quarta-feira, 31 de julho de 2013

Capitulo 14 – Who I am.

Emily me ajudou a subir, mas eu já não sabia o que fazer. O que é estranho, porque eu sempre sei. Eu olhava para Austin e tudo que eu sentia por dentro ele demonstrava por fora, estava completamente devastado. Ficamos alguns segundos em silencio até ele dizer:
- Amora conseguia me tirar do sério, e seu idiota. Mas ela era forte e corajosa e eu sempre admirei isso nela.   
-Austin... Eu não quero ser indelicada mas, precisamos ir.
- Eu sei – Ele respirou fundo vamos lá – Eu coloquei a mão em seu peito e olhei no fundo de seus olhos.
- Eu sinto muito.
- Eu sei que sim – Odeio quando ele faz isso. Austin sempre compreende, as vezes eu só quero que ele grite ou brigue comigo mas ele nunca faz isso. Ele sempre entende. Eu me sentia mal, eu deveria ter ido no lugar de Amora. Mas agora vai adiantar falar isso? Eu deveria ter pensado melhor, enquanto ela estava viva. Agora já era.
- Caramba! Que demora foi essa?! – Perguntou Dylan – Cadê Amora? – Eu balancei a cabeça negativamente. Todos se calaram. Descemos do duto direto na ala restrita. E ali estava, um portinha que ligava um “escorregador” de lixo até a lixeira.
- Vamos nessa – Disse Link.
- Só mais uma coisa – Eu disse, puxei minha arma e atirei na cabeça de Ryan.
- NÃO! – Emily segurou ele enquanto ele caia e sangrava em seu colo. Engraçado, não sinto remorso. Não sinto nada – PORQUE VOCÊ FEZ ISSO?!
-Cheque os bolsos dele – Link e Mike me olhavam de boca aberta. Emily me olhou com os olhos inchados de lágrimas, depois olhou nos bolsos dele. E tirou uma faca de lá. Agachei e tirei de seu ouvido uma mini escuta com câmera – Ele estava grampeado.
- O que? Não... Ele, ele ia ajudar a gente. Ele não é como os outros – Disse Emily, balançando a cabeça.
- Eu também achava isso, até eu passar pela sala de Phil e ele estava conversando com alguém, por escuta. Phil não podia nos deixar sair daqui, e já que não podia nos deter estava autorizado a matar. Então...
- Ryan nunca nos mataria – Disse Emily.
- Isso não vamos mais saber – Dylan estava me olhando diferente, parecia até com orgulho.
- Gosto quando você da uma de espeta – Disse ele.
- Traidorzinho de merda – Disse Mike. Ele se virou, pegou sua mochila e pulou no escorregador. Link foi depois, e então Dylan.
- Emily vamos – Ela não respondeu, ficava acariciando os cabelos de Ryan, deixando suas lágrimas pingarem no rosto dele, sua respiração tranqüila fazendo seu corpo subir e descer e foi ai que eu percebi. Virei meu rosto para Austin e dei sinal para ele descer, e ele o fez – Você não vai vir, não é? – Ela balançou a cabeça – Não vou conseguir te convencer não é? – Ela balançou a cabeça de novo – Tudo bem. Boa sorte Emily.
- Pra você também – Eu virei as costas pensando se isso é o certo a ser feito, e desci. Eu consegui ouvir Phil gritando de raiva, e Emily gritando de dor. Pensei em voltar, mas agora já era tarde. Cai no lixo e Austin me ajudou a sair.
- Argh, que nojo – Disse tirando lixo de cima de mim. Austin afastou o cabelo do meu rosto e disse:
- Você continua linda – Eu dei um sorriso tímido e Austin puxou meu rosto e me deu um beijo.
- Hmmm, já tava demorando – Ouvi Link dizer, Austin sorriu. Estavam todos dando risada, essa é a vantagem de viajar com homens, eles sempre fazem você rir. E agora eu sou a única mulher aqui.
- Eu estava começando a pensar quando isso iria acontecer – Disse Mike.
- Austin, pode ficar tranqüilo porque eu aprovo – Disse Dylan rindo.
- Haha muito engraçado – Disse sarcasticamente e meio envergonhada. Ouvi um barulho, os sorrisos de desfizeram, e a realidade nos atingiu como um tapa – zumbis – sussurrei. Tirei minha faca do cinto, percebi que aqui fora está tão ruim quando lá dentro. A neve cobria todo o chão, o que encobria o barulho dos zumbis e diminuía nosso ritmo.
- Qual o plano? – Perguntou Link.
- Dar o fora. Dylan você arruma um carro e a gente te da cobertura – Ele assentiu, e começou a andar. Eu fui atrás dele e Austin na esquerda,Link na direita e Mike corria na frente. Os zumbis estavam todos aglomerados correndo atrás de nós. Austin passou o machado na garganta de um zumbi  fazendo seu sangue espirrar na sua camiseta, enfiei a faca na barriga de outro ele se inclinou e eu enfiei na cabeça dele. Olhei pra trás Dylan tinha entrado dentro de um Sandero, eu escorreguei na neve, bati a cabeça na traseira do carro, minha testa começou a sangrar pingando no chão. Os zumbis pararam.
- Dallas! – Austin agachou e olhou minha testa, os zumbis farejaram o ar e depois atacaram mais sedentos do que nunca.
-Eles querem meu sangue – Sussurrei. Austin segurou firme o machado e levantou decepando a cabeça de um zumbi. Eu olhei para direita e vi lá no fundo um corpo – eu tenho um ideia – peguei minha faca e cortei minha mão no meio.
- O que você ta fazendo?! – Levantei e corri. Ouvi o carro ligar, Dylan conseguiu. Corri rápido, Os zumbis vinham mais rápido ainda. Passei minha mão numa arvore, alguns deles pararam e ficaram lambendo a arvore. Um deles pegou minha perna, eu conseguiu sentir o álito frio do errante na minha nuca, e pelo canto do olho via seus dentes podres e língua quase tocando meu rosto. Puxei a língua dele e cortei com a faca. Depois enfiei a faca em sua cabeça. Outros caíram em cima de mim, eu comecei a me rastejar no chão. Deixando um rastro de sangue sobe a neve branca. O corpo estava ali, uma mulher tão magra que provavelmente morreu de fome. Seu rosto ainda tinha cor, morreu agora, então seu sangue ainda está fresco. Passei minha mão na perna da mulher, consegui me levantar. Cortei o braço dela, e segurei um galho de arvore. Os errante pegaram o braço da mulher, e de repente estava todo aquele aglomerado em cima da pobre coitada.
Subi na arvore e pulei para outra enquanto os zumbis estavam ocupados com a mulher morta. Corri de volta, e eles estavam esperando por mim.
- Você é maluca, sabia? – Perguntou Dylan.
- Completamente insana – Disse Mike.
 -Adoro isso em você – Disse Austin, ele sorriu e passou gazzi na minha mão. Abracei ele, não adianta a onde formos a situação vai ficar cada vez pior. Mas isso não impede que lembremos qual o significado da palavra “amor”.
-Então caras – Disse indo até o carro, e abrindo um red Bull que eu tinha pegado dentro da Island Hope Corporation – onde querem ir agora? – Eles se entre olharam.
- Hollywood? – Perguntou Link. Eu sorri pra ele.
- Los Angeles então – Entrei dentro do carro. Austin no banco do passageiro como de costume, ele começou a olhar dentro do carro e achou uma caixinha de som a pilha. Ele plugou um pen drive na caixinha e começou a tocar Back In Black do Ac\Dc. Eu sorri, nunca pensei que fosse ouvir musicas de novo. E essa é perfeita.
Eu me sentia bem, porque por mais que parece estranho eu vivia cada dia como se fosse o ultimo. Um passo de cada vez. Apesar de saber que nenhum de nós é feliz como costumava ser, agora estamos bem. Cada um tem que lidar com seus próprios demônios, não podemos deixar os fantasmas do passado nos atormentarem, porque no final nossos próprios inimigos somos nós mesmos.
Pela primeira vez eu sabia, quem sou eu. Eu sou Dallas Kingsley, uma sobrevivente.





Fim.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Capitulo 13 – Have a little faith.


