terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Capitulo 10

“Ponto de vista do Sam”
História 1
-Samuel, você não fez as lições até agora?! – Brigou meu pai – começa.
-  Mas pai! É 23:00 hrs!
- Quem mandou não começar antes? Problema seu meu chapa – e então ele subiu as escadas e foi dormir. É foda, fazer lição de matemática essa hora?! Que merda, eu não sei essa matéria.
- Sam? Acordado até essa hora? – Disse Lola depois que desceu as escadas com a camisola do super-man, um livro cujo título seria “Saco de ossos”, e uma chicara de chá vazia nas mãos.
- Papai não vai me deixar dormir até eu terminar essa lição... Não sei nada dessa matéria
– passei a mão frustrado no cabelo. Lola colocou o livro e a chicára em cima da mesa e olhou pro meu livro.
- Eu te ajudo.
- Mas você tem aula cedo amanha.
- Eu sei... Mas sem problema Sam, eu te ajudo – E ela sorriu, uma daqueles sorriso que me faziam acreditar que tudo iria ficar bem.

História 2
- Oi Drew! – Disse deixando ele entrar.
- Oi Sammy! – Ele deu um toque na minha mão.
- O que aconteceu?
- Nada... É que eu não queria ficar ouvindo o bla bla bla da minha irmã e vim aqui.
- O que ela tem?
- Brigou com o namorado – Drew revirou os olhos.
- Ta afim de um vídeo game?
- Pode ser – Dez minutos depois de começar a jogar eu já estava perdendo, comecei a ficar desesperado e apertei um monte de botões, e de repente soltei um mega ataque que tirou toda a vida de Drew – Caaara! Como você fez isso?
- Quisera eu saber!
- Cara! – Cantarolou Drew, nós rimos e depois disso toda vez que nos víamos a gente se chamava de “cara”
 História 3
- Touche – Disse espetando uma espada de madeira no peito de Drew.
- Cara, isso é na esgrima – Disse ele.
- Touche – riu.
- Que você está fazendo Sam? – Perguntou Lola se aproximando, Drew arrumou o cabelo enquanto olhava pra ela. Eu revirei os olhos, era sempre a mesma coisa, toda santa vez. Ela chegava olhava pra ele, e ele pra ela, ela tentava não olhar e ele a observava como se ela fosse uma deusa. Eu revirei os olhos.
- Nada... Sabe... É engraçado nosso nível de amizade.
- O que quer dizer? – Perguntou Drew.
- Ah... Sei lá. A gente briga mas ta sempre junto. Somos tipo os 3 mosqueteiros – Lola me olhou com um sorriso divertido, pegou um pedaço de madeira do chão e estendeu.
- Um por todos – Eu e Drew fizemos o mesmo.
- E todos por um.
Apesar de coisas ruins acontecerem e nós brigarmos sempre estamos juntos, e sempre um ajuda o outro. As vezes olho pra eles e sinto que temos algum tipo de química ou mágica para nos deixar juntos. Como o Harry, Rony e Hermione. Só que sem Hogwarts.

 Dias atuais.

