Eu pareço ter pedido a fala porque não sei o que dizer. Acho
que Clear é a única pessoa no mundo capaz de me fazer perder a fala. Mesmo que
eu tente, não sai palavras da minha boca.
- VIU! – Grita Clear pra mim. Ainda chorando. – VIU! PORQUE
EU TENHO QUE IR EMBORA! EU NÃO POSSO FICAR AQUI!
- E... – Digo eu cuspindo as palavras da boca – E porque
não?
- PORQUE EU NÃO POSSO! – Clear esta chorando mais do que
nunca agora – EU NÃO POSSO FICAR ! NÃO POSSO COMEÇAR A AMAR! E SABE PORQUE NÃO?
PORQUE AMAR É SE MACHUCAR! E SE MACHUCAR É BRIGAR! E BRIGAR É PERDER! – Ela
soluçava. Mas estava parando de chorar; Ela volta ao seu tom normal e diz – E
eu...E eu não quero perder você Taylor.
Eu a encarei. E por mais que tentasse eu não acreditava que
isso era real. Então notei que agora eu sabia o que era aquela sensação
engraçada que nunca sentira antes. E era amor.
- Eu também não quero te perder Clear. – Me aproximei de
vagar até ela. E quando fui toca-la. Ela se afastou. Enxugou as lágrimas do
rosto, e depois se virou pra mim:
- Você não precisa ter medo. –Digo eu a ela – Não de mim.
Não de... de nós. Eu nunca iria te machucar.
- Aé? Como você sabe disso?
- Porque eu também gosto de você. E se fosse pra passar a
vida inteira numa ilha... Só seria com você.
Ela me olha. Por um instante pensei que ela fosse me socar.
Mas para minha surpresa ela só me abraçou.
- Nunca mais me de um susto desse – Disse eu a ela – Como eu
já disse. Não vou te perder.
O abraço ganha mais intensidade. Meus olhos estão fechados.
Mas quando os abro tenho uma surpresa que me faz quase pular. Clear faz menção
a falar e ela tampo sua boca, com minha mão. E com a outra livre eu a viro, de
modo a ela poder ver o que esta atrás dela. Ela arregala os olhos ao ver o leão
que tinha as suas costas. “Não diga nada” sussurro pra ela. O leão nos encara.
E nós ficamos parados. Olho pros lados e percebo que tem uma andorinha morta
caída no chão. Acho que era a presa do leão até ele achar agente. Então bem de
vagar inclino pro lado e pego a andorinha, levo Clear pra trás de mim e ela
sussurra “cuidado Taylor”. Jogo a andorinha pra ver longe. O leão só olha. Mas
não vai atrás. Acho que ele viu em nós uma presa melhor do que um pequena
andorinha. Quando percebo que o perigo é eminente digo a Clear:
- Corre.
- O que? Não. Não vou te deixar sozinho aqui com esse leão.
- Vai logo.
Ela hesita. Mas acho que viu alguma coisa e então correu. Ao
ver Clear correndo, o leão tentou correr em direção a ela, então peguei um tronco
caído e bati na cabeça dele. Ele caiu no chão e pareceu tonto. Mas não durou muito tempo, logo eu já vi a
boca dele mordendo minha perna. Dei um grito. E bati agora e com mais força na
cabeça dele com o tronco. Ele soltou minha perna, e eu comecei e bater nele na
altura das costelas, ele caiu no chão e ficou imóvel. Então eu comecei a andar
pra trás, ainda olhando pro leão, mas isso foi um grande erro, porque eu não vi
os troncos caídos no chão atrás de mim, e cai. Quando cai o leão subitamente
acordou, como se soubesse o que iria acontecer e veio na minha direção. Não deu
tempo de me levantar e ele já estava em cima de mim, coloquei o tronco na sua
boca, e medi força contra ele. O tronco começou a quebrar ao meio. O tronco
estava quebrando. Ele não ia conseguir resistir ao leão. Quando eu já estava aceitando
a morte, alguma coisa úmida começou a molhar minha camiseta. O leão parou de
fazer esforço. Seus olhos começaram e fechar e então ele caiu pro lado.
Ofegando eu olhei pra cima e vi Clear ali. Acho que foi isso que ela viu antes
de sair correndo. Um tronco com uma extremidade pontuda. Ela apunhalou o leão
no meio com a parte pontuda do tronco.
- Você... você matou um leão pra me salvar? – Pergunto pra
ela.
- Bom... Isso não foi tão diferente do que você fez por mim.
Minha camiseta está encharcada de sangue. Ela estende a mão
pra mim. E me ajuda e levantar. Quando piso no chão sinto uma dor brutal vindo
da minha perna. Isso fez parecer que a pontada do Ouriço do Mar, fosse
brincadeira de criança. Minhas pernas não estavam me segurando mais. Uma
queimação estava saindo da mordida do leão. Eu não iria conseguir andar.
- Ai meu Deus Taylor! O que aconteceu com a sua perna?
- Ele me mordeu – Aponto pro leão.
Clear praticamente me carrega até o mar.
- Porque agente ta no mar? Não é melhor eu ir pra caverna?
- Não. Você tem que molhar essa perna.
- Mas...
- Taylor... Fica quieto. E me deixa cuidar de você.
Não digo nada. Clear limpa meu ferimento. Ela rasgar quase a
metade da camiseta dela, e enrola na minha perna. O sangramento pára. Mas a dor
ainda é horrível. Clear passa o resto do dia me trazendo frutas. E fritando
peixes na fogueira, que ela fez e trazendo pra mim também. A noite, ela me leva
pra caverna e eu durmo.
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