quarta-feira, 15 de maio de 2013

Capitulo 16 – Cabeças Ocas.


Quanto mais entramos para dentro do país mais árvores eu vejo. Eu vi um casal pulando de um prédio, se suicidando. Mas o que eles não entendem é que... O suicídio começa por dentro. O mundo foi e sempre será perigoso, pra morrer basta viver. Parece que as árvores estão cada vez mais mortas, como nós. Parece que a natureza está enfraquecendo com os humanos. Parece que o poder de Deus se virou contra ele.
- Eu vim pra cá ano passado – Disse Link – Missouri era o lugar mais maneiro que eu já conheci, mas agora só parece mais um pedaço de terra.
- É, mais um pedaço de terra – Comentei – está tudo igual.
- Pois é, agora a Disneyland é a mesma coisa que o parquinho da praça – Disse Ethan. Peguei um pirulito e coloquei na boca. Passamos por um grupo de três pessoas que tinham acabado de enterrar um amigo(a) pelas roupas sujas... Colocaram flores em cima do monte de terra. Sorri, não um sorriso de graça e sim um sorriso de sarcasmo. Porque os mortos recebem mais flores que os vivos, porque o remorso é mais forte que a gratidão.
- Quanto tempo para chegar no Tenneesse? – Perguntou Clear.
- Dois segundos – Nathan virou a rua, e eu vi placa escrito “Bem Vindos visitantes ao Tenneesse. População...” o número “13 mil foi pichado e escrito por cima “População cabeças ocas”  mais a frente mais uma pichação numa loja “Se tiver opção, vá embora” “não entre”  e depois “População: Zero”  Apesar de tudo isso vi um sorriso do rosto de Ethan. Fomos mais a dentro na cidade, fazenda para todo lado. Eu não sei o que mais foi fascinante ver vacas pastando, ou pessoas andando por ai. Nathan parou o carro em frente a uma casa enorme incrível no meio de uma fazer mais incrível ainda cercada.
- Nathan?
- Oi April – Uma garota loira com o cabelo preso num rabo de cavalo, veio andando até nós.
- Pensei que tivessem mortos.
- Bom... Não estamos. Oi prima – Ethan saiu do carro.
- Eita que são os irmãos de nomes parecidos! – Um homem de meia idade sem uma perna sendo sustentado por uma muleta veio rápido ao nosso encontro e bagunçou o cabelo dos dois – Olha só... Quem é essa belezura?
- Tio por favor... – Ethan revirou os olhos.
- Ora, ora, ora... Amiga sua Nath?
- Sarah esse é meu tio Reinold., tio Reinold essa é Sarah.
- Prazer , pode me chamar de Rei. Todo mundo me chama de Rei.– Nos cumprimentamos com as mãos.
- Vem cá – Nathan colocou a mão nas minhas costas e me guiou pra dentro da casa – Minha prima April. Meu primo Jeff Jackson.
- Pra você JJ, gatinha.
- JJ ela não é pra você – Ele levantou as mãos como se tivesse se rendendo. Eu sorri.
- Prazer.
- Ora, essa é a voz do meu menino? – Uma voz com sotaque nenhum pouco sutil veio de cima da escada. Um mulher limpando as mãos no avental veio descendo correndo as escadas – Nathan querido!
-Oi tia Mary. Sarah essa é minha tia Mary, esposa de Rei.
- Olá querida!
- Oi tia Mary.
- Pelo amor de Deus Ethan Wichester não se aproxime – Ethan parou de andar – Suba as escadas agora mesmo e vá tomar um banho.
- Mas eu...
- Vá logo, antes que fiquemos intoxicados com seu cheiro – April entrou. Ethan revirou os olhos, balançou a cabeça e subiu.
- Vocês tem água aqui? Pra tomar banho? – Perguntei. Nunca pensei que fosse ficar tão maravilhada por tem um chuveiro que funciona na casa.
- Temos cinco poços nessa propriedade. Todos com acessos aos canos que dão aos chuveiros – Disse Rei. Sorri, um latido. Um cachorro preto e grande veio correndo até mim.
- Cuidado! – Gritou JJ - ele é morde!
- Não parece - Pulou na minha barriga, latiu feliz, eu me ajoelhei e passei a mão na cabeça dele.
- Ele gostou de você – Disse April.
- Ele é o Chester.
- Oi Chester! Tudo bem garoto? - Pensei que não existissem mais cães. Pensei que não existisse mais vacas, cavalos, galinhas, vida normal. Mas ainda há. Esfreguei o pescoço do grande cachorro preto e olhei pra trás, um pedaço de madeira - Isso é seu? - Ele olhou pra madeira e latiu, foi instinto, olhei pra fora a procura de algum errante atraído pelo latido.
- Não se preocupe. Eles não andam por aqui - Disse April. "Eles não andam por aqui" porque será que isso não me acalma? Peguei o medaço de madeira e joguei pra fora. Chester correu fazenda a fora e eu fui andando atrás dele.
- Oi? - Um homem com os dois braços praticamente inteiro tatuados, cabelos negros bagunçados, usando uma blusa chadrez com colete jeans por cima com as mangas rasgadas, calças jeas também rasgadas e sapatos pretos de borracha, carregando lenha.
- Oi, meu nome é Sarah Birmigam. Amiga de Ethan e Nathan.
- Ah... Os irmãos Wichester - O homem tinha olhos castanhos grandes e brilhantes muito parecidos com os de Clear, que passou correndo por mim pra brincar com Chester - Meu nome é Noah - Apertei a mão dele - Que bom que chegaram, já estavamos perdendo as esperanças.
- Não é fácil chegar da Califórnia para o Tenneesse de carro, principalmente com aquelas coisas lá fora.
- Mutantes? Eles dão tanto trabalho assim? Só estive três vezes com eles, e em todas as vezes estavam em grupos pequenos.
- Vocês nunca lidaram com uma horda?
- Não.
- Não sabem a sorte que tem - Recomecei a andar, Noah colocou a lenha no meio de um amontoado de lenhas e veio junto comigo.
- O que você fazia antes disso tudo acontecer?
- Bom... - O que eu ia dizer? Que era uma drogada, que fingia procurar imprego? - Nada... Na verdade. E você?
- Eu era tatuador - Eu parei de andar.
- Ainda tem as coisas ai?
- Claro, porque?