Droga, droga! São muitos, são mais do que já lutamos. Mais do que já pensamos em lutar, o  que ta acontecendo?
- Lola...?
- As armadilhas... Se excederam – Mas é claro! Depois que tudo o que aconteceu, toda gritaria, toda movimentação que fizemos desde chegamos... Obvio que iria atrair zumbis! – Sam – Lola me chamou, jogou a espada de Drew e pegou o arco e flechas. Não vou perder tempo, cansei de ser um inútil aqui, passei a espada na cabeça de três errantes, seu sangue espalhando em possas pelo chão. Um veio rápido em minha direção e eu e eu afundei a espada em sua cabeça. Dois vieram pra cima de mim, eu coloquei a lâmina em seus pescoços e forcei, as cabeças explodiram e respingaram em meu rosto. Pisei no sangue e cambaleei, ouvi grunhidos vindo de trás , enfiei a espada do seu queixo e a ponta passou pela cabeça. Um outro que vinha logo atrás empurrou o errante tentando me agarrar e me derrubando no chão antes mesmo que eu pudesse  tirar a espada da cabeça do outro. O zumbi com a espada voou pra longe, eu cai e prendi meu braço numa armadilha de urso no chão; Gritei. Meu sangue se espalhava pelo chão, e a dor tomava conta do meu cérebro. Impurrei com o pé a base da armadilha e soltei com a outra mão a parte de cima da armadilha, tirei meu braço.
Olhei em volta e percebi que o numero de zumbis diminuiu consideravelmente. Nem Lola com um arco e flecha na mão poderia fazer tamanha façanha, o que está acontecendo aqui?
 Os zumbis guiados pelo cheiro do meu sangue se aproximavam, não consigo mover minha mão direita, usei minha mão esquerda para tentar me arrastar até a espada.  Os errantes me alcançaram, pus meu pé no peito do primeiro, só que mais se aglomeravam atrás deste fazendo peso sobre minha perna. “Destino, população , azarados” Era o que Drew dizia, Estiquei meu braço para o cabo da espada, só mais um pouquinho, o numero de zumbis aumentara, eu não consigo mais segurar, não consigo alcançar a espada. Droga.
Senti minhas pernas tremularem, é quase como se eu não a controlasse. Os errantes faziam força contra meu pé, e então ele cedeu.
BUM! Peso. Lola pulou em cima de mim com a espada na mão. O golpe dela foi tão rápido que eu mal vi, os zumbis caíram de lado com um buraco feito pela lamina da espada em suas cabeças.
- Putz... – Disse – to te devendo uma.
- Não... – Disse Lola ofegante – eu que paguei minha divida – Eu sorri, Lola tossiu. Tossiu sangue. O que é isso? Peguei ela em meus braços e então vi.
Uma mordida na costela.
-  O que...? O que...? Não... Não... NÃO! Lola você não, você não! Tudo menos isso... Não! Isso não é justo – Eu entrei em pânico. Minha garganta se fechou, e as lágrimas arderam em meus olhos, minha mão ficou dormente pela dor, mas idai? A dor no meu coração era bem pior.
- Ta... Ta tudo bem, Sammy – Ela deu um sorriso fraco.
- Porque? Porque fez isso? - Minha lagrimas rolou pelo nariz e pingou em sua testa.
- Existe maneira mais bonita de morrer... Se não por alguém que você ama? – Ela sorriu – fiz uma promessa pra Buddy e pra mim mesma que não deixaria você morrer, meu chapa.
- Lola... Eu sou fraco... Eu sou fraco sem você. Sem você não da – Ela colocou a mão por trás da minha cabeça e puxou meu rosto para o dela, encostando nossas testa.
- Nunca mais diga isso, Samuel! Você não é fraco. Na verdade, é mais forte do que imagina.
- Não vou conseguir perder você – Ela se afastou e fixou seu olhar para o jardim, passou a mão carinhosamente em meu cabelo e eu vi uma lágrima solitária escorrer pelo canto de seu olho:
- É um lindo lugar para se estar, lindo dia para morrer. Que lugar melhor para terminar se não no seu lugar favorito?
A pressão sufocante  da dor se instalara na minha garganta, meu coração parecia se rachar ao meio.
- Lembra Sammy?... um por todos... – A mão de Lola soltou meu cabelo, seus olhos se fecharam, sua respiração parou serena, e sua alma deixou seu corpo.
- E todos por um – Era impossível refrea-las. As  lágrimas de alguém quase sem esperança. Me sentia amorfo (uma objeto sem forma), vazio. Não sei...
- Você está bem? – Uma voz desconhecida. Um mulher alta, morena, olhos verdes, cabelo castanho cacheado, uma faca na mão e uma garotinha praticamente igual a ela atrás de si.
- Quem é você?
- Não lembra mais de mim Sam? Rebecca. Rebecca Leavington – Ah sim... Irmã do Drew – Eu vim aqui... Porque esperava que você soubesse do meu irmão.
- Enterrado próximo a uma cachoeira... Sinto muito...
- Entendo – Seus olhos se encheram de lágrimas, ela fungou e agachou. Enfiou com suavidade sua faca na parte de trás da cabeça de Lola.  Olhei em volta e não vi mais zumbis, ela acabou com eles. Agora entendi.
- Sam eu... Eu posso te ajudar? – Olhei para Lola – onde você quer que...
- Ao lado de Buddy. Em baixo da mangueira – Nada mais justo, certo? Ela assentiu.
- Vem Dallas – Ouvi ela chamar. Dallas... Nome bonito. Fiquei observando Lola durante um bom tempo. Estranho vê-la deste jeito. Calma, pálida, sem preocupações ou remorsos. Eu me sinto sozinho agora, apesar de saber que jamais estarei enquanto estiver com Lola no meu coração. Mas agora o que vou fazer? Lola era a única pilastra que me segurava, sem ela fico sem rumo.
Acho que vou pra casa dos meus tios... Tio Ben deve estar bem triste depois da morte da tia Trisha, e minha mãe poderá precisar de mim, acho que é isso que devo fazer, né mana?
Entre a sepultura de Buddy e a dela tinha uma pequena barreira de Lírios que as vezes soltavam e caiam em cima da sepultura. Coloquei Lola dentro, com a coleira de Buddy, o anel de Drew no dedo, e entre as mãos uma foto na qual é eu e ela quando crianças aqui. Fiquei feliz por estar acontecendo isso ao pôr do sol. Ela amava o pôr do sol.
- Sinto muito Sam.
- Eu também – fiz uma lápide escrita “aqui jaz Lola Prize, a melhor irmã que um garoto poderia querer”.  Acho que talvez, só talvez tenha sido bom. Acho que agora ela esteja num lugar melhor do que este.
Fiquei observando a terra cair por cima do seu corpo inerte, como a luz do sol banhando uma linda flor.

(opcional, ouvir Fix You – coldplay)
Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
Quando você recebe o que quer, mas não o que precisa
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Preso em marcha -ré

E as lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas isso se desperdiça
Poderia ser pior?

