quarta-feira, 27 de março de 2013

Capitulo 14 – Encontramos, o perdido.


Sabe o mais estranho? Não foram todos os zumbis que eu vi pela janela, que atacaram Megan. Tinham pelo menos quarenta. Vinte, talvez trinta atacaram... Então, onde estão os outros? Parece que os zumbis não foram os únicos a desaparecer. Faz algum tempo que Emma desapareceu. Desde a hora que eu disse pra ela fugir, ela não voltou. E ninguém a encontrou.
Não procurei muito por ela, porque talvez ela esteja tentando ficar sozinha um pouco se dar um tempo para sentir o luto. Matt disse que a viu sentada no jardim de trás. O tempo está mudando muito. Está começando a ficar frio.
- Ei boneca – Disse Brenda para Lola no dia seguinte, durante o café da manha – Tudo bem?
- Tudo – Lola sorriu. Brenda contraiu ligeiramente os olhos. Não disse mais nada depois disso. A ultima coisa que fez foi sair de casa, e ainda não tinha falado comigo. Fui atrás dela.
- Ei – Disse me aproximando lentamente e me sentando na grama ao seu lado – Ainda está brava comigo?
- Eu nunca fico brava com você. Só estava preocupada, só isso – Ela olhou pra mim, com sua respiração visível no ar frio do dia, ficamos em silencio por um tempo, e depois Brenda finalmente disse – Você viu os olhos dela?
- Vi – Lembrei do brilho no olhar de Lola – Parecia com os seus.
- E é esse o problema – Olhei pra ela – Olha ela não nos odeia, ela odeia a eles...
- Os irmãos?
- É,ela pensa que eles a abandonaram, que poderiam ter evitado, é culpa deles aos olhos dela. Acredite, eu sei como ela se sente.
- Não... Os irmãos dela foi uma acidente uma fatalidade, seus pais...
- Foi a mesma coisa. Um acidente. Não, fatalidade é morrer num acidente de carro, num incêndio. Agora serem mordidos por zumbis? Não...-Uma pausa – Mas que merda da na cabeça de uma pessoa pra fazer um vírus assim?
- O mundo era movido por uma coisa apenas – Respondi – Poder – Ela balançou a cabeça.
- Exatamente. Poder,se desse certo seriam a corporação mais bem sucedida do mundo. Mas tudo o que fizeram foi... Acabar com a vida de todo mundo.
- Deus sabe o que faz.
- A sabe? Sei lá... To começando a duvidar disso – Balançou a cabeça negativamente. Sei que como ela se sente, mas talvez esse apocalipse tenha sido um modo de tirar todas as pessoas ruins do mundo e as pessoas boas que também se foram... Efeito colateral? Não sei, lembro de quando eu ia a igreja junto com meus pais e Brenda e seus pais. Mas agora... – Se ele sabe o que faz... – Ela respirou fundo – Então porque levou as melhores pessoas que existem?
- Minha mãe uma vez disse “Quando você vai num jardim, você pega as melhores flores, não é? Deus pega as melhores flores para florir seus próprio jardim”
- Bom, então o jardim de Deus está lindo. Diferente do nosso. – Ela olhou ao redor, e fixou uma fresta em que se via a rua – Sabe como eu tenho certeza que quando morrerem todos vão pro paraíso?
- Como?
- Porque já estamos no inferno.
- Olha... As coisas podem ser melhores.
- A é? E como? Justin você ta vendo isso? A nossa vida é só correr de um lugar pro outro, tentando sobreviver. Não temos casa, não temos família não temos nada.
- Temos um ao outro.
- Não dura pra sempre, um dia eu não vou estar aqui.
- Tem razão. Você vai morrer na sua cama quentinha quando você tiver 90 anos – Ela riu.
- Que bom que pensa assim Leo diCaprio, só falto a gente cair do Titanic – Espera... Eu acabei de citar Titanic? - Queria poder ter toda essa certeza.
- Então tenha. Nossa vida não é tão boa, tem razão. Temos que ficar indo de um lugar para o outro. Sobreviver é o que nos motiva. Nem sempre temos comida. Muitos de nós morreram. As pessoas estão ficando ruins...
- Não... Elas já eram. O apocalipse apenas trouxe essa parte a tona.
