quarta-feira, 24 de julho de 2013

Capitulo 9 – Fake sympathy.

Quando acordei estava no banco do passageiro, Austin estava dirigindo com sangue nas mãos. Provavelmente ele que me colocou aqui. Respirei, e senti uma pontada muito forte tossi com intensidade e cuspi sangue. Levei minha mão direita na boca e limpando-a.
- Graças a Deus – Anunciou Austin – ela está viva ainda – Eu sorri.
- Por favor não me faça rir – Disse.
- Desculpe – Olhei pra baixo, minha barriga estava enfaixada por gazzi e uma tala.
- Eu não sabia o que fazer – disse Dylan – eu ia transferir o sangue que tinha ali mas não sei se...
- Você me mataria se fizesse isso – Disse, desenrolei a gazzi.
- Como assim? – Perguntou Dylan.
- O sangue que temos além de não estar refrigerado não é meu tipo sanguíneo é só o seu.
- Então aquele sangue só está lá pra ocupar espaço? – Perguntou ele. Eu assenti.
- Austin para o carro – Ele parou no meio da estrada.
- O que foi?
- Eu já acordei, ta na hora de fazer isso certo – Ele me olhou confuso. Olhei pelo retrovisor, Amora estava atrás de mim – Amora abaixa o banco? – Ele girou o “dispositivo”do banco e abaixou o suficiente para eu ficar na horizontal,olhei pra trás Phil - vá no porta malas e pegue uma bolsa vermelha. Dentro tem agulhas, gazzi, desinfetantes e pomada. Traga tudo – Phil saiu do carro – Austin de a volta – Austin saiu do carro e veio pro meu lado, Dylan sentou no banco do motorista – Austin, quando estiver pronto empurre o osso para dentro.
- O que?! – Ele estava perplexo.
- Empurre para dentro, depois você faz os pontos.
- Quanto tempo para anestesia fazer efeito?
- Não temos anestesia – Respondi, ele me olhou como se eu estivesse louca.
- Não vou fazer isso assim, então te entupimos de remédio até você apagar e...
- Não. Se demorar eu morro, perdi sangue o suficiente. Preciso que faça isso agora – Ele olhou pra mim, colocou a mão no meu osso, eu olhei para Dylan e segurei sua mão. De repente senti a uma dor fulminante, era tão mortal que eu não conseguia respirar. Ouvi Mike e Link perderem a respiração também, Amora vomitou e Phil disse:
- Caras, vocês são muito pirados né não? – Honestamente não sei como Dylan agüentou, ele é fraco para esse tipo de coisa e muito forte para outras. Ele ficou olhando nos meus olhos, sorrindo e dizendo “vai ficar tudo certo”, depois eu senti a agulha na minha pele, não sei se mencionei mas agüento dores. E quando a alguma fez a curva com a linha, não senti tanta dor. Talvez eu ainda esteja entorpecida com a dor do osso. Olhei para Austin, ele parecia nervoso e estava um pouco lívido, mas ainda parecia completamente disposto a fazer o que fosse para ajudar.
- Terminei – Disse ele depois de uns 10 minutos, olhei para rua. Nada a vista – E agora? O que eu faço?
- Pegue este frasco,o que parece acetona jogue o liquido numa gazzi e limpe o sangue.
- Vai arder, não vai? – Não respondi, só virei o rosto para Dylan de novo.  Sabe quando você tem um pequeno machucado e vai tomar banho e quando a água toca o machucado arde? Então, essa dor triplicada. Enquanto Austin passava a gazzi em mim, eu ficava pensando, como eu fiquei desprezando Dylan desde a morte de Bryan. Fiquei tão ligada ao irmão que morreu, que esqueci do que ainda tinha. Austin enrolou gazzi envolta do meu tórax de novo – Isso é tudo? – Eu assenti. Ele colocou tudo na bolsa, Phil levou a bolsa pro porta malas.
- Amora poderia...? –Ele levantou a cadeira novamente, toda vez que eu respirava ficava com falta de ar e tinha pontadas muito fortes.
- Foi incrível sabia? – Disse Link – A garota, cheia de moral, é mais forte do que eu imaginava.
- Do que você está falando? – Perguntei.
- Eu não achei que você fosse conseguir sair de lá, principalmente com uma costela para fora do corpo. Mas você caiu no chão, e correu e pulou no porta malas em 15 segundos. Não 20 – Ele parecia animado me pintando com heroína, não quis estragar a fantasia do cara.
- Ela foi incrível mesmo – Comentou Austin, limpando meu sangue em um pano. E depois começando a dirigir.
- Então caras – Perguntei, fazendo força para falar – para onde vão?
- Para onde todos estão indo, imagino – Disse Mike.
- E seria? – Perguntou Austin.
- Bakersfield – Respondeu Phil.
- California? – Perguntou Dylan – por quê?
- Tem um centro de pesquisas em Bakersfield – Disse Phil – eles estão procurando solução pro problema... “Mortos vivos”
- Uma cura? – Perguntou Amora.
- Uma imunidade – Respondeu Phil.
- Como sabe? – Perguntei – Que eles procuram por isso? Como sabe que eles ainda estão lá?
- Eu era um deles, a um mês atrás vim para cidades a procura de sobreviventes – Respondeu ele – Mantenho contato por este walkie talkie – Ele tirou o walkie talkie de dentro da jaqueta – Sempre a lugar para mais pessoas, venham com a gente – Convidou ele. Olhei para Austin, ele parecia imparcial. Olhei para Dylan, ele concordou com a cabeça.
- Tudo bem, mas antes vamos passar em Vegas – Passamos por uma placa escrito “Las Vegas, 500 quilômetros daqui” e isso foi a ultima coisa que vi antes de adormecer.