Eu conseguia ouvir os passos dos guardas a nossa direção:
- Tudo bem,sabem aquela garotinha loira lá na ala da alimentação? – Eles assentiram – ela tem uma mini escuta com câmera no ouvido, não chega perto dela.
- Não é mais fácil a gente simplesmente ir embora? – Perguntou Mike.
- Eles estão fazendo testes com humanos, você acha mesmo que vão deixar a gente simplesmente sair? – Perguntei me irritando, guardas se aproximando – eu preciso de vocês na ala da medicina em vinte minutos! – Joguei meu cartão de passe para Austin. Os guardas entraram, agarraram meus braços e me arrastaram pra fora do quarto – MAS QUE POR...
- SOLTA MINHA IRMÃ! – Dylan veio correndo atrás do guardas.
- Dylan é melhor você ficar! – Ouvi Phil dizendo.
- PHIL O QUE ESTA ACONTECENDO?! – Gritei.
- EU NÃO SEI! – Gritou ele em resposta – VOU TE TIRAR DE LÁ DALLAS! – Um tempo depois eu perguntei.
- Porque estou sendo presa?
- Não nos falaram nada – Respondeu o guarda, eu dei um sorriso discreto. Eles me jogaram numa cela entre Nolan e Aiden, e quando já tinham fechado a porta eu perguntei.
- Vocês são Aiden Campbell e Nolan Flint?
- Sim – Responderam.
- Dallas Kingsley.
- Ta de brincadeira – Vi um sorriso no rosto dos dois, Nolan e Aiden são filhos de amigos do meu pai, eu brincava com eles direto quando éramos crianças, não estava nos planos, mas não posso deixá-los aqui.
- Tão vendo essa grade de proteção em cima? – Perguntei me levantando – Quando eu disser “já” puxem com toda sua força.
- O que?! – Perguntei Aiden.
- Só faz o que eu to falando – Agarrei a grade, meu braço e costelas estão bem melhores, - Já – puxei a grade com toda força que eu consegui juntar, as grades são enferrujadas, se juntar muita força e determinação consegue quebrá-las. A grade caiu, minha respiração estava acelerada, e meu coração batendo forte. Não acredito que vou ter que entrar num duto de novo.
- A gente vai fugir. Como eu nunca pensei em passar pelos dutos de ar? – Disse Nolan.
- Aiden, sobe você primeiro e me ajuda aqui.
- Tudo bem – Respondeu ele, ele subiu com facilidade, Aiden é o mais alto de nós, ouvi ele rastejando até estar acima de mim e me puxar, depois puxou Nolan também – E agora?
- Por aqui – Me rastejei até o final do duto e virei um curso, passei por um grade de proteção do quarto de Phil.
- Essa garota sabe de tudo, e começa a me irritar – Dizia ele - se depender de mim, ela não sai daquele lugar mais – Revirei os olhos e voltei a rastejar, virei num duto e depois no outro, ouvi um grito. Olhei pro lado.
- Fiquem ai – Sussurrei.
- Dallas – chamou Nolan, olhei pela grade de proteção. Austin.
- Onde você conseguiu isso? – Um homem de cabelos grisalhos, Chris. Austin estava preso a uma cadeira, Chris a cada vez que perguntava e não obtida resposta arranhava Austin com uma faca no braço, Chris segurava o cartão de passe. Droga, o que eu fiz?
Me virei para Nolan e Aiden.
- Continuem reto e virem a direita, vocês vão ver pessoas na sala dos médicos. Ajudem eles a entrar e me esperem.
- O que você vai fazer? – Perguntou Aiden.
- Se eu não voltar em 10 minutos, sigam reto sem mim.
- O que? Não! – Nolan me segurou, eu dei as costas pra ele e chutei a grade de proteção, ela quebrou na primeira desci dentro da sala. Chris se assustou, ele abriu a boca pra gritar e eu soquei seu rosto, ele cambaleou tonto e esse foi o tempo de eu pegar sua faca. Ele pegou um cassetete, e bateu no meu rosto.
- DALLAS! NÃO! – Ouvi Austin gritar. Senti meu olho inchar, eu estava caída no chão de olhos fechados só conseguia ouvir os passos de Chris, ele vinha em minha direção, virei rápido no chão me apoiei com os dois braços no chão e chutei seu rosto, ele vinha pra cima de mim e eu enfiei a faca na sua barriga. Senti seu sangue escorrer pela minha mão e vir pelo meu braço, olhei em seus olhos vi os sonhos, ambições, desejos se esvaírem deles. A vida fugia dos olhos de Chris, e tudo que vinham neles era surpresa, ódio, agonia, dor, a cor sumiu, ele caiu de joelhos no chão me levando com ele. Eu puxei a faca e ele caiu, de olhos fechados.
Meu Deus o que eu fiz? Mato vivos agora? Uma vez eu disse “sem humanidade somos apenas zumbis com o coração batendo” será isso que eu sou? Ou será que nem coração eu tenho? Eu estava com uma sensação horrível no estomago, minha cabeça trabalhava fervorosamente para me lembrar de que não sou uma pessoa ruim, mas eu já não acreditava mais nisso.
Matei uma pessoa, estamos num apocalipse zumbi e os maiores inimigos são os humanos, qual a diferença entre Chris e um zumbi qualquer? Os dois queriam me matar, mas Chris tinha escolha. E ele escolheu me matar. Era ele ou eu, e se eu morresse Austin também.
-Dallas? – Ouvi a voz de Austin muito distante, olhei meu reflexo na poça de sangue e não me reconheci, deve ser porque o sangue que eu tinha nas mãos não era meu. Quando se mata um zumbi você fica na cabeça “eles não são humanos” “eles são monstros” para nos convencer que o que fazemos não é errado. Eu não sei mais o que é errado. Agora, quando se mata um humano uma parte de você se quebra. A parte do “escrúpulos”. Será que vale uma vida pela outra? Matar um e salvar outro? Acho que sim quando se trata de salvar uma pessoa boa como Austin, e matar alguém ruim como Chris. Mas eu nem o conhecia, então como vou saber se ele merecia morrer? – Dallas? – Existe isso que merecer morrer? – Dallas? – Olhei para Austin, quando finalmente o ouvi. Sacudi a cabeça para afastar todo tipo de pensamento e me levantei, usei a faca para cortar as amarras de Austin. Ele olhou meu olhos, e depois me abraçou. Incrível como um abraço de Austin pode curar qualquer ferida que seu coração guarda.
- Você ta bem? – Perguntei.
- Eu to legal – Eu respirei fundo.
- Vai sobe ai – Ele assentiu e subiu – temos 5 minutos, antes que venham atrás de nós. O que diminui nosso tempo de sair desse lugar.
- Vem – ele estendeu o braço pra mim, eu peguei gazzi que tinha na mesa e subi.
-Desculpa por te por nisso – Disse enrolando a gazzi no braço dele.
- Tudo bem, não foi sua culpa.
- Isso que aconteceu aqui... Vai atrasar nossa missão– Comentei.
- A gente consegue.
- Não sem uma distração.
- Mas você tem uma ideia – disse Austin.
- Claro, vamos – Ele foi rastejando até de mim, e viramos a direita estávamos todos no duto, incluindo Emily e Ryan – Olha, aconteceu um... Acidente lá atrás. Não vai ter som, então vão entrar lá em 5 minutos então precisamos de uma distração.
- Eu vou – Disse Amora – eu faço a distração.
- Amora... – Disse Austin.
- Eu vou! – Ela estava determinada.
- Você precisa voltar e subir aqui e depois é tudo muito rápido – eu respondi – você tem certeza? – Ela assentiu.
- Austin, eu sei que desde que Lola morreu você e eu não temos conversado muito...
- Não... – Ele disse.
- Me deixe terminar – Ela disse – eu vou fazer isso, e me redimir com você.
- Não precisa disso – Disse Austin.
- Então, eu vou me redimir comigo. E pra mim isso é necessário – Amora olhou pra mim, e me abraçou – cuida dele – sussurrou ela. Era como se ela soubesse que ia dar errado, e que não voltar. Tenha um pouco de fé.
- Eu te dou o sinal e você distrai – Eu disse. Ela assentiu e desceu.
Esperei um pouco e bati de leve, três vezes na parte de fora do duto. Amora saiu da sala, eu a ouvi gritar.
- AI! SEU ÓTARIO – Fechei os olhos, ouvi ela andando rápido e com passos pesado, um barulho oco ela deu soco no rosto de alguém.
- Vão – Eles começaram a rastejar, estava tudo quieto. Até que, a porta abriu com violência e Amora entrou deslizando caída no chão. O cara tinha em direção a ela, já tinha o visto antes, cabelos cacheados, olhos injetados, eles estava elétrico. Drogado.
O homem pegou uma  seringa, Amora pegou um vaso de vidro e quebrou na cabeça dele. Ele caiu, e injetou o liquido transparente na perna de Amora. A camuflagem.
Amora caiu instantaneamente no chão, teve um ataque epilético, espuma verde saindo de sua boca, seus olhos estavam injetados agora. O homem se assustou e saiu correndo. Austin ficou paralisado, mau conseguia respirar, eu desci, e procurei um antídoto, mas não tem nada disso aqui.
- NÃO TOCA NELA! – Disse Emily – SE TOCAR, VOCÊ SE CONTAMINA! – Queria abraçar Amora, dizer que ia ficar tudo bem apesar de saber que não vai, queria passar a mão em seus cabelos, queria tocar nela.
- Dallas por favor não a toque... Já perdi ela, não posso te perder também –  Austin respirava suave, e chorava silencioso, limpava as lágrimas para que ninguém visse mas eu vi. Amora tremia, ficava pálida, realçando seus cabelos ruivos. A pior parte,foi quando ela parou de se mexer. E seus olhos continuaram abertos, espuma escorria se seus lábios, e seu coração parou de bater. Peguei uma luva, coloquei, fechei seus olhos.
Tem momentos na vida que a gente para e pensa “como pode piorar?” tem momentos que a está tudo tão ruim, que você não consegue lembrar de dias melhores. Tem dias que as coisas estão tão escuras que você não consegue enxergar a luz. É incrível como um dia ótimo pode ser destruído por causa de uma pessoa. Como uma pessoa fazendo a escolha errada acaba com tudo. E quando você estiver em um desses dias lembre-se: Não é vingança se você faz uma pessoa tomar do seu próprio remédio, é apenas dar o troco.

Tudo que eu quero agora é sair daqui, porque entre pessoas e zumbis definitivamente eu prefiro zumbis.

domingo, 28 de julho de 2013

Capitulo 12 – Don’t trust anyone.

