Capitulo 16 - Olha quem voltou.

Deitamos no teto, ofegantes. Suados. Cansados.

- Grande... Pouso – Disse sorrindo para Brenda. Ela sorriu de volta, e depois nos levantamos.

- Não sei se esse seu plano foi muito bom – Disse Logan, olhando com uma careta para baixo. Ele engoliu em seco, e virou o rosto para encarar Brenda – Quer dizer, como vamos sair daqui? Estamos encurralados...

- Desde quando Brenda não tem um plano B? – Pergunto.

- Ora, muito obrigada Justin. Pelo menos alguém ainda confia em meus planos – Respondeu. Logan revirou os olhos. Brenda andou até ficar próxima a outra ponta do teto, olhou pro chão e fez sinal para seguirmos ela. Depois disse – Tem uma escotilha aqui. A gente usa minha corda – Ela tirou uma corda de dentro da mochila, e continuou – E pegamos um carro. Saímos daqui.

- Vamos chamar a atenção – Disse Logan encarando-a – Para que você quer chamar a atenção? – Brenda olhou para baixo, mas não respondeu. Apenas se agachou até a escotilha, e girou com dificuldade a tranca.

- Me ajuda aqui? – Perguntou ela para Logan. Ele assentiu. Se agachou até ela, e cada um segurou com as duas mãos, uma ponta da tranca – Um, dois, três – E com ainda mais dificuldade eles levaram, deixando a porta aberta. Brenda amarrou a corda a corda com firmeza, na tranca. – Vai Logan.

- O que? Eu? Ah... Eu não... É muito...

- Você ainda não superou isso? – Falou Brenda divertindo-se.

- Você sabe o que aconteceu na montanha russa...

- Você vomitou todo McDonald’s – Disse Brenda rindo.

- Você ainda tem medo de altura cara? – Perguntei.

- Olha...

- Não Logan – Disse Brenda voltando a falar séria – Olha você! Se você não descer vai ficar aqui, virar um deles, e me obrigar a te matar, mas se você for logo podemos sair daqui mais rápido! Vai logo...

- Ta – Disse ele olhando rua abaixo e observando os zumbis. – Nossa essa rua ta tão longe... Isso aqui é tão alto... Eu não sei se – Logan correu até a caixa d’água e vomitou atrás dela.

- Ai caramba... – Disse Daniel, revirando os olhos. Logan voltou com o resto meio esverdeado, limpando a boca na manga da blusa, e com a perna voltando a sangrar.

- Awn Logan – Caterine passou a mão carinhosamente pelas costas dele. – S evocê não conseguir...

- O que?! Eu? Não conseguir? – Disse ele irritando-se – Eu consigo sim! Vai Brenda! Vamos logo com isso! – Ele andou até uma Brenda que estava rindo, pelo fato de Logan querer se mostrar machão perto da Caterine, Brenda amarrou a outra parte da corda na cintura de Logan, depois ele sentou na ponta da escotilha, olhando para baixo, e desaparecendo com a fase de machão, agora ele mais parecia um garotinho assustado – Eu – Eu revirei os olhos e coloquei meu pé nas costas de Logan – Tenho mesmo que fazer... AHHHHH – Chutei as costas de Logan, ele caiu, e depois ficou pendurado. Depois ele desamarrou a corda, e pulou para o chão, fazendo todos os zumbis que espiavam do lado de fora se eriçarem, e começarem a bater na porta de vidro – Você ainda me paga Justin Bieber.

- Menos papo e mais ação Logan Anderson – Disse rindo. Brenda sorriu, e se abaixou e pegou a corda, deu-a para Caterine e amarrou, Caterine desceu, depois foi a vez de Daniel, Depois eu. E na vez de Brenda, ela simplesmente segurou a ponta da corda e pulou, com um baque surdo ela desceu ao chão, e com uma careta de dor segurou a barriga, onde Kendall fez o corte. – Você ta legal?

- Acho que sim... Mas temos que sair daqui rápido.

- É... – Começou Daniel olhando-a – Você ta perdendo muito sangue e...

- Não é disso que estou falando – Interrompeu Brenda – É disso – Ela apontou para a parede da frente de vidro, onde os zumbis batiam com cada vez mais ferocidade – A porta não vai agüentar muito tempo.Temos que sair agora. – Ela passou os olhos pelos carros caros da loja. E quando digo caros, quero dizer MUITO caros. – Venham – Todos nos dirigimos até uma Ferrari branca, de calotas pretas e com teto removível. Brenda abriu a porta e Logan, Caterine e Daniel entraram  na parte de trás do carro, eu fui no banco do passageiro e ela começou a dirigir.