- Prontinho... Você não pode comer chocolate, nem tomar refrigerante, ou comer batatas fritas sabe? Frituras em geral - Disse Noah. Cara nunca sonharia que fazer isso doeria tanto, mas acredite dói pra caralho.
- Relaxa não to comendo isso a mais de um mês - Levantei da cama. Desci as escadas.
- Deixe eu ver - Disse Nathan. Pedi para Noah fazer uma tatuagem em mim. Começando do ombro, indo pras costas e terminando nas costelas. Uma fênix. Vermelha com contornos pretos. Incrível. É só um jeito de eu sempre ter um pouco do meu irmão junto comigo - Nossa ficou incrível.
- Claro, obra de quem? Aé... Minha - Se vangloriou Noah. Ethan sorriu e balançou a cabeça. Subi para o quarto do qual Mary me dissera para ficar,entrei de baixo do chuveiro. Água quente. Peguei um buchinha e passei por de baixo das unhas tirando toda sujeira e sangue seco. Lavei meu cabelo, olhei para a água do chão. Preta. Meu Deus, você não tem noção do poder rejuvenecedor de um banho até ficar um mês e meio sem tomar um.
Tem dois banheiros nesse quarto e eu não sei porque estou aqui, já que estou sozinha. Peguei uma toalha, e comecei a me vestir. Esqueci a camiseta na cama.
-Ai meu Deus, desculpa. Não sabia que você estava aqui.
- Tudo bem – Peguei minha blusa rápido e coloquei. Tentei não ficar olhando muito, mas era quase impossível. É sério Ethan poderia ser confundido com Taylor Lautner sem camisa. Uau, Ele balançou a cabeça como se fosse um cachorro respingando água nas paredes – Eai? O Tennesse é tão maneiro quanto você achava?
- Não sei. Tem alguma coisa estranha com esse lugar – Respondeu Ethan colocando a camiseta – Não tem nenhum errante por aqui. As pessoas andam livremente pela rua. Agem como se estivesse tudo normal. Entendeu o problema?
- A ausência dele.
- Exato. E meu tio está estranho.
- Estranho como?
- Ele saiu com a espingarda. – Olhei pra Ethan.
- ETHAN WINCHESTER DESSA JÁ AQUI!
-Fala tia Mary – Desci junto com Ethan, e vi April e JJ cochichando e rindo.
- Que bom que já se acertaram – Disse Mary.
- Como?
- Bom... Não tem mais quartos então vocês vão ter que dormir no mesmo...
- Mas tia eu não...
- Quieto Winchester, preciso de um favor – Ethan respirou fundo.
- Qual?
-Preciso que você vá até a cidade e pegue mais comida para Chester.
- Mas...
- Eu vou com você.
- Vá com o carro do seu tio.
- Ta bom tia Mary – Ethan pegou a chave e foi até o carro, fui atrás dele.
- O que seu tio está fazendo na fazendo vizinha?
- Tia Mary disse que ele estava caçando.
- Caçando?
- Ta acabando a comida da cidade, Chester é o único cachorro ainda vivo por aqui então ele está bem.
- Você disse que ele saiu com uma espingarda? – Ethan olhou pra mim, depois voltou o olhar para a estrada.
- Ele não seria tão burro de fazer isso... Ou seria...? – Ficamos quietos por um tempo.
- Porque sua tia te chama pelo sobrenome?
- Ela ama meu sobrenome, porque é a única coisa que ainda me liga a família. Que me faz parecer filho dos meus pais. Entende? – Assenti. Quando eu tinha oito anos eu sempre sonhei por um príncipe e olha só... Estou do lado de um agora. Mas agora que o conheci penso “Será que meu eu com oito anos, se orgulharia do meu eu agora?”   Eu mudei. Minhas ideologias mudaram. Não sei mais o que é certo e o que é errado, tudo o que sei é minha relação com Ethan está ficando muito complicada. E não consigo definir se isso é bom ou não. – É aqui.
Entramos na loja, pegamos o saco de ração de Chester e saímos.
- Acho que esse lugar esconde mais coisas do que parece – Disse, olhei com atenção para fora da janela. Uma linha escura no horizonte – Ethan você ta vendo aquilo?

