agarrei-a.
- Crianças... Fiz cupcakes – Ouvi minha mãe gritar.
- EU QUERO! – Sam ficou tão animado com os cupcake que esqueceu de mim e soltou minha mão, e eu cai na grama de novo, fiquei limpando meu shorts enquanto Sam corria para dentro de casa.

-SAM! – Eu fiquei tão tomada pelo desespero que parei de me importar de eu estava fazendo barulho ou não, depois do grito que me chamou eu não ouvi mais nenhum barulho vindo da casa além dos grunhidos dos zumbis. Vi Buddy pular da escada e abocanhar o pescoço de um zumbi, corri até ele e enfiei a lamina da espada na cabeça deste. Agachei, acariciei a cabeça de Buddy e perguntei – Garoto, cadê o Sam? – Buddy latiu com a cabeça virada escada a cima, e de lá Sam vinha correndo tropeçando – SAM! – Dei um abraço aliviado nele – o que aconteceu?
- Eu abri a porta do banheiro e eles saíram de lá. Desculpa, eu...
- Desculpa pelo o que, cara? A gente devia ter olhado todos os lugares da casa antes de nos instalar. Não foi sua culpa, ouviu?
- O que aconteceu com a sua testa? – Perguntou ele, mudando de assunto.
- Ah eu... – Buddy latiu. Os zumbis desciam a escadas aos tropeços. O que essas pestes fazem na minha casa?
Hipoteticamente falando, como a gente não vem pra cá a um pouco mais de um ano, que foi quando tudo isso começou  podem ter pensado que estava desocupada e alguma família veio se instalar. Talvez tenham feito muito barulho, ou coisa do tipo e alguns zumbis vieram atacar e com medo eles se trancaram no banheiro. Hipoteticamente falando, essa é uma boa opção. 
Sam, com toda força que possuía num braço enfiou como uma lança a espada na cabeça do zumbi, a espada cravou no chão de madeira e o zumbi caiu espirrando sangue negro. Eu cortei a cabeça de outro com um movimento. Fiquei tonta, cambaleei e cai. Coloquei a mão na testa, caralho ta doendo muito.
- Lola? Você está bem? – Olhei pra Sam. E então, tudo ficou em câmera lenta.
Sam se distraiu comigo, e não viu o zumbi vindo atrás dele, o errante arreganhou sua boca podre pronto pra morder o pescoço do meu irmão, antes que pudesse Buddy mordeu sua perna fazendo o zumbi cair de quatro com a boca em cima de suas costas. Trocando seu alvo.
- NÃO!- Gritei em desespero. Levantei rápido, minha visão escureceu. Apoiei minha mão no chão e a outra segurei minha testa, Buddy eu vou chegar até você amigão. Eu vou. Senti uma pontada tão profunda no meu coração que tive que colocar minha mão em meu peito e ver se sangrava, não. Era apenas um repentino vazio, de uma parte cortada do meu coração. O desespero se fortaleceu quando ouvi Sam chorando baixinho em lamentação.
- Não... Não... Não... – Olhei pra ele. Diante daquilo, de repente fiquei com uma raiva gigantesca. E então, virei uma maquina de matar. Pulei Sam que estava sentado na possa de sangue de Buddy, com ele ao seu lado acariciando sua cabeçona que já estava perdendo a cor dos olhos azuis, enfiei minha espada na cabeça de um zumbi fazendo seu sangue se espalhar pela escada. Corri escada acima, em direção ao banheiro e lá tinham mais três zumbis. Segurei forte o cabo da espada com as duas mãos e decepei os três zumbi se um vez. Fazendo uma cortinha de sangue se espalhar pela parede.
Depois que eu terminei, meu sangue simplesmente esfriou. O choque da realidade me possuiu, minhas pernas ficaram bambas e eu tive que me apoiar na espada para conseguir andar. Desci a escada lentamente, abominando o momento em que finalmente chegaria ao fim dela.
Desabei no chão, larguei a espada e fechei minha mão num punho. Sam limpou o rosto e sentou no degrau da escada, observando a mim com seus olhos castanhos  brilhando com um perolada lágrima caindo. Ouvi o choro baixinho de Buddy, como um ultimo pedido de misericórdia, eu o tomei em meus braços, minhas lágrimas caiam e desapareciam sobe seu pelo. Eu passei minha mão carinhosamente pela sua cabeça.
