terça-feira, 9 de julho de 2013

Capitulo 2 – Small things.

Toda casa estava com cheiro rançoso de carniça, olhei pro lado e vi as chamas na janela. Corri pro quarto.
- Dylan, vem. Se apóia em mim – Dylan estava soando frio. O corte na testa estava sangrado mais agora, e a dor na costela só piorava. Ele me abraçou e eu o ajudei a levantar. Bryan levantou depois e me olhou de cima a baixo, observando o sangue na minha roupa e pedaços de carne podre na minha blusa – Bryan pega alguma mochilas no meu quarto e coloca todas as roupas que você achar. Rápido – Ele correu. Fui com Dylan até o quarto da minha mãe e dei alguns analgésicos pra ele, depois o deitei na cama.
- Eles são fortes – Disse ele baixo.
- Quem?
- Aquelas coisas...  São fortes. Quando estava se transformando papai me chutou pra fora de casa e eu cai no asfalto. Ele ficava se debatendo e depois parou, morto no chão, a mãe foi até ele e ele mordeu ela, ela deixou o pano cair no fogão e tudo começou a sair do controle, ela pegou o papai semi transformado e levou ele pra cima chamando os outros zumbis da casa. Bryan correu pra me ajudar a me levantar, mas duas coisas vieram atrás dele e então ele correu para trás da casa. A metade da casa quase explodiu e eu vi... Alguns bichos voando pra todo lado – Peguei as três bolsas de medicina que meus pais guardavam em baixo da cama, e então fiquei imaginando “e se eu não tivesse saído de casa? Minha mãe estaria viva? Meu irmão estaria com a costela quebrada? Tudo teria dado certo? Ou eu estaria morta?” – eu só não entendi como você conseguiu derrubar um deles, se o papai conseguiu quebrar minhas costelas com um chute.
- Acho que quando totalmente transformados eles ficam lentos. E mais idiotas – Coloquei as bolsas dentro da uma mochila e dentro dela um cobertor e uma foto. Uma foto de família, ridículo né? Tudo explode e eu pego fotos de família. Mas acho que é isso, as pequenas coisas que fazem o resto da vida valer a pena.
- E como é?
- O que? – Perguntei abrindo a porta do guarda-roupa.
- Lutar com um deles – Parei.
- É estranho. E assustador – Meia verdade, é estranho e assustador. Mas é bom. Quando eu cortei a cabeça do primeiro era como se eu tivesse descarregando toda minha raiva guardada do mundo, das pessoas, de mim naquele monstro.
- E é certo?
- O que?
- Matar eles – Eu dei um sorriso debochado, e joguei todas as roupas do armário no chão. Levantei e pisei no chão dele, quebrou. Sabia. Meus pais guardavam armas, cartuchos de balas, machados no guarda-roupa. Soquei tudo dentro da mochila.
-Eles não são mais pessoas Dylan. É eles ou nós. Matar ou morrer, não ligo – Isso soou mais frio do que eu queria – Consegue andar sozinho?
- Consigo.
- Bryan!
- Oi, cheguei – Ele apareceu na porta do quarto.
- Cadê a chave do carro?
- Lá em baixo – Olhei pros dois, eu mais parecia um general fugindo de um campo cheio de granadas do que uma irmã mais velha tentando proteger os irmãos idiotas. Eu só queria sair daqui, mas estava tão preocupada em salvar a gente, proteger ele que não percebi como eles estavam assustados. Respirei fundo e disse tentando parecer legal:
- Ta bom, Dylan pra onde quer ir?
- Hm... Las Vegas.
- Vegas baby! – Bryan começou a rir- Eu sempre quis dizer isso.
- Para de ser idiota Bryan – Disse Dylan revirando os olhos.
- Cala boca Dylan.
- Vamo logo! – Bryan pegou duas mochilas e eu uma descemos as escadas. Eu fiquei com uma arma na mão – meu pai levava a gente pra caçar quando éramos menores, o conceito da arma é simples, destrave, mire, calma, atire, fim - Dylan pegou água da geladeira, algumas bolachas e as chaves, colocamos as malas no porta malas e eu comecei a dirigir. Quanto mais eu dirigia mais gostaria de voltar pra casa, quanto mais eu via mais percebia que estávamos em guerra. As ruas passaram de limpas e acolhedoras para sujas e mortais. As latas de lixo reviradas e em chamas, lixo espalhado por todo lugar, zumbis andando lentamente pelas ruas, pessoas trancadas dentro de casa. Casas destruídas – como a nossa - uma tempestade chegando.
