quinta-feira, 2 de maio de 2013

Capitulo 10 – Candies and Clouthes.


- MÃE! MÃE! A SARAH TA SANGRANDO! – Jason me levou pra casa nos braços, tínhamos treze anos. Mamãe saiu da cozinha correndo limpando as mãos no avental.
- O que aconteceu Jason?
- Ela escorregou do skate e caiu da rampa.
- Meu braço ta doendo mãe.
- Querido, coloque sua irmã aqui – Jason me deixou no sofá – Acho que quebrou o braço Sarah. Vou ligar pro seu pai – Mamãe correu para cozinha de volta.
- Nossa quanto sangue. Que coisa bizarra. Doi muito?
-Não Jason, faz carinho.
- Desculpa, vai ficar tudo bem. Desculpa, se eu não tivesse entrado na sua frente você não...
- Tudo bem Jason,isso já passou.
- E o que uma vez foi feito jamais será desfeito - Rimos baixo - Valeu por não me entregar pra mamãe mana.
- De nada mano –  As vezes quando se acorda de um sonho você pensa "merda, essa poderia ser minha realidade" em outra vezes você pensa "ainda bem que foi só um sonho", mas o fato é que não importa que sonho é, uma hora todo mundo tem que acordar. Essa foi uma das melhores lembraças que eu tive do meu irmão, uma das melhores lembranças de amizade entre irmãos que eu tenho, odeio lembrar isso porque sei que nunca mais vai voltar. Abri os olhos, demorou um pouco mas minha visão entrou em foco o carro estava em movimento, e a dor na perna piorou. Ethan ainda passava a mão nos meus cabelos, mais calmo agora. Talvez não querendo mais me acalmar do que a si mesmo.
- Nathan vai demorar muito ai? – Perguntei ele.
- Não tenho culpa Ethan, a bala se fundiu ao músculo – Nathan beliscou acidentalmente meu músculo com a pinça, sentei bruscamente e apertei o mão dele.
- PORRA NATHAN!
- Desculpa, desculpa, desculpa – Nathan estava com as mãos ensaguentadas firmes, mas continuava lívido.
- Boa tarde bela adormecida – Ethan olhou pra mim, com o brilho do sol da tarde em seu rosto.
-Olá Ethan - Olhei pra ele.
- Sarah! - Afrouxei o aperto na mão de Nathan - Tudo bem, quando doer aperte. Mas não arranque minha mão fora por favor, ainda preciso dela.
- Desculpa. –  Nathan voltou a tentar tirar a bala com a mão livre.
- Onde estamos? - Perguntei tentando me destrair da dor. Mordi o lábio, isso acontece quando estou sem graça, com dor ou o de sempre quando estou tentando seduzir,só que eu jogo o cabelo junto e... Isso sempre funciona.
- Nevada - Respondeu Ethan.
- Meio caminho andado – Comemorou Nathan.
- Quanto tempo eu apaguei?
- Quinze minutos – Respondeu ele.
- Nossa porque eu não fiquei até o final dessa tortura... - Apertei a mão do Nathan, e ele me olhou como quem diz "menina, quer me matar?" afrouxei o aperto.
-  Só está doendo tanto porque não podia colocar anestesia.
- Porque não?
- Porque você estava desacordada – Respondeu Ethan olhando para fora, como quem diz “eu ainda estou aqui”, é estranho pensar assim mas... Ethan está com ciúmes?
- Agora eu tenho que dar pontos- Nathan bateu de leve e apertou meu braço, depois injetou a anestesia na veia. Cinco minutos depois eu não sentia nada.