- Eu lembro quando eu ganhei você – Disse para ele. Talvez seja ridículo, uma garota de 18 anos falando com um cachorro. Mas eu não me importo, ele é mais do que um animal de estimação – eu fiquei tão feliz que queria ficar com você no colo o dia todo. Lembro que te tratava como um bebe – Funguei – mas o que eu mais lembro foi da sensação que tive quando fui dar o seu nome. Eu olhei pra você e pensei, esse é um cachorro especial. Não pode ter um nome comum, ele é da família, merece ter um nome digno de campeão. E então resolvi te chamar de Buddy, porque... – Continuei a fazer carinho em baixo do rosto dele, porque ele adora. Olhei para a mangueira relembrando momentos felizes – porque você é um amigão, não é? – Voltei meu olhar para ele, seus olhos já estavam fechados. Seu coração havia parado de bater, e sua alma já na estava mais neste mundo – Buddy? – Voltei a chorar descontroladamente – Buddy – Abracei ele com força, Sam abaixou o rosto e colocou-o entre as pernas, tampando-o com os braços. Estiquei meu braço até a mesa e peguei uma flecha, enfiei sua lança com cuidado na parte de trás da cabeça de Buddy, para não correr o risco dele voltar. Depois de umas duas horas Sam se levantou, e tirou os corpos dos zumbis da casa, levou-os para dentro da floresta e os queimou lá. Enquanto eu,fiz uma lápide com madeira escrito com ferramentas do meu pai. E depois fiquei durante horas, sentada na sala com Buddy nos braços. O pôr do sol já estava acabando quando Sam finalmente me perguntou:
- Onde você quer... Enterrar ele?
- Em baixo da mangueira.
- Nada mais justo – Sam foi até o jardim e começou a cavar, agradeci-o mentalmente por não me pedir ajuda nisso. Eu não iria conseguir. Peguei a coleira de Buddy e segurei com força na mão enquanto levava-o até a mangueira e o coloquei com cuidado dentro da cova. Depois fiquei observando a terra cair sobe seu corpo.
“Aqui jaz Buddy, um cão, um companheiro, um amigo” dizia a lápide.
Sam observou por alguns instantes e depois deu dois tapas leves no meu ombro e voltou para casa. Senti uma rajada de vento fazer algumas folhas caídas dançarem sobe o solo. Vem chuva ai.
- Buddy, me desculpa – Minha garganta fechou, e minhas lágrimas caíram junto ao meu sangue que teimava em rolar. Apertei com força a coleira na minha mão – Eu devia ter te protegido. Devia ter feito de tudo pra te proteger, mas eu não consegui. Você protegeu o Sam, certo? Porque somos um família – coloquei a coleira como colar no meu pescoço – agora vai ser diferente... Agora diante de sua lápide eu te prometo. Prometo que não vou deixar o Sam morrer, vou protegê-lo custe o que custar, nem que eu tenha que arriscar minha vida... Ou até mesmo perde-la – Fiquei alguns segundos em silencio apenas ouvindo o som uivante do vento. Até que decidi me levantar. Dei dois tapas de leve na lapide de madeira e sussurrei – Obrigada amigo, obrigada por tudo.
Entrei em casa e sentei no sofá.
- O que aconteceu com a sua testa?
- Bati a cabeça – Sam se aproximou.
- Perdeu muito sangue... A gente precisa de uma transfusão...
- É, só que seu tipo sanguíneo não é o mesmo que o meu... – Respondi.
- É só a gente... – Sam parou de falar de repente. Barulho. Tem alguém vindo. Olhei para ele, e ele assentiu. Peguei o arco e flechas e observei a sombra do invasor, a luz de velas da sala. Ele continuou andando, até que eu atirei uma flecha a alguns centímetros de seu pé.
- Não se atreva a dar nem mais um passo – Não conseguia ver seu rosto, mas aqueles ombros...
- Lola? – Abaixei o arco.

- Drew?

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Capitulo 4

Acordo no meio da noite, com o fogo da fogueira crepitando e alguns grunhidos rangendo nos meus ouvidos. Que isso?
-Sam? – Sussurro. Coço meu ouvido, numa tentativa fracassada de tentar parar o barulho – Sam? – Sem resposta – Sammy? – Nada. Vou me aproximando da árvore a frente – Samuel? – Solto o grito agourento e caiu de costas no chão. Sam-zumbi mastigando Buddy me olha com a boca cheia de sangue e as mãos cheias de órgãos.
- Lola? – Agarro o pescoço de Sam em um desespero estranho. Olho em volta assustada e vejo que não tem fogo, que Buddy estava sentado ao meu lado, e que Sam está bem. Soltei seu pescoço.