 Quando acordei tinha uma luz que castigava meus olhos, não sentia uma dor nova, ou seja, não fui mordida. Estava sobe uma mesa de cirurgia de metal gélida, com pulsos e tornozelos presos. Levantei meu rosto, estava cercada de pessoas que eu não conheço.
- Ei garota, calma – Disse uma garota loira, de olhos pretos, magra.
- Só vou me acalmar quando souber quem é você – Respondi.
- Emily. Prazer – Não respondi.
- Chris  – Um homem grisalho.
- Ryan – Homem, tinha cabelos castanho – É bom te conhecer Dallas.
- Como sabe meu nome?
- Eu disse – Phil estava do outro lado da sala – Estamos na Island Hope Corporation.
- E porque diabos eu estou presa?
- Não está presa – disse Emily – isso só...
- Impede que eu me mexa. Fizeram uma cirurgia? – Olhei ao redor na sala – Não... Refizeram meus pontos. Ao julgar pela dor que eu não sinto, temos anestesia aqui.
- Você é melhor do que me disseram – Disse Emily.
- É claro – Respondi.  Ela me soltou. Me sentei – cadê meu irmão?
- Em segurança – Respondeu Chris.
- Não foi isso que perguntei – Respondi. Ryan riu.
- Gostei dela. Tomando banho – Respondeu Ryan.
- Banho? – Essa é a coisa mais mágica que ouvi em meses.
- Temos nossa própria fonte de água aqui – Respondeu Ryan.
- Interessante – Phil me ajudou a levantar, e saímos da sala. Não confio nesse lugar, alguma coisa me incomoda.  O lugar era todo branco, estreito e circular. Vários andares, e o único que escuro era o ultimo – o que tem lá embaixo?
- Prisão – Olhei para Phil – somos uma comunidade aqui. Temos regras, quando são quebradas vão para prisão – Não respondi. Tinham muitas pessoas aqui, descemos as escadas, ala alimentar, um falatório incessível vinha de todos os lugares, era horrível. Todos pareciam felizes, e comiam tanto.
- Essas pessoas estão tão calmas, parecem não saber o que tem lá fora – Disse.
- Não sabem, eles foram trazidos no inicio. Agora está bem pior – Essa é a pior parte, essas pessoas nem ao menos sabem o que a lá fora. Uma garotinha loira passou saltitando por mim, me olhando pelo canto do olho. Descemos as escadas novamente, ala dos quartos. Número 4.
- Ei mana! – Dylan parecia feliz, só eu estou com essa sensação ruim?
- Oi.
- Dallas pegue isso – Disse Phil – é um cartão de passe para ala medica. Você tem dotes, e talvez precisaremos deles.
- Pra que? – Peguei o passei e guardei na calça.
- No momento adequado, saberá. Vou deixar vocês sozinhos – Phil saiu. Eu andava e respirava bem melhor agora, pensei que nunca mais fosse viver sem dor. Sentei na cama.
- Você ta bem? – Perguntei.
- Estou – Ele sentou na cama dele.
- Eu não sei, esse lugar está seguro demais pra mim.
- Como assim?
- É tudo bom demais Dylan, não sei. Não confio aqui – Respondi.
- Quer ir embora? – Perguntou ele.
- Não sei.
- Bom, quer saber meu lema?
- Você tem um lema? – Disse sorrindo.
- Tenho – Respondeu – Viva cada dia como se fosse o ultimo, não importa se esse lugar não é de confiança, qual realmente é? Se formos atacados aqui, tudo bem. Sabemos nos defender, e se morrermos, tudo bem também. Pelo menos estaremos com Bryan – Olhei para Dylan – sabe, eu acho que não devemos ter medo de viver, se estamos felizes falamos, se estamos tristes falamos, se amamos alguém falamos. Não deixe de falar, não vai querer morrer e deixar a pessoa sem saber.
- Viva cada dia como se fosse o ultimo, então – Disse. Ele sorriu. Nosso quarto como o resto do lugar era branco, a única coisa preta era um relógio perto do teto. Um relógio digital, de números verdes, 1:30 da manha. Dylan deitou.
- Ah... A quanto tempo eu não durmo numa cama de verdade?
- Desde os Smiths? – Fiquei pensando como eles estariam agora? Mortos? Vivos? Mortos-Vivos?
- É... – Eu deitei também, fiquei olhando para o teto, para a grade de proteção, para nossas bagagens no chão. Passaram-se 2 horas e eu não consegui dormir, levantei. Fui tomar banho, lavar o cabelo. Água quente, pensei que nunca mais veria isso. Não tomo banho desde os Smiths. Me olhei no espelho, droga eu estou horrível. Mais magra do que o comum, olheiras. Escovei os dentes, peguei uma jaqueta, lanterna e sai. Estava tudo apagado, ninguém nos corredores, fiquei curiosa e desci as escadas. Para prisão. Liguei a lanterna.
- Quem está ai?
- A questão é – Comecei – quem está ai? –Me aproximei.
- Aiden – Respondeu outro homem, um mais velho. Barba por fazer,magro mas robusto, careca.
- Dallas.
- Nunca te vi por aqui – Ele agarrou as barras da jaula , olhei dentro dela.Uma jaula tão velha e enferrujada quanto aquela que fiquei presa.
- É porque eu cheguei hoje.
- Então saia – uma voz na esquerda - Nolan – Um homem alto, magro, de cabelo com topete preto. Estava em outra jaula.
- Porque?
- Esse lugar não é seguro – Eu sabia – Fomos presos por xeretar. Vai embora.
- Mas... – Ouvi passos, desliguei a lanterna e subi as escadas.
- Com quem estavam falando? – Ouvi uma voz vindo de baixo.
- Ninguém senhor – um guarda. Voltei a andar, subi as escadas para ala alimentar, e depois subi para ala médica. Me escondi atrás da mesa.
- Não podemos continuar com isso – Disse Emily, colocando um frasco de liquido transparente na mesa. Não era água.
- E temos escolha? – Disse Ryan – temos que fazer.
- Mas essa coisa de camuflagem – Emily se sentou numa cadeira – é perigoso.
- Eu sei mas...
- Sem conversa – Phil chegou – temos que conseguir uma camuflagem nova hoje! E espero resultados melhores!
- Tudo bem Philip – Disse Emily. Phil assentiu e saiu.
- O que ta fazendo aqui? – Austin chegou por trás e me deu um susto. Eu fiz um gesto para ele me seguir, e subimos agachados as escadas para uma ala que eu não tinha ido. Na verdade a única coisa naquele andar,era uma porta isolada e uma janela gigante na parede branca.
- droga, você me assustou – Sussurrei – eu não conseguia dormir então vim dar uma volta.
- E espionar as pessoas?
- Não confio nesse lugar – Respondi.
- Parece... Seguro demais? – Perguntou Austin, eu assenti – concordo. Phil parece... Diferente para você?
- Mais ou menos. Só acho que precisamos sair daqui – Disse.
- É, não sei se é mais perigoso aqui dentro ou lá fora – Comentou Austin. Estávamos observando Emily e Ryan trabalhando lá embaixo.
- Aqui dentro, sem duvidas – Austin me olhou – Pessoas... Nunca sabemos o que elas querem, se o que dizem é verdadeiro. Mas com os zumbis é diferentes, eles querem sempre a mesma coisa.
- É... – Olhei para trás, andei até a janela, e fiquei observando as estrelas. Até o dia começar a clarear, e voltarmos para nossos quartos para que não notassem nossa ausência. No dia seguintes, fomos para a ala alimentar cedo. Comi frutas, pão com queijo, e suco de laranja. Peguei minha bandeja e sentei na mesa em que Emily e Ryan estavam.
- Bom dia Dallas – Disse Emily, Ryan apenas sorriu.
- Bom dia.
- Parece bem melhor, desde ontem.
- Como sabiam fazer pontos? – Perguntei.
- Éramos médicos antes disso tudo começar – Respondeu Emily.
- Você não tem cara de uma médica convencional – Disse. Ela sorriu.
- Eu fiz curso técnico de medicina,mas me formei em ciências junto com Ryan – Terminei meu café.
- Tudo bem, obrigada – Ele assentiram. “Tome este cartão de acesso Dallas, você tem dotes e pretendemos usá-los” ninguém está aqui sem motivos, eu tenho boa audição, e sou boa em matemática. Emily e Ryan se formaram em ciências. Eles precisam de nós. Levantei, e deixei minha bandeja na mesa ao mesmo tempo de Austin.
- Descobriu alguma coisa? – Perguntou.
- Vem comigo – Demos a volta e subimos por uma escada que tinha por trás da ala.
 - Temos que sair daqui – Disse, fomos até o ultimo andar.
-Ta, mas como? – Fechei os olhos. Para que o som penetrasse meus ouvidos, com mais facilidade, como acontece com os cegos.
- Tem uma goteira – Eu disse.
- Onde? – Puxei Austin, fazendo-o colocar a orelha na parede – Dentro na parede? – Assenti.
- E você consegue ouvir a gota, porque o cano de pressão da água esta vazando e a gota caindo sobe de um objeto de metal. Duto de ar.
- ótimo.
- Mais ou menos – Peguei meu cartão de acesso, e entrei na sala dos médicos – Aqui em cima é a única entrada para o duto de ar que podemos ter, sem que nos vejam.
- ótimo.
- A questão é que só pode ser aberto por dentro.
- Como vamos estar dentro, se não podemos entrar? – Perguntou ele. Sai da sala e tranquei com o cartão, subimos as escadas.
- O duto de ar passa por essa parede e sobre – Mostrei com o dedo.
- Sobe pra onde? Não tem pra onde ir. – Disse Austin.
- Lá em cima é área restrita – Eu disse – as moças que trabalham na ala alimentar são as únicas que podem entrar lá em cima, elas jogam o lixo no duto que...
- Da direto na lixeira, do lado de fora! – Disse Austin. Olhei no relógio da parede, ouvi passos. O plano está dando certo. Peguei na mão de Austin, puxei meu cartão de passe, e forcei uma entrada na sala misteriosa. Austin entrou depois de mim, fechei a porta e liguei a luz. Austin se assustou, e disse baixinho:
- Mas que porr...
- Sabia – Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Um lugar nunca é 100% seguro.
Tinham pessoas amarradas a mesas, se debatendo e grunhindo. Algumas zumbis, outras humanas mas muito doentes, e outras que eu nem sei dizer. Não estava morta, não estava viva, não era zumbi, eu não sei. Era bizarro o modo como elas cuspiam liquido verde borbulhante, olhos vermelhos.
- Que é isso?! – Emily.
- Eu sei o que esta acontecendo aqui Emily.E sei que você não concorda com isso – Emily e Ryan eram uma das poucas pessoas que eu achava que ali dentro, eram corretas.

Mais tarde reunimos todo nosso grupo no meu quarto.
- Temos que sair daqui – Disse.
- Sem chance – Disse Mike – eu to me divertindo aqui.
- Mike eu não to ligando para com quem você transa, eu só não quero ver você morto.
- Como é? – Perguntou Phil.
- Phil, acho que você tem que saber de uma coisa. Os médicos estão fazendo uma camuflagem contra os zumbis...
- E isso é bom – Disse Link.
- Quando cientistas fazem uma coisa nova, vocês acham que eles simplesmente lançam? Não, eles fazem testes. E em quem fariam teste?
- Ai meu deus – Disse Phil.
 - E as camuflagens não estão funcionando, eles fazem testes e as pessoas se transformam, ou ficam doentes, ou morrem.
- Seremos os próximos – Disse Link.
- Por isso estão nos juntando aqui – Disse Phil – eu não tinha ideia.
- Eu sei – Respondi – mas temos que sair daqui.
- Como? – Perguntou Phil.
- Ainda não sei – Respondi.
- Tudo bem – Phil se levantou – eu preciso de um minuto pra pensar – ele passou a mão no cabelo – vou no banheiro. Já volto.
- Tudo bem – Respondi. Ele saiu. Olhei para de baixo da porta, sua sombra se afastou – filho da mãe.
- O que foi? – Perguntou Dylan.
- Essa saída foi minha confirmação – disse baixo – Phil é um deles – Silencio.
- Filho da mãe - disse Mike.
- Suponho que você tenha um plano – Disse Link.
- Lógico que eu tenho, mas se estou certa e sei que estou, Phil foi chamar os guardas então serei presa.
- Então porque você contou na frente dele?! – Dylan levantou irritado.
- Porque eu preciso ser presa– Dylan sorriu.
- Sempre sabe o que faz – comentou ele - Essa é minha garota.

- Eu tenho que ser rápida. Tenho um plano.

sábado, 27 de julho de 2013

Capitulo 11 – Island Hope Corporation.