-Uhum... O que você acha que é? – Olhei de novo.
- O que você pensa que é Ethan? Está se movendo.
-Droga – Ethan aumentou a velocidade. A massa em movimento estava vindo por toda costa do Tenneesse. Ethan estacionou, e começamos a andar até a casa.
-Ethan... Escuta – Ele parou de andar.
- Isso é o que eu estou pensando que é?

Andamos sem fazer barulho nenhum até a fazenda vizinha, era bem distante na verdade e mesmo assim conseguia ouvir o barulho dos tiros.
-Ethan – Ele se virou pra mim, mas eu continuei a andar – Você acha que seu tio está realmente... – Tropecei no tronco do chão e Ethan me segurou.  Eu sei em seu pescoço e ele na minha cintura.
-Opa... Preste mais atenção gatinha – Ele sorriu.
- Desculpa – Eu me recompus, porém meu rosto ainda continuava a centímetros do dele. Tiro. Corremos pra trás do celeiro, Rei saiu correndo de dentro do celeiro. Tinham alguns errantes ali de dentro, cinco pelo menos. Mas pelo desespero dele parecia que nunca tinha visto o que é uma horda de verdade. Rei começou a atirar nos errantes,no torax, pernas, garganta, qualquer coisa menos a cabeça. Peguei o canivete e corri até lá. Enfiei o canivete por trás da cabeça de um, Ethan pegou sua faca e passou a me ajudar.

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