- Talvez, de todo modo, as coisas podem estar bem ruins, mas se você conseguir ver a luz no fim do túnel se sentir a fé, e enxergar o amor que ainda tem entre nós, acho que você vai perceber que as coisas vão melhorar.
- Como ter fé... Não sei, no tempo que tive fé seus pais morreram, Mattew sumiu, você desapareceu. E quando voltou não lembrava de mim. – Tive um pontada no estomago. Isso sempre me incomodou. Como foi que eu me esqueci dos meus amigos? De tudo que Vírus e Vários fizeram, isso foi a pior de todos.
- Olha pensa bem, eu desapareci, poderia ter morrido, mas não morri. Seu irmão escapou da morte duas vezes. Seus pais morreram, mas você viveu. Você conseguiu liderar um grupo de... Não sei... 200 pessoas na Corporação apocalipse? E conseguiu, até essas pessoas irem embora, acho que foi melhor. Nós escapamos pela 2ª vez da Vírus e Vários, saímos da California e Caribe e ainda estamos aqui. Isso não te diz nada?
- Só me diz que Deus tem um senso de humor diferente.
- Ainda dá pra melhorar.
-Como? Como as coisas podem melhorar? Só me diz como.
- Podemos dar um jeito.
-Como? – Não respondi. As engrenagens no meu cérebro trabalhavam freneticamente a busca de alguma resposta, mas eu não consegui encontrar. Brenda virou o rosto pra baixo, parecendo decepcionada, esperando uma resposta, que não obteve.
- Brenda?
- Fala Mattew – Ele andou cuidadosamente até nós.
- O que a gente vai comer hoje? – Eu e ela rimos. Caramba, nós numa conversa intensa e Mattew chega pedindo comida? Ele tem mesmo 17 anos? Ou será que é 5?
- O que você quer? – Brenda se levantou sorriu pra ele, com um olhar maternal.
- Posso pedir o que eu quiser?! – Matt estava com um brilho no olhar de uma criança num playground.
- Pode... Que tal pizza? Quer pizza?
- PIZZA! – Exclamou Matt. Brenda andou até ele e disse:
- Mas você vai me ajudar?
- Claro! – Matt correu até a cozinha.Brenda foi logo depois dele.
- Eu ajudo. Não sei se você sabe, mas eu sou um ótimo cozinheiro!
- Aham, só se for pra sopa – Ela riu. Eu sorri. Terminamos a pizza, e foi o melhor almoço em meses. Não encontramos Emma ainda, ela não estava mais nos fundos, não sei onde está agora está começando a me preocupar.
- Mattew me ajuda a lavar a louça.
- A... Porque só eu faço as coisas por aqui?
- Para de reclamar, e vai pegar o sabão no porão – Matt, abriu a porta que tinha no chão na cozinha e desceu para o portão. Matt gritou, o sorriso de Brenda se desfez, ela jogou o pano na pia e saiu correndo. Matt fechou as pressas a porta do porão, e sentou no chão com o peito arfante.
- Merda, merda,merda, merda – Brenda se agachou derrapante ao lado dele, e colocou a mão em suas costas.
- O que foi? O que foi?
- Tem... Tem... – Os olhos verdes de Matt, estavam vidrados de medo – Tem... Zumbis no porão – Eu e Brenda nos entreolhamos. Então é aqui que os zumbis estavam? Entraram por trás acho. Brenda pegou o machado, e me entregou a faca, a luz estava acesa. O resto dos zumbis, estavam ali andando de um lado pro outro, em estágios diferentes de decomposição. Taylor desceu pra ajudar. Uns vinte errantes eu diria. Assim que sentiram o cheiro humano, se eriçaram, pulavam. Corriam cambaleantes ao nosso encontro, segurei a faca com uma mão, e decepei um zumbi, andei até um que pulava por trás de Brenda, puxei ele e o larguei no chão, Taylor pisou na cabeça do errante até explodir, Brenda decepou um mordedor que quando caiu ainda mexia a mandíbula e olhos, chutei ele, voou com força como uma bola até se chocar contra a parede e quebrar em dois.  Não foi tão difícil. Estávamos em três, somos rápidos e eles lentos. Mas então, eu vi. Quando os errantes estavam no chão, ainda restava um. Um zumbi vindo dos fundos da sala, loira. Tinha acabado de se transformar. Tinha um bolo no meu estomago. Mas pelo menos, agora eu sei onde Emma estava.

