Quando acordei tinha
uma luz que castigava meus olhos, não sentia uma dor nova, ou seja, não fui
mordida. Estava sobe uma mesa de cirurgia de metal gélida, com pulsos e
tornozelos presos. Levantei meu rosto, estava cercada de pessoas que eu não
conheço.
- Ei garota, calma – Disse uma garota loira, de olhos
pretos, magra.
- Só vou me acalmar quando souber quem é você – Respondi.
- Emily. Prazer – Não respondi.
- Chris – Um homem grisalho.
- Ryan – Homem, tinha cabelos castanho – É bom te conhecer
Dallas.
- Como sabe meu nome?
- Eu disse – Phil estava do outro lado da sala – Estamos na
Island Hope Corporation.
- E porque diabos eu estou presa?
- Não está presa – disse Emily – isso só...
- Impede que eu me mexa. Fizeram uma cirurgia? – Olhei ao
redor na sala – Não... Refizeram meus pontos. Ao julgar pela dor que eu não
sinto, temos anestesia aqui.
- Você é melhor do que me disseram – Disse Emily.
- É claro – Respondi.
Ela me soltou. Me sentei – cadê meu irmão?
- Em segurança – Respondeu Chris.
- Não foi isso que perguntei – Respondi. Ryan riu.
- Gostei dela. Tomando banho – Respondeu Ryan.
- Banho? – Essa é a coisa mais mágica que ouvi em meses.
- Temos nossa própria fonte de água aqui – Respondeu Ryan.
- Interessante – Phil me ajudou a levantar, e saímos da
sala. Não confio nesse lugar, alguma coisa me incomoda. O lugar era todo branco, estreito e circular.
Vários andares, e o único que escuro era o ultimo – o que tem lá embaixo?
- Prisão – Olhei para Phil – somos uma comunidade aqui. Temos
regras, quando são quebradas vão para prisão – Não respondi. Tinham muitas
pessoas aqui, descemos as escadas, ala alimentar, um falatório incessível vinha
de todos os lugares, era horrível. Todos pareciam felizes, e comiam tanto.
- Essas pessoas estão tão calmas, parecem não saber o que
tem lá fora – Disse.
- Não sabem, eles foram trazidos no inicio. Agora está bem
pior – Essa é a pior parte, essas pessoas nem ao menos sabem o que a lá fora. Uma
garotinha loira passou saltitando por mim, me olhando pelo canto do olho. Descemos
as escadas novamente, ala dos quartos. Número 4.
- Ei mana! – Dylan parecia feliz, só eu estou com essa sensação
ruim?
- Oi.
- Dallas pegue isso – Disse Phil – é um cartão de passe para
ala medica. Você tem dotes, e talvez precisaremos deles.
- Pra que? – Peguei o passei e guardei na calça.
- No momento adequado, saberá. Vou deixar vocês sozinhos –
Phil saiu. Eu andava e respirava bem melhor agora, pensei que nunca mais fosse viver
sem dor. Sentei na cama.
- Você ta bem? – Perguntei.
- Estou – Ele sentou na cama dele.
- Eu não sei, esse lugar está seguro demais pra mim.
- Como assim?
- É tudo bom demais Dylan, não sei. Não confio aqui –
Respondi.
- Quer ir embora? – Perguntou ele.
- Não sei.
- Bom, quer saber meu lema?
- Você tem um lema? – Disse sorrindo.
- Tenho – Respondeu – Viva cada dia como se fosse o ultimo,
não importa se esse lugar não é de confiança, qual realmente é? Se formos
atacados aqui, tudo bem. Sabemos nos defender, e se morrermos, tudo bem também.
Pelo menos estaremos com Bryan – Olhei para Dylan – sabe, eu acho que não
devemos ter medo de viver, se estamos felizes falamos, se estamos tristes
falamos, se amamos alguém falamos. Não deixe de falar, não vai querer morrer e
deixar a pessoa sem saber.
- Viva cada dia como se fosse o ultimo, então – Disse. Ele
sorriu. Nosso quarto como o resto do lugar era branco, a única coisa preta era
um relógio perto do teto. Um relógio digital, de números verdes, 1:30 da manha.
Dylan deitou.
- Ah... A quanto tempo eu não durmo numa cama de verdade?
- Desde os Smiths? – Fiquei pensando como eles estariam
agora? Mortos? Vivos? Mortos-Vivos?
