segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Capitulo 4 – Ouriço do mar.


No dia seguinte, o dia estava ensolarado. Eu acordo e Clear acorda quase ao mesmo tempo. A fogueira se apagou no meio da noite. Comemos algumas frutas mas não é o bastante. Temos que pescar. Eu tiro minha camiseta e fico só com a bermuda que eu estava desde ontem. Clear me olha.
- O que foi?
- Am... – Ela ainda me olha – nada. Nada.
Ela pega um tronco que esta no chão. Pega um pedra e começa a cortar a ponta do tronco de modo a fazer uma lança. Depois disso ela levanta, sacode a areia do short e vem em direção a mim.
- Pronto. E agora?
- Bom, vamos pegar um peixe!
Saio em direção ao mar, com Clear ao meu lado. Faço uma tentativa... nada. 2,3,4,5,6,7.
- AH QUE DROGA! ESSES PEIXES IDIOTAS!
- O que você esperava? Que eles viessem direto pra ponta da lança? Calma. Me da isso aqui. Deixa eu tentar.
Dou a lança pra ela e na 2ª tentativa ela pega um grande peixe.
- Sorte de principiante...
- É claro – ela sorri pra mim e eu retribuo. Depois ela consegue pegar mais no mínimo 14 peixes. Um maior que o outro.
- Ora! Me de isso aqui! – Eu pego a lança e começo a espetar todos os vultos que vejo, que penso ser peixes. Depois de um tempo consigo pegar um peixão – Viu só como é que se faz!
- Parabéns! Conseguiu pegar um!
- Ora não seja tão rabugenta. Seje mais feliz, olha, sorria, sorria – Eu começo a fazer cócegas nela. Ela começa a rir e se contorcer. Joga água na minha cara e tenta fugir mas não consegue.
- Não! Para – Diz ela, quase nem conseguindo falar de tanto rir. – Ai meu DEUS! SOCORRO! AH!
Acho que Clear pisou em falso na areia do mar, porque ela escorregou. Eu a segurei a tempo. Seguro ela pela cintura. Seu coração agora esta colado no meu. Sinto ele bater rapidamente.  Tanto quanto o meu. Seu rosto esta bem perto do meu. Seu nariz quase esta grudado na ponta do meu. Seus lábios também. Agora ela não ri. Nem eu digo nada. Sinto meu estomago dando uma volta completa. Alguma coisa esta acontecendo comigo, mas o que é isso?! Nunca senti isso antes. É estranho. Ela me afasta e eu a solto. Piso pra traz o que é um grande erro porque eu senti uma dor terrível no meio do meu pé. Dou um grito.
- O que foi?! Te machuquei?
- NÃO! – Digo quase gritando – NÃO! AH! EU PISEI EM ALGUMA COISA! UMA AGULHA SEI LÁ!
- Mas – Clear começa a rir – Como você vai pisar numa agulha aqui? No meio do nada? No mar?
- AH! SEI LA! AH!
- Calma Taylor. Vou te ajudar. Vem cá.
Ela me sustenta com um braço e eu vou indo até a areia firme, pulando com uma perna só.
Sento na areia. A dor começa a quase me matar por dentro. Acho que cortar meu pé fora, doeria menos. Clear olha meu pé. E começa a rir.
- Mas porque você esta rindo?!?!
- Caramba cara! – Ela voltou a rir – Você é muito azarado!
- PORQUE?!
- Bom, porque você pisou num ouriço do mar!
- OQUE?! – Tendo mexer a perna pra ver o ouriço, mas Clear não permite.
- Você não pode mexer sua perna, enquanto ele estiver no seu pé. Se não o veneno se espalha pelo seu corpo todo.
- OQUE?! VENENO! AH TIRA ISSO LOGO!
- Calma que vai doer um pouco!
- TA TA! VAI LOGO!
Quando Clear tirou o Ouriço do Mar no meu pé, senti como se a ponta de uma agulha em chamas tivesse sido colocada no meu pé.
- Pronto. Pronto. Calma.
- VOCÊ DISSE QUE IA DOER UM POUCO! ISSO NÃO FOI UM POUCO PRA MIM!
Clear riu.
- Porque você continua rindo?
- Bom... por que Ouriços do Mar,são muito raros. Eles só existem nas ilhas de Madagascar e você....
-E...?
- TAYLOR! AI MEU DEUS! TAYLOR! AH!
- Que foi, que foi?
-EU JÁ SEI ONDE AGENTE TA!
- O que? Onde?
- Agente esta em Madagascar!
- O que? Bom... Não é tão longe dos EUA assim... Talvez passem aviões aqui...
- É, pode ser.
Eu deito na areia. E Clear continua sentada com as mãos nos joelhos.
- O que você vai fazer quando voltar pra casa? – Pergunto a Clear.
- Bom, tomar um banho. Comer um Big Mac hummm.... E não vou comer nem frutas, nem peixes, e nem tomar água de coco por muito tempo – Ela ri e eu também. 
- É acho q comer frutas e peixes todos os dias não é pra qualquer um....