Era de madrugada, estavam todos dormindo enquanto eu dirigia, começou a nevar. Flocos pequenos e suaves de neve. Provavelmente já é dezembro. Quinze minutos depois, a neve ficou mais constante, mais intensa, questão de minutos e estava tudo coberto de neve. A rua, os corpos caídos na rua, os carros abandonados, as árvores, casas, prédios, tudo.
500 quilômetros se passaram, e começamos a entrar em “floresta”, mata meio fechada. Uma placa escrita “Você acaba de sair de Nevada. Volte sempre”, passaram-se vinte minutos e a gasolina acabou. Já tava demorando, pensei. Estamos a tanto tempo rodando, que eu fiquei pesando quando a gasolina iria acabar. Nos nossos dois lados tinham árvores, e a estrada começava a fechar.
-Ei, acordem.
- O que aconteceu? –Perguntou Link.
- Acabou a gasolina.
- Então vamos pegar outro... Puta merda que frio é esse? – Perguntou ele.
- Ta nevando. Saiam do carro – Disse. Saímos. Peguei tudo nosso, dei duas jaquetas a Dylan, e luvas. Coloquei gorro, e mais duas jaquetas.
- O que vamos fazer? – Perguntou Mike. Meu primeiro pensamento era começar a andar, pegar um carro e cair fora. Mas eles pareciam tão cansados, exaustos na verdade. Não estava sendo fácil esses dias, pra nenhum de nós, acho que merecemos uma trégua.
- Vamos entrar na mata e ficar lá por hoje, amanha andamos pra tentar achar um carro. Tudo bem? – Disse. Ele assentiram. Começamos a andar floresta a dentro, tudo estava complemente branco. Eu tinha que tomar cuidado pra não escorregar, o que era difícil. Andamos por dez minutos, em silencio. Para não chamar atenção indesejada, até que – ta bom aqui – Dylan suspirou e sentou no chão, se encostou na arvore e ficou – Mike, da uma ajuda aqui? – Ele veio até mim.
- O que quer que eu faça, chefe? – Eu ri.
- Só quero que você pegue alguns galhos e deixe aqui. Não muitos, para não levantar fumaça.
- Tudo bem – Ele se afastou.
- Não vá longe – Ele fez positivo com o dedão. Olhei pra trás e fui até um tronco. Fui empurrando ele, até a dor na costela ser demais para eu ter que parar e tomar um fôlego. Austin se aproximou e empurrou o resto do caminho – Obrigada.
- Por nada – Eu sentei no tronco, Mike chegou com alguns galhos, peguei duas pedras e como no tempo das cavernas esfreguei uma na outra até fazer fogo. Amora sentou perto da fogueira e deitou no chão com a cabeça na mochila. Link tava com luvas, gorro, jaqueta, deitou com a cabeça no tronco e voltou a dormir. Phil disse:
- Só falta mashmallow, e história de terror.
- Para que histórias quando temos a realidade? – Perguntei, ele sorriu.
- Foi mau, pelo que disse mais cedo.
- Não esquenta com isso – Respondi. Passou cinco minutos e ele tinha deitado sobe uma jaqueta e dormido. Austin estava cansado também, dentou na grama no meu lado, com a cabeça no tronco em que eu sentava. Mike sentou no tronco ao meu lado.
- Gosto dele – Disse Mike, sobre Austin – é um cara legal, cheio de atitude, ajuda muito, apesar de me odiar e eu nem sei o motivo.
-Deve ser porque você é bonito e ele se sente ameaçado – Respondi.
- Obrigado pela parte do bonito, mas ameaçado porque? – Não respondi, só peguei um graveto e mexi no fogo – a entendi, ele gosta de você. E pensa que eu gosto de você também – Olho pra ele – não, eu gosto de você. Mas, não desse jeito.
- Eu entendi – Eu ri – e eu pensei que homens não entendiam nada.
- Homens entendem homens, e isso é o suficiente – Disse ele. Olhei para Austin – mas sei o suficiente de garotas para saber quando uma está apaixonada – Olhei para Mike – eu sei, é estranho pensar assim, mas...
- Não. Não vou, e não posso me apaixonar por uma pessoa no meio de toda essa tragédia de mundo.
- Na minha humilde opinião, nessa tragédia de mundo é a melhor hora para se apaixonar. Ver a luz, no meio de desgraça. Achar amor na guerra. Guerra não pode ser combatida com guerra só o amor pode fazer isso – Os olhos de Mike cintilavam a luz da fogueira – eu vou me aliviar – Ele se levanto eu foi atrás da arvore. Eu não consegui agüentar e tive que rir, ele do nada sendo todo Shakespeare e de repente volta ao bom e velho Michael. Voltei o meu olhar para Austin, que estava dormindo com meu lado. Eu passei a mão cuidadosamente em seu rosto para tirar a neve, depois do cabelo. E depois só fiquei observando seu rosto, pensando com o que ele estava sonhando, e se estava sonhando, e com quem. Ele parecia tão tranqüilo e sereno. Era bom o observar dormir. Porque eu não to conseguindo. Tirei um cigarro da mochila e ascendi na fogueira, traguei uma vez e soprei. Tava tudo bem quieto.
 Respirei fundo, deixei o ar congelante entrar no meu pulmão e sair sereno. Faz tempo que eu não ouvia o silencio, e só agora percebi como sentia falta do silencio. Clack. Olhei pra trás. Alguém\alguma coisa quebrou um graveto. Joguei neve em cima do cigarro. Outro clack.
- Mike? – Sussurrei. Mike apareceu e sentou no meu quarto, e ficou quieto. Muito quieto.
-Eu vi zumbis aqui – sussurrou ele.
- Fica parado – Respondi. Vinham barulhos de trás e da esquerda. Fechei meus olhos, fazendo com que meu cérebro absorvesse cada barulho por toda floresta. Abri os olhos – Uns 10 – Ficamos quietos por momento, pensando que talvez, só talvez, os zumbis achassem que estávamos mortos, ou coisa do tipo. Mas quando um saiu das sombras, já era tarde.
- Acordem! – Exclamou Mike. Austin acordou assustado, quando Link acordou levantou e escorregou. Joguei neve na fogueira e comecei a correr, correr floresta a dentro. Os zumbis mais lentos por causa da neve tanto quanto nós. Olhei pra trás, Dylan, Amora Link. Do outro, Austin, Mike, Phil, olhei pra frente, zumbi. Brequei com o pé, peguei a faca. Escorreguei, mas não cai. Enfiei a faca na cabeça dele, que ficou presa na arvore. Não deu tempo de tirar. Droga, minha faca favorita.
Continuei correr, a vida é isso não? Corrida. Uma corrida pela vitoria, não importa o quão difícil seja a vida uma hora ela sempre da um jeito de te ferrar. Mas se você souber exatamente como cuidar da sua vida, uma hora, no final, você consegue alcançar a linha de chegada.
 Tropecei num tronco, cai de barriga no chão. Soltei um grito insuportável.

- DALLAS – Ouvi Austin berrando. Não conseguia me mexer, olhei pra baixo, a neve estava vermelha. Eu comecei a sangrar, o ponto se rompeu, eu comecei a sangrar – GRITA! EU PRECISO TE ACHAR! – Eu não conseguia gritar, estava perdendo o foco das coisas – NÃO FAZ ISSO COMIGO! POR FAVOR – A voz de Austin estava perto, mas eu não conseguia falar nada, nem me mexer. O frio invadia meu corpo, e eu passei a perder mais sangue – DALLAS POR FAVOR! – Desmaiei. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Capitulo 10 – Life is sucks.

- Dallas, ta ai? – Mike me chamou no Walkie Talkie, Austin ficou meio irritado pelo fato de Mike atrapalhar nosso beijo.
- Fala Mike.
- Dallas, a bebida acabou eu vou pegar lá em cima. Mas tem alguns barulhos estranhos então vou levar Dylan. Tudo bem?
- Não. Não vai lá em cima, fiquem onde estão!
- Mas...
- Não. Não toquem em nada!
- Tudo bem – Mike desligou. Austin estava encostado no carro, e eu deitada com a cabeça em seu colo. Eu fiquei observando as estrelas, ainda estava meio bêbada por causa do wisky. Eu estava com uma sensação boa, despreocupada. Eu realmente achei que Dylan, Mike poderiam dar conta e ficarem sozinhos.
O sol começou a nascer.
- Acho melhor voltarmos – Disse. Austin me ajudou a levantar, minha costela e braço doíam muito ainda. Entramos no carro, no caminho para o cassino eu disse – Austin... Você poderia...
- Guardar segredo? – Completou ele – claro – Eu assenti. Descemos do carro e eu bati na porta do cassino, começaram a bater com força na parte de dentro do cassino.
- SOCORRO! DALLAS! TIRA A GENTE DAQUI! – Dylan estava desesperado. Minha cabeça começou a doer. Maldita ressaca.
- O que ta acontecendo ai? – Perguntou Austin.
- A GENTE TA CERCADO!! – Gritou Amora. Ótimo.
- O que a gente faz agora? – Perguntou Austin.
- Onde eles estão? – Perguntei.
- LINK ESTA MANTENDO-OS OCUPADOS! – Disse Dylan. Eu não consigo nem me mexer, quanto mais salvar meu irmão.
- Abre a porta.
- Não sei onde ta a chave! – Só pode ser piada. Passei a mão pelo cabelo, girei o anel que Austin me deu.
- Entrem dentro da dispensa. Quando eu disser “já” – Disse.
- O que?  - Disse Phil – ESTAMOS SENDO ATACADOS E VOCÊ... – Bati na porta com o punho direito fechado, com muita força, interrompendo Phil.
- FAZ LOGO A PORRA QUE EU TO MANDANDO SE VOCÊ CONTINUAR COM A PORRA DA SUA VIDA! – Não era pra ser tão ignorante, mas eu não ligo para que pensam contando que eu possa salvar meu irmão – Quando eu disser já. Ouviram?
- Sim. – Responderam.
 – Um, dois, três, JÁ! – Ouvi a porta da dispensa fechar. Um. dois. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. – Tem dez zumbis ai dentro. Eu consigo acabar com eles, mas preciso que você abra a porta, e se não for muito preciso você vai ser mordido.
- Até porque otimismo faz parte do dia a dia – Disse Austin sorrindo. Eu não sorri.
- A porta da dispensa é feita com algum material mais espesso que aço, porém menos forte que metal.
- Como sabe disso? – Perguntou Austin.
- Mike esbarrou nela, e fez um barulho oco. Então eu notei – Respondi pra ele, ele fez aquela cara de surpresa levantando a sobrancelhas- Enfim, temos no máximo, e eu to chutando alto, quinze minutos até os zumbis acabarem com a porta. E temos que chamar a atenção deles pra fora.
- Como?
- Ai se encontra o problema – Respondi girando sem parar de anel prata – Amora tem um grampo no cabelo perfeito pra abrir a porta.
- A quanto tempo sabe disso?
- Desde que a vi pela primeira vez, ela ta sempre com o grampo – Respondi enrugando a testa.
- Então porque não pediu o grampo pra ela? – Perguntou Austin.
- Segundo Dylan, Link estava segurando os Zumbis. O que significa que Link colocou a mesa de sinuca da frente dos zumbis pra ganhar tempo, e nós dois sabemos que a mesa é fraca pra dez zumbis. E não daria tempo de Amora passar o grampo.
- Mais uma vez, como sabe disso?
- Ouvi o ruído da mesa de sinuca, quando eles estavam se locomovendo – Respondi já ficando irritada de Austin ficar me fazendo tantas perguntas. Olhei pra trás, peguei um cartão de livraria no chão. Fiquei me perguntando “quem diabos iria a uma biblioteca em Las Vegas?”  de todo modo não é hora pra ficar pensando em pessoas mortas, mas ajudar as vivas. Agachei e usei as duas mãos, mesmo que mexer com a quebrada doesse. Senti o dispositivo de abertura se deslocando na porta – Austin agacha aqui.
- O que foi? – Perguntou.
- Quando eu disser “já”, você vira o cartão. Vai abrir a porta. Tudo bem?
- Tudo. Onde aprendeu a invadir?
- Digamos que o diretor da minha escola encontrou ovos podres no carro – Sorri. Bons tempos. Austin segurou o cartão, eu fui até o carro. E tirei uma arma calibre 8 de dentro do carro. Fechei a porta com força, pra fazer barulho. Ouvi os zumbis vindo até porta. Fiquei atrás do carro, na mira com a arma – Um, dois, três, JÁ! – Austin girou o cartão, os zumbis saíram agressivos de dentro do cassino. Austin caiu. Atirei no zumbi perto dele, o que o fez cair em cima do Austin. Atirei no outro, mais perto dele. E no outro, fazendo ficar um montinho de zumbis em cima do Austin – Merda – Austin levantou, com um monte de sangue em cima dele. Um errante chegou perto dele, mas eu não atirei. O errante só o cheirou, como se estivesse com duvida. Duvida se o Austin era humano, ou não. No fim, eu me surpreendi. O errante se afastou. Ele se afastou! Austin, sem querer, se camuflou contra eles. Ele andou entre eles, e eles nem grunhiram.
Meu erro, distração, um zumbi me agarrou meu trás. Sua cabeça estava bem ao lado da minha, atirei. Um barulho ensurdecedor ecoou, meu ouvido estava zumbindo. Minha dor de cabeça aumentou, fiquei surda. Olhei pra trás. Tinham 4 dos errantes aqui, andei até o capo e subi. Minha mão tremia um pouco, mas consegui acertar a cabeça de 3. O ultimo deu trabalho, ele puxou minha perna e eu cai amassando a lataria do carro. Ele caiu em cima de mim, atirei de baixo do pescoço. A bala atravessou a cabeça fazendo o sangue sair do topo. Austin vinha na minha direção, estendi a mão pra ele, sinalizando para ele não vir. Ele parou. Andei um pouco, e cai no chão. Eu ainda estava surda de um ouvido, tampei-o. Pra fazer com que os músculos do meu cérebro e ouvido se adequassem ao barulho ambiente e voltasse ao normal. Levantei, andei até Austin.
- Fala alguma coisa? – Disse.
- Tudo bem?
- Ok, obrigada – voltou. Todos saíram de dentro da dispensa – da onde esses caras saíram?
- Eu abri a porta do sótão, e eles estavam lá dentro – Respondeu Mike. Eu avisei pra ele não ir lá em cima, fiquei tão furiosa que não disse nada. Entrei dentro do carro e eles me seguiram.
Minha cabeça tava explodindo, meu ouvido doía. E a dor piorava com a medida que eles não paravam de brigar.
- Eu disse pra você não abrir a porta – Disse Amora.
- Eu não faria isso se o Phil, não ficasse insistindo por um bebida a mais – Se defendeu Mike.
- Nem vem Michael – Disse Phil.
- Cara você desafiou ele pra subir lá em cima, sabendo que tinham barulho – Disse Link.
- Parece que não se cansam de beber! – Disse Dylan. E ele se exaltaram, e começaram a gritar.
- NÃO ME ENCHE O SACO, ESTAMOS TODOS DE PORRE! – Gritou Phil.
- MAS NÃO ERA PRA ABRIR A DROGA DA PORTA! – Disse Amora.
- ENTÃO PORQUE ABRIRAM? – Perguntou Phil – EU NÃO OBRIGUEI NINGUÉM!
- A NÃO?! – Gritou Mike.
- NÃO! VOCÊS FIZERAM PORQUE QUIZERAM! – Se defendeu Phil.
- NEM VEM COM ESSA PORQ... – Eu parei o carro com tudo. Todo mundo se assustou, e olhou pra mim.
- Parem de brigar! – Ele me olharam, como se eu fosse uma intrusa numa conversa particular – Mike o que eu disse?
- Não toque em nada.
- E então o que vocês TODOS fizeram?
- Abrimos a porta – Respondeu Amora.
- Então todos concordamos que é culpa de TODOS?! - Eles assentiram.
- Olha – Disse Phil – desculpa Dallas, sério. Mas você não tem nada haver com a briga. Sabe? Então ...
- Como assim, não tenho nada haver com a briga? – Eu estava tentando ser o mais calma possível.
- Bom, é simples. Você saiu pra namorar nos deixando lá dentro, sozinhos. Então se fizemos alguma coisa errada não é apenas nossa culpa, é sua também – Por incrível que pareça, não me irritei. Estava mais calma do que nunca. Ele só disse o que eu já sabia. A única vez que confio neles o suficiente, a única vez que parei de me preocupar uma merda acontece.
 – Sabe, Phil me responde: Pra quem vocês perguntam os planos, quando estão ferrados? – Ele riu – Quem salvou mais de uma vez a sua vida? – Ele sorriu, sarcasticamente – Vocês estavam cinco, nós em dois. Então não os deixei sozinhos. Quem quase ficou surda, ou nunca se preocupa nos riscos de quase morrer pra salvar a vida de vocês? – Ele me olhou – Não me venha falar que eu não tenho nada haver, porque o que eu mais tenho é haver – Silencio – não estou falando isso pra você se sentir mau, mas eu não ligaria se vocês parassem de gritar porque minha cabeça está explodindo.
- Foi mau – Disse Mike.
- O que você quis dizer com “quase fiquei surda”? – Perguntou Dylan. Meu ouvido ainda zunia, mas é desnecessário preocupar ele com pouca coisa.
-Nada – E com isso seguimos para Bakersfield, California.

