domingo, 2 de fevereiro de 2014

Capitulo 4

Acordo no meio da noite, com o fogo da fogueira crepitando e alguns grunhidos rangendo nos meus ouvidos. Que isso?
-Sam? – Sussurro. Coço meu ouvido, numa tentativa fracassada de tentar parar o barulho – Sam? – Sem resposta – Sammy? – Nada. Vou me aproximando da árvore a frente – Samuel? – Solto o grito agourento e caiu de costas no chão. Sam-zumbi mastigando Buddy me olha com a boca cheia de sangue e as mãos cheias de órgãos.
- Lola? – Agarro o pescoço de Sam em um desespero estranho. Olho em volta assustada e vejo que não tem fogo, que Buddy estava sentado ao meu lado, e que Sam está bem. Soltei seu pescoço.
- Desculpa – Me apoio na arvore para poder levantar.
- Tava tendo um pesadelo né? – Olhei pra ele – Você soltou um grito e me acordou.
- É... Foi um pesadelo muito ruim – Passei a mão na cabeça e depois a sacudi para afastar a lembrança.
- Quer me contar? – Perguntou Sam se levantando.
- Definitivamente não – Pisquei algumas vezes e tentei lembrar de ontem. Ah sim... Depois de correr 15 km, paramos pra descansar no meio da floresta e agora eu acordei – Vamos sair logo daqui, algum zumbi deve ter ouvido meu ilustre grito.
- Quantos km faltam? – Olhei para Sam e disse:
- Mais 15 – Ele fez uma cara de espanto de depois de coitado.
- Ah... Qual é?!
- Vamos – Peguei no braço dele e começamos a andar.
O dia foi passando e Sam ficando cada vez mais pálido pela fome.
-Senta um pouco. Toma – Sam sentou numa árvore, e eu lhe dei minha água. Passei a mão no cabelo dele – Você ta bem? – Ele assentiu. Barulho, agachei na frente de Sam, Buddy que estava ao meu lado esticou as pacas da frente deitando sua cabeça e deixando suas pernas traseiras arqueados e sua bunda levantada em posição de ataque. Peguei meu arco e flecha – Buddy, toma conta do Sam – Ele continuou parado enquanto eu saia em direção ao barulho, o que significa que ele entendeu.
Barulho de novo, agachei ao mesmo tempo que apontava e atirava uma flecha. Corri até o alvo atingido e vi que era um veado. Uma veado aqui? Eles só existem em uma parte da floresta. Andei um pouco mais adiante e vi. O caminho que eu e Drew fazíamos quando crianças.
-Sam! – Sussurrei. Ele se levantou e olhou pra mim. Bati com dois dedos duas vezes na cabeça e apontei para a esquerda. Segurei o veado morto pelo pescoço e o arrastando recomecei a andar, com Sam e Buddy atrás de mim.
- Era disso que eu tava falando – Disse Sam algum tempo depois todo feliz. Finalmente chegamos – Vem Buddy – Chamou Sam, ele pegou uma manga que havia acabado de cair da mangueira enfrente a casa e correu com ela pelo jardim fazendo Buddy ir atrás dele. E depois jogou a manga no chão, Buddy pegou e foi para a sombra da mangueira comer sua manga. Esse era o melhor lugar do mundo, definitivamente. Parece que o tempo parou pra este lugar, o mundo pode estar caindo lá fora. Aqui sempre vai estar intacto. Sempre que chegamos aqui, eu me sinto quando eu tinha 14 anos de novo. Sam procurando o que comer, Buddy em baixo da mangueira comendo uma manga, eu rindo igual a boba dos dois correndo juntos. Não lembro qual foi a ultima vez que senti meu coração com poucas preocupações e meses. Enfim, agora vamos começar a fazer as armadilhas aqui, peguei algumas ferramentas velhas do meu pai atrás da casa e fiz armadilhas em volta dela, depois entrei.
- Que dia é hoje? – Perguntei.
- Ah... Sei lá, sábado?
- To perguntando de número – Sam pegou seu calendário de dentro da bolsa e disse:
- 12 – Fui até a mochila, peguei a seringa e enchi com o liquido amarelado do remédio. Sam fez um careta, a qual eu já estava acostumada e sentou no sofá estendendo o braço. Dei dois petelecos na seringa e injetei na veia de Sam. Como depois da injeção Sam tem que ficar parado durante 2 horas, eu mesma cortei o veado e acendi a lenha para cozinhar o animal. Mais tarde sentamos a mesa e comemos em silencio, o único barulho que eu ouvia era o mastigar de Buddy.
- Vou tomar um banho – Disse Sam depois de, claro, ele lavar a louça.
- Eu vou dar uma saída – Disse – Buddy fica – ordenei depois perceber ele me seguindo.
- Aonde você vai?
- Dar uma volta.
- Leva ele.
- Não, ele fica – Disse.
