sábado, 4 de maio de 2013

Capitulo 11 – Gold Motors


Nevada é um dos mais frios estados dos Estados Unidos, e quando digo frio quero dizer "provavelmente vai nevar". Qualquer vento que entrasse dentro da Ferrari congelava meus ossos em instantes, ao longo da viajem trocamos de roupa para as que eu peguei na loja. Eu coloquei um gorro cinza, jaqueta cinza e calça jeans. Continuei com meu all star vermelho, e sem ninguém ver coloquei a pulseira de Ethan no bolso da calça. As horas se passavam e Clear acabou virando a mascote do grupo. Ela disse que seus pais foram mordidos e se mataram antes da transformação, depois disso ela e sua irmã Betanie de 25 anos estão tentando sair de nevada, para qualquer outro lugar.  Fora da janela conseguia ver alguns pontos de incendios, pessoas correndo, errantes comendo. Pessoas matando pessoas. Não mudou muita coisa.
- Que isso? – O carro deu um solavanco na parte de trás, parou.
- O pneu furou – Respondeu Link.
- Nossa mais que ótimo – Grunhiu Nathan. O sol já estava nascendo. Saímos do carro, Link andou até a floresta provavelmente para se aliviar, se é que vocês me entendem. Ethan olhou o pneu e depois o chutou frustrado.
- Onde estamos? – Perguntei, com a fumaça de frio saindo da minha boca. Os nós dos meus dedos estavam brancos, tremia.
- Hold Made Center avenue – Respondeu Clear – Estamos com sorte.
- Como pode chamar isso de sorte? – Perguntou Lisa, com desdém.
- Porque a uma quadra daqui tem um Gold Motors – Respondeu a menina com os olhos brilhando de excitação, aposto que não tanto quanto os meus.
- Maravilhoso! Simplesmente maravilhoso! – Comecei a andar em linha reta, os outros vieram atrás de mim
- Porque isso é bom?
- Porque a Gold Motors é uma das melhores concessionárias americanas – Respondi.
- E...?
- E, que elas tem teste drive – Respondeu Clear.

