- Amanha eu volto pra casa – Disse Drew no ultimo dia da
nossa aula de Espadachim.
- Quando a gente se vê de novo? – Perguntei.
- Não sei. Mas olha, pra você não esquecer de mim, pode
ficar com a minha espada.
- Mas você ama essa espada.
-Eu sei. Mas tenho certeza que vai ser bem cuidada – Ele
sorriu.
Dias atuais
- O que a gente faz? – Perguntou Sam.
- Não vamos deixar eles tomarem esse lugar – Disse Drew.
- Ainda bem que disse isso – Respondi, sorrindo. Voltei para
o jardim, Sam e Drew ficaram na porta de casa – Acontece que aqui é o máximo da
casa que vai conseguir ver – O carecão soltou uma gargalhada.
- Garota, cala boca. Sai da frente, que ninguém vai se ferir
– Dessa vez foi eu quem riu.
- Até parece que eu sou trouxa. Mesmo se entregássemos a
casa da boa pra vocês, assim que sairmos vocês vão matar a gente.
- Olha só, além de bonita é inteligente – Apontei a espada
pra ele. Os companheiros ameaçaram a entrar na briga.
- Ta tudo bem, eu dou conta dela sozinha – Disse ele. Não me
subestime. Avancei com a espada pra ele, e ele desviou, passei a espada pra
trás e ele parou com o braço. Olhei pra ele incrédula, sua mão sangrava no
corte, ele se aproveitou da minha distração e socou meu rosto. Eu cai de
joelhos no chão, me apoiando na espada que estava com a lâmina cravada na
terra. Senti sangue escorrer pelo canto
da minha boca. Drew tentou vir correndo pra me ajudar, mas Sam segurou sua
camiseta.
- Drew, não.
- Mas esse cara era militar,ele...
- Cara – interrompeu Sam – só tem uma pessoa que eu conheça
que se compara com a Lola em uma ring.
- E quem é? – perguntou Drew.
- Eu – Sam sorriu. Eu sorri.Segurei o cabo da espada e dei
impulso com o braço, chutei com as duas pernas o peito do carecão. Ele
cambaleou e esse foi o tempo de eu levantar. Limpei o sangue da boca, e ele me olhou
estranho. Como se estivesse me vendo pela primeira vez, como se ficasse com
mais raiva ainda. Ele veio pra cima de mim, e eu soquei seu rosto, ele tentou
revidar socando meu rosto mas eu segurei braço, dei um chute em seu peito. Ele
caiu, chutei seu rosto.
Ele se levantou tão rápido quanto caiu, sangue escorrendo
pelo canto da boca.
- Agora estamos quites – Disse.
- Cansei de brincar com você garota – Ele veio pra cima de
mim. Eu desviei, empurrei o homem com o ombro, mandei três socos no estomago
dele e um chute no tórax, ele chutou meu estomago, eu escorreguei na grama
molhada, ele se aproximou, e pisou com uma força insana minha canela. Segurei o
grito que agourou na minha garganta. Sam começou a se aproximar.
- Não vem – Avisei. Tentei levantar mas então eu cai de
novo, minha costas estavam encostada no poço de água. O homem sorriu, pegou
minha espada que estava cravada na grama e se aproximou.
- Péssima escolha tentar me enfrentar sozinha – Disse ele.
Eu agarrei com força a grama, respirei fundo. Ele impulsionou seu braço pronto
pra enfiar a espada em meu peito, eu apenas aceitei, fechei os olhos e virei o
rosto.
O que aconteceu? Não senti a dor. Morrer é tão indolor?
Não... Eu ainda estou viva, o que é isso? Que silencio é esse? Abri os olhos.
Tem alguma coisa pingando em meu rosto. Espera, é sangue? Meu sangue? Não.
E foi ai que a dor
atingiu meu coração meu em cheio. Foi em uma força tão voraz que era esmagador.
Ver a espada atravessada bem no coração de Drew, era pior do que qualquer dor
que eu já sentira. Meu olhos já se encheram de lágrimas e eu não conseguia
pensar:
- Porque? – Perguntei com a voz esganiçada – Porque? Porque
fez isso? Porque você fez isso?!