terça-feira, 26 de março de 2013

Capitulo 13 – O prega peças.


Não dava pra enxergar direito a casa nova, o que eu vi é que é uma mansão. Tão grande e tão bonita quanto a outra. Fomos para a sala, a porta de entrada era transparente, não de vidro mas acrílico, aquele tipo de matéria que nem um foguete quebraria, e isso é muito bom. Merly pegou uma luminária, e colocou próximo ao sofá em que DJ se encontrava. Com a ajuda de Brenda, Merly terminou com a perna de DJ em 30 minutos. Megan evitava falar ou olhar para Brenda e quando olhava era com ódio. Depois de 40 minutos de Megan olhando errado pra Brenda, ela se irritou.
- Ta bom, garota qual o seu problema? – Perguntou ela desviando o olhar da perna de DJ.
- Meu problema?
- É, se quer falar alguma coisa, desembuche.
- Ta bom – Disse Megan, dava até pra ver o fogo no olhar dela – O meu problema é você.
- Aé? – Brenda sorriu, e voltou o olhar para DJ – E o que eu fiz para irritar a garotinha? – Perguntou com ironia.
- Você é simplesmente um projeto de líder, metida a boazinha – Metida a boazinha? Metida? Boazinha? Putz... Ela falou a coisa errada agora. Vai ficar tudo muito sério. – Fica com a minha irmã, como se ela fosse a sua. Pensa que sabe das coisas. Pensa que é Deus, que pode falar quem morre, e quem vive, pensa que sua vida é difícil? Experimenta ficar num armário – Brenda contraiu o maxilar. Ela é controlada, não vai voar em cima do pescoço da Megan, mesmo que essa seja a vontade dela. Ela sabe se virar sozinha, apenas vou observar. Mas de uma coisa eu sei... Megan, você ta ferrada.
- O.K por partes então – Brenda se virou pra ela, sentada no chão com o arame farpado que pingava sangue na mão – “Projeto de líder, metida a boazinha” isso é o que você diz. Eu nunca disse que era a líder,se você me vê como uma é porque você quer isso. Metida a boazinha? Nunca disse que era boazinha. Se eu fico com a sua irmã é porque ela quer ficar comigo, é porque ela gosta de mim, é porque ela vê em mim, uma pessoa madura diferente de você. Eu nunca disse que sabia das coisas, isso é suposição sua. “Pensa que é Deus, que pode falar quem morre, e quem vive” – Brenda riu com ainda mais sarcasmo – O seu irmão já estava morto. Caso você não tenha visto ele foi mordido – Megan empalideceu – Você prefere seu irmão normal? Ou como um deles?
- Eu prefiro ele vivo – Respondeu ela a beira das lágrimas.
- Ossos do oficio. Você não pode esperar que todos fiquemos vivos numa merda de mundo desses. Você disse “pensa que sua vida é difícil? Experimenta ficar num armário” O que você não vê, é que ficou no armário porque quis. Você preferiu ficar presa, do que enfrentar o mundo aqui fora. Preferia mandar Andrew buscar o que precisavam e voltar. Preferia se esconder. Preferia deixar sua irmã com medo, presa numa droga de armário, do que pelo menos tentar sobreviver e colocar um zumbi pra fora. Você pensa que sua vida foi difícil? Experimenta matar a própria mãe – Brenda se levantou, jogou o arame no chão e subiu as escadas. Meu coração parou. Matt balançou negativamente a cabeça para Megan, e subiu atrás de Brenda. Um silencio constrangedor se instalou, e só foi quebrado quando DJ resolveu perguntar:
- Se ninguém vai dizer eu digo. O que aconteceu com ela?
- Bom...– Comecei  - De uma forma simplificada. – Contei pra eles sobre meus pais, e os dela. Sobre Douggie – O cachorro dela - sobre Brenan, James.  E no final todos ficaram quietos.
- Eu...  – Gaguejou Megan – Não sabia.
- Ninguém sabia, mas dizer que sua vida foi difícil não torna a dela mais fácil.
- Eu sei... Eu só tava meio triste por causa do meu irmão e... Por causa do Jake – Megan e Jake estavam tendo um caso pra quem não lembra – Como consegue a frieza pra matar um amigo?
- A vida te dá isso. Todos perdemos quem amávamos, ta todo mundo ruim nessa... Brigar não vai melhorar a situação de ninguém. – Ela assentiu.
