domingo, 5 de maio de 2013

Capitulo 12 – Por um bem maior.


Será que eu sou tão melhor que Lisa? Nem tentei ajudá-la, não senti pena. Não sinto pena. Talvez eu esteja perdendo o senso de compaixão, mas o que tem? Não se pode sentir tanta pena, sentir tanta compaixão, sentir tanto amor ao próximo,  muito menos sentir remorso, porque em dias como hoje não se pode sentir muito. Dane-se se eu deixasse a porta aberta, nós poderíamos ter morrido, DJ não merecia isso mas tudo foi por bem maior. Talvez tenha sido melhor ele ter ido também, quem disse que ele é melhor que elas?
- Paraíso – Disse Ethan, Clear fechou os olhos e tampou os ouvidos com as mãos. Ainda dava para ouvir os gritos desesperados dos dois morrendo, era carnificina pura. Dava para ouvir até a pele rasgando e se desprendendo do músculo quando um errante arrancava uma parte do corpo. Olhei para Nathan ele não tinha pena, talvez raiva mas pena não, parecia com nojo, por incrível que pareça nojo de Lisa. Nojo dos gritos pedindo por socorro dela. Nojo do almoço incrível que os zumbis estavam tendo. Eu poderia jurar que ele ficaria com raiva de mim, mas estendeu a mão  pegou a minha e me puxou para que começássemos a andar para fora dali. Talvez para não continuar sentindo o cheiro do medo.
- O que aconteceu aqui? – Perguntou Link.
- Ela sabia que tinham zumbis ali dentro, trancou Sarah e foi embora como se nada tivesse acontecido – Respondeu Ethan – vadia – Sussurrou. Ethan estava vermelho, enojado tanto quanto o irmão.
- E eu pensando que ela era uma pessoa boa. Confiamos nela – Comentou Link.
- Então pare de confiar tanto – Respondeu Ethan – Você fez o certo Sarah.
- Espero que sim – Murmurei. Olhei para os carros ao redor, como a Gold Motors tem teste drive todos os carros tem gasolina – Podemos pegar a gasolina de todos os carros e levar.
- Podemos levar aquele camaro branco? – Link apontou.
- Tudo bem – Respondeu Ethan.
- Link onde você deixou nossas coisas? – Perguntei.
-Atrás do balcão – Fui até o balcão que um dia foi de um atendente e peguei algumas garrafas que tínhamos – Onde vamos conseguir outras garrafas? – Olhei ao redor, e vi o posto policial.