O nosso maior erro é pensar mais nos outros do que em nós mesmos, não é questão de não contar para não preocupar. É questão de, não vou contar porque não preciso da sua pena. Um ego ferido, ou um ego inflado é o principio da decadência. Pensar que não precisamos da preocupação dos outros, que podemos tomar conta de nós mesmos, que não precisamos de ajuda de ninguém, apesar de saber que todos precisamos de ajuda uma hora ou outra. Isso faz parecer que somos independentes, apesar de cada pensamento assim nos torna cada vez mais dependente. As vezes acho que posso ajudar a todos, e acabo me afundando mais me preocupando com os outros, me afundando mais na minha despreocupação comigo mesma.
Tem dias que meu ego me sufoca.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Capitulo 9 – Fake sympathy.

Quando acordei estava no banco do passageiro, Austin estava dirigindo com sangue nas mãos. Provavelmente ele que me colocou aqui. Respirei, e senti uma pontada muito forte tossi com intensidade e cuspi sangue. Levei minha mão direita na boca e limpando-a.
- Graças a Deus – Anunciou Austin – ela está viva ainda – Eu sorri.
- Por favor não me faça rir – Disse.
- Desculpe – Olhei pra baixo, minha barriga estava enfaixada por gazzi e uma tala.
- Eu não sabia o que fazer – disse Dylan – eu ia transferir o sangue que tinha ali mas não sei se...
- Você me mataria se fizesse isso – Disse, desenrolei a gazzi.
- Como assim? – Perguntou Dylan.
- O sangue que temos além de não estar refrigerado não é meu tipo sanguíneo é só o seu.
- Então aquele sangue só está lá pra ocupar espaço? – Perguntou ele. Eu assenti.
- Austin para o carro – Ele parou no meio da estrada.
- O que foi?
- Eu já acordei, ta na hora de fazer isso certo – Ele me olhou confuso. Olhei pelo retrovisor, Amora estava atrás de mim – Amora abaixa o banco? – Ele girou o “dispositivo”do banco e abaixou o suficiente para eu ficar na horizontal,olhei pra trás Phil - vá no porta malas e pegue uma bolsa vermelha. Dentro tem agulhas, gazzi, desinfetantes e pomada. Traga tudo – Phil saiu do carro – Austin de a volta – Austin saiu do carro e veio pro meu lado, Dylan sentou no banco do motorista – Austin, quando estiver pronto empurre o osso para dentro.
- O que?! – Ele estava perplexo.
- Empurre para dentro, depois você faz os pontos.
- Quanto tempo para anestesia fazer efeito?
- Não temos anestesia – Respondi, ele me olhou como se eu estivesse louca.
- Não vou fazer isso assim, então te entupimos de remédio até você apagar e...
- Não. Se demorar eu morro, perdi sangue o suficiente. Preciso que faça isso agora – Ele olhou pra mim, colocou a mão no meu osso, eu olhei para Dylan e segurei sua mão. De repente senti a uma dor fulminante, era tão mortal que eu não conseguia respirar. Ouvi Mike e Link perderem a respiração também, Amora vomitou e Phil disse:
- Caras, vocês são muito pirados né não? – Honestamente não sei como Dylan agüentou, ele é fraco para esse tipo de coisa e muito forte para outras. Ele ficou olhando nos meus olhos, sorrindo e dizendo “vai ficar tudo certo”, depois eu senti a agulha na minha pele, não sei se mencionei mas agüento dores. E quando a alguma fez a curva com a linha, não senti tanta dor. Talvez eu ainda esteja entorpecida com a dor do osso. Olhei para Austin, ele parecia nervoso e estava um pouco lívido, mas ainda parecia completamente disposto a fazer o que fosse para ajudar.
- Terminei – Disse ele depois de uns 10 minutos, olhei para rua. Nada a vista – E agora? O que eu faço?
- Pegue este frasco,o que parece acetona jogue o liquido numa gazzi e limpe o sangue.
- Vai arder, não vai? – Não respondi, só virei o rosto para Dylan de novo.  Sabe quando você tem um pequeno machucado e vai tomar banho e quando a água toca o machucado arde? Então, essa dor triplicada. Enquanto Austin passava a gazzi em mim, eu ficava pensando, como eu fiquei desprezando Dylan desde a morte de Bryan. Fiquei tão ligada ao irmão que morreu, que esqueci do que ainda tinha. Austin enrolou gazzi envolta do meu tórax de novo – Isso é tudo? – Eu assenti. Ele colocou tudo na bolsa, Phil levou a bolsa pro porta malas.
- Amora poderia...? –Ele levantou a cadeira novamente, toda vez que eu respirava ficava com falta de ar e tinha pontadas muito fortes.
- Foi incrível sabia? – Disse Link – A garota, cheia de moral, é mais forte do que eu imaginava.
- Do que você está falando? – Perguntei.
- Eu não achei que você fosse conseguir sair de lá, principalmente com uma costela para fora do corpo. Mas você caiu no chão, e correu e pulou no porta malas em 15 segundos. Não 20 – Ele parecia animado me pintando com heroína, não quis estragar a fantasia do cara.
- Ela foi incrível mesmo – Comentou Austin, limpando meu sangue em um pano. E depois começando a dirigir.
- Então caras – Perguntei, fazendo força para falar – para onde vão?
- Para onde todos estão indo, imagino – Disse Mike.
- E seria? – Perguntou Austin.
- Bakersfield – Respondeu Phil.
- California? – Perguntou Dylan – por quê?
- Tem um centro de pesquisas em Bakersfield – Disse Phil – eles estão procurando solução pro problema... “Mortos vivos”
- Uma cura? – Perguntou Amora.
- Uma imunidade – Respondeu Phil.
- Como sabe? – Perguntei – Que eles procuram por isso? Como sabe que eles ainda estão lá?
- Eu era um deles, a um mês atrás vim para cidades a procura de sobreviventes – Respondeu ele – Mantenho contato por este walkie talkie – Ele tirou o walkie talkie de dentro da jaqueta – Sempre a lugar para mais pessoas, venham com a gente – Convidou ele. Olhei para Austin, ele parecia imparcial. Olhei para Dylan, ele concordou com a cabeça.
- Tudo bem, mas antes vamos passar em Vegas – Passamos por uma placa escrito “Las Vegas, 500 quilômetros daqui” e isso foi a ultima coisa que vi antes de adormecer.

