sábado, 13 de julho de 2013

Capitulo 4 – Safe and Sound, but not here.

A explosão apesar de controlada fez o resto do prédio balançar, fiquei com medo de ceder.
- Droga – Disse.
- O que? – Perguntou Bryan.
- Não temos contato com eles lá dentro, celular não funciona. E agora?
- Bom, eu tenho uma coisa – Disse Austin, virei pra ele – o Dick, era guerreiro. Ele batalhou na guerra civil, e quando voltou, voltou meio paranóico. Deu pra gente um mini walkie talkie, que coloca no ouvido ninguém vê e a pessoa que está com ele ouve, e da pra conversar. Mas o walkie talkie fica invisível pro resto – Ele virou e mostrou um aparelho super pequeno e preto no ouvido dele, eu sorri.
- Deus abençoe os paranóicos – Ele sorriu, tirou dois aparelhos iguais do bolso e deu um pra e o outro para Bryan – Vamos.
O hospital estava quebrado. Não é pra menos, não esperava que o hospital o maior centro de tratamento a doenças estaria intacto num lugar onde todo resto está pior. Toda luz que entrava era das janelas, os raios de sol iluminavam boa parte do hospital. Na entrada era o hall vazio, com cadeiras caídas, mesa reviradas, geladeira de vidro quebrada, com uma latinha espirrando refrigerante dentro.
- Tudo bem – Disse Austin – Não temos muito tempo. O barulho daquela explosão vai atrair a atenção de outros. E duvido que estejamos sozinhos aqui. Do que precisamos?
- Bryan pegue o aparelho de transfusão de sangue, agulhas, a linha e gazzi. São pequenos, então coloque nessa caixa aqui – Peguei uma caixa de papelão do chão e dei pra ele – Deve estar nessa ala aqui. Procure pra lá – Apontei para um corredor que saia do hall de entrada – ta com arma carregada?
- Sim.
- Então se cuida – Ele assentiu, pegou a caixa. Peguei um pedaço de ferro no chão e coloquei no meio da fechadura da porta principal – nenhum deles vai entrar aqui.
- Nem sair – Disse Austin.
- Nenhum plano é perfeito.
- Do que precisa? – Austin virou pra mim.
- Preciso que você pegue um aparelho de choque, sabe? Aqueles que reanimam as pessoas?
- Sei.
- Pegue ele, e sangue. A+
- Dylan é A negativo – Disse Bryan.
- Só eu e você somos A negativo, ele é positivo.
- Jura? – Eu assenti.
- Eu acho que isso ta lá em baixo. Vou pegar uns remédios lá em cima, a gente se encontra aqui em 15 minutos. Se algum de nós demorar mais que isso, vão atrás do outro – Avisei.
- Fiquem em contato – Disse Austin, ele correu e desceu as escadas. Bryan pegou a caixa e correu pelo corredor, eu corri escadas a cima. Tinham corpos de enfermeiros zumbificados pela escada, sangue, órgãos, pedaços de carne corpórea, cheiro rançoso de carne podre, morte, e medo. Meu medo. O corredor de cima estava pior que o de baixo, tava mais vazio. Uma única luz no teto piscando. “Sala de medicamentos. Entrada exclusiva de funcionários”  aqui. Abri a porta.
- Opa, temos companhia – Um homem, branco, careca, musculoso, com roupa preta, e uma arma apontada pra mim. Levantei a minha.
- Não quero confusão – Me controlei pra não tremer, medo. Eu tenho um problema com medo, sempre tive. Medo de errar, de não agradar, medo de não conseguir, de não ser suficiente, medo de fracassar. Hoje não – Só preciso de alguns remédios e...
- Pois é, mas eu também preciso deles.
- Podemos dividir.
- Não – O homem olhou nos meus olhos, minha vontade era sair correndo e desistir. Mas não, pelo Dylan não – Eu preciso de todos – Chacoalhei a arma pra cima destravando ela.
- Então parece que temos um impasse.
- Eu descordo – Uma voz de mulher, ela colocou a arma na minha cabeça por trás – Que tal bater um papinho a sós? – Cabelo curto como o meu agora, olhos pretos, roupas pretas, morena, me empurrou até a frente do elevador da sala. Minha cabeça buscando freneticamente um plano, não consegui pensar em nada. Duas armas, contra uma. Ela apertou o botão do elevador, ta sem energia aqui. Não faz diferença, pra minha surpresa a porta abriu.  Eu quase escorreguei, mas me segurei no chão. O elevador não estava lá apenas poço do elevador. Um baque ensurdecedor indicando que uma das salas tinha cedido e os zumbis saído. O homem atirou nos zumbis – DEIXE ESTE! MATE OS OUTROS! – Ele assentiu e fez o que ela mandou. Senti um arrepio quando o zumbi passou por mim, ela derrubou ele no poço do elevador. Depois ela chutou minhas costas, caí em queda livre por 5 metros, entrei em desespero me debatendo no ar e finalmente consegui agarrar no cabo de pressão que segura o elevador, machuquei minha mão com os fios soltos e eu me soltei involuntariamente, bati com tudo no chão. Quebrando meu braço esquerdo. Gritei, senti uma dor tão torturante que preferia ter morrido na queda. Tentei levantar, não consegui e deitei no chão.
- Bom trabalho filha – Ouvi a voz do homem lá em cima.