- Não podemos ir a qualquer lugar com esse carro... Como vamos fazer para chegar salvos em alguma casa?

- Vamos usar – Disse Brenda ligando o carro – O Plano C.

- E qual é? – Perguntou Daniel.

- Vocês vão ver. Agora... Segurem firmes...

- Sergu...

- Coloquem cintos de seguranças... – Não perguntamos. Apenas obedecemos. Brenda ligou o motor potente da Ferrari branca, e olhou pra frente, olhando com uma raiva que eu nunca vi em seu rosto. Acho que a perda de Matt foi a gota d’água. E a morte de Douggie também não foi legal. Ela afundava o pé cuidadosamente no acelerador, e apertava o volante. Os zumbis batiam com toda força, que suas mãos mortas puderam reunir. Prontos para atacar a carne fresca que somos. Brenda afundou o pé no acelerador, todos fomos para trás. O carro colidiu com o vidro da frente, fazendo-o quebrar, o vidro da frente da Ferrari trincou, os zumbis a nossa frente, foram jogados a quilômetros de distancia, explodindo suas cabeças esverdeadas.

Senti que voamos alguns segundos, antes das duas rodas dianteiras tocarem o chão fazendo os pneus cantarem, e nós balançarmos dentro do carro, Brenda virou o carro de repente, depois parou o carro e apenas encarou os zumbis que vinham em nossa direção:

- O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO?! VAI! ACELERA! – Gritou Logan.

- Não... Ainda não... – Olhei a volta. Não sei o que ela esta tentando fazer, mas acho que já estou a tempo de mais com Brenda para saber que ela sabe o que faz, então nem tentei questionar. Ela acelerava uma pouco o carro, o que fazia ele fazer um barulho. Os zumbis chegaram até nós, pularam em cima do carro, quebraram o retrovisor do meu lado, estavam no teto dele, e no capo e mesmo assim Brenda continuou parada.

- BRENDA!

- SUSSEGA LOGAN! – Olhei no meu lado do retrovisor e vi Caterine esconder o rosto no peito de Logan e ele passar a mão ao redor de seu pescoço, e pousando a mão em suas costas.

- Brenda acho que temos que sair logo daqui – Disse Daniel, tentando parecer calmo, mas sem sucesso.

- Esperem... – Disse ela olhando no meu retrovisor. Praticamente todos os zumbis estavam em volta do carro. Senti cerca de 470 só em cima de nós. Não importa o quanto a Ferrari seja forte... Não vai agüentar muito tempo;

- Brenda... – Disse Caterine angustiada.

- Só mais um pouquinho – Ela olhou pelo retrovisor.

- Brenda... – Disse Daniel.

- Só mais um instante – Ela apertou o volante com a mão esquerda e a marcha com a direita. Todos os zumbis agora estavam acima de nós. Estava completamente escuro dentro da Ferrari. Só tinha um feche de luz do sol que entrava pela janela, mas os corpos mortos dos zumbis tampavam quase tudo. Logan desesperado gritou:

- BRENDA! – Ela mudou a marcha, virou o volante, e fez o carro virar 360º. Uma, duas, três voltas. Um movimento em circulo constante. Agora entendi. Ela atropelou todos os zumbis mais próximos. Derrubou os que estavam em cima do carro. Parou abruptamente, e depois pisou no acelerador. Alguns zumbis que haviam caído no chão, se ergueram e agora corriam atrás de nós, mas eu tinha a impressão de que não era isso que ela estava olhando pelo retrovisor. Não enxergava nada fora do normal – sem contar os zumbis – mas ela via. E isso... Não era muito confortável. Caterine segurava a mão do irmão, como se fosse morrer agora.

Uma batida forte fez Logan se sobressaltar. Olhei meio assustado para acima, a batida veio do teto.

- Tem um deles aqui – Disse.

- Eu ouvi. Daniel,sugiro que você sentisse-se no chão. Aos pés de Logan... Vai fazer sujeira ai – Daniel parecia tão branco quanto papel. Ele se agachou e sentou aos pés de Logan. Brenda levou o dedo até um botão, e apertou. O teto começou a abrir. Uma mãos asquerosa desceu do teto, e procurou as cegas algum corpo. Quando o teto abriu até a metade, o zumbi que um dia fora uma mulher de terninho preto, pulou com o tronco para frente, tentando abocanhar qualquer um de nós. Brenda apertou o botão mais uma vez, e o teto se fechou, cortando a mulher zumbi no meio. E depois fechando-se.