- Leva pelo menos a espada – Olhei pra ela, empoeirada e reluzindo graciosa sobre seu apoio. E então lembrei:
- Tia Trisha porque a gente ta aqui? – Perguntou Sam quando chegamos na academia de luta.
- Porque vocês tem que ter alguma coisa pra fazer nesses 6 meses que ficarem em minha casa – Ela está certa. Esse lugar é no meio do nada, não tem sinal de celular, só tem livros velhos, a TV é restringida, tem que ter licença para caçar. Tédio
- Eu acho que é porque o tio Ben é Espadachim profissional,e vocês querem que a gente faça o mesmo – Respondi.
 – Imagina Lola! Agora vamos crianças... pode ser legal. Entrem, vamos – Tia Trisha foi falar com o professor, enquanto Sam ficava ao meu lado.
E foi ai que eu o vi. Drew estava lá também.Eu sabia que havia o visto antes, mas isso aconteceu antes de eu o conhecer. Nem mesmo conversava com ele. Ele virou seu rosto para mim e me reconheceu, eu fiquei tão sem graça que abaixei meu olhar. Ele estava suado e com um quimono preto com uma faixa branca prendendo, mas ele definitivamente continuava bonito. Ele se aproximou de mim, eu não lembro do meu coração ter batido mais rápido que naquela hora:
- Você é aquela menina não é? Da casa de campo dos Prize – Eu assenti – Meu nome é Drew Leavington, prazer – Ele estendeu sua mão com um sorriso tão fofo, eu a apertei.
- Lola. Prazer.
- Sabe, eu já te vi caçando – Eu o olhei surpresa.Sam sorriu e disse:
- Eu vou falar com a tia Trisha, depois a gente se fala – Eu nem olhei pra ele.
- Já me viu caçar?
- É... Eu moro perto da sua casa de campo. Agora eu estou na casa dos meus primos, e vim pra cá passar o tempo.
- Você... Sabe caçar?
- Não... Eu sempre tive vontade, mas ninguém nunca me ensinou.
- Você é bom com isso? – Peguei uma das espadas que estava no suporte.
- Dizem que eu sou o melhor – Respondeu com um sorriso nada modesto.
- Vamos fazer assim então... Você me ensina a usar uma espada que eu te ajudo com o arco. Que tal?
- Aceito – Ele puxou a espada que estava presa em suas costas e disse – Não tente imaginar a espada como um abjeto para machucar, mas sim como uma parte de si – Ele olhou em meus olhos, e eu senti nos dele o brilho de paixão pelo o que ele estava fazendo, era como eu com o arco. É uma coisa mais como um hobbie, não uma profissão. Era um diversão e não uma obrigação – segure-a com as duas mãos pelo cabo, com leveza e firmeza – Ele segurou a sua espada e eu o imitei – golpeie de cima pra baixo, assim.
Aquele foi um dia interessante, depois disso fui ansiosa durante 3 meses para o curso e depois que Drew foi embora Sam virou meu companheiro Espadachim. Acabou que eu comecei a gostar de verdade daquilo. Foi legal.
Minha tia era professora de luta MMA, por isso eu e Sam lutamos. Minha mãe adorava caçar, por isso eu caço. Muita coisa na minha vida e na dele é por causa dos nossos pais que fazemos, eu e ele sempre odiamos isso. Mas eu acho muito útil agora.
- Tudo bem, eu levo – Peguei a espada e passei a alça de seu suporte pelo meu braço como uma bolsa e sai de casa. Fiz o caminho pela floresta tomando cuidado para não pisar nas minhas próprias armadilhas e fui até a cachoeira. Sentei na pedra e fiquei observando a água cair por algum tempo. Coloquei a espada no chão e pulei na água com minha roupa. Nunca me senti tão limpa. Afundei e depois fiquei boiando. Só relaxando. Até que ouvi um barulho, afundei meu rosto na água deixando apenas meus olhos de fora.
Um zumbi, não... dois. Saindo da mata, droga to sem a espada. É Lola, agora vai na sorte. Sai da cachoeira e os zumbis vieram atrás de mim. Corri atrás da espada, escorreguei no chão rochoso e bati a cabeça na pedra. Vi meu sangue escorrer por sua superfície, fiquei tonta. Ouvi o grunhido se aproximando, me apoiei no suporte da espada tirei-a de dentro e cortei a cabeça do zumbi. Enfiei a lamina na garganta do outro, fazendo-o cair com sangue negro escorrendo por ela. Me aproximei dele e cortei a cabeça fora.
Me apoiei na pedra segurando minha testa, o sangue ainda escorria e minha cabeça doía. Eu estava tonta. Um grito. Sam. Sam? SAM!

Rasguei um pedaço da minha camiseta e enrolei como uma bandana na minha cabeça, corri de volta para a casa. E quando cheguei lá, zumbis estavam dentro. 

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