sábado, 27 de julho de 2013

Capitulo 11 – Island Hope Corporation.

Era de madrugada, estavam todos dormindo enquanto eu dirigia, começou a nevar. Flocos pequenos e suaves de neve. Provavelmente já é dezembro. Quinze minutos depois, a neve ficou mais constante, mais intensa, questão de minutos e estava tudo coberto de neve. A rua, os corpos caídos na rua, os carros abandonados, as árvores, casas, prédios, tudo.
500 quilômetros se passaram, e começamos a entrar em “floresta”, mata meio fechada. Uma placa escrita “Você acaba de sair de Nevada. Volte sempre”, passaram-se vinte minutos e a gasolina acabou. Já tava demorando, pensei. Estamos a tanto tempo rodando, que eu fiquei pesando quando a gasolina iria acabar. Nos nossos dois lados tinham árvores, e a estrada começava a fechar.
-Ei, acordem.
- O que aconteceu? –Perguntou Link.
- Acabou a gasolina.
- Então vamos pegar outro... Puta merda que frio é esse? – Perguntou ele.
- Ta nevando. Saiam do carro – Disse. Saímos. Peguei tudo nosso, dei duas jaquetas a Dylan, e luvas. Coloquei gorro, e mais duas jaquetas.
- O que vamos fazer? – Perguntou Mike. Meu primeiro pensamento era começar a andar, pegar um carro e cair fora. Mas eles pareciam tão cansados, exaustos na verdade. Não estava sendo fácil esses dias, pra nenhum de nós, acho que merecemos uma trégua.
- Vamos entrar na mata e ficar lá por hoje, amanha andamos pra tentar achar um carro. Tudo bem? – Disse. Ele assentiram. Começamos a andar floresta a dentro, tudo estava complemente branco. Eu tinha que tomar cuidado pra não escorregar, o que era difícil. Andamos por dez minutos, em silencio. Para não chamar atenção indesejada, até que – ta bom aqui – Dylan suspirou e sentou no chão, se encostou na arvore e ficou – Mike, da uma ajuda aqui? – Ele veio até mim.
- O que quer que eu faça, chefe? – Eu ri.
- Só quero que você pegue alguns galhos e deixe aqui. Não muitos, para não levantar fumaça.
- Tudo bem – Ele se afastou.
- Não vá longe – Ele fez positivo com o dedão. Olhei pra trás e fui até um tronco. Fui empurrando ele, até a dor na costela ser demais para eu ter que parar e tomar um fôlego. Austin se aproximou e empurrou o resto do caminho – Obrigada.
- Por nada – Eu sentei no tronco, Mike chegou com alguns galhos, peguei duas pedras e como no tempo das cavernas esfreguei uma na outra até fazer fogo. Amora sentou perto da fogueira e deitou no chão com a cabeça na mochila. Link tava com luvas, gorro, jaqueta, deitou com a cabeça no tronco e voltou a dormir. Phil disse:
- Só falta mashmallow, e história de terror.
- Para que histórias quando temos a realidade? – Perguntei, ele sorriu.
- Foi mau, pelo que disse mais cedo.
- Não esquenta com isso – Respondi. Passou cinco minutos e ele tinha deitado sobe uma jaqueta e dormido. Austin estava cansado também, dentou na grama no meu lado, com a cabeça no tronco em que eu sentava. Mike sentou no tronco ao meu lado.
- Gosto dele – Disse Mike, sobre Austin – é um cara legal, cheio de atitude, ajuda muito, apesar de me odiar e eu nem sei o motivo.
-Deve ser porque você é bonito e ele se sente ameaçado – Respondi.
- Obrigado pela parte do bonito, mas ameaçado porque? – Não respondi, só peguei um graveto e mexi no fogo – a entendi, ele gosta de você. E pensa que eu gosto de você também – Olho pra ele – não, eu gosto de você. Mas, não desse jeito.
- Eu entendi – Eu ri – e eu pensei que homens não entendiam nada.
- Homens entendem homens, e isso é o suficiente – Disse ele. Olhei para Austin – mas sei o suficiente de garotas para saber quando uma está apaixonada – Olhei para Mike – eu sei, é estranho pensar assim, mas...
- Não. Não vou, e não posso me apaixonar por uma pessoa no meio de toda essa tragédia de mundo.
- Na minha humilde opinião, nessa tragédia de mundo é a melhor hora para se apaixonar. Ver a luz, no meio de desgraça. Achar amor na guerra. Guerra não pode ser combatida com guerra só o amor pode fazer isso – Os olhos de Mike cintilavam a luz da fogueira – eu vou me aliviar – Ele se levanto eu foi atrás da arvore. Eu não consegui agüentar e tive que rir, ele do nada sendo todo Shakespeare e de repente volta ao bom e velho Michael. Voltei o meu olhar para Austin, que estava dormindo com meu lado. Eu passei a mão cuidadosamente em seu rosto para tirar a neve, depois do cabelo. E depois só fiquei observando seu rosto, pensando com o que ele estava sonhando, e se estava sonhando, e com quem. Ele parecia tão tranqüilo e sereno. Era bom o observar dormir. Porque eu não to conseguindo. Tirei um cigarro da mochila e ascendi na fogueira, traguei uma vez e soprei. Tava tudo bem quieto.
 Respirei fundo, deixei o ar congelante entrar no meu pulmão e sair sereno. Faz tempo que eu não ouvia o silencio, e só agora percebi como sentia falta do silencio. Clack. Olhei pra trás. Alguém\alguma coisa quebrou um graveto. Joguei neve em cima do cigarro. Outro clack.
- Mike? – Sussurrei. Mike apareceu e sentou no meu quarto, e ficou quieto. Muito quieto.
-Eu vi zumbis aqui – sussurrou ele.
- Fica parado – Respondi. Vinham barulhos de trás e da esquerda. Fechei meus olhos, fazendo com que meu cérebro absorvesse cada barulho por toda floresta. Abri os olhos – Uns 10 – Ficamos quietos por momento, pensando que talvez, só talvez, os zumbis achassem que estávamos mortos, ou coisa do tipo. Mas quando um saiu das sombras, já era tarde.
- Acordem! – Exclamou Mike. Austin acordou assustado, quando Link acordou levantou e escorregou. Joguei neve na fogueira e comecei a correr, correr floresta a dentro. Os zumbis mais lentos por causa da neve tanto quanto nós. Olhei pra trás, Dylan, Amora Link. Do outro, Austin, Mike, Phil, olhei pra frente, zumbi. Brequei com o pé, peguei a faca. Escorreguei, mas não cai. Enfiei a faca na cabeça dele, que ficou presa na arvore. Não deu tempo de tirar. Droga, minha faca favorita.
Continuei correr, a vida é isso não? Corrida. Uma corrida pela vitoria, não importa o quão difícil seja a vida uma hora ela sempre da um jeito de te ferrar. Mas se você souber exatamente como cuidar da sua vida, uma hora, no final, você consegue alcançar a linha de chegada.
 Tropecei num tronco, cai de barriga no chão. Soltei um grito insuportável.

- DALLAS – Ouvi Austin berrando. Não conseguia me mexer, olhei pra baixo, a neve estava vermelha. Eu comecei a sangrar, o ponto se rompeu, eu comecei a sangrar – GRITA! EU PRECISO TE ACHAR! – Eu não conseguia gritar, estava perdendo o foco das coisas – NÃO FAZ ISSO COMIGO! POR FAVOR – A voz de Austin estava perto, mas eu não conseguia falar nada, nem me mexer. O frio invadia meu corpo, e eu passei a perder mais sangue – DALLAS POR FAVOR! – Desmaiei. 

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