- Sabe, você não pode fugir do seu passado- Uma voz anônima e incorpórea falava não sei de onde, estava por do sol. Um céu bem alaranjado, o solo eram feitos de zumbis. Eles agarravam meus pés, me puxavam pra baixo – tudo que você já fez, até mesmo antes do apocalipse e se arrepende. Um dia volta a te assombrar.Não pense que só pelo fato de abandonar o passado fará com que ele abandone você – Um redemoinho de ar, e uma forma se fez. Bryan. Mais atrás Dick. E ao seu lado Lola, eles falavam num uníssono. Não sabia o que era mais assustador, vê-los ou os zumbis me puxando para dentro de suas bocas.
-Eu sinto muito, não era para nenhum de vocês terem morrido.
 -É claro que sente muito – diziam os três – mas não tanto quanto vai sentir. Porque o destino te pega quando você menos espera, alguém pode morrer ou você pode ser enganada. Não é seguro confiar em ninguém,sempre tem pessoas querendo te apunhalar pelas costas. E dessa vez, você foi a falsificadora de compaixão.

Acordei assustada. E depois do que sonhei, decidi que não é mais seguro sonhar.
- Você está bem? – Perguntou Austin. Olhei no relógio do carro, 1:30 da manha.
- Sim – Olhei para Austin, ele parecia tão exausto – deixe que eu dirijo agora.
- Não, tudo bem eu...
- Isso não foi um pedido – Ele olhou pra mim, sorriu e parou o carro. Deu a volta, abriu a porta para mim e me ajudou a levantar, entrou no carro e eu também. O tempo foi passando, e Austin acabou dormindo. Era gostoso vê-lo dormindo, sonhando com alguma coisa melhor do que o que eu sonhei, num mundo paralelo a dor, morte, luto, depressão, ignorância ou desconfiança. Vi a torre Eiffel, caída. E a Estátua da Liberdade em ruínas com a cabeça no chão, chegamos a Las Vegas. As replicas dos monumentos estavam devastados. O lago próximo aos cassínos cheios de corpos, sangue por toda rua, tripas, fígados, dentes, línguas e cabelo para todo lado – Ei acordem.
- Isso aqui é Vegas? – Perguntou Amora.
- Ou o que sobrou dela – O carro balançou, passei por cima de um corpo. Tinha um cassino no final da rua, menos pior que os outros lugares. Ainda tinha um pouco de energia no lugar, o que fazia a geladeira e jogos ficassem ligados. Não tinham pessoas ali, o que não torna o lugar menos inseguro. Mas também não tinha zumbis, e eu não sei se fico tranqüila com isso, porque a ausência do problema não significa que ele não está presente.
-Quem quer Wisky? – Perguntou Mike, sentei na cadeira do bar e bebi uma com ele. Não sei em que hora na madrugada, já estávamos todos bêbados e gritando “vira, vira, vira, vira!” para Mike virar a garrafa de tequila inteira na boca.
- Dallas – Austin me chamou – quero te levar a um lugar.
- O que? Agora? – Ele assentiu, olhei para Dylan.
- Vai, a gente fica aqui. Trancamos tudo, amanha saímos – Disse ele.
- Tem certeza?
- Absoluta – Estavam todos tão felizes, ou bêbados demais que até pareciam felizes, que eu saí sem discutir. Não senti que estávamos tão seguros. Mas não posso me preocupar o tempo todo. Austin pegou o carro e dirigimos a ladeira a cima, até estacionar num mirante da montanha. Ele deixou os faróis do carro acessos, então dava para ver toda floresta que tinha ladeira a baixo. As árvores folhudas e floridas era lindo. E a falta de iluminação permitia que visamos as estrelas. Não podia ter uma imagem melhor, eu sentei na grama e Austin sentou ao meu lado – Incrível – Ele assentiu – Como descobriu esse lugar?
- Eu vim a dois anos aqui com meus pais, ficamos hospedados naquele cassino em que estamos e eu dei uma escapada e vim aqui.
- É lindo – Ele assentiu de novo – Ei, está vendo aquelas estrelas mais ao norte?
- Aham.
- É o cinturão de orion. E essas aqui – Apontei – Essas três, uma atrás da outra são as Três Marias. E a mais afastada se chama Sirius.
- Como você sabe isso? – Ele olhou pra mim e eu pra ele.
- Eu presto atenção na aula – Sorri.

- Gosto do jeito de como você é inteligente – Sorri de novo, ele olhou nos meus olhos e eu nos dele. Ele passou a mão nos meus cabelos, e depois me puxou para um beijo. Não resisti, como antes agora eu também queria. Mas naquele momento, tanto ele quanto eu sabíamos que não iríamos falar disso de novo. Íamos ficar com esse momento só para nós dois, como um segredo. Afinal isso é Vegas, e o que acontece em Vegas fica em Vegas. 

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