- Desculpa – Me apoio na arvore para poder levantar.
- Tava tendo um pesadelo né? – Olhei pra ele – Você soltou um grito e me acordou.
- É... Foi um pesadelo muito ruim – Passei a mão na cabeça e depois a sacudi para afastar a lembrança.
- Quer me contar? – Perguntou Sam se levantando.
- Definitivamente não – Pisquei algumas vezes e tentei lembrar de ontem. Ah sim... Depois de correr 15 km, paramos pra descansar no meio da floresta e agora eu acordei – Vamos sair logo daqui, algum zumbi deve ter ouvido meu ilustre grito.
- Quantos km faltam? – Olhei para Sam e disse:
- Mais 15 – Ele fez uma cara de espanto de depois de coitado.
- Ah... Qual é?!
- Vamos – Peguei no braço dele e começamos a andar.
O dia foi passando e Sam ficando cada vez mais pálido pela fome.
-Senta um pouco. Toma – Sam sentou numa árvore, e eu lhe dei minha água. Passei a mão no cabelo dele – Você ta bem? – Ele assentiu. Barulho, agachei na frente de Sam, Buddy que estava ao meu lado esticou as pacas da frente deitando sua cabeça e deixando suas pernas traseiras arqueados e sua bunda levantada em posição de ataque. Peguei meu arco e flecha – Buddy, toma conta do Sam – Ele continuou parado enquanto eu saia em direção ao barulho, o que significa que ele entendeu.
Barulho de novo, agachei ao mesmo tempo que apontava e atirava uma flecha. Corri até o alvo atingido e vi que era um veado. Uma veado aqui? Eles só existem em uma parte da floresta. Andei um pouco mais adiante e vi. O caminho que eu e Drew fazíamos quando crianças.
-Sam! – Sussurrei. Ele se levantou e olhou pra mim. Bati com dois dedos duas vezes na cabeça e apontei para a esquerda. Segurei o veado morto pelo pescoço e o arrastando recomecei a andar, com Sam e Buddy atrás de mim.
- Era disso que eu tava falando – Disse Sam algum tempo depois todo feliz. Finalmente chegamos – Vem Buddy – Chamou Sam, ele pegou uma manga que havia acabado de cair da mangueira enfrente a casa e correu com ela pelo jardim fazendo Buddy ir atrás dele. E depois jogou a manga no chão, Buddy pegou e foi para a sombra da mangueira comer sua manga. Esse era o melhor lugar do mundo, definitivamente. Parece que o tempo parou pra este lugar, o mundo pode estar caindo lá fora. Aqui sempre vai estar intacto. Sempre que chegamos aqui, eu me sinto quando eu tinha 14 anos de novo. Sam procurando o que comer, Buddy em baixo da mangueira comendo uma manga, eu rindo igual a boba dos dois correndo juntos. Não lembro qual foi a ultima vez que senti meu coração com poucas preocupações e meses. Enfim, agora vamos começar a fazer as armadilhas aqui, peguei algumas ferramentas velhas do meu pai atrás da casa e fiz armadilhas em volta dela, depois entrei.
- Que dia é hoje? – Perguntei.
- Ah... Sei lá, sábado?
- To perguntando de número – Sam pegou seu calendário de dentro da bolsa e disse:
- 12 – Fui até a mochila, peguei a seringa e enchi com o liquido amarelado do remédio. Sam fez um careta, a qual eu já estava acostumada e sentou no sofá estendendo o braço. Dei dois petelecos na seringa e injetei na veia de Sam. Como depois da injeção Sam tem que ficar parado durante 2 horas, eu mesma cortei o veado e acendi a lenha para cozinhar o animal. Mais tarde sentamos a mesa e comemos em silencio, o único barulho que eu ouvia era o mastigar de Buddy.
- Vou tomar um banho – Disse Sam depois de, claro, ele lavar a louça.
- Eu vou dar uma saída – Disse – Buddy fica – ordenei depois perceber ele me seguindo.
- Aonde você vai?
- Dar uma volta.
- Leva ele.
- Não, ele fica – Disse.
- Leva pelo menos a espada – Olhei pra ela, empoeirada e reluzindo graciosa sobre seu apoio. E então lembrei:
- Tia Trisha porque a gente ta aqui? – Perguntou Sam quando chegamos na academia de luta.