- Existe forma mais bonita de morrer, que não seja por uma
pessoa que você ama? – De sua boca escorria sangue, de seus olhos azuis
transbordavam lágrimas, e minhas mãos tremiam. O careca tirou a espada dele. E
Drew caiu de joelhos em cima de mim.
- Não... – Eu limpava seus lábios sangrentos na esperança de
ainda ver aquele garoto que eu conhecia – Você não pode ir embora assim. Não
pode me deixar aqui, VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR DREW! – Eu afundei meu rosto em
seu peito, fungando desesperada. Senti sua mão erguer meu rosto.
- Eu nunca... vou te deixar pequena. Você vai estar sempre
aqui – Ele ergueu sua mão tremula até seu coração – comigo – Olhei em seus
olhos, temendo o momento em que se fechassem - Eu te amo... Lola.
- Eu também te amo Drew, muito – Ele puxou meu rosto, e me
deu um beijo suave e fraco. Até que seu rosto escorregou para o lado e caiu
imóvel na grama.
Eu agarrei com força a grama, com tanta força que algumas
pequenas pedras que estavam espalhadas por ela cortaram meus dedos. Eu levantei
com minhas pernas bambas, senti aquele ódio mais uma vez. Aquele desejo de
vingança, de matar.
O ódio e o amor são
sentimentos mais próximos do que você imagina. Onde a luz sempre a sombras,
onde a amor a ódio, onde a pessoas a ignorância.
- O que foi que você fez? – Sussurrei para o homem.
- Eu? Se você tivesse me escutado eu...
- Eu te dou 5 segundos...
- O que? Garota, acabou. Já terminou.
- Lola... – Ouvi Sam chamar.
- 1
- Só pode ser brincadeira...
- 2...3...4...5 – Olhei para o homem.
- O que você... – Soquei seu rosto com mais força do que eu
esperava ter, peguei a espada e enfiei em sua perna. Não queria matá-lo ainda.
Queria vê-lo sofrer.
- COMO VOCÊ PODE MATÁ-LO?! COMO VOCÊ PODE MATÁ-LO COM A
PROPRIA ESPADA?! – O caracão soltou um agoniado – CALA BOCA! – Passei a espada
como um machado por sua garganta, decepando o homem.
- PAI! – Veio uma garota gritando, enfiei a espada no
coração dela.
- LIXO! – Gritei – TODOS SÃO UM BANDO DE LIXO! – Uma parte
do grupo pegou um dos carros e foi embora. Antes que o resto pudesse eu os
matei antes mesmo de perceberem o que estava acontecendo.
Soltei a espada, andei em direção a Drew e desabei ao seu
lado. Fiquei observando-o por algum tempo. Sam andou até mim e colocou sua mão
em meu ombro.
- Agora somos só nós dois, Sammy – As lágrimas queimavam em meus
olhos, voltei a sentir aquela dor insuportável na perna. Mas esta era
insignificante perto a dor que eu sentia em meu coração.
- O que quer fazer? – Perguntou ele.
- Enterrar ele.
- E o resto? – perguntou olhando para os corpos jogados pelo
jardim, eu respondi:
- Queima.
Sam me ajudou a levar Drew até a cachoeira. Sam cavou,
enquanto eu ficava observando aquele rosto gélido. Branco como cera. Passei a
mão sobe seu peito e senti. Um anel. Nele gravado “Drew e Lola. Pra sempre”. “Comprei
uma coisa pra você” “Jura o que é?” “Não posso contar, é segredo” “Poxa! Quando
vai entregar?” “No momento certo”
Era isso? Ele planejava me entregar hoje? Que droga! Porque
isso teve que acontecer?
Drew... Se você soubesse tudo que significa pra mim...
Agora percebo que a dor que as pessoas que amamos sofrem é
mais do que a nossa própria dor.
Porque?
Será que é uma punição por amar?
Porque?
Amar é errado? Droga.
ainda to tentando entender qual a necessidade de ter matado o Drew... tsc tsc tsc
ResponderExcluir