domingo, 2 de fevereiro de 2014

Capitulo 3

Minha respiração está tão ofegante, que tenho certeza que ela vai ouvir. Para de respirar assim droga! Não consigo... To com tanto medo que minha pele ficou gelada, meus dedos doem quando os movo. Droga, droga, droga. Sai dai Lola! Se mexe! Vai ficar de baixo da cama até quando? Fracote. Ai vem ela...
-Ahh... – Ela se contorceu com as mãos na altura no rosto e caiu. Quem é essa mulher? Não sei. Mas ela entrou em casa pedindo ajuda, e sua pele esta ficando cada vez mais pálida, ela não está conseguindo falar direito, e seus olhos ficando opacos. Não sei o que ela tem, mas isso me assusta. Eu não sei o que fazer, o que ela tem? O que é isso? Não sei. Como vou sair daqui, sem ela me ver? Ela caiu no chão, e se contorceu mais. Um vazo de flores caiu no chão do corredor, e ali eu vi Sam. Com Buddy atrás dele. A mulher no chão esticou sua mão pra ele e de repente parou de se mexer. Morta no chão.
- Graças a Deus você está bem – Disse Sam me abraçando depois que sai de baixo da cama – Eu tava procurando por você – Meu irmão mais novo estava procurando por mim, lutando contra todo medo que sentia vindo atrás de mim. E eu me escondendo em baixo da cama? Ridículo. Patético. Fraca. Isso não pode acontecer de novo, isso não vai acontecer de novo. Não vou hesitar em proteger Sam e Buddy, de agora em diante não posso me deixar levar pelo medo. Vou proteger eles – Mas o que...? – A mulher voltou a se mover. Grunhindo, começou a se levantar. Sam recuou. Buddy latiu. Minha mão não parava de tremer, fechei o punho com força. Peguei o abajur de cima da mesinha quebrei a lâmpada nesta e enfiei-a na cabeça da zumbi. Sangue negro escorreu da lâmpada para minha mão.
- Isso foi estranho – Disse tentando mascarar todo e qualquer vestígio de medo que eu estava sentindo. E não era pouco.
- Assustador – Disse Sam com um olhar vidrado. Então essa foi a primeira vez que vimos alguém se transformando.

Dias atuais
-Você não acha que ta tudo muito calmo? – Perguntou Sam.
- Pois é... Nevada nunca mais foi a mesma – Respondi olhando distraída pela janela.
- Lola, a gente está em Las Vegas o lugar mais lotado de Nevada inteira. Por que diabos não tem zumbis nas ruas? – Perguntou Sam, ele tem razão – Esperava uma recepção diferente.
- Cuidado com o que fala Sammy... Pode se tornar real – A medida que a noite ia caindo Buddy ficava mais inquieto – Ei... O que foi amigão? – Olhei pra fora, Vegas parecia uma linda dama assombrada, solitária dessa maneira. O pôr do sol ia chegando e algumas sombras iam se aglomerando pelos prédios – Sam, vai pela esquerda.
- Ta bom – Os pelos da minha nuca começaram a se erguer, uma sensação estranha de perseguição vinha tomando conta do meu estomago.
- Você está sentindo a mesma coisa que eu?
- Acho que sim – Sam olhou pra trás e depois continuou a dirigir mais rápido. Mais sombras iam aparecendo nas encostas dos prédios. E depois disso tudo aconteceu muito rápido.
Sam atropelou um zumbi que estacou a nossa frente, seu sangue negro e órgãos rançosos cobriram a tintura do carro. Sam acelerou,os zumbis saíram da escuridão e brilharam sobe a luz do pôr do sol.
-Agora a porra ficou séria – Sam acelerou por entre 15 zumbis passando por cima de seus membros despedaçados. Pi pi pi pi
- Caralho – Disse. A gasolina ta acabando.
- Agora ferro Lola, o que a gente faz? – Passei a mão pelo cabelo, estamos cercados por zumbis, com pouca gasolina. Quase saindo de Vegas, a 30 km da Casa de campo. Bati meu dedão duas vezes na testa.
- É isso...
- O que?
-Eu tenho um plano – Disse.
- É bom? – Perguntou Sam.
- Não – Respondi, sorrindo com irônia.
- É o que tem pra hoje... Vamos nessa – Peguei a única mochila que tínhamos e coloquei nas costas. Segurei Buddy pela coleira, Sam atraiu os zumbis para o lado oposto a saída. Eu e Sam pulamos para fora do carro, segurei Buddy pela coleira abraçando-o com força e caindo no chão em seu lugar, raspei meu braço no asfalto fazendo um machucado superficial que sangrava e ardia. Sam estava de jaqueta então ficou bem. Nos escondemos atrás de um prédio até todos os zumbis estarem aglomerados em volta do carro, peguei o fósforo dentro da mochila, raspei na coleira de Buddy e joguei no carro.
- Agora – Sussurrei. Sam, Buddy e eu demos a volta no prédio e corremos em direção a saída pela floresta. Coloquei Buddy atrás de uma moita – Buddy deita - Sam estava atrás de nós e escorregou na lama molhada pela chuva de ontem – SAM! – Pulei em cima dele. O carro explodiu. Estávamos longe o suficiente para não sermos queimados. Mas perto o suficiente para sentir o impacto.
- Você ta bem? – Balancei a cabeça. Sam não estava ferido então tudo bem. Ajudei-o a levantar e começamos a andar em direção a casa de campo.

No hanking de cadeia alimentar, os zumbis são os mais fracos por serem mais fáceis de matar. Isto é, um zumbi = fácil. Uma horda = problema. Não há espaço para fracos no mundo, mas a questão é que o mundo se tornou fraco. E eles estão predominando. Não vejo mais pessoas na rua, mas isso é claro. Porque se sobreviveram até agora é porque são inteligentes, cuidadosos e fortes. E como dizia Charles Darwin, só sobrevivem os mais fortes.

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