- De qualquer maneira ela não tinha o direito de atirar nele sem falar com a gente – Teimou Megan irritada. Eu entendo que o apocalipse deixa as pessoas com os nervos a flor da pele, irritadas com qualquer coisa, medo de tudo, brigam por nada. Eu sei, mas essa  garota está me tirando do sério.
- Ela salvou sua vida, e isso não foi só uma vez – Defendi – Ela salvou a vida do seu irmão.
- Matando ele? – Senti uma queimação subindo a garganta. Me levantei.
- O que você esperava? Que arriscássemos nossa vida por ele, trouxemos ele pra cá? Pra ele se transformar? E trancar um zumbi dentro de uma sala?
- Você sobreviveu, porque ele não?
- Porque ele não tinha sido infectado foi? Colocaram A Cura nele?
- Você fala como se fosse ruim – Debochou – Ter A Cura nas veias, sentir os zumbis, saber quando estão perto e poder sair mais rápido. Ter uma resistência maior do que humana.
- Você diz como se fosse bom – Eu estava com raiva, não da pra negar. Mas me mantinha calmo, e com voz controlada – parece até que sua alma foi dividida. Você não sabe como é.
- Porque vocês dois ficam falando isso?!
- Porque você não sabe o que a gente passou pra chegar aqui inteiro! Você perdeu seu irmão, seus pais. Eu perdi meus pais também, meus amigos, minha família inteira, minha casa eu perdi tudo. Então não diga que sua vida é difícil, porque você não faz ideia do que é vida ruim – Ela apenas me observou, com olhar debochado. E subiu as escadas. A noite passou, e deixou com ela a tenção no ar. Brenda não desceu, apenas as pessoas subiram. E como sempre eu fiquei em baixo, de guarda. A barricada nessa mansão é de concreto, não grade. A parede não era de vidro, eu via o lado de fora pela janela. Acho que aqui é melhor, talvez mais seguro do que a outra mansão. O sono começou a me dominar, e quando estava prestes a dormir ouvi vozes do topo da escada.
- O que você pensa que está fazendo? – Disse a voz de Emma.
- Me mandando daqui – Respondeu Megan ligando a luz do quarto. Muito boa... Ligar a luz, pra atrair eles... pensei irritado – Você vem comigo Lola.
- Mas eu não quero – Respondeu Lola – Você irritou Brenda e Justin porque? Eles são pessoas legais.
- Tão legais que mataram Andrew.
- Eles salvaram nossas vidas Megan – Disse Emma severamente – Você não tinha direito de falar todas aquelas coisas.
- Ora pelo amor de deus... Podemos confiar em uma pessoa que mata os próprios pais?!
- Eles já estavam mortos – Disse Lola.
- Não diga isso! – Disse Megan apagando a luz do quarto e ligando a da escada – A Vírus e Vários diz que estão apenas doentes. Vão conseguir um antídoto, e eu prefiro confiar numa Corporação do que nessas pessoas completamente loucas.
- Megan, não faça isso.
- Eu faço o que eu quiser, a irmã é minha e eu vou levar ela! – Gritou Megan, descendo as escadas.
- Para de gritar, vai atrair os bichos – Disse Lola. Megan deu um puxão no braço da irmã.
- Não chame eles de bichos! Eles vão voltar! Não são perigosos – Emma riu.
Elas desceram as escadas correndo. Ouvi grunhidos, olhei para fora da janela, alguns zumbis vinham para cá. Depois de ficar acendendo as luzes, e gritaria eu não me surpreendo. Lola segurou firme no braço da irmã e se soltou dela.
- Eu não vou.
- Você só tem sete anos, não sabe de nada.
- Mas que merda está acontecendo aqui ?! – Taylor desceu as escadas.   
- Vem com a gente Taylor.
- Embora? Ta loca?!
- Porque? Eu sei o que estou fazendo. A gente pode sair e sobreviver muito bem, nós quatro.
- Não podemos não! Megan, pensa bem no que você ta falando. Eles cuidam bem na gente, temos comida, água quente, pessoas que nos protegem. Porque iria embora?
- Você está se enganando, eles estão mentindo pra gente. Quando menos esperarmos eles vão nos matar.
- Pra que eu faria isso? – Sussurrei, todos olharam pra mim. Lola se desprendeu de Megan, correu até mim e me abraçou.