- Obrigada pai, mas agora temos...-Um grito. Só poderia significar que ela foi atacada por um zumbi. Dois tiros, o que significava que o homem matou o zumbi e a ela. Sentei, segurei meu braço.
-Dallas? Ta me ouvindo? –Ouvi Austin no walkie talkie.
-Austin? To te ouvindo.
- Você demorou, Bryan foi atrás de você.
-Sozinho? Eu disse pra ir os dois! – Droga, se ele chegar e este homem estiver aqui ele vai levar uma bala na cabeça.
-Dallas... Não... Pra baixo... Zumbis... Toda parte... CARAMBA!
-Austin? Austin? – Soquei o chão. Merda. Olhei ao redor, minha arma estava desmontada espalhada pelo chão, peguei os pedaços e sentei no chão pra tentar montar com um braço só. Grunhido, congelei. Rangido de dentes, olhei pra trás o zumbi empurrado antes de mim começava a se mexer. Porra, voltei a montar os pedaços mais rápido. Grunhidos, faltava a tranca da arma, olhei rapidamente para os lados me arrastei o zumbi me olhou– cacete – peguei a trava usei o braço quebrado, a dor que eu sentia não se comparava com a que eu sentiria se fosse mordida. O zumbi se debruçou em cima de mim, deixei ele afastado com a perna, coloquei a bala, ele puxou minha blusa. Atirei.
Caiu sangue no meu rosto, boca, blusa, cabelo, e o corpo morto em cima do meu braço fazendo mais sangue cair na minha camiseta. Meu braço ardendo em dor.
- Que nojo – Empurrei o corpo pro lado – Bryan? – Estática – Bryan? Ta me ouvindo? Bryan? – Estática. Merda, me apoiei no meu braço direito e levantei. Não tem outra saída, eu vou ter que escalar até em cima, agarrei a corda de força do elevador e me puxei pra cima, usei minhas pernas pra me ajudar a ir pra cima puxei um metro e percebi que não ia dar assim. Respirei fundo, peguei a gola da camiseta e mordi. Usei meu braço esquerdo - quebrado – e voltei a subir. Eu poderia até implorar a Deus pra dor passar, mas ele não ia me ajudar agora. Consegui ver a saída, mas tava muito longe pra alcançar. Tanto sofrimento por nada.
- DALLAS! QUE QUE ACONTECEU?! – Graças a Deus Bryan. Eu não consegui falar, se eu soltasse a gola da camiseta eu gritaria de dor – Se balança e segura minha mãe – Assenti, dei impulso na parede e comecei a me balançar. Ouvi um rangido, olhei pra cima. O elevador começou a balançar, ele vai cair – Da tempo, vem logo! – Estiquei a minha mão direita enquanto me balançava, faltava centímetros e Bryan pegou. Me soltei da corta e fiquei pendurada pela mão de Bryan. Vi uma sombra atrás dele, cuspi a gola da blusa pra avisar mas já era tarde. O homem de roupa preto chutou as costas de Bryan, ele soltou minha mão e eu me segurei rápido no chão da sala, aguarrei a mão dele com o braço quebrado. Gritei – Que foi?
- Eu cai do poço do elevador, quebrei o braço.
- Não me diga que é esse que eu to segurando.
- E é por isso que eu preciso que você segure a corda de contenção! – Ele esticou o braço – RÁPIDO BRYAN! – Ele agarrou e me soltou. Me puxei pra cima e senti no chão da sala, nunca me senti tão aliviada. Olhei pra trás, ainda tava todos os remédios que eu precisava ali. Peguei minha arma e deixei na cintura.Deitei no chão de barriga pra baixo – Agarra minha mão! – O elevador vai cair,ele está cedendo, rápido Bryan.  Ele olhou pra cima.
- Dallas, saiba que eu te perdôo por ser uma chata, e gosto que seja assim porque você cuida da gente.
- Porque eu sinto isso como se fosse uma despedida.
- Eu te amo Dallas – O elevador rangiu e caiu meio metro.
- EU TAMBÉM DE AMO MERDA! – Estiquei minha mão o máximo que mude – SEGURA RÁPIDO! – Ele esticou o braço, me olhou no olhos, o elevador caiu. Esmagando meu irmão em baixo dele. Uma poeira subiu, não ouvi um grunhido de dor sequer – Bryan – sussurrei chamando. Isso não está acontecendo, ele está ali. Ele vai levantar com um sorriso e dizer “oi otária, achou que eu ia te deixar é?” – Bryan – Sussurrei de novo, lágrimas começaram a cair dos meus olhos, e foi ali e que percebi que estava tudo acabado – BRYAN! – Fiquei olhando para o elevador caído. Eu sabia que o elevador ia cair, porque eu fiz ele ir pela corda? Porque ele não veio pela parede? Porque eu deixei ele morrer?
- Sinto muito pelo seu irmão – Ouvi o homem atrás de mim, não tinha mais medo. Só raiva, ódio e mágua subiram na minha garganta. Não sei se dele ou de mim. Peguei minha arma, mas não atirei, bati com ela na cabeça dele. Ele se afastou e abaixou a cabeça e eu chutei o nariz dele. Ele caiu, fui até ele, ele segurava o nariz sangrando. Sentei em cima da barriga do homem, soquei seu rosto, e soquei de novo e de novo eu estava com tanta raiva que poderia acabar com ele bem ali. Soquei o chão, bem do lado dele, o homem se assustou. Me debrucei e sussurrei no ouvido dele:
- Da próxima vez que eu te ver, não terei tanta misericórdia. CAI FORA!! – Gritei. Me ajoelhei e deixei ele sair correndo da sala.