Não me admira a água ter acabado, num apocalipse quem trabalha? Presumo que nada mais esteja funcionando, muito menos o governo. Desde quando funcionou? Acho que não tem mais regras, agora entramos pegamos o que precisamos e saímos. Parei o carro, abri a porta. Sai do carro.
- Dallas – Chamou Dylan.
- Não se mova – Andei até o gramado na calçada. Ouve um acidente, um carro prata capotado dois zumbis adultos se alimentando de uma pessoa menor, criança. Atrás do carro tinha uma cadeira de bebe. E no assoalho uma foto ensangüentada de uma família. Pai e mãe comendo o filho. Destravei a arma e atirei na cabeça dos dois. E na do menino pra garantir que não voltasse. Tirei uma mochila do banco de trás pelo que percebi, pela falta de uso tudo dentro da mochila acaba de ser “roubado” de alguma loja. Levei a mochila pro porta malas.
Deveria me sentir suja? Roubando coisas de pessoas que acabaram de morrer? Mas isso é pura sobrevivência,certo? E... É roubo roubar o que já foi roubado? Ou seria mais um caso Robin Wood?  Não sei se deveria sentir pena, remorso ou angústia por eles. Mas a verdade é que eu não ligo pra eles. Entrei no carro, pelo retrovisor vi Dylan dormindo no banco de trás. Os remédios fizeram efeito.
- Não sei se é certo o que estamos fazendo – Disse Bryan.
- O que?
- Olha viver num mundo como este é difícil, mas pior seria perdermos nossa humanidade.
- Onde você quer chegar?
- Matar o pai e a mãe Dallas. Pegar a mochila de alguém na rua, sair pra um lugar que nem sabemos se é seguro.
- Lembra quando tudo começou? O que o pai disse? – Perguntei.
- “Vamos ficar em casa. É seguro aqui”
- E o que a mãe disse?
- “Se não deixarmos o mundo exterior entrar, podemos ficar num lugar só”
- Viu como eles estavam errados? Não existe essa porra de “mundo exterior não entra” Não podemos ficar trancados num lugar só, nenhum lugar é seguro, mas não podemos ficar parados também. Vamos a Vegas, e depois pra outro lugar.
- Fazer o que? – Perguntou ele olhando pra mim.
- Nos mover. Não podemos ficar trancados. É pior – Bryan respirou fundo.
- Você acha que eles se lembram? – Perguntou ele – Quem eram antes da... Transformação?
- Duvido. Se lembrassem não tentariam nos comer.
- Tem razão... Como você conseguiu?
- O que?
- Matar o pai e a mãe. Sem dor – Ele me olhou. Sem dor? Eu me torturo por isso desde que eu fiz, eu sei que fiz a coisa certa. Não eram nossos pais, mas mesmo assim fiquei pensando “e se tiver uma cura? E se eles puderem voltar? E se eles voltarem ao normal?” mas tem muito “e se”. Muitas duvidas, e não a tempo pra elas.
- Não eram nossos pais. Eram monstros.
- Mesmo assim, acho que... CUIDADO – Pisei no freio. Um homem, um garoto e duas meninas correram no cruzamento.
- Mas que droga! Prestem atenção! – Disse abrindo a janela.  Eles correram até mim, uma garota se ajoelhou na janela.
- Por favor, nos ajudem. Por favor – Ela tinha cabelo preto, tatuagens tribais no braço e olhos pretos
- O que foi?
- Tem uma horda de errantes vindo pra cá – Respondeu o homem, ele era alto, musculoso, moreno, olhos pretos, seu cabelo cortado igual a um guerreiro de guerra com cicatrizes no rosto – Podem nos ajudar? – “viver num mundo como este é dificil, mas pior seria perder nossa humanidade”  droga de consciência. Olhei pra trás, Dylan já tinha acordado. Bryan olhava pra mim, tudo depende da minha decisão.
- Eu vou me arrepender disso. Entrem.
- Obrigada – Eles abriram a porta e sentaram apertados atrás, cruzei a esquina uma horda vinha daquela direção. Uma daquelas coisas: Inofensivo. Uma horda: Fode. Voltei a dirigir, os zumbis estavam chegando. Um amontoado de 40 grunhidos, zumbindo no seu ouvido pode te deixar louco. Primeiro erro: Virei uma esquina e tinham dez deles ali, se alimentando. Atropelei um, atirei no outro. O barulho ecoou por todas as ruas ligadas aquela. De cada esquina vinha mais uma horda de zumbis.
- Puta que pario – Disse uma das meninas, ruiva, olhos azuis, pele muito clara. Pensa rápido Dallas, pensa rápido. Estávamos cercados não tinha pra onde ir, não tem como sair dessa rua. Olhei para trás, naquela velocidade eles chegaria aqui em 4 minutos.