A Gold Motors não usa paredes concretas e sim vidro, como a maioria das concessionárias, a diferença é que o vidro deles é a prova de balas um dos mais resistentes da história. Ou seja, ninguém conseguiu entrar. Mas isso é porque ninguém aqui era irmã de Jason Birmigam. Na rua da frente tinha um posto policial com uma viatura na frente, me aproximei. Um homem com uma faca enfiada na cabeça, mosquitos rodeando seu corpo em decomposição, seus ossos marrons com a boca aperta e a cabeça caída para o lado. O suporte onde deveria estar sua arma estava vazia. Alguém pegou é claro. Na parte de trás do carro tinham Donat’s e refrigerante, o cheiro era horrível. Carne morta e comida podre. Que ótimo. Em seu peito em baixo do distintivo tinha um crachá com o nome dele “Official John Keller”  e em seu colo uma prancheta escrita “Sobrevivente Sarah, Los Angeles. Walkie Talkie 33490, Official Louis Flint morto”  lembrei do dia em que meu irmão morreu, eu estava indo pra casa e John falou comigo. Fiquei pensando, será que ele morreu assim que desligou o walkie talkie? Ou será que estava tentando avisar outros?  Como será que ele morreu? Espero que não tenha demorado. Era um homem bom. Senti ancia de vomito subindo minha garganta, balancei a cabeça pigareei e segui em frente. Abri a porta, que estava enrolada com uma corrente e cadiado de aço. O cheiro de carro novo ainda estava impreguinado da estrutura da loja. A porta bateu atrás de nós.
- A porta não quer abrir – Disse Link.
- Como assim não abre? - DJ foi até a porta, segurou a maçaneta e sacudiu a porta. Nada.
- Deve ter outro jeito de sair daqui - Respondeu Ethan calmo.
- Então a gente se divide? – Perguntou Nathan. Ethan olhou pela loja pensando e depois assentiu.
- Link vai por ali – Ele apontou para a esquerda – Com DJ.
- Eu vou com Sarah – Disse Lisa. Não é surpresa para ninguém que Lisa me odeia. Me odeia desde o dia que eu matei sua prima zumbi. Mas o que ela queria que eu fizesse? Que a deixasse matar o resto de nós? Já não bastava Mason? Desde que tudo isso começou eu estou tentando dar uma nova chance as pessoas, estou tentando crescer como uma. Estou tentando confiar mais nelas, bom começo. Eu acho.– Vamos por aqui. Tudo bem? – Ela apontou com o dedão pra trás.
- Tudo bem – Disse Ethan – Vamos eu e você irmão.
- OK – Nathan estava com o walkie talkie, e eu com o outro dentro da jaqueta. Lancei um olhar significativo com Nathan como quem diz “se eu demorar, me chama” e ele assentiu, acho bom ele ter entendido. Lisa não disse uma única palavra, passamos pela parte da parede de vidro e chegamos nos fundos da loja onde a parede é de concreto e gesso, a nossa frente tinha uma porta nominada como "apenas para funcionários" pelo o que eu conheço sobre lojas aquilo é um corredor que da ascesso a uma cozinha dos funcionarios. Continuamos a andar quietas e a cada passo que dava me sentia mais presa, mais encurralada, não gosto disso.
- O que você quer? - Perguntei.
- Sua cabeça em uma redoma de prata.
- O que? – Ela me impurrou e me prensou contra a parede de gesso.
- Você cometeu o pior erro da tua vida quando matou minha prima.
-Sua prima já estava morta quando eu a matei. Ela já era um zumbi.
- Ela estava doente! Quando ela voltasse ao normal ela...
- Voltar ao normal? Enlouqueceu? Isso não tem cura! Sou culpada, culpada de salvar a merda da sua vida garota. Matar sua prima não é o termo o termo é salvá-la de si própria -  Impurrei Lisa para longe, ela cambaleou e depois olhou pra mim mais furiosa do que nunca.
- Não ligo pra porra do termo! Você acabou com o que restava da minha família... Você não é Deus pra decidir quem vive e quem morre. Mas já que quer fazer assim – Ela abriu a porta– Duas podem jogar esse jogo – Ela agarrou meu braço e me jogou dentro do corredor.
- Lisa! Lisa, abre essa porta! Abre logo!
- Desculpa, mas o grupo não precisa de uma assassina.
- Será que você é tão diferente de mim? Você está me deixando aqui pra morrer - O sangue fervilhava de raiva na minha cabeça, mordi meu lábio.
- A diferença entre mim e você é que você tem chance de viver um pouco mais.
- Como é que é?
- Se eu fosse você falava mais baixo. Ouvi grunhidos vindos daqui - Congelei. Me recuperei do choque e continuei, falando mais baixo.
- E o que você acha que vai acontecer? Ninguém vai notar minha ausência? Ethan? Nathan?
– Posso dizer que você foi mordida e se matou pois não conseguiu ficar como um deles – Ela fez uma voz de falsário- eles não precisam de você, vão ficar tristes. Mas Nathan não precisa de você, ele terá a mim. O que acha disso?
- Que você é uma vadia louca e sem noção.  Me tira logo daqui... Lisa por favor.