- É... – Eu deitei também, fiquei olhando para o teto, para
a grade de proteção, para nossas bagagens no chão. Passaram-se 2 horas e eu não
consegui dormir, levantei. Fui tomar banho, lavar o cabelo. Água quente, pensei
que nunca mais veria isso. Não tomo banho desde os Smiths. Me olhei no espelho,
droga eu estou horrível. Mais magra do que o comum, olheiras. Escovei os
dentes, peguei uma jaqueta, lanterna e sai. Estava tudo apagado, ninguém nos
corredores, fiquei curiosa e desci as escadas. Para prisão. Liguei a lanterna.
- Quem está ai?
- A questão é – Comecei – quem está ai? –Me aproximei.
- Aiden – Respondeu outro homem, um mais velho. Barba por
fazer,magro mas robusto, careca.
- Dallas.
- Nunca te vi por aqui – Ele agarrou as barras da jaula ,
olhei dentro dela.Uma jaula tão velha e enferrujada quanto aquela que fiquei
presa.
- É porque eu cheguei hoje.
- Então saia – uma voz na esquerda - Nolan – Um homem alto,
magro, de cabelo com topete preto. Estava em outra jaula.
- Porque?
- Esse lugar não é seguro – Eu sabia – Fomos presos por
xeretar. Vai embora.
- Mas... – Ouvi passos, desliguei a lanterna e subi as
escadas.
- Com quem estavam falando? – Ouvi uma voz vindo de baixo.
- Ninguém senhor – um guarda. Voltei a andar, subi as
escadas para ala alimentar, e depois subi para ala médica. Me escondi atrás da
mesa.
- Não podemos continuar com isso – Disse Emily, colocando um
frasco de liquido transparente na mesa. Não era água.
- E temos escolha? – Disse Ryan – temos que fazer.
- Mas essa coisa de camuflagem – Emily se sentou numa
cadeira – é perigoso.
- Eu sei mas...
- Sem conversa – Phil chegou – temos que conseguir uma
camuflagem nova hoje! E espero resultados melhores!
- Tudo bem Philip – Disse Emily. Phil assentiu e saiu.
- O que ta fazendo aqui? – Austin chegou por trás e me deu
um susto. Eu fiz um gesto para ele me seguir, e subimos agachados as escadas
para uma ala que eu não tinha ido. Na verdade a única coisa naquele andar,era
uma porta isolada e uma janela gigante na parede branca.
- droga, você me assustou – Sussurrei – eu não conseguia
dormir então vim dar uma volta.
- E espionar as pessoas?
- Não confio nesse lugar – Respondi.
- Parece... Seguro demais? – Perguntou Austin, eu assenti –
concordo. Phil parece... Diferente para você?
- Mais ou menos. Só acho que precisamos sair daqui – Disse.
- É, não sei se é mais perigoso aqui dentro ou lá fora –
Comentou Austin. Estávamos observando Emily e Ryan trabalhando lá embaixo.
- Aqui dentro, sem duvidas – Austin me olhou – Pessoas...
Nunca sabemos o que elas querem, se o que dizem é verdadeiro. Mas com os zumbis
é diferentes, eles querem sempre a mesma coisa.
- É... – Olhei para trás, andei até a janela, e fiquei
observando as estrelas. Até o dia começar a clarear, e voltarmos para nossos quartos
para que não notassem nossa ausência. No dia seguintes, fomos para a ala
alimentar cedo. Comi frutas, pão com queijo, e suco de laranja. Peguei minha
bandeja e sentei na mesa em que Emily e Ryan estavam.
- Bom dia Dallas – Disse Emily, Ryan apenas sorriu.
- Bom dia.
- Parece bem melhor, desde ontem.
- Como sabiam fazer pontos? – Perguntei.
- Éramos médicos antes disso tudo começar – Respondeu Emily.
- Você não tem cara de uma médica convencional – Disse. Ela
sorriu.
- Eu fiz curso técnico de medicina,mas me formei em ciências
junto com Ryan – Terminei meu café.
- Tudo bem, obrigada – Ele assentiram. “Tome este cartão de acesso Dallas, você tem dotes e pretendemos usá-los”
ninguém está aqui sem motivos, eu tenho boa audição, e sou boa em matemática.
Emily e Ryan se formaram em ciências. Eles precisam de nós. Levantei, e deixei
minha bandeja na mesa ao mesmo tempo de Austin.