- Sabe, você não pode fugir do seu passado- Uma voz anônima e incorpórea falava não sei de onde, estava por do sol. Um céu bem alaranjado, o solo eram feitos de zumbis. Eles agarravam meus pés, me puxavam pra baixo – tudo que você já fez, até mesmo antes do apocalipse e se arrepende. Um dia volta a te assombrar.Não pense que só pelo fato de abandonar o passado fará com que ele abandone você – Um redemoinho de ar, e uma forma se fez. Bryan. Mais atrás Dick. E ao seu lado Lola, eles falavam num uníssono. Não sabia o que era mais assustador, vê-los ou os zumbis me puxando para dentro de suas bocas.
-Eu sinto muito, não era para nenhum de vocês terem morrido.
 -É claro que sente muito – diziam os três – mas não tanto quanto vai sentir. Porque o destino te pega quando você menos espera, alguém pode morrer ou você pode ser enganada. Não é seguro confiar em ninguém,sempre tem pessoas querendo te apunhalar pelas costas. E dessa vez, você foi a falsificadora de compaixão.

Acordei assustada. E depois do que sonhei, decidi que não é mais seguro sonhar.
- Você está bem? – Perguntou Austin. Olhei no relógio do carro, 1:30 da manha.
- Sim – Olhei para Austin, ele parecia tão exausto – deixe que eu dirijo agora.
- Não, tudo bem eu...
- Isso não foi um pedido – Ele olhou pra mim, sorriu e parou o carro. Deu a volta, abriu a porta para mim e me ajudou a levantar, entrou no carro e eu também. O tempo foi passando, e Austin acabou dormindo. Era gostoso vê-lo dormindo, sonhando com alguma coisa melhor do que o que eu sonhei, num mundo paralelo a dor, morte, luto, depressão, ignorância ou desconfiança. Vi a torre Eiffel, caída. E a Estátua da Liberdade em ruínas com a cabeça no chão, chegamos a Las Vegas. As replicas dos monumentos estavam devastados. O lago próximo aos cassínos cheios de corpos, sangue por toda rua, tripas, fígados, dentes, línguas e cabelo para todo lado – Ei acordem.
- Isso aqui é Vegas? – Perguntou Amora.
- Ou o que sobrou dela – O carro balançou, passei por cima de um corpo. Tinha um cassino no final da rua, menos pior que os outros lugares. Ainda tinha um pouco de energia no lugar, o que fazia a geladeira e jogos ficassem ligados. Não tinham pessoas ali, o que não torna o lugar menos inseguro. Mas também não tinha zumbis, e eu não sei se fico tranqüila com isso, porque a ausência do problema não significa que ele não está presente.
-Quem quer Wisky? – Perguntou Mike, sentei na cadeira do bar e bebi uma com ele. Não sei em que hora na madrugada, já estávamos todos bêbados e gritando “vira, vira, vira, vira!” para Mike virar a garrafa de tequila inteira na boca.
- Dallas – Austin me chamou – quero te levar a um lugar.
- O que? Agora? – Ele assentiu, olhei para Dylan.
- Vai, a gente fica aqui. Trancamos tudo, amanha saímos – Disse ele.
- Tem certeza?
- Absoluta – Estavam todos tão felizes, ou bêbados demais que até pareciam felizes, que eu saí sem discutir. Não senti que estávamos tão seguros. Mas não posso me preocupar o tempo todo. Austin pegou o carro e dirigimos a ladeira a cima, até estacionar num mirante da montanha. Ele deixou os faróis do carro acessos, então dava para ver toda floresta que tinha ladeira a baixo. As árvores folhudas e floridas era lindo. E a falta de iluminação permitia que visamos as estrelas. Não podia ter uma imagem melhor, eu sentei na grama e Austin sentou ao meu lado – Incrível – Ele assentiu – Como descobriu esse lugar?
- Eu vim a dois anos aqui com meus pais, ficamos hospedados naquele cassino em que estamos e eu dei uma escapada e vim aqui.
- É lindo – Ele assentiu de novo – Ei, está vendo aquelas estrelas mais ao norte?
- Aham.
- É o cinturão de orion. E essas aqui – Apontei – Essas três, uma atrás da outra são as Três Marias. E a mais afastada se chama Sirius.
- Como você sabe isso? – Ele olhou pra mim e eu pra ele.
- Eu presto atenção na aula – Sorri.

- Gosto do jeito de como você é inteligente – Sorri de novo, ele olhou nos meus olhos e eu nos dele. Ele passou a mão nos meus cabelos, e depois me puxou para um beijo. Não resisti, como antes agora eu também queria. Mas naquele momento, tanto ele quanto eu sabíamos que não iríamos falar disso de novo. Íamos ficar com esse momento só para nós dois, como um segredo. Afinal isso é Vegas, e o que acontece em Vegas fica em Vegas. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Capitulo 8 – Save people, that’s why I live for.

Austin fechou a porta da prisão.
- A gente não pode ficar aqui, temos que sair agora – Disse ele.
- De acordo – Disse, indo até a escada.
- O que aconteceu? – Perguntou Amora.
- A gente ta ferrado, isso que aconteceu – Disse Austin sem olhar pra irmã.
- Lincoln, Phil, Mike! – Ouvi um grito – MIKE!! – Corri escada a baixo.
- DALLAS VOLTA AQUI – Ouvi distante Austin me chamando, mas não dei atenção. Desci a escada correndo passei pelo segundo andar e desci as escadas pro terceiro. Tinham dois zumbis em cima de Mike, Lincoln estava ocupado com um, e Phil com outro. Puxei a blusa do zumbi, agarrei uma corrente que tinha no chão e forcei a corrente no pescoço do zumbi, até o pescoço e a cabeça se separarem. Enrolei a corrente na garganta no outro zumbi, ele ficou se debatendo pra me agarrar. Coloquei minhas pernas em cima das dele, então ele parou de se mover.  A cabeça de separou no corpo também e esta rolou pela sala. Respirei fundo, e me levantei.
- Ta todo mundo bem? – Perguntou Link. Phil assentiu.
- Obrigada – Disse Mike.
- Eu tava te devendo – Ele sorriu – temos que sair daqui agora.
- O que está acontecendo aqui? – Perguntou Phil.
- Eu estraguei tudo... – Dei as costas pra eles, e passei as mãos no cabelo – o tiro atraiu a atenção deles. Saíram zumbis de todo lugar, eles já estão aqui.
- E como a gente sai então? – Perguntou Link. Olhei ao redor na sala, ouvi um barulho. Não de zumbis, nem de pessoas, mas de ar.
- Tão ouvindo isso? – Perguntei. Olhei pro teto e subi as escadas.
- Ouvindo o que? – Os três vieram atrás de mim.
- O barulho do ar.
- Do ar? –Perguntou Phil, vi o metal no teto.
- DALLAS A PORTA TA ABRINDO! – gritou Dylan.
- Puta que pariu – Olhei ao redor . Link era o mais forte dos três, vai servir – Link vem comigo – Ele ergueu as sobrancelhas e subiu as escadas atrás de mim. Austin estava segurando a porta, mas logo a porta não vai mais agüentar – Link ajuda o Austin? – Ele correu em direção a porta, eu olhei pro chão e peguei as algemas, corri até eles e prendi a maçaneta com a algema.
- Estamos salvos agora? – Perguntou Dylan.
- Por cinco minutos sim - Respondi.
- Ora, são apenas zumbis eles não tem força o suficiente – Disse Amora.
- Aprendi a não subestimar os zumbis. Juntos eles conseguem um força incrível. E essa porta é velha e enferrujada vai ceder – Respondi.
- O.K Einstein – Disse Dylan – E como vamos sair daqui?
- Você ouve isso?
- O que? – Perguntou Dylan
- Ar comprimido. Dutos de ventilação.
- Como é? – Perguntou Link – Eu não sei se notou, mas sou grande demais para um duto de ventilação. Vai quebrar – Olhei para Link.
- Se quebrar, eu juro que eu venho pra te salvar – Senti os olhos de Dylan e Austin em mim.
- E como fazemos isso? – Perguntou Amora.
- Aqui – Apontei pro teto – É só tirar a grade de proteção e fim.
- Pensei que você fosse claustrofóbica Dallas – Disse Dylan.
- Eu sou. Mas vamos ter que sair daqui de algum jeito – Respondi, já sentindo minha respiração acelerar – Vamos lá. Amora sobe – Fiz escadinha com a mão pra ela. Amora subiu e tirou a grade de proteção , se puxou e entrou no duto de ventilação. Depois foi Dylan, depois Austin, Phil e Mike. Link subiu. O portão quebrou, os zumbis entraram. Link segurou meus braços e me puxou. Minha respiração já começou a ser ofegante, meu coração bateu muito forte.
- Pra onde a gente vai, Dallas? – Perguntou Dylan.
- Vão em frente, a gente desce na escada da parede – Olhei o duto, velho e enferrujado como o resto da prisão. Olhei pra Link e ele sabe o que eu estou pensando. Começamos a rastejar pelo duto, senti movimento se aproximando, olhei pra baixo. Os zumbis estavam se aglomerando e literalmente escalando um por cima do outro. Eles iam conseguir subir até aqui, e quando isso acontecer, não quero estar aqui ainda. Odeio espaços pequenos, como qualquer outro claustrofóbico, eu entro em pânico. Comecei a rastejar mais rápido,minha respiração estava muito mais acelerada e as coisas começaram a perder o foco e eu não conseguia respirar direito, minha respiração ficou pesada e eu pensei que fosse desmaiar, estava tudo desaparecendo e de repente vinha um foco de luz.
- Ei, Dallas – Austin estava na minha frente com Dylan do lado dele. Dylan levantou meu rosto – Olha pra mim. Calma, respira fundo. Tenta se acalmar, mana – Tentei respirar fundo, mas tudo que eu consegui e ficar tremula.
- Dallas – Chamou Austin – Fiquei calma, olha eu to calmo – Ele segurou minha mão e colocou em seu peito. E eu senti seu coração batendo lentamente. Era algo reconfortante ter Austin aqui, fazia eu me sentir viva. Segundos depois eu estava respirando melhor, não parei de tremer mas conseguir ver adiante.
- Obrigada – Austin sorriu, e voltou a rastejar. Dylan foi atrás dele. Puxaram meu pé, eu gritei. Link me segurou, agarrou a faca dele e cortou a mão no zumbi fazendo-a ficar presa no meu tornozelo. Tirei a mão e joguei pra baixo – Obrigada.
- Tudo bem – Começamos a rastejar mais rápido, isso fazia o duto balançar e isso não é bom. Vi uma luz, Amora desceu. Phil desceu, Mike,Dylan e depois Austin. O duto balançou. Envergou, zumbis subiram dele. Ele quebrou. Deixando Link pendurado com a mão na janela para liberdade e eu cai em cima de um armário de contabilidade, meu lado esquerdo começou a sangrar. E eu vi que a queda fez com que meu osso quebrado rasgasse a pele e saísse para fora. Comecei a perder muito sangue, olhei em volta. Link se segurou com as duas mãos enquanto chutava a cabeça dos zumbis abaixo dele. Ele olhou pra trás – Eu vou te ajudar garota, só me diga como – Olhei pra baixo, o armário estava rodeado por zumbis.
- Sai daqui – Disse a ele.
- O que? Não, eu não vou te deixar aqui.
- Vai. Sai daqui e manda meu irmão ligar o carro e dar o fora.
- Não – Ele falou com tanta firmeza que eu estremeci. Eu estava perdendo tanto sangue que senti que fosse cair.
- Tem... – Lambi os lábios – tem uma lanchonete mais a frente,leva o carro pra lá.
- E enquanto a você? – Olhei ao redor a sala, nada. Não tinha nada que não estivesse coberto por zumbis.
- Eu vou pular, e sair pela porta.
- Como é? – Perguntou Link, colocando os pés de cada lado da cabeça do zumbi e quebrando o pescoço.
- Sai daqui, parem na lanchonete com o porta malas aberto por 20 segundos. Nada mais nada a menos. Eu saio pela porta e entro no porta malas.
- Isso nunca vai dar certo.
- Vai logo – Link revirou os olhos e se puxou pra cima. Pulou pela grade de proteção e saiu pra fora. Ouvi Dylan gritar:
- Eu não vou sair daqui sem ela!
- Não foi ideia minha, baixinho – Respondeu Link, eu ri porque realmente Dylan é baixinho - A garota cheia de moral lá dentro disse pra irmos para aquela lanchonete e esperar com o porta malas aberto.
- Quanto tempo? – Perguntou Austin.