Logo quando se abre a porta já dava pra sentir o cheiro de podre, já me acostumei tanto que nem tampei o nariz. Tinham moscas por todo lado, a mesa de mármore que tinha do lado da porta estava ensopada de sangue, sangue fresco que pingava para o chão.
- Cuidado Nathan – Ele assentiu. Ethan e Link estavam dentro da conceissionaria quebrando o tanque de gasolina, deixando-a escorrer na garrafa. Eu e Nathan viemos para o posto policial pra ver o que acontece. Continuamos a andar em silencio, abri uma porta Nathan ligou a lanterna.
- Sarah... Acho que nenhum policial saiu daqui - Sussurrou Nathan.
- Se você estiver certo, deve ter uns 25 policiais aqui - Disse.
- Eles não estão bem, não é? - Balancei a cabeça.  A lanterna piscou, e apagou. Acabou a pilha.
- Nathan? - Se tem uma coisa que eu odeio, é escuro. Eu me sinto agoniada, perdida, pior ainda se tem a probabilidade de terem vinte e cinco zumbis aqui dentro.
- Eu to aqui Sarah -Era reconfortante saber que eu tinha Nathan do meu lado,pelo menos não estou sozinha. Fui procurando com a mão alguma coisa pra me apoiar segurei na parede, não sei o que é pior ficar no escuro, ou no escuro e em silencio.
- Nathan me explica uma coisa, quando a gente se conheceu você disse que ficou com a sua avó depois que seus pais morreram, mas onde estava Ethan nessa história?
- Eu fiquei com a vovô porque ela estava doente e precisava de alguém, Ethan ficou com meus tios. A gente se via na escola e saia de vez em quando.
- Ah entendi, mas e.... - Eu escorreguei.
- Sarah?
- Eu to bem, to aqui. Eu só escorreguei.
- Em que?
- Água - Respondi.
- Água? - Água? Como assim água? Porque teria água no chão?
- Nathan... - Murmurei.
- Não é agua, é? - Alguém pulou em cima de mim, outro. E mais um. Um tentava agarrar meu braço. O outro minha garganta. E outro mordendo meu pé.  Ouvi um baque surdo atrás de mim, o que significa que Nathan caiu. Chutei pra qualquer lugar tentando me livrar do errante que mordia meu pé. A sorte é que ele mordia a parte plástica do all star, chutei com força o errante e senti ele cair aos meus pés com alguma gosma derramando pela minha meia. Menos um. Sentei e peguei o canivete da meia.
- Nathan você ta bem?
- Eu to legal - Ele estava ofegante, o que significa estava tendo trabalho. Me levantei, analisei o meio obscuro que eu estava. São policiais então são musculosos, sentem cede do meu sangue, querem minha carne custe o que custar. Golpeei um deles no que eu esperava ser seu torax, ele se curvou golpeei em cima. Na cabeça. Ele caiu. Golpeei outro mais em cima expeliu muito sangue. Provavelmente a garganta. Cabeça depois. Um outro tentou morder meu pescoço tentei impurrar ele e ele não cedeu continuou aqui. Então se não pode com eles junte-se a ele. Trouxe ele pra mais perto e o preencei contra a parede. Só que ele agarrou minha mão,  tentei puxar ela porém ele agarrava com força. Babou em cima dela,  u ele tentou morder-la só que eu puxei e ele passou a lingua nela. Peguei o canivete, o errante puxou a minha mão pra cima. A decomposição estava avaçada, o corpo podre, pele mole, enfiei o canivete na parte de trás da cabeça dele com força, e acabei furando minha mão. Cai de joelhos. Gritei.
-Nathan? Nathan cara ouvi um grito - Link estava no walkie talkie.
- Sarah o que aconteceu?! - Gritou Nathan pra mim. Não consegui responder, minha garganta estava dopada pela dor, pânico e subita ensanidade. Minha mão ainda estava presa a cabeça do errante e ficaria assim até eu desprender a faca dela. Senti o sangue escorrendo pelo chão e se espalhando pelos meus joelhos. A adrenalina que a muito eu não sentia se espalhou estanane a pelo meu corpo. Não dava pra me mexer sem a dor acabar comigo,  segurei o corpo do errante e me levantei com ele. Outro grito.
- NATHAN?!
- SARAH?! - Ouvi coisas caindo no chão e quebrando, luz. Nathan conseguiu uma lanterna. Agora eu consigo ver o estrago que eu estou fazendo, um errante veio correndo em minha direção com mais quatro atrás dele. Impurrei o errante preso a minha mão para cima deles,me joguei em cima dos quatro eles estenderam os braços tentando me agarrar. Me levantei com a mão ainda abaixada e peguei uma caneta numa mesa, enfiei na cabeça do primeiro e afundei tão fundo que a matade da minha mão ficou dentro da cabeça dele. Joguei a caneta no chão e apalpei minha cintura "só para emergencias" e distravei a arma com o dedão atirei nas outras três cabeças.
- NATHAN... - Dessa vez era Ethan falando.
- Cara você não vai acreditar se eu te contar.
- NATHAN FALA A PORRA QUE ESTÁ ACONTECENDO AI PORQUE... - Atirei de novo - CARALHO FALA ALGUMA COISA - Agarrei a cintura do errante preso a minha mão esquerda e o levantei. Olhei ao redor dois errantes, Nathan se aproximou e enfiou a faca na cabeça de um, eu fiz o errante preso a mim de escudo coloquei ele entre eu e o zumbi e atirei nas costas dele, o tiro passou pelas costas dele e pegou na barriga do outro. Peguei uma tesoura e enfiei várias vezes na cabeça deste.
A adrenalina se esvaiu do meu corpo. Eu me senti mais fraca do que nunca. Me senti mau, e vazia como se meu corpo fosse uma crosta e dentro só ouvesse dor e desespero, o pânico tomando conta do meu cérebro. Minha mão sangrava sobe a cabeça do errante. Um canivete preso no meio da minha mão, e eu caída no chão, ofegando, cansada, eu agradecia por estar escuro e Nathan não poder ver as lágrimas caindo dos meus olhos e pingando pelo nariz. Agarrei o errante - como se ele fosse minha fonte de sobrevivencia. Se eu não pegar ele minha mão rasga por completo - e andei até uma porta. Abri.
- Não vou poder te ajudar a pegar as garrafas - Nathan se aproximou e segurou minha mão, eu me contrai - Não faz isso.
- Eu pego as garrafas sozinho. Senta, se não o sangue sai mais.