- Descobriu alguma coisa? – Perguntou.
- Vem comigo – Demos a volta e subimos por uma escada que
tinha por trás da ala.
- Temos que sair
daqui – Disse, fomos até o ultimo andar.
-Ta, mas como? – Fechei os olhos. Para que o som penetrasse
meus ouvidos, com mais facilidade, como acontece com os cegos.
- Tem uma goteira – Eu disse.
- Onde? – Puxei Austin, fazendo-o colocar a orelha na parede
– Dentro na parede? – Assenti.
- E você consegue ouvir a gota, porque o cano de pressão da
água esta vazando e a gota caindo sobe de um objeto de metal. Duto de ar.
- ótimo.
- Mais ou menos – Peguei meu cartão de acesso, e entrei na
sala dos médicos – Aqui em cima é a única entrada para o duto de ar que podemos
ter, sem que nos vejam.
- ótimo.
- A questão é que só pode ser aberto por dentro.
- Como vamos estar dentro, se não podemos entrar? –
Perguntou ele. Sai da sala e tranquei com o cartão, subimos as escadas.
- O duto de ar passa por essa parede e sobre – Mostrei com o
dedo.
- Sobe pra onde? Não tem pra onde ir. – Disse Austin.
- Lá em cima é área restrita – Eu disse – as moças que
trabalham na ala alimentar são as únicas que podem entrar lá em cima, elas
jogam o lixo no duto que...
- Da direto na lixeira, do lado de fora! – Disse Austin.
Olhei no relógio da parede, ouvi passos. O plano está dando certo. Peguei na
mão de Austin, puxei meu cartão de passe, e forcei uma entrada na sala
misteriosa. Austin entrou depois de mim, fechei a porta e liguei a luz. Austin
se assustou, e disse baixinho:
- Mas que porr...
- Sabia – Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Um
lugar nunca é 100% seguro.
Tinham pessoas amarradas a mesas, se debatendo e grunhindo.
Algumas zumbis, outras humanas mas muito doentes, e outras que eu nem sei dizer.
Não estava morta, não estava viva, não era zumbi, eu não sei. Era bizarro o
modo como elas cuspiam liquido verde borbulhante, olhos vermelhos.
- Que é isso?! – Emily.
- Eu sei o que esta acontecendo aqui Emily.E sei que você
não concorda com isso – Emily e Ryan eram uma das poucas pessoas que eu achava
que ali dentro, eram corretas.
Mais tarde reunimos todo nosso grupo no meu quarto.
- Temos que sair daqui – Disse.
- Sem chance – Disse Mike – eu to me divertindo aqui.
- Mike eu não to ligando para com quem você transa, eu só
não quero ver você morto.
- Como é? – Perguntou Phil.
- Phil, acho que você tem que saber de uma coisa. Os médicos
estão fazendo uma camuflagem contra os zumbis...
- E isso é bom – Disse Link.
- Quando cientistas fazem uma coisa nova, vocês acham que
eles simplesmente lançam? Não, eles fazem testes. E em quem fariam teste?
- Ai meu deus – Disse Phil.
- E as camuflagens
não estão funcionando, eles fazem testes e as pessoas se transformam, ou ficam
doentes, ou morrem.
- Seremos os próximos – Disse Link.
- Por isso estão nos juntando aqui – Disse Phil – eu não
tinha ideia.
- Eu sei – Respondi – mas temos que sair daqui.
- Como? – Perguntou Phil.
- Ainda não sei – Respondi.
- Tudo bem – Phil se levantou – eu preciso de um minuto pra
pensar – ele passou a mão no cabelo – vou no banheiro. Já volto.
- Tudo bem – Respondi. Ele saiu. Olhei para de baixo da
porta, sua sombra se afastou – filho da mãe.
- O que foi? – Perguntou Dylan.
- Essa saída foi minha confirmação – disse baixo – Phil é um
deles – Silencio.
- Filho da mãe - disse Mike.
- Suponho que você tenha um plano – Disse Link.
- Lógico que eu tenho, mas se estou certa e sei que estou,
Phil foi chamar os guardas então serei presa.
- Então porque você contou na frente dele?! – Dylan levantou
irritado.
- Porque eu preciso ser presa– Dylan sorriu.
- Sempre sabe o que faz – comentou ele - Essa é minha
garota.
- Eu tenho que ser rápida. Tenho um plano.
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