- O que você está fazendo? – Bryan saiu de casa, e me viu sentada sozinha no jardim de casa – porque está aqui? E não lá dentro? – Era meu aniversário de 16 anos e ninguém tinha lembrado.
- Não tem nada pra fazer lá dentro.
- Serio? Não acho. Olha só o que eu encontrei! – Ele tirou uma caixinha das costas. Eu peguei, tinha um anel dentro. Era um anel de ouro. – Feliz aniversário – Ele me abraçou. Bryan tinha 15 anos, ele tinha começado a trabalhar numa joalheria.
- Obrigada, Bryan.
Soquei o chão.
- Ei o que aconteceu?
- Cai de skate – Eu tinha 10 anos e ele 9.
- Olha ta sangrando – Bryan andou até mim e beijou meu machucado.
- porque fez isso?
-Mamãe sempre diz que o amor cura feridas, e que o beijo é transferência de amor.
Soquei o chão de novo, dessa vez machucou.

- Dallas corre aqui.
- Que você fez Bryan?
- Comprei chocolate com minha mesada
- Mas a mamãe não deixa comer chocolate em dia de semana.
- E é por isso que eu não contei pra ela. Quer?

Soquei o chão mais uma vez, minha mão começou a sangrar.
- Porque está chorando Dallas?
- Freddy Bruckman me deu um bolo no baile.
- Cadê ele? Eu vou acabar com aquele filho da mãe.
- Não. Bryan senta ai.
- Dallas, não fica assim. Olha eu te pago um lanche. Que tal?

Soquei o chão de novo, e de novo, tinha sangue espalhado por todo chão. Me encostei na parede. Lágrimas escorrendo sem controle dos meus olhos, me apoiei no braço direito e me levantei, peguei uma bandeja e coloquei potinhos de remédio dentro. Coloquei a bandeja dentro da caixa de papelão que Bryan tinha trago. Abri e fechei minha mão direita, ainda tava sangrando, mas eu não me importava mais. Sai da sala, e andei escada a baixo. Austin não estava lá.
Segurei a caixa com uma mão e com a mão quebrada segurei a arma desci as escadas, vi um vulto virei.
- É você... Ufa – Disse Austin. Abaixei a arma – Cadê o Bryan? – Balancei a cabeça – Sinto muito – Ascenti – Me da isso aqui – Ele pegou a caixa e colocou tudo que tinha pegado dentro.
- Tava picotando, não consegui de ouvir – Eu tava me controlando, não vou chorar mais.
- Eu disse que aqui estava lotado de zumbi e – Ele me empurrou pra de trás de um lacuna e foi pra outra do lado. Uma horda de 20 zumbis estava vindo na nossa direção, ficamos quietos. Mau respirávamos, e eles passaram grunhidos, babando gosma preta, andando devagar. Um deles parou entre mim e Austin, grunhiu e depois continuou andando. Suspirei, subimos as escadas correndo. Tirei o ferro da porta, um corpo caiu rolando escada a baixo. O homem de roupa preta, morto. Não sei o que senti, mas foi alguma coisa perto de satisfação. Coloquei o ferro com cuidado no chão, sem fazer barulho, abri a porta e fechei com cuidado. Depois voltamos correndo pro prédio.

- A vida é uma coisa louca, não é? – Perguntei para Bryan enquanto tomávamos sorvete depois da escola – Viver é uma coisa louca.
- Sabe o que eu acho?  - Perguntou Bryan – As pessoas tem que aprender a viver.
- Como assim? Todo mundo vive Bryan.
- Não, poucas pessoas vivem, a maioria só... Existe.

3 comentários:

  1. AINHE MEU CORASSAUMMMMMMMMMMM

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  2. NÃO TO ZOANDO CARALHO EU CHOREEEEEEEEEEEEEEEEEEI

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  3. "apenas existe" Awwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwn PUTA QUEL PARIO PQ MATO ELE? #xorosa

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