segunda-feira, 13 de maio de 2013

Capitulo 15 – Paranóia.


Kansas é conhecido por ser o menor estado norte americano, vamos chegar e saír em 7 horas. Eu quero acabar com isso logo, eu já estou ficando paranóica. Qualquer estralo é um errante atrás da árvore tentando me matar. Os sonhos mudaram, não é mais Jason ou minha mãe ou pai, agora é só Ethan. Um Ethan zumbi, tentando me matar e eu deixando ele fazer isso.  Eu me apaguei a essas pessoas, e isso não é bom. Nós agora somos uma família. Sinto como se devesse protegê-los de tudo.
- Anda logo com isso Nathan.
- Eu não controlo a velocidade que a gasolina cai – Nathan estava reabastecendo nosso carro. Link e Clear estavam comendo Cupnuoodles - tinha um incendio mais a trás, pegamos uma garrafinha de água e esquentamos no fogo - Ethan mascando chiclete e eu comendo Doritos. Nathan entrou no carro, e começou a dirigir.
- Não é melhor a gente parar um pouco? – Perguntei – Já são quase 18:30, está ficando tarde. Estamos todos cansados.
- Temos que chegar no Tennesse – Disse Ethan ao meu lado.
- Sei que temos. E vamos. Mas precisamos parar um pouco Ethan.
- Cara nós já estamos na metade de Kansas. Daqui a pouco é Missouri, já estamos chegando – Interveio Nathan. Ethan olhou de Nathan pra mim, respirou fundo balançou a cabeça e disse:
- Ah ta bom. Mas vamos ficar dentro do carro, se tiver que sair correndo já estamos prontos – Nathan subiu a rua e parou num acostamento em frente a floresta e do outro lado da rua, um mirante. Kansas é um lugar bonito, mas agora está sinistro. As arvores ao redor fazem sombras horríveis pela rua, tudo bem eu sei estou muito paranóica, mas a essa altura... Quem não está? Não gosto da ideia de passar a noite aqui, mas já é um milagre Ethan nos deixar parar. Nathan desligou os faróis e sentou no banco ficando de frente para o passageiro – no caso Link – e encostou a cabeça na janela, Clear estava aqui atrás na porta, Ethan no meio eu na outra ponta. Não conversamos, ninguém falou nada. Estavam todos cansados demais pra isso, não deu uma hora e Link já estava roncando. Clear dormiu rápido também, fiquei observando Nathan em toda sua sanidade física e provavelmente insanidade mental. Aposto que o garoto esta enlouquecendo por dentro e completamente calmo por fora. Como Nathan não surta?  Talvez ele faça o mesmo que Ethan, que é outro calmo. Entre tanto já vi Ethan perdendo o controle, e isso só é um reflexo por guardar tanto. Cada um lida com isso do mesmo jeito “matando os bichos” mas todos temos diferentes efeitos colaterais, eu por exemplo os sonhos, fumo muito, não consigo ficar parada, masco chiclete o tempo todo porém o pior até hoje são os sonhos.