-Vinte segundos – Ouvi silencio, e depois portas de carro fechando e eles saíram. Minhas penas tremularam, a dor na minha parte esquerda era tanta que anestesiava todo cansaço do resto do meu corpo. Respirei fundo e pulei, o peso do meu corpo no que tinha restava do duto de ventilação fez com que ele envergasse pra frente me dando impulso pra bater na parte na porta e passar por ela. Cai no chão e rolei por ele, poeira subiu e eu tossi um pouco. Levantei e comecei a correr, senti o fluxo dos zumbis atrás de mim pulei dentro do porta malas, mas não fechei. Odeio me sentir presa, por mais que a vida já seja uma grande prisão onde não percebemos, mas não temos liberdade nenhuma.  Deitei no porta malas, onde eu desmaiei. 

sábado, 20 de julho de 2013

Capitulo 7 – And get worst.

Essa é a situação mais ridícula que eu já passei, já fui presa uma vez. Eu fui pega pichando um muro, uma obra de arte que os policiais não apreciam, meus pais ficaram decepcionados comigo. Esperaram a noite toda pra me tirar de lá, mas depois pagaram a fiança. Sentei no chão, fiquei pensando. Pensando em que exatamente, eu não sei dizer.
- Dallas, você ta bem? – Austin correu escada a baixo e segurou nas grades. É estranho ver Austin nessa perspectiva, ele todo preocupado comigo, tentando sempre me ajudar, tomando conta de mim. E ele é bonito, muito bonito. O que eu to pensando? Para Dallas,concentração.
- Considerando a situação, eu to bem sim.
- Austin, eu não consigo pegar a chave – Dylan desceu correndo – O que a gente faz?
- Nada – Respondi.
- O que? – Perguntaram os dois num uníssono. Eu peguei minha faca no abdômen e entreguei pro Dylan.
- Eu não vou conseguir sair daqui, quando Lola se transformar mate-a Dylan – Ele me olhou cético, e depois assentiu.
- Você vai ficar bem aqui? – Perguntou ele.
- Dylan eu to numa jaula, nada entra. Nada sai – O problema é esse. Não da pra sair, não da pra proteger meu irmão aqui dentro. Então ele vai proteger a si mesmo.
- Tudo bem então - Agarrei as grades, Dylan passou suas mãos nas minhas. Ele piscou pra mim, sorriu e subiu correndo as escadas. Austin sentou no chão e apoiou as costas na grade. Eu fiquei com pena dele, Dick morreu ontem e daqui a pouco sua irmã também vai. Você não sabe como é difícil perder alguém até perder. Sentei no chão e encostei as costas na grade ao lado dele.
- Como você se sente?
- Como se eu tivesse numa caixa, e ela estivesse encolhendo. Me sinto sufocado – Ele deu uma pausa – meu coração arde. Porque existe dor?
- Para que nossa humanidade fique integra, só com dor sabemos o que é certo e errado.
- E pra que humanidade?
- Sem humanidade somos apenas zumbis de coração batendo – Austin não respondeu, só abaixou a cabeça – Você vai ficar bem – Ele assentiu.
- Você ficou bem? – Eu não sabia o que responder, a verdade é que Bryan deixou um buraco no meu coração. Mas antes que eu pudesse pensar em alguma coisa, um grito. Austin levantou de um pulo.
- AMORA! – Ele subiu correndo as escadas. Eu me levantei, Dylan gritou. Ouvi um barulho de metal caindo, a arma.
- DYLAN! – Começou. Chutei a porta da jaula, chutei de novo, e mais uma vez.Tudo que fez foi mover a jaula, nada mais. Comecei a andar de um lado pro outro, falando comigo mesma – O que eu faço? – Mike apareceu, subindo as escadas do terceiro piso pro segundo.
- O que está acontecendo aqui?
- Você é minha salvação – Disse sorrindo e segurando as barras da jaula, Mike sorriu.
- Já ouvi isso – Revirei os olhos e me afastei das barras.
- Me ajuda?
- Claro – Tente me soltar das algemas, mas só consegui machucar meus pulsos. Voltei a andar de um lado pro outro, falando comigo mesma. Grito,olhei pra cima. Dylan.
- A velocidade vezes a intensidade da minha perna mais a força da barra...
- O que? – Perguntou Mike confuso.
- Duas pernas – Olhei para Mike – Você está com a arma ai?
- To.
- Quando eu disser “já”, você bate na tranca – Ele assentiu. Ergui minhas mãos e segurei o teto da jaula, respirei fundo – Já! – Puxei meu corpo pra cima e chutei a porta com as duas pernas. Meu braço quebrado doeu tanto que pensei que quebraria de novo. A porta abriu, cai no chão.
- Tudo bem? – Mike me ajudou a levantar.
- To, obrigada. Me empresta sua arma? – Ele me entregou a arma dele, e eu subi correndo. Dylan estava caído no chão se contorcendo de dor com as mãos na costela, Amora estava chorando num canto da sala, Austin estava com a arma na mão apontando para Lola completamente transformada. Mas então, neste momento, percebi que Austin não conseguiria. Destravei a arma, e atirei. Ainda bem que minha mira é ótima, porque se não atiraria no rosto do Austin. A cabeça de Lola explodiu, gotejando sangue no rosto dele. O corpo oco de Lola caiu no chão, na sua própria poça de sangue negro. Seus olhos sem vida, continuaram abertos. Devolvi a arma para Mike, corri até Lola e me agachei ao seu lado. Fechei os olhos dela – Agora ela vai em paz – Austin caiu de joelhos na poça de sangue, chorando.  Passei meu braços por cima da cabeça dele abraçando-o. Minha mão continuava algemada – Sinto muito – Ele me abraçou também.
- Ela devia ter morrido como humana, não como um monstro – Disse ele.
- Eu... Eu não queria ver ela morrer – Disse Amora, soltei Austin.
- E você acha que ia impedir que ela morresse prendendo Dallas?! Você viu como ela ta agora? NEM É MAIS MINHA IRMÃ!  – Nunca vi Austin gritando, é a coisa mais assustadora do mundo. Ele é um cara doce, e fofo. Agora está com raiva, e ódio.
- Austin, calma – Sussurrei, me levantei – Me da a chave Amora – Ela jogou e eu peguei.
- O QUE ESSE CARA TA FAZENDO AQUI?
- Austin calma! – Ele respirava ofegante, respirou fundo e olhou pra baixo – Mike me ajudou a sair de lá.
- A... Dallas, eu já vou ta bom? – Mike parecia tão envergonhado, não sei porque ele me salvou.
- Tem certeza? Não quer ficar? – Eu destravei a algema e joguei no chão.
- Ah, não. A gente se vê – Eu assenti, e ele saiu.
- Só o que me faltava, aquele cara aqui.
- Austin, respira. Calma – Ele assentiu relutante. E saiu. Passei a mão no cabelo, corri até Dylan – Ei, respira. Calma, a tala saiu. Calma – Coloquei a tala no lugar de novo. Peguei analgésicos e dei a ele, esperei alguns minutos – Como você está?
- Respirando – Ele tossiu, e se sentou. Passei a mão no cabelo dele, peguei duas garrafas de água da sacola e dei uma pra ele.
- Continue respirando – Andei até o canto e sentei no chão ao lado da Amora – Toma – Ela pegou e tomou água. Limpou as lágrimas dos olhos e disse:
- Pensei que você iria querer me matar.
- Apesar de tudo não fiquei com raiva ou magoa de você. Tanta coisa acontecendo e eu não tenho tempo para guardar magoa das pessoas que eu tento proteger – Olhei pra frente, mas pelo canto do olho pude ver Amora olhando pra mim.
- Desculpa Dallas, desculpa mesmo.
- Tudo bem. Não é só pra mim que você tem que pedir desculpas .
- Ele não vai falar comigo tão cedo.

Abri a porta da prisão e vi Austin sentado em cima do capo do carro observando a paisagem devastada pelo Apocalipse.
- Ta olhando o que?
- Nada – Respondeu ele me ajudando a subir no capo – Só estou pensando.
- Em que?
- No pouco que sobrou da minha vida. Se eu estou fazendo a coisa certa ou... Sou só mais um fraco no meio dos zumbis.
- Você não é fraco. Nem pense numa coisa assim, você é uma das pessoas mais fortes que eu conheci – Ele olhou pra mim, e o sol bateu nos seus olhos. Fazendo-os brilhar.  Estávamos tão próximos um do outro que poderíamos nos beijar. Eu quero. É errado querer? Porque se for, quero estar errada. Barulho, olhei pra trás. Alguns zumbis vinham pra cá, mas logo atrás vi mais do que eu poderia contar. O tiro atraiu a atenção deles.

 Como o Austin mesmo disse: Tudo piora muito antes de melhorar. Só o que eu consigo pensar do futuro é tudo piorando. E nada vai melhora.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Capitulo 6 – Dude, I’m locked.