É um caminho bem longo até o Tennesse. Saímos da California,depois Nevada, Utha, Colorado, Kansas, Missouri e então Tennesse. Ainda tem pelo menos um mês até chegarmos lá. Lisa estava sentada ao lado de Nathan olhando a rua. DJ no banco do passageiro, e Link dirigindo. A noite foi chegando, Nathan terminou de me torturar porém quando a anestesia perdeu o efeito e dor voltou com mais força do que nunca, sentei no banco e olhei a "paisagem" mas não tinha muito o que olhar. Apenas a decadencia humana. Passamos por uma loja "Candies and Clouthes"
- PARA O CARRO! - Link pisou bruscamente no freio - Desculpa.
- O que foi? - Perguntou ele.
- Podemos ir naquela loja rapidinho?
- Você está de sacanagem comigo né? Não... Só pode.
- Desculpa Link, é que eles tem o meu docê favorito.
- O janks? - Perguntei Nathan. Assenti - É o meu também - Ele sorriu, Ethan revirou os olhos, depois abriu a janela.
- Não estou vendo nenhuma daquelas coisas lá fora, e precisamos esticar as pernas um pouco - Disse ele - Vamos. Eu vou com você.
- Vai fazer o que? Comprar seu presente de aniversário? - Perguntou Link sarcastico.
- Cala boca - Link estacionou na frente da loja, todos saímos do carro menos DJ que estava ainda se recuperando do machucado no tornozelo. No ínicio eu pensei que ele como Mary estava mentindo sobre a horigem do ferimento, mas Nathan confirmou que era o que ele disse ser: Se machucou no vidro de uma janela quebrada.
- Eu vou dar uma geral do lugar com Lisa, tudo bem? - Perguntou Link. Ethan pensou um pouco.
- Ta, mas não vá muito longe. Qualquer problema grite - Link assentiu. DJ ficou com o walkie talkie e Ethan colocou o seu como um colar no pescoço. Peguei uma lanterna e entrei na loja com os dois irmãos logo atrás de mim. A loja estava destruida, passei pela sua porta de vidro quebrada onde tinha um cartaz escrito "Não existe mais regras, quer entrar e pegar tudo? Não passe vontade". Tinham roupas no chão, algumas em fiapos. Alguns colares, brincos, pulseiras e docês jogados no chão.
- Achei! - Sussurrou Nathan, animado. Corri até ele, ele abriu e eu comi um.
- Hmmmm, meu deus é muito bom - Ethan estava pegando chiclete e chocolate no balcão, Nathan pegou todos os cinco sacos do Janks, e guardou numa sacola - Nathan vem cá - Arrastei Nathan pro outro lado da loja e peguei algumas pulseiras trançadas no chão - Que dia é o aniversário do Ethan?
- Dia 2 de maio.
- Mês que vem, né? E... Ele gosta desse tipo de de pulseira?
- Ele usava o tempo todo essas bagaças ai. Porque? Vai dar pra ele? - Nathan sorriu de um jeito malicioso como quem diz "hmmmm ta gostando dele?"
- Pode ser legal. E qual dessas você acha que ele iria gostar?
- A roxa... - Ele apontou para a pulseira transada roxa com branca - Ele adora roxo.
- Legal - Peguei a pulseira e coloquei no bolso - Valeu - Nathan assentiu, começou a andar pela loja. Olhei ao redor e vi algumas roupas.... E foi então que pensei, a gente deve estar fedendo muito. A quanto tempo não tomamos banho? E todos esses dias soamos o tempo todo. Pode ser bom pelo menos trocar de roupa, pra desfarçar o cheiro. Andei mais a dentro na loja, pegando tudo que pensei precisar até que... - Meu Deus! - ouvi correria atrás de mim, e os dois apareceram.
- O que foi? - Agachei.
- Ei... Oi gatinha, tudo bem? - Uma menina. Uma criança loira de grandes olhos castanhos escuros, pele super clara, a garotinha estava bastante magra encolhida atrás de um armário com medo, me olhou como se eu fosse um monstro, um deles - Ei, eu não vou fazer mau a você gatinha. Confia em mim, tudo bem? Vem cá, me da a mão - A menina devia ter uns 10 anos, ela estendeu a mão pra mim e eu a puxei pra perto - Qual seu nome? - Ela hesitou a falar, mas depois:
- Clear.
- Oi Clear, você está aqui sozinha? - Ethan se agachou também, olhou ao redor na loja escura. Clear voltou a ficar com seu rosto em pânico.
 - Estava com a minha irmã - Ela sussurrava nervosamente - mas tinham alguns bichos aqui. Atacaram ela, eu me escondi atrás do armário.
- E a quanto tempo foi isso? - Perguntou Nathan.
- Dois dias.


