sábado, 8 de dezembro de 2012

Capitulo 3 – Ela não é tão ruim assim.


- CLEAR! CLEAR! – Ajoelhei ao lado dela. Ela estava com os olhos abertos – CLEAR! FALA COMIGO! VOCÊ TA BEM? SE MACHUCOU?
- Parece que todo o ar dos meus pulmões  fugirão de mim – Disse ela ofegante.
- Consegue de mexer?
- Não. Acho que não – Ela tentou se levantar – É... não.
- Ah! Droga eu disse pra você não subir!
- Se eu não subisse agente iria conseguir água como gênio? Pelo o que eu saiba não pode se beber água do mar!
- Sim... Mas não sou eu o cabeça oca que foi pisar num tronco pobre.
- Ora vamos! Agora eu vou olhar “ah esse tronco é bom... Aquele ali é podre, não posso pisar nele” Da um tempo, garoto!
- “Garoto”... você fala como se não tivéssemos a mesma idade.
- Podemos até ter a mesma idade mais mentalmente sou mais velha.
- A PELO AMOR DE DEUS! – Gritei - NÓS CAIMOS DE UM AVIÃO! DEPOIS ELE EXPLODIU! ESTAMOS NO MEIO DO NADA! VOCÊ CAIU DE UMA ÁRVORE E NÃO CONSEGUE DE MEXER! ISSO NÃO É HORA PARA BRIGAS! QUE DROGA!
Clear pareceu surpresa.
- É... Tem razão.
- Vamos ficar naquela caverna próxima ao mar. Vou te ajudar a chegar lá. Depois venho pegar as frutas.
Segurei Clear pela cintura, e a levantei. Levei-a até a caverna, e fui pegar as frutas. Minutos depois começou a escurecer e então fiz uma fogueira. Comemos algumas frutas, porem não todas. Ficamos em silencio durante todo esse tempo. Mas o silencio foi quebrado quando Clear disse:
- Todas... todas aquelas pessoas no avião.... Morreram... Elas... Explodiram. – Ela estava com uma voz tremula - Tem jeito pior pra morrer?
-Talvez.
- Aé? Qual?
- Envenenado.
- O que?
- Meu cachorro foi envenenado quando eu tinha 10 anos. É... não foi muito legal pra mim não.
- Uau – Clear deu uma risadinha – Porque?
- Meus vizinhos não gostavam dele. – Ela pareceu surpresa - Mas é... Aquelas pessoas no avião morreram de um jeito horrível.
- É... Ainda bem que as nossas... – Clear parou de falar – MINHA MÃE!!! AI MEU DEUS! ELA DEVE ESTAR MUITO PREOCUPADA!
- Vish... é verdade. Minha mãe também. Mas não to nem ligando pra ela agora.
- Porque?
- Bom, só porque eu estou no meio do nada agora só por isso.
- É – Disse Clear tristemente – Olha Taylor... eu não faço ideia de quando vamos sair daqui,mas espero que seja rápido.
- Eu também... Não quero ficar aqui pra sempre. Já pensou? Não ver mais os amigos?
- Pra mim tanto faz... não tenho amigos mesmo.
- Clear, agente se conhece desde nossos 10 anos. Mas nunca conversamos. Porque?
-Bom, acho que pelo fato de você não ser do tipo “quieto”.
- Como assim?
- Você está sempre rodeado de gente. Como se conversa com alguém assim?
- Eu... Você é realmente na sua, não é?
-Não gosto muito de me misturar. Porque não gosto de sofrer... ficar brigando, chorar por alguém. Odeio isso.
- “Chorar por alguém”? Por quem você chorou?
- Não faça perguntas, se você não quiser saber a resposta.
- Bom... Mas eu quero.
- Então... Não faça perguntas se não quiser que eu minta Taylor.
- Ah... – Não sabia o que responder. O que era realmente estranho, porque sempre sei o que dizer – Ei você notou? Estamos a 5 minutos sem brigar...
- Recorde.
-É. – Eu fiquei pensando um pouco – Dia longo hoje. Eu nem queria vir nessa viajem.
- Nem eu.
- Nem acredito que eu fui expelido pra fora de um avião – Eu ri – Uau! Acho que fiz muita merda na minha vida passada!
Clear riu.
- Acho – Fiquei sério – Que a minha mãe pensa que eu morri.
- A minha também.
- Bom, quase morremos não é? Acho que alguém lá em cima gosta muito da gente.
- Acho que sim.
- Clear. Eu não lembro de conhecer seu pai.
-Bom, nunca conheceu mesmo. Ele nunca esteve lá
- Como assim?
- Bom, você não queria saber do porque “chorar por alguém”? É... Meu pai. – Os olhos de Clear estavam quase transbordando suas lagrimas agora – Ele morreu cedo. Era uma criança na época. Não sabia o que ... fazer. Mas de uma coisa eu sempre tive certeza... Ele nunca me amou.  Não tem problema. Acontece...
- Sinto muito.
- Eu também.
De repente sinto uma onda de simpatia por ela. É uma garota legal. Mas, que perdeu muita coisa. Talvez seja por isso que ela não fala muito. Tem medo de conhecer. Gostar. Amar. E perder.
- E você ta bem? – Lembro dela caindo da árvore. – Como você ta? Tipo, como foi cair de uma árvore? Eu disse pra você não subir, em Cabeçuda?!
- Bom, nada mau. É até gostoso. Você deveria tentar um dia desses! Cabeção! – Disse ela rindo pra mim. Eu ri pra ela também.
- Quando você caiu... E... Hum... Não levantou. Eu pensei que...
- Eu nunca mais fosse conseguir me mexer? – Completou ela. Eu assenti. –É... eu também.Mas.. não... vou ficar bem, acho que fraturei a perna. Esta doendo mas não parece que quebrou.
- Bom... Bom. Ei você notou que quase morreu 3 vezes só hoje?
- É – ela sorriu – Um avião me cuspiu. Porem agradeço ele por isso. Se não eu teria explodido. Depois caímos na água. E chegamos numa ilha. Cai de uma árvore e estamos aqui agora. Longo dia...
- É.
- Taylor, na hora que agente caiu do avião. Por que você me abraçou e me virou de cabeça pra água?
- Bom – Senti meu rosto quente, o que era estranho porque só fico assim quando estou com vergonha. E porque ficaria assim agora? – Eu fiz natação por 4 anos. E fiz um curso de “Como sobreviver no mar” por 3 anos. Lá aprendi que não se pode cair de qualquer maneira no mar, se não quiser quebrar o pescoço é melhor virar de cabeça para baixo.
- Ah... Entendi. E, o que nós vamos fazer amanha? – Disse ela. Seu rosto refletido as chamas flamejantes da fogueira. Ela mirava o fogo.
- Bom. Sobreviver. Não é? Não podemos viver só de frutas. Então que tal tentar pescar amanha?
- Eu não sou nada boa com essas coisas.
- Nem eu. Mas tudo tem sua primeira vez. Vamos tentar sozinhos.
- Esta bem. – Ela virou pro lado. Deitou no chão ao lado da fagueira, fazendo uma careta ao mover a perna e depois falou – Boa Noite... Cabeção.
Eu sorri.
- Boa Noite...

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