Eu e Austin corremos de volta para o carro, Dylan tinha conseguido um porche vermelho.
- Cadê o Dick? – Essa foi a primeira pergunta que a Amora fez quando voltamos. Seus cabelos ruivos caiam nos ombros, fazendo ela parecer fofa na maior parte do tempo. Mas agora parecia mais preocupada e nervosa do que fofa. Eu abri a boca pra falar, mas Austin começou antes de mim.
- Ele caiu.
- O que?
- Nós fomos de um prédio para outro fazendo uma passarela de madeira – Respondi, Austin olhou pra mim e depois abaixou a cabeça. Acho que não deveria ter falado nada – a madeira cedeu e ele caiu – Amora ficou vermelha.
- De quem foi essa ideia?
- Minha – Sussurrei me sentindo pequena e insensata.
- E você não pensou que Dick era grande demais pra madeira? Esse foi o pior ideia do mundo – Eu abaixei a cabeça – Pra que explodir o prédio?
- Pra impedir que os zumbis viessem atrás de nós – Respondeu Austin.
- Aé? Deixasse eles presos dentro do prédio!
- Pega leve Amora – Disse Austin.
- Pegar leve? – Eu dei as costas pra ela, e passei a mão no cabelo – Por culpa dela o Dick ta morto! Não temos mais família Austin! Como você fez o prédio explodir?
- Combustão espontânea – Sussurrei.
- Combustão espontânea? 
- É, olha... – Virei pra ela de novo – Sinto muito Amora, mas abaixa o tom e temos que sair daqui porque...
- Não me interessa!  Cansei de você dar ordens! Cansei de seguir ordens! Cansei dessa porra! Não vou deixar nossas vidas na suas mãos mais! Você não consegue nem cuidar do seu irmão vai cuidar do meu pai? – Olhei pra ela.
- Amora – Austin sabia que agora ela pegou pesado.
- Chega – Continuou Amora - Eu...
- CHEGA DIGO EU! – Respondi – Cansou? Não estou te segurando aqui, pode ir. Eu disse pra ele despejar o óleo a trinta centímetros na madeira, ele despejou a dez, os zumbis tiveram mais força do que eu imaginei a porta cedeu mais cedo. A madeira explodiu, eu segurei ele e ele caiu. Eu tentei, eu juro que eu tentei. E eu não iria soltar ele. Mas ele se soltou.
- Como é? – Perguntou Lola.
- Ele disse “você vai soltar, de um jeito ou de outro” ele foi soltando a mão e caiu.
- E porque ele desistiria? – Perguntou Amora, mais calma.
- Não sei. Acho que estava cansado de se esconder, fugir. Queria que tudo acabasse?
- Pode ser – Disse Lola.
-Mas quer saber? Não importa o que eu fale não vou convencer nem vocês nem a mim de que não foi minha culpa – Ouve uma pausa, e então Dylan disse.
- Dallas, o que aconteceu com Bryan? – Olhei pra ele – Já tem dois dias... Eu tenho o direito de saber o que aconteceu com meu irmão... – Eu me encostei no carro. Respirei fundo, e olhei pra frente. Além dos olhares curiosos de todos, mas além. Dentro da minha própria cabeça, num mundo só meu. Onde ninguém pode entrar. A não ser dor. Contei a ele o que tinha acontecido, e no final Dylan parecia ter perdido o fôlego. Não conseguia falar nada, ele se segurava para prender as lágrimas mas no final não conseguiu. Amora foi a primeira a falar:
- Sinto muito pelo seu irmão.
- Eu também – Respondi.
- Sabe, tudo piora muito antes de melhorar – Disse Austin – Vamos ficar bem.
- Você me perguntou: Se eu não tomo conta do meu irmão, como tomarei do seu pai? Eu faço essa pergunta todo dia.

O tempo foi passando e eu troquei com Lola de motorista, por ela estava com dor na perna e mancando depois de proteger Dylan pra pegar o carro, passando a noite dirigindo.
- To com fome – Comentou Dylan. Olhei ao redor, e parei o carro. Eu ia acordar o Austin pra me ajudar, mas chega disso. Não vou deixar que mais ninguém saia em “missão” comigo, e morra no processo.
- Fica aqui, e toma conta do carro. Ta? – Dylan assentiu. Peguei o machado,a faca e sai do carro. A lanterna estava na minha cintura, peguei e liguei. Entrei numa loja pequena de beira de estrada. Tem errantes aqui, eu sinto. O cheiro, o movimento próximo. Peguei uma sacola e alguns salgadinhos, biscoitos, água, energético, cigarros... Eu geralmente não fumo, mas em momentos como este as vezes faço isso. Me virei, ai está o primeiro. Passei o machado no pescoço dele, e quando caiu ouvi o barulho de esponja molhada que o corpo faz quando cai no seu próprio e negro sangue podre. Barulho, olhei pra trás, zumbis saíam por de trás da porta, de baixo da mesa, cadeira. Sentei rápido do chão apoiando minhas costas na parede, eles não me viram só ouviram barulho. Eles começaram a andar cheirando o ar, me farejando. Fiquei me perguntando se poderiam sentir o cheiro do meu medo. Eles estavam chegando perto, a porta estava aberta e se eles me achassem? Ou pior, saíssem. Eles iriam atrás do carro, não posso deixar verem Dylan. Olhei ao redor, peguei um bombom no chão e joguei na porta dos fundos. Eles olharam pra trás e foram atrás do barulho. São trouxas, mas não otários. Quando perceberem que não era ninguém, vão voltar. Fui engatinhando até a entrada e sai correndo. Abri o porta malas e tirei de dentro minha faca, e então percebi que uma das bolsas do kit primeiro socorros estava aberta, olhei dentro. Tinha uma caixinha de analgésicos pela metade, gazzi e bandagens faltando.  Fechei o porta malas e entrei no carro.
- Onde você tava? – Austin acordou.
- Oi pai.
- To falando sério – Olhei pra dento da loja, dei partida e sai com o carro. Peguei a sacola com as coisas dentro e joguei pra trás.
- Toma Dylan. Não come tudo de uma vez.
- Obrigado.
- O que aconteceu?
- Dylan estava com fome, e eu entrei na loja e peguei o que ele precisava – Respondi. Eu ri – O que?
- Porque não me acordou?
- Cara, são 3:30 da manha. Você precisa dormir – Disse.
- Você também – Respondeu Austin sério – Para o carro.
- O que? Não – Balancei a cabeça – Eu consigo dirigir.
- Você precisa descansar.
- Eu não consigo.
- Você já tentou? – Eu olhei pra ele, e depois voltei pra estrada.
- Olha, uma pessoa que você ama acaba de morrer, você precisa dormir um pouco ou então enlouquece.
- Uma pessoa que você ama também morreu – Olhei pra ele de novo e depois voltei o olhar para estrada escura.
- Eu já me recuperei, não tem nada a ver com Bryan – Ele riu.
-Deixa eu te perguntar: Você está mentindo pra mim ou para si mesma? – Olhei rapidamente pra baixo e depois pra ele – Porque se for esse o caso, uma hora você vai acabar acreditando na mentira e quando perceber o que fez vai acabar se destruindo – Ficamos em silencio por um tempo, eu virei pra pegar um cigarro e percebi que tinha uma bolinha de sangue na calça de Lola, olhei seu rosto. Ela estava dormindo, e então lembrei das minhas coisas faltando. Voltei meu olhar pra frente – O que foi?
- Se uma das suas irmãs fosse mordida o que você faria? – Perguntei.
- O que isso tem hav...
- Responde. – Ele me olhou e depois:
- Mataria como humana antes que vire um monstro – Eu assenti, ele não fez perguntas.
O sol já estava nascendo quando eu parei o carro na frente de uma prisão, não era o lugar mais convencional mas eu já estava de saco cheio de prédios. Todos entraram, eu demorei um pouco e fui logo a trás; Lola estava horrível, parecia com febre, gripe. Agachou e procurou alguma coisa nas mochilas.
-Procurando por isso? –Ela se virou assustada pra mim, e me viu com o pote de analgésicos – Quando você pretendia contar?
- Eu... Eu não...
- Contar o que? – Perguntou Amora.
- Você acha que eu tenho cara de idiota? – Perguntei me aproximando dela ela, ela se levantou.
- Dallas, por favor tenta entender.
- Não, entenda você. Você é uma pessoa legal Lola, realmente legal. Não queria que terminasse assim, mas você não me deu escolha. Não vou deixar Dylan junto com uma aberração.
- NÃO ME CHAMA DISSO – Isso que eu queria, que ela ficasse irritada. Só assim eu vou ter uma desculpa pra conseguir descarregar minha raiva eu gente viva. Ela chutou minha perna e eu cai ajoelhada no chão.
- LOLA! – Gritou Amora – PARA – Segurei o pulso dela com força, ela gritou e caiu no chão. Ela deu um soco no meu rosto fazendo minha boca sangrar, ela tentou levantar mas eu a prendi. Segurei a parte de baixo da calça dela e rasguei.
- DALLAS! – Sai de cima dela. Peguei minha arma da cintura e apontei pra ela.
-O que está acontecendo aqui? – Três homens subiram, apontei a arma pra eles – Ei amiga, não precisa disso.
- Quem são vocês? – Perguntei.
- Meu nome é Michael, pode me chamar de Mike – O mais velho deles, devia ter uns 21. Alto, cabelo preto e olhos azuis cintilantes como os meus.
- Meu nome é Lincon, pode me chamar de Link – Parecido com Mike, apenas com os olhos que são verdes.
- E eu sou Philip, me chame de Phil. A gente chegou aqui antes.
- Tudo bem – Disse – Podem ficar onde estavam, não vamos incomodar vocês – Eles assentiram e desceram, Mike piscou pra mim. Eu atirei na porta de entrada, Lola estava saindo – Não me obrigue a atirar em você pelas costas - Amora, Dylan e Austin ficaram olhando a mordida na perna de Lola, cuspi sangue no chão. Olhei para Austin, tinham lágrimas escorrendo de seus olhos mas ele assentiu. Destravei a arma, fui atingida na lateral direita caindo com o braço quebrado no chão.
- AMORA, SAI DE CIMA DELA! – Gritou Austin.
- Você ta do lado dessa louca? – Não queria machucar Amora, mas ela queria me machucar. Me deu um soco bem onde Lola tinha dado, outro do olho. Empurrei-a, ela caiu no chão.
- Se eu quisesse quebrava seu pescoço – Respondi, tentando levantar. Amora empurrou com força minhas costelas e eu cai de novo, grunhi no chão. Austin correu na minha direção e me ajudou a sentar.
- Não vou deixar você matar minha irmã.
- Não vai ser sua irmã por muito tempo, ela vai se tornar um monstro e matar todos nós. Não vou morrer por causa dela – Amora chegou perto de mim, com as mãos nas costas.
- E não vou deixar você matar ela – Amora me algemou.
- Você ta de brincadeira? – Perguntei.
- Podemos dar os analgésicos pra ela, e ela não vai se tornar um monstro. Ela não vai.
- Fale isso enquanto ela morder seu pescoço – Respondi.
- Amora, me de as chaves – Disse Austin.
- Não. Não acredito que você está do lado dela, ao em vez da sua família.
- Isso acontece quando sua família fica louca. Lola é minha irmã também, não quero que ela morra. Mas acima de tudo não quero que ela volte – Amora estreitou os olhos.
- O que há com você? Nossa vida era muito mais fácil antes de pedir ajuda pra essa maluca e ela deixar Dick morrer – Chutei o rosto da Amora.
- Desculpe por isso, quando você voltar a razão vai ver que fiz isso por uma boa causa – Respondi. Amora olhou pra mim e me levantou, começou a me levar pra trás, chutei minha arma que estava no chão pra trás – Cuide-se Dylan.
Amora me prendeu dentro de uma jaula, quer dizer estamos numa prisão. Uma prisão com jaulas de ferro enferrujado e muito forte.
-Desculpa Dallas, sinto muito. Mas não posso deixar você matar minha irmã – Não posso culpá-la provavelmente faria o mesmo.
- Me tire daqui quando ela morder Austin, e você ter que matar dois irmãos – Ela nem olhou pra trás.

As vezes nós temos tanto medo de sofrer que acabamos adiando a dor, isso não afasta a dor. Apenas a multiplica.