- Dallas – Chamou Dylan, a testa dele voltou a sangrar. E ele estava pálido. Perdendo muito sangue. Tem um hospital a 15 minutos daqui.
- O que a gente faz?? – 2 minutos. Todos olhavam pra mim, droga eu não tenho as respostas pra tudo!
- Dallas o que a gente faz?!
- Eu não sei merda! To pensando! – Olhei pra trás de novo, eles estão se aproximando – droga, droga,droga – e agora? - Vocês tem armas? Machados? Ou sei lá – Eles assentiram – Ótimo. Saiam do carro.
- O que?!
- RÁPIDO! – Abri a porta – BRYAN AJUDA O DYLAN!
- Você ta zoando?!
-TO COM CARA DE QUEM TA ZOANDO? VÃO PRAQUELE PRÉDIO! RÁPIDO! – Eles saíram correndo, o homem e as duas meninas atrás, abri o porta malas – GAROTO! – Ele virou, cabeludo castanho, olhos da mesma cor, pele clara – Qual seu nome?
- Austin – Estendi a mão pra ele, e ele apertou.
- Dallas. Austin toma – Dei uma arma pra ele. 1 minuto – Me dê cobertura – Ele me olhou – Sabe usar uma dessas, não sabe? – Ainda olhando pra mim ele destravou a arma e atirou na cabeça de um zumbi.
- Sei – Peguei a mochila, o homem saiu com um machado do prédio e ficou na frente da porta de incêndio decepando a cabeça de todos errantes que tentassem passar. Coloquei a mochila nas costas e prendi o machado na minha cintura, Austin colocou uma mochila nas costas e eu joguei uma para o homem na frente do prédio. Peguei uma arma, e atirei na cabeça de um errante. Eu vi aquele momento em câmera lenta, eu destravando a arma com o dedão, apertando o gatilho, bala de prata voando e explodindo os miolos do morto. Puxei Austin pela camiseta e corremos em direção ao prédio. 0 segundos. Eles estavam pulando por cima do carro dos meus pais o homem abriu a porta e entrou, pelo canto do olho vi dois zumbis, a porta estava aberta, comecei a calcular o plano. Joguei Austin pra dentro, ele caiu e entrou escorregando no prédio e esse foi o tempo de eu desprender o machado da minha cintura e passar na garganta do zumbi. Me virei, chutei o queixo do outro ele caiu e eu atirei na cabeça. Um deles agarrou meu cabelo eu peguei o machado e segurando com força com as duas mãos afundei na cabeça dele. Ele caiu no chão me levando junto, senti escorrer alguma coisa pela minha nuca. Austin me arrastou pra dentro do prédio. O homem fechou a porta.
- Aquele filho da mãe arrancou meu cabelo – Disse passando a mão na cabeça. Limpei o sangue na blusa suja.
-Dick Jackson – O homem estendeu a mão pra mim e me ajudou a levantar.
- Dallas.
- Pai – Disse a garota ruiva no topo da escada – Temos um problema aqui – No corredor de cima tinham uma mulher, um homem e uma criança, um menino de 10 anos. O homem apontando uma arma para nós.
- O que vocês pensam que estão fazendo? – Perguntou ele.
- O que quer dizer? – Perguntei.
- Atirando por ai como se estivéssemos em tempos normais. O barulho atrai atenção deles, idiotas.
- Sinto muito senhor – Disse irônica – Mas não deu tempo de pensar no meio de um ataque – Ele sorriu e abaixou a arma.
- Podemos ficar com vocês? Não vai ser por muito tempo, eu juro. Só por esta noite – Perguntou Bryan.
- Esse ferimento – Disse a mulher,apontando pra mim – É uma mordida?
- Não.
- E o seu? – Perguntou apontando pro Dylan.
- Não.
- Então podem entrar.
No final das contas, Bryan tinha razão. Teríamos morrido sem ajuda dessas pessoas, e tem também o fator lealdade, onde você deposita sua confiança em alguém. Eu fiz isso com Austin e ele me ajudou. Quer ver o caráter de uma pessoa? Confie nela. O fato é que não importa o quão difícil sua situação esteja, nunca perca sua humanidade.

3 comentários:

  1. Sabia que esa história ia ser foda u.u

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  2. MANO APAIXONADA, tem um AUSTIN na história mANO!!!! (Mahomie here apsokapoksopak)

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  3. sCRR CONTINUA CARALHO O O O O O O O O O O O O

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