Fumaça, muita fumaça. Acordei tossindo. Não conseguia respirar de jeito nenhum, o ar não chegava aos meus pulmões por mais que eu puxasse. Me virei na cama e vomitei, pensando que sairia minhas tripas junto. Um grito.
- CLEAR! – Gritei, tentei levantar porém fiquei tonta e sentei de novo respirei fundo, mas respirar o que? Fumaça. Tossi mais ainda. A casa de madeira estava tomada pelas chamas.Levantei da cama sem conseguir enxergar nada, me segurei nas paredes para me orientar meus olhos ardiam. Eu via sombras correndo arrastados pela minha frente.
- SARAH! SARAH! SOCORRO! ME AJUDA! SARAH!
- EU TO INDO CLEAR! TO CHEGANDO!- Eu não faço ideia de onde ela está, o fogo se alastrava. Onde estão os outros? – ETHAN! NATHAN! LINK! CADÊ VOCÊS?!
- SARAH! SOCORRO!
- EU TO INDO CLEAR! – Eu não vi a escada. Cai. Levantei dolorida, olhei ao redor Clear estava ali. Boa noticia: Não foi mordida. Má noticia: Estava em chamas.
- SARAH – As chamas estavam devorando das pernas da garotinha até o tórax, o rosto dela estava começando a queimar também. Era um cena horrível.
- CLEAR! – O que eu poderia fazer? Apagar o fogo? Ela já estava derretendo. Eu fiquei apenas olhando Clear gritando pedindo ajuda, agoniando. Sem me mover. Sem fazer nada. Sua pele derretida como chocolate pingava em gotas no chão.
Acordei pulando no banco com tanta violência que bati a cabeça no banco do passageiro. Não conseguia respirar direito, eu ainda conseguia sentir o cheiro ardido o sufocante da fumaça. Tossi, coloquei a mão no peito que mostrava meu coração batendo violentamente. Olhei para esquerda e vi Clear dormindo alheia ao meu sonho. Ela dormia muito bem, como um anjinho. Não consigo respirar. Sai do carro, fechei a porta coloquei as mãos nela e abaixei a cabeça. Pensei que fosse vomitar, mas vomitar o que? Doritos? Faz tempo que eu não como. E não é porque não tem, mas porque não estou afim. E eu não estar com fome? Isso é um grande problema. Olhei para dentro do carro, Nathan não estava lá. O sol estava nascendo, o vendo frio do Kansas passava suavemente pelo meu corpo. Olhei pra frente, lá estava Nathan  no mirante, observando as montanhas. Estávamos acima de algumas nuvens, por isso aqui é tão frio. Andei até ele.
- Não sabia que você fumava – Comentei.
- Não sou viciado. Mas as vezes é bom, sabe? – Eu assenti. Eu tragou profundamente o cigarro soltou a fumaça e jogou-o no chão.
- Porque está acordado agora?
- Não consegui dormir. Ethan ficou chutando a cadeira e isso não é coisa boa.
- Porque?Uns roncam. Ele chuta.
- Não, não é assim que funciona. Ethan começou a chutar enquanto dormia quando nossos pais morreram. Ele só chutava ou quando estava tendo um pesadelo ou quando tinha muita coisa na cabeça ou sei lá. Mas o que eu sei é que: Faz 10 anos que Ethan não dorme chutando. Tem alguma coisa encomodando ele.
- Tem alguma coisa incomodando todo nós.
- E o que é?
- A vida – Ficamos em silencio por um tempo.
- Então esse é o nosso fim? É assim que o mundo acaba? Com os mortos voltando? Que coisa irônica.
- “A morte não é o fim”
- Que disse isso?
- Buda – Nath sorriu, e depois disse:
- A morte pergunta pra vida: Porque a mim todos odeiam e a você todos ama?  E a vida respondeu: Porque eu sou uma feliz mentira. E você uma triste realidade - Verdade.
- Quem disse isso?
- Um sábio.
- Qual?
- Eu – Eu ri. Depois passei meu braço por cima do ombro de Nathan;
- Só você pra me fazer sorrir agora.
- Fazer alguém sorrir numa situação normal, é bom. Agora fazer alguém sorrir numa situação difícil, é a melhor sensação do mundo.
- Quem disse isso?
- Você – Nathan bagunçou meu cabelo, como se fosse meu irmão. Eu soltei ele e pulei nas suas costas.
- Você me lembra a Jason.
- E isso é bom?
- Muito – Ouvi um barulho. Não disse nada, o barulho se aproximou. Estava atrás de mim. Chutei sem olhar, não sei se é um de nós e não me interessa. Pulei das costas de Nathan, errante. Peguei o canivete e enfiei na cabeça dele. Olhei pra frente. Uns quinze errante em cima do carro balançando, tentando tirar todos de lá. Eu consegui ouvir os gritos deles dentro do carro, não posso deixar eles morrerem. – Nath, tem uma corda no carro?
- Tem no... – Ele enfiou a faca na cabeça de outro – porta-malas.
- Me ajuda a pegar? – Nathan me olhou como se eu fosse louca, mas depois assentiu, corremos em direção Nathan me deu cobertura matando dos errantes, e chamando a atenção deles abri o porta malas peguei a corda, peguei a cabeça de um zumbi coloque no porta malas e bati a porta, sangue escorreu do carro e pingou no chão – NATH AMARRA NAQUELA ARVORE – Joguei a corda pra ele –EI SEUS BOSTA VENHAM! – Os errantes vieram pra mim, enfiei o canivete no nariz dele.
- PRONTO!
- TA FIRME?
- Bastante. Porque? – Não respondi – NÃO! NÃO! SARAH, NÃO FAZ ISSO! NÃO! NÃO!
- VENHAM! – Corri em direção a arvore que tinha na ponta do mirante, os errantes atrás de mim. Corri com tanta velocidade que tudo virou um borrão ao meu redor,não estava mais ouvindo Nathan porque precisa protegê-lo, proteger a todos. Peguei a corda e pulei para a depressão do mirante, os errantes pularam junto e caíram rolando nas pedras pontiagudas e alguns enfiados como espetinhos nos troncos das árvores. Eu estava pendurada a corda que estava quebrando o tronco. Segurei nas rochas da montanha a soltei a corda e comecei a escalar. Eu escorreguei na rocha e machuquei minha perna, cai. Nathan segurou minha mão, Ethan segurou a outra mão e os dois meu ajudaram a subir. Levantei ofegando – Todo mundo bem ai?
- A gente ta ótimo, mas e você? – Perguntou Link.
- Eu to bem. Tem energético ainda? – Clear jogou monster pra mim. Agradeci com a cabeça.
- Acho que um band-aid cura o machucadinho do neném não acha Nath? – Ethan trouxe um band-aid do carro e colocou no meu machucado. Depois deu um beijo.
- Ethan que merda você está fazendo?
- Minha mãe sempre beijava meus machucados pra sarar mais rápido – Eu ri alto.
- Então ta bom mamãe – A verdade é que quando ele encostou os lábios na minha perna eu senti uma eletricidade percorrer meu corpo, e um calor subir da perna até a cabeça. Mas esse é o tipo de coisa que eu guardo pra mim mesma - E agora?
-  Vamos pra Missouri.

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