- Poxa... Não vai dar – Ela falou com um falso arrependimento – Mas cuidado com os bichos ai dentro – Ela chutou a porta pra fazer barulho e foi embora.  Não... Não isso não pode ser verdade. Droga, vadia filha da mãe!  Olhei pra trás, a porta dava para um corredor escuro iluminado por uma janelinha. Um corredor estreito e completamente nojento. A única janela em cima na parede estava cheia de sangue e com mosquitos em volta dele, os grunhidos vinham do final do corredor. Sete errantes rodeando um corpo, sobe uma poça de sangue. Uma porta nos fundos, tinham mais grunhidos vindos de lá, e eu não ousaria abrir. Andei devagar pra trás, sem fazer ruído nenhum. Olhando os errantes, tendo certeza de que nenhum vai me ver. É só eu ir bem quieta.
- Sarah? Sarah você está bem? –A voz de Nathan chamou atenção dos errantes, ele se viraram pra mim com suas bocas pingando sangue e as mãos cheias de órgãos. Boa Nathan, muito boa. Corri pra trás.
- Não era uma boa hora Nathan! – Ainda de costas chutei o estomago de um e derrubou o de trás, peguei o canivete da meia e enfiei na cabeça dele, apunhalei o errante com tanta força que perfurou o crânio do de baixo também. Voltei a correr.
- Porque? – Chutei o rosto de um deles e este caiu, recomecei a correr porém ele agarrou meu tornozelo e eu cai. Gritei – Sarah?! Onde você tá? O que está acontecendo ai? Lisa está com você?– Ethan pegou o walkie talkie.
- Só um minuto – Chutei o rosto do errante com a perna livre, o rosto foi se desfazendo a cada chute, ele me soltou e eu pisei em seu crânio espalhando pedaços do cérebro pelo chão. Voltei a correr, achei uma corda no chão. Peguei. Fiz um nó na corda corri de costas para a porta e de frente para ele, girei a corda no chão e lancei dois errantes. Puxei eles pra mim, e passei a apertar o nó peguei o canivete e afundei no crânio dos dois. O ultimo. Este me pegou de surpresa, veio com as mãos esticadas e agarrou meu pescoço eu cai, deixei o walkie talkie cair também, minha cabeça bateu com força no chão gritei baixo.
-SARAH?! FALA ONDE VOCÊ ESTÁ EU VOU AI TE SALVAR! O QUE ESTÁ ACONTECENDO SARAH?! – Ethan gritava descontrolado no walkie talkie, não respondi - SARAH?! - O errante tentou me apertou com mais força depois de ouvir a voz de Ethan. Flexinionei as pernas e as levantei chutei ele com elas. Depois levantei e pisei no tórax dele com um pé, agachei e enfiei o canivete na cabeça dele. – SARAH RESPONDE!
- Voltem por aquele corredor que eu vim com a Lisa. Aquela vadia me deixou pra morrer aqui
Eu me sentei com as costas encostadas na porta e fiquei batendo com a cabeça nela.
- Sarah? – Ouvi a voz de Ethan.
- Eu to aqui – Me levantei,  Ethan pediu espaço e depois chutou a porta até ela abrir. Meus olhos demoraram  um pouco até se acostumarem com a luz do lado de fora. Clear correu ao nosso encontro pelo corredor.
- Caramba você está horrível - Minha roupa estava cheia de sangue. Ainda ouvia grunhidos vindos do fundo do corredor.
- Gente descobri o problema, tem um pino no piso por isso a porta estava tranc... - Lisa veio correndo até nós e quando me viu não conseguiu evitar a surpresa
– Ah olá Lisa.
- Oi... Sarah – Andei até ela.
- O que aconteceu aqui? - Perguntei Nathan.
- É Lisa, o que aconteceu aqui?
- Nada.
- Nada? É claro. É ela só me deixou com um monte de errantes trancada, e depois foi embora sem culpa na mente. Isso sim é um nada bem grande.
- Como é que é? – DJ andou até nós – Do que ela está falando Lisa?
- Eu não sei...
- A não?
- Não. Isso é mentira, está delirando.
- Aé? Então entre no corredor e me diga que estou delirando – Estiquei o braço para a porta, dando espaço pra ela passar. Aposto que foi ela que trancou a porta da frente depois de todos entrarem. Ela planejava desde que entramos. Boa Lisa, mas não o bastante. Ela andou hesitante até o corredor.
- Viram? Nada – A ponta dos fundos cedeu. Quinze errantes vieram correndo por cede de sangue. Antes que Lisa se desse conta um deles derrubou ela no chão. Não fiz nada, apenas observei. DJ correu até Lisa, tentou ajudá-la mas acabou caindo também. Alguns zumbis notaram nossa presença e começaram a andar em nossa direção. Eu fechei a porta.

É isso que a gente ganha dando uma nova chance para as pessoas, elas sempre mentem.  Se não fosse por Mary ser mordida e não dizer nada Mason ainda estaria vivo. Se Lisa entendesse o que está acontecendo não tentaria me matar. Incrível como temos o dom de nos enganar. Confiamos para depois nos levarem para lama sem hesitação. Sem duvidas. Com consciência limpa.  A vida ensina com o tempo, você decide aprender ou não. Apenas entendam, que num apocalipse  é a sobrevivência do mais forte.

Moral da história: Não confie em ninguém.

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