Mas isso não foi o bastante. A mulher começou a se remexer, com os braços esticados, tentando agarrar um humano, eu tirei minha arma da cintura e atirei em sua cabeça.

O zumbi parou de se mexer. Logan, enojado, abriu a porta e chutou o zumbi para fora.

- Pelo amor de Deus! Ainda aqui?! – Brenda olhou pelo retrovisor irritada. Aumentou a velocidade do carro. Olhei para onde ela olhava e vi. Um carro preto. Nos seguindo.

- Olha só quem voltou – Disse eu olhando Kendall, e o ex-Protegido pela Corporação Apocalipse, que estavam dirigindo o carro.

- Puta merda... Como ele não morreu lá? – Perguntou Logan.

- Aquele cara deve ter tirado ele de lá, antes da Corporação explodir. – Respondi. Brenda afundou o pé no acelerador. Me senti numa corrida. Não conseguia ver nada ao meu redor. As paisagens de lugares destruídos, viraram borrões coloridos – Como vamos fugir deles?

- Pelo esgoto.

- QUE?! – Exclamou Caterine.

- É o único jeito que eu consegui pensar... Justin, você e o Logan podem usar um machado para fazer um buraco no chão dessa Ferrari...

- Poxa... Um carro tão bonito – Disse.

- Pois é... Em tempos diferentes isso seria meu sonho de consumo – Ela sorrio pra mim. E eu pra ela.

- Bora cara – Eu e Logan começamos a desferir golpes fortes no meio do carro. Quebrando o porta copos, que tinha no meio, e parte dos bancos de trás. Passados alguns segundos, já consigo ver o asfalto cinza, passando rápido a baixo. Isso faz meus cabelos voarem, e o vento faz os olhos azuis de Logan lagrimejarem.

- Pronto – Disse ele para Brenda.

- Segurem – Ela virou com força, uma esquina , e foi com muita rapidez, a rua a frente, onde tinha milhares de zumbis acoplados. Eles olharam para o carro, e colidiram com o carro que tinha abaixado a velocidade. O carro preto a trás onde Kendall estava, parou. Os zumbis atacaram nosso carro, e Brenda disse – Vai Daniel. Você primeiro. – Brenda parou o carro bem em cima de uma boca de lobo, eu me agachei e arrastei a tampa. Com o barulho dos grunhidos dos zumbis, ninguém ouviu o barulho da tampa sendo arrastada. E como a parte de trás do carro, é rebaixada, eles de trás não conseguiam ver, nós descendo. Daniel desceu as escadas e pulou na água suja do esgoto, e depois Caterine, daí Logan, Brenda e eu, que depois fechei a tampa.

O ar parado do subterrâneo. Com um cheiro horrível, de meses de lixo parados. Acumulados. Com fezes de ratos, pessoas e só Deus sabe mais o que todos sobe meus pés. Minha calça branca, agora tão preta quanto carvão. Tampei meu nariz, e ergui minha arma.

Os outros fizeram o mesmo.

Caterine se assustou com um rato que passou correndo a nossa frente. Mas nada fez. Porem não era apenas o movimento do rato que eu sentia.

- Tem zumbis aqui.

- Cuidado – Avisou Brenda.

- Para onde exatamente estava andando? – Perguntou Logan.

- Vamos continuar em linha reta. Talvez uns 500 metros a frente. Só para nos distanciarmos dessas coisas... Daí vamos para uma casa.

- O.K – Disse Logan, com a voz abafada pelo tecido de sua camiseta.  Andamos no mais completo silencio. Por uns 450 metros. Com aquele sentimento de estar sendo perseguido ainda bem perto de mim.

- Aqui ta bom – Disse Brenda andando até uma escada que tinha na parede, em baixo de uma boca de lobo. 

Caterine soltou um gritinho. Olhei para trás – Um zumbi que um dia foi um mendigo provavelmente se escondendo dos zumbis aqui em baixo. Negro, barbado, com roupas esfarrapadas e ensangüentadas, estava com a boca de dentes podres a centímetros do pescoço da menina – Logan correu até ele e cortou sua cabeça com o machado. Fui até eles, que estavam começando a ser encurralados por uma frota de zumbis que estavam surgindo não sei de onde. Cortando as cabeças deles.