Nathan me ajudou a sair do posto policial, Clear abriu o portão e Link saiu com o carro, Clear correu até a gente e se deteve ao ver o errante. Nathan não disse nada, apenas estendeu o braço e lhe entregou as garrafas e ela voltou correndo. Ethan chegou correndo até nós.
- O que aconteceu?
- A lanterna acabou a bateria. Tinham errantes lá dentro - Disse Nathan - Você vai ter...
- Que tirar o canivete. Eu sei.
- Ele pode te dar anestesia - Disse Ethan - e então...
- Não dá cara. Não tem anestesia o suficiente pra dar agora e na hora que eu arrumar esse buraco na mão dela.
- Ta me dizendo que ela vai ter que tirar isso sem anestesia? - Ethan colocou as mãos na cintura, como sempre acontece quando está bravo. Acho que agora só está preocupado. Eu gosto disso.
- Não posso fazer nada.
- Espera deve ter alguma coisa lá dentro. Vem comigo - Ethan arrastou Nathan para dentro do carro, e os dois procuraram dentro das mochilas. Mas nós sabiamos que isso é em vão. Não vai ter nada, isso só está adiando o inevitavel. Me ajoelhei, olhei para minha mão. Os olhos perdidos na escuridão eterna da morte duas vezes vivida olhando direto nos meus. O canivete no meio da minha mão perfurando sua testa, respirei fundo. Meu coração batendo loucamente. Agarrei o cabo e comecei a puxar.
Com certeza essa merda doí mais que um tiro. A pior parte é ter que tirar lentamente. O canivete está preso nos musculos, não da pra tirar com rapidez. Sangue passou a cair ainda mais e escorregar para dentro da boca aberta do zumbi abaixo. Não deu pra segurar o grito agudo do desespero, da agonia, da sanidade no limite de uma pessoa psicologicamente instavel. O grito de alguém que só quer acabar com a dor, por um pouco de piedade. O grito da decadencia de um alma cansada e uma mente nenhum pouco sã. Quanto mais eu tirava mais desesperada eu ficava, mais lágrimas rolavam, mais agonia se instalava em mim. Com o canto do olho vi Ethan e Nathan congelados, imoveis olhando. Da pra imaginar, por que isso é enlouquecedor. Imagine um estaca de gelo perfurando seu coração. É mais ou menos assim. Aquele pedido inconciente para que a dor acabe, só que ela nunca para.
Quando o canivete finalmente saiu, eu não conseguia mexer minha mão. Apenas respirei fundo, tentando reconseguir a sanidade e orientar minha cabeça. Mas tudo que vinha a minha mente era apenas uma voz "Acaba com essa porra toda. Queima esse lugar, queima esse mundo. Acaba com essa merda agora porque queridinha não importa você tentar fazer as coisas melhorarem, elas não vão. O maximo que você pode fazer é ser, ou tentar ser feliz enquanto pode. Você sabe, a vida é um jogo onde ninguém ganha. Todo mundo uma hora tem que perder. Pois é assim que as coisas funcionam, e agora... O mundo acaba"

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