- Nem pra mim. – Ela ri novamente, eu sorrio. – E você Sr. Lautner? O que vai fazer?
- Bom... – Eu penso – Acho minha mãe vai me mandar voltar pra psicóloga.
- Voltar? Como assim? Você já foi na psicóloga?
- Sim. Quando meu cachorro morreu. Porque depois disso eu passei a ter pesadelos.
- Pesadelos?
- É... Nos quais eu morria. Ou minha mãe. Ou meu pai. Ou qualquer outra pessoa que eu ame.
- Ah... Então é por isso... – Sussurra ela.
-É por isso o que? – Eu me sento. Clear olha nos meus olhos e diz calmamente:
- Bom... Você passou a noite inquieto.Falou dormindo. Alguma coisa sobre “me mate. Não a ela.” Acho que era sua mãe. E de repente você começou a gritar. Então... você deve ter tomado um tiro...
- ah... – Me lembrei do meu sonho dessa noite. É... Ela não poderia estar mais errada. Na verdade na noite passada, eu sonhei que estava na mira de um assaltante, e era ou eu ou a Clear a morrer. E eu preferi morrer. Mas.... porque? –  É.... Foi isso sim.
Ficamos um tempo em silencio.
- Acho melhor eu.... hm... Acender a fogueira.Daqui a pouco escurece. – Disse ela. Com uma careta Clear arrumou a perna no chão e se levantou. E começou a pegar gravetos. Eu fiquei olhando para o mar. Vendo o sol se pôr em Madagascar. A noite chega mais de pressa do que eu imaginava. De repente já estava escuro e eu entrei na caverna. Eu e Clear comemos em silencio. Ela dormiu e eu fiquei fitando o mar. De repente percebi que Clear tremia. Fui pra perto dela. Coloquei minha mão em sua cabeça e percebi que ela estava muito quente. Estava suando frio. Estava com febre. Toquei sua perna e ela deu um grito de dor:
- MAS O QUE QUE VOCÊ TA FAZENDO!!! – Gritou ela.
- Ah, nada. Eu só toquei em você.
- Ah... Parecia que você tinha apertado a minha perna.
- Bom, não apertei. Apenas toquei. Acho que esta fraturada e agora esta começando a inflamar.
- É... Talvez. – Dei a volta na fogueira e me sentei atrás de Clear – O que foi agora?
- Deita.
- O que?
- Lá no mar. Quando eu apaguei. Você cuidou de mim. Agora é minha vez de cuidar de você.
Ela hesitou, e depois deitou. Comecei a passar a mão em seu cabelo. E novamente senti aquela sensação engraçada no estomago. Uma sensação esquisita. Meu coração estava batendo muito rápido de novo. Mas porque isso ta acontecendo?! . Não dou atenção a essa sensação estranha. Então quando Clear adormece. Ela começa e ficar mais quente ainda. Então rasgo um pequeno pedaço no final da minha blusa e molho ele com água do mar. Coloco na cabeça dela e torço pra que ela melhore. No dia seguinte acordo e não a vejo mais ao meu lado. Saio de dentro da caverna. E a vejo mancando até a floresta.
- CLEAR! – Chamo, mas ela não olha pra mim – CLEAR! 
- Que é?!
- Onde é que você esta indo?
- Pra qualquer lugar longe de você.
- O que? – Não estou entendendo nada. E começo a me irritar – Por que? O que eu fiz?
- Nada! O problema não é você – Sua voz começa a embargar. Ela esta chorando. Me irritação desaparece quando vejo seu rosto lavado de lágrimas – Sou eu!
- Mas... Olha, não me interessa onde você vá! Você não vai conseguir muita coisa com essa perna! E de qualquer forma vou com você aonde for.
- PARA! – Agora ela esta começando a chorar muito. Ela cai de joelhos na areia. Eu fico parado – PARA! PARA DE FALAR ESSA COISAS!
- Mas... que coisas?!
- O tipo de coisa que me faz sentir como se eu fosse a pior pessoa do mundo.
- Mas... você não é. – Ando até ela. Ajoelho ao seu lado. Ela não olha pra mim – Você é a garota mais legal e engraçada que eu já conheci.
- PARA COM ISSO!
- Não chora. Olha, olha pra mim – Pego no seu rosto e a obrigo a olhar pra mim. Mas não dura muito. Ela vira o rosto se levanta e começa a mancar para a floresta. – DO QUE VOCÊ TEM MEDO?!
-DE VOCÊ! – Agora ela se vira pra mim – DE MIM! DE NÓS! DESSE SENTIMENTO!
- Sentimento? – Lembro da sensação engraçada no meu estomago.
- ORA VAMOS! SERÁ QUE VOCÊ É TÃO TAPADO QUE AINDA NÃO PERCEBEU?!
- SOU!! SOU SIM! – Ando em direção a ela – SOU TAPADO A PONTO DE NÃO PERCEBER! O QUE? OQUE EU NÃO PERCEBI?
- QUE... – Ela para de andar, agora esta de costas. Se vira rapidamente - QUE EU AMO VOCÊ!

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