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Bem lá em cima ou lá embaixo
Quando você está apaixonado demais para desistir
Mas, se você nunca tentar, nunca saberá
Exatamente qual é o seu valor

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
E eu

Lágrimas escorrem pelo seu rosto
Eu te prometo que aprenderei com meus erros
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
E eu

Luzes vão te guiar para casa
E incendiar seus ossos
E eu vou tentar consertar você


Levantei, passei a mão pela lápide de madeira e pensei “obrigado Lola, por tudo”. Peguei algumas coisas minhas e água para viajem, desci as escadas:
- Sam! – Ouvi Rebecca chamar.
- Que?
- Pensei que fosse ficar aqui.
- Não, eu vou pra casa dos meus tios. Pode ficar aqui, toma conta da casa e reforça as armadilhas.
- Sua irmã fez um bom trabalho com elas.
- É... eu sei – Suspirei.
- Tudo bem... – Dallas veio correndo com uma bombinha nas mãos, quase me esqueci. Rebecca é asmática, fiquei imaginando como deve ter sido difícil pra ela viver no apocalipse sendo asmática, e com tem sido difícil pra ela lidar com seu irmão tendo morrido antes de conhecer sua sobrinha – Bem... Boa sorte.
- Pra você também – Sai de casa e andei até a estrada procurando um carro.

 Quando cheguei na casa dos meus tios, descobri que depois da morte da tia Trisha, tio Ben domado pelo desespero suicidou-se. Estranho como eu simplesmente aceitei e lidei com isso. Quer dizer, se ele tinha este tipo de agonia como continuaria?
“A vida é muito séria” “dizia tia Ben, a verdade é que ela não é seria. Ela ri na sua cara. Percebi que depois de que Lola morreu, eu não sinto tanto a morte de outros. Algum tempo depois uma horda de zumbis atacou a casa e papai foi mordido, mamãe fez questão de enterra-lo na areia a beira do mar perto da casa dos meus tios. Arrumamos um carro e eu e mamãe passamos anos viajando, conhecendo alguns lugares, belezas perdidas como Caribe, nunca parávamos num lugar só. Até que numa noite, minha mãe no auge de seus 94 anos,  com o câncer a dominando, faleceu na cama de um hotel em Vegas, onde ela e meu pai passaram a lua de mel.

 “Sua lar é onde seu coração está” Dizia tia Trisha. Voltei a casa de campo.
- Samuel? – Ouvi uma voz tremula vindo de fora, e um toc toc de metal. Rebecca, com a pele enrugara, cabelos brancos e andando com uma bengala vinha em minha direção, ela estava com as mãos sujas de terra, tinha acabado de por flores na sepultura de Drew.
- Oi Rebecca – Respondi. Sua filha estava no jardim, já tinha 16 anos. Estava replantando os Lírios que separavam a sepultura de Buddy e Lola, e tinham flores novas em cima das sepulturas deles. A casa estava igual, nada mudou. Mas eu não, hoje já  tenho 50 anos, não me movo mais como antigamente, meus cabelos grisalhos caem nos olhos, e honestamente já cansara de viver.  Já parei de tomar meus remédios a algum tempo, sentia meu corpo enfraquecendo. Resolvi andar pelo jardim, minhas pernas bambearam e eu cai. Cai ao lado de Lola.
Ao longe ouvi Rebecca dizer:
- Dallas querida... – Ela suspirou – pegue a pá.

(Opcional, ouvir Kings and Queen 30 seconds to mars)

À noite
Desesperado e sem dinheiro
O som de uma luta
O Pai se pronunciou

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno
O Céu e o Inferno

Em suas vidas
Sem esperança e tomadas
Nós roubamos nossas novas vidas
Através do sangue e da dor
Para defender nossos sonhos
Para defender nossos sonhos

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno
O Céu e o Inferno

A era do homem acabou
A escuridão vem, e todas
Estas lições que aprendemos aqui
Apenas começaram

Nós fomos os Reis e as Rainhas da promessa
Nós fomos vítimas de nós mesmos
Talvez os Filhos de um Deus menor
Entre o Céu e o Inferno

Nós somos os Reis
Nós somos as Rainhas
Nós somos os Reis
Nós somos as Rainhas

O tempo já cansara meu coração, e minha visão já estava turva. Mas conseguia ler “Aqui jaz Lola Prize, a melhor irmã que um garoto poderia querer”
Lembro-me de quando éramos crianças: corríamos por este jardim com Buddy, jogando mangas pra ele pegar. Sentia meu coração desacelerar. Cumpri a promessa mana, desse jeito eu aceito, se for ao seu lado... Sei que Rebecca vai colocar flores na minha sepultura, sei que ela vai cuidar bem da casa. Me sinto bem por estar aqui. Esse é o momento certo, sei disso. Bem...
É um lindo lugar para se estar, lindo dia para morrer. Que lugar melhor para terminar se não no seu lugar favorito?

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