- Daniel! – Chamou Brenda. Vi um feche de luz, e a brisa de ar puro entrando. Daniel saiu – Corri Caterine! – Ela também subiu, Brenda correu até mim para me ajudar. – O que foi? – Perguntou depois de perceber que eu a observava – Pensou que eu ia perder a festa, foi? Vai logo Justin! – Relutante eu andei até a escada, ainda cortando a cabeça de alguns zumbis, com Brenda logo atrás de mim. Subi rápido a escada e depois Brenda.

Ela cravou o machado no meio da cabeça de um zumbi que caiu, o que foi o tempo dela tampar a boca de lobo.

Olhei em volta. Ouvia e sentia zumbis a distancia. Mas não tinha nenhum para nos surpreender.

- Posso escolher a casa desta vez? – Perguntou Logan.

- A vontade – Respondo. Ele olhou ao redor. Sorriu e disse:

- Aquela – Ele apontou para uma casa marrom, com porta e portão brancos. Andamos até ela. Entramos na casa. Brenda andou por ela, mas não encontrou nenhum zumbi.

- Acho melhor – Disse antes de Logan se sentar no sofá – Você ir tomar banho... Todos temos... – Logan revirou os olhos, mas subiu. Depois dele, todos fomos. Durante a noite, comemos McDonald’s que tinham Tom e James pegaram. Brenda fez pontos na perna de Logan. Daniel subiu e foi dormir num quarto só para ele. A família que morava nessa casa, era uma de mãe, pai e um casal de filhos. Logan e Caterine foram dormir num quarto os dois. O que deixava um quarto para eu e Brenda ficarmos. Um pensamento que na verdade, não me atormentou em nada.

Brenda começou a fazer pontos em sua barriga. Depois disso, se enrolou na coberta, e ficou deitada no sofá.

- Você sabe que não podemos ficar aqui por muito tempo... Não sabe? – Disse ele.

- Sei... Não estamos seguros em lugar nenhum – Respondeu ela.

- É...

- Na verdade – Me deitei ao seu lado, depois ela deitou a cabeça em  minhas cochas e eu acariciei seus cabelos – Eu á venho pensando nisso já faz um tempo.

- E a que conclusão você chegou?

- A de que temos que sair daqui.

- Mudar de casa?

- Não... De estado. Pais talvez.

- Ta falando sério? – Perguntei olhando-a.

- Não vamos sobreviver para sempre. Quer dizer, não importa o quanto fugimos, eles sempre vão nos encontrar. Tanto zumbis quanto pessoas. Não vamos conseguir fugir para sempre.

- Tem razão. E pra onde você ta pensando em ir?

- Bom...O Caribe tem uma população mínima. Não acho a infecção está menor...

- Pro Caribe? – Disse eu sorrindo.

- É – Respondeu sorrindo – Por que não?

- É... Porque não? Como vamos para lá?

- De avião – Respondeu ela – Tem um aeroporto a uns 2 dias daqui... De carro. Acho que podemos chegar lá.

- Conseguimos. Sei que podemos – Disse sorrindo. Brenda se sentou e me olhou – Não começa. Eu sei o que você está pensando. Que não podemos namorar porque eu poderia ter morrido tentando te salvar e...

- Poderia mesmo! Meu irmão... Morreu.

- A perda do Matt vai pesar para sempre mas...

- Poderia ter sido você Justin!

- Mas não foi! Não to nem ai pros riscos. Todos vamos morrer um dia. E se eu morrer te protegendo vai ser uma honra! Você faz o mesmo por mim – Brenda simplesmente me abraçou, passou a mão pelo meu cabelo, e depois me beijou. – Brenda... Não vou conseguir mais passar todos os dias com você, sem poder dizer o quanto eu te amo. Eu realmente quero...

- Eu também. – Respondeu ela; Meu rosto ficou queimando – Eu aceito namorar com você – Sorri para ela, e depois beijei-a.

E passamos a noite inteira, juntos. Dormimos juntos. Para mim foi perfeito. Mesmo que tenha sido no sofá.

No dia seguinte acordei com um frio cruciante mordendo minha pele. O dia estava mais nublado, do que jamais estivera. E finas e pequenas bolinhas de neve começaram a cair do céu.