- Porque vocês tem que ter alguma coisa pra fazer nesses 6 meses que ficarem em minha casa – Ela está certa. Esse lugar é no meio do nada, não tem sinal de celular, só tem livros velhos, a TV é restringida, tem que ter licença para caçar. Tédio
- Eu acho que é porque o tio Ben é Espadachim profissional,e vocês querem que a gente faça o mesmo – Respondi.
 – Imagina Lola! Agora vamos crianças... pode ser legal. Entrem, vamos – Tia Trisha foi falar com o professor, enquanto Sam ficava ao meu lado.
E foi ai que eu o vi. Drew estava lá também.Eu sabia que havia o visto antes, mas isso aconteceu antes de eu o conhecer. Nem mesmo conversava com ele. Ele virou seu rosto para mim e me reconheceu, eu fiquei tão sem graça que abaixei meu olhar. Ele estava suado e com um quimono preto com uma faixa branca prendendo, mas ele definitivamente continuava bonito. Ele se aproximou de mim, eu não lembro do meu coração ter batido mais rápido que naquela hora:
- Você é aquela menina não é? Da casa de campo dos Prize – Eu assenti – Meu nome é Drew Leavington, prazer – Ele estendeu sua mão com um sorriso tão fofo, eu a apertei.
- Lola. Prazer.
- Sabe, eu já te vi caçando – Eu o olhei surpresa.Sam sorriu e disse:
- Eu vou falar com a tia Trisha, depois a gente se fala – Eu nem olhei pra ele.
- Já me viu caçar?
- É... Eu moro perto da sua casa de campo. Agora eu estou na casa dos meus primos, e vim pra cá passar o tempo.
- Você... Sabe caçar?
- Não... Eu sempre tive vontade, mas ninguém nunca me ensinou.
- Você é bom com isso? – Peguei uma das espadas que estava no suporte.
- Dizem que eu sou o melhor – Respondeu com um sorriso nada modesto.
- Vamos fazer assim então... Você me ensina a usar uma espada que eu te ajudo com o arco. Que tal?
- Aceito – Ele puxou a espada que estava presa em suas costas e disse – Não tente imaginar a espada como um abjeto para machucar, mas sim como uma parte de si – Ele olhou em meus olhos, e eu senti nos dele o brilho de paixão pelo o que ele estava fazendo, era como eu com o arco. É uma coisa mais como um hobbie, não uma profissão. Era um diversão e não uma obrigação – segure-a com as duas mãos pelo cabo, com leveza e firmeza – Ele segurou a sua espada e eu o imitei – golpeie de cima pra baixo, assim.
Aquele foi um dia interessante, depois disso fui ansiosa durante 3 meses para o curso e depois que Drew foi embora Sam virou meu companheiro Espadachim. Acabou que eu comecei a gostar de verdade daquilo. Foi legal.
Minha tia era professora de luta MMA, por isso eu e Sam lutamos. Minha mãe adorava caçar, por isso eu caço. Muita coisa na minha vida e na dele é por causa dos nossos pais que fazemos, eu e ele sempre odiamos isso. Mas eu acho muito útil agora.
- Tudo bem, eu levo – Peguei a espada e passei a alça de seu suporte pelo meu braço como uma bolsa e sai de casa. Fiz o caminho pela floresta tomando cuidado para não pisar nas minhas próprias armadilhas e fui até a cachoeira. Sentei na pedra e fiquei observando a água cair por algum tempo. Coloquei a espada no chão e pulei na água com minha roupa. Nunca me senti tão limpa. Afundei e depois fiquei boiando. Só relaxando. Até que ouvi um barulho, afundei meu rosto na água deixando apenas meus olhos de fora.
Um zumbi, não... dois. Saindo da mata, droga to sem a espada. É Lola, agora vai na sorte. Sai da cachoeira e os zumbis vieram atrás de mim. Corri atrás da espada, escorreguei no chão rochoso e bati a cabeça na pedra. Vi meu sangue escorrer por sua superfície, fiquei tonta. Ouvi o grunhido se aproximando, me apoiei no suporte da espada tirei-a de dentro e cortei a cabeça do zumbi. Enfiei a lamina na garganta do outro, fazendo-o cair com sangue negro escorrendo por ela. Me aproximei dele e cortei a cabeça fora.
Me apoiei na pedra segurando minha testa, o sangue ainda escorria e minha cabeça doía. Eu estava tonta. Um grito. Sam. Sam? SAM!

Rasguei um pedaço da minha camiseta e enrolei como uma bandana na minha cabeça, corri de volta para a casa. E quando cheguei lá, zumbis estavam dentro.