- A menina ficou dois dias escondia, num armário - Disse eu para todos alguns minutos mais tarde, estavamos todos em frente ao carro e Clear estava sentada no degrau de entrada na loja com as mãos nos joelhos olhando sempre para dentro da loja - Não podemos deixá-la aqui.
- Não podemos levar ela Sarah - Disse DJ.
-Porque nao?
- Simplesmente porque não podemos nem cuidar de nós mesmos - Respondeu Lisa.
 - Eu sei, mas até agora estava indo bem.
- Tão bem que dois dos seus amigos morreram e ... Minha prima também - Respondeu Lisa.
- É mas se não fosse pela SUA prima MEU amigo não teria morrido - Respondi.
- O que você...
- Meninas... Foco - Disse Ethan.
- Concordo com Sarah, não podemos deixar a menina aqui - Disse Link.
- Ta bom - Disse DJ - e porque não?
-Não podemos perder nossa humanidade - Respondi. DJ riu.
- Perder a humanidade? Onde você estava a um mês atrás?
- Vendo minha família morrer! Olha eu sei muito bem o que está acontecendo aqui...  Estou ciente disso não preciso que você me lembre. O mundo que conhecímos já era, mas perder a humanidade é uma questão de carater, porque o carater é a única coisa que diferencia nós, deles. Vocês acham mesmo que ela vai durar mais um dia? Acho incrível ela ter durado dois - Ficamos em silencio por um tempo.
- Eu concordo - Disse Ethan. Eles concordaram. Eu e Ethan fomos até Clear - Ei boneca, que tal seguir com a gente? - Ela não hesitou nem um segundo e já concordou. Estava desesperada, ouvi um barulho na loja, Claer agarrou o pescoço de Ethan, ele se virou pra mim como quem pergunta "o que eu faço?" - O que foi? O que está te encomodando? - Claer apontou seu magro dedo para dentro da loja.
- Droga - Grunhidos.
- Será que não podemos ter um dia bom? - Perguntou Ethan, para o céu. Falando com Deus provavelmente - Boneca entra no carro. Nathan, carro! Vamos pra dentro! Vão! - Eles entraram na ferrari  - Aé... Esqueci. Eu peguei isso lá dentro pra você - Um canivete vermelho - É melhor por isso na meia do que a faca - Sorri pra ele.
- Valeu Ethan - Levantamos. Desdobrei o canivete do seu suporte,o primeiro errante era tão gordo que daria três de mim. Enfiei o canivete na barriga dele, minha mão afundou na gordura morta. A minha vantagem: Além de ser um zumbi, ele gordo. Mais pesado, lento, eu sou mais rápida. Desvantagem: Ele é pesado, se cair em cima de mim, já era. Corri pro lado e enfiei o canivete na lateral da cabeça dele, espirrou sangue preto pros lados. Mais um golpe, no olho. O olho dele saiu na ponta do canivete, o errante envestiu contra mim enfiei o olho na boca dele, e este explodiu entre os dentes podres e enegrecidos do zumbi - Caralho que nojo - A órbia obscura, com uma cortina de sangue derramando por todo seu rosto, entrando na boca,pensei até que o errante iria engasgar. Ele voltou, com a boca escancarada e eu meti o canivente dentro na boca dele,o grandalhão caiu. Outro golpe no meio da cabeça.
Ethan tinha acabado com dois errantes menores, e então só mais um faltava. Não precisava olhar muito para perceber que aquela era a irmã de Clear. Os meus grandes olhos, e cabelo loiro sujo, sem um braço e sem a metade da coxa.
-Rápido, ok? -Disse Ethan eu assenti. Nos aproximando dela, e enfiamos as facas nos olhos da menina. E ela caiu no chão. Fechei o canivete e coloquei na meia. Voltamos pro carro, Clear olhava pelo vidro traseiro, observando o corpo caído de seu irmã.
- Sinto muito por isso.
- Tudo bem, não era ela - Continue pensando assim. Eu tinha até esquecido que ainda existiam crianças. Talvez por esse não ser um mundo para crianças, não é bom ver esse tipo de coisa. Viver correndo, viver com medo, viver se escondendo, viver com fome, viver no purgatório.
- Vamos fazer uma coisa? Toda ver que eu disser - Pensei numa palavra, e a primeira que veio a minha mente foi a mais inadequada e irônica para a situação - "Paraíso" você fecha os olhos. Tudo bem? - Ela assentiu. E assim continuamos nossa viajem.

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