- Justin eu não quero ir embora.
- Você não vai gatinha.
- Não é você quem decide – Respondeu Megan.
- Nem você. Se ela quer ficar, ela fica.
-ótimo – Exclamou Megan, ela foi batendo os pés para fora da casa. Não é uma boa idéia. Emma foi atrás dela e eu também.
- Megan. Megan!
- Não gritem, não estamos sozinhos.
- DANE-SE EU JÁ DISSE QUE ELES NÃO SÃO PERIGOSOS! A VÍRUS E VÁRIOS...
- A Vírus e Vários caiu garota! Eles não estavam procurando merda de cura, droga nenhuma! Acorda! – Disse.
- E como você pode saber?
- Eu estava lá! – Ela não respondeu, mas continuou andando para o porta – Não abre a porta! É sério! – Ela segurou a maçaneta e olhou para mim, depois abriu a porta de latão. Não deu dois segundos e os trinta errantes que estavam do lado de fora atacaram Megan – PRA DENTRO TAYLOR! VAI! – Taylor correu, empurrei Lola para dentro – Paraíso, paraíso – Ela deitou no sofá com as mãos nos ouvidos, peguei a arma e fechei a porta. Tranquei por fora, dei o primeiro tiro, Brenda correu pra baixo com o machado na mão, all star vermelho desamarrado e blusa do pijama, como a porta da sala era transparente ela olhou para mim, não ia abrir a porta, não ia deixar ela em perigo, nenhum deles, não deixaria os zumbis entrarem na casa. A porta era forte, Brenda ficou com raiva pegou o machado e bateu com a parte pontuda na porta, ela disse alguma coisa do tipo “Justin, abre essa porta! Vem pra cá! Eu posso ajudar! Eu vou te matar menino”.
Os mordedores arrancaram o braço de Megan, e depois a perna. Emma corria para ajudar ela.
- MEGAN! MEGAN CALMA EU VOU TE AJUDAR!
- NÃO! EMMA VOLTA AQUI! – Emma olhou pra mim, e depois para Megan que gritava cada vez mais alto, lagrimas pularam de seus olhos, ela sussurrou um “Sinto Muito” e Megan a olhou com incredulidade.
- NÃO! EMMA! EMMA! – Emma veio pro meu lado.
- Foge, vai! – Ela saiu correndo e deu a volta na casa. Atirei em um errante, fazendo a bala passar no crânio dele, e o fazendo cair no chão. Atirei em outro e outro, eu tremia, pelo medo que me consumia. Um barulho atrás de mim, que uma coisa pesada batendo em plástico só que 30 vezes mais alto,esse era o barulho que Brenda e seu machado faziam. Emma chutava e empurrava os zumbis que estavam acumulados em cima de Megan, e acabou sendo mordida na nuca, merda... Qual é o problema de fazer o que eu to mandando!
- ME LIVRA! – Gritou Megan – ME LIVRA DA DOR! ME TIRA DAQUI! ATIRA CARA! POR FAVOR ATIRA!! – Berrou. A dor de atirar num amigo, num aliado, agora é maior. Parece que os poderes me deixavam mais frio. Agora não mais. Respirei fundo, tentei parar de tremer, e em dois tiros, matei Megan. Os zumbis se atiçaram com o sangue expelido pra fora da cabeça da Emma, atirei nos zumbis o suficiente para chegar até a porta. Agora eles estavam interessados nos corpos no chão. Não tinha mais balas na arma. Peguei a faca. Eles não estavam me vendo mesmo. Foi fácil. Tossi. Sentei no chão. Olhei pra trás, Brenda também tinha sentado no chão, desistido de tentar bater na porta que nenhum arranhão fez. Fechei a porta.
Enterrei o que tinha sobrado da garota, e queimei os corpos dos errantes, pra não começar a chegar. E amanha eu jogo na rua. O barulho dos tiros pode trazer alguns pra cá, então peguei o sangue do chão e coloquei o rastro até chegar na frente. Enganando os errantes. Abri a porta, Brenda não olhou pra mim. Ficamos em silencio por um tempo, e então finalmente disse:
- Não podia deixar você em perigo – Ela não respondeu. Agachei ao lado dela - Eles poderiam entrar na casa, poderiam matar outros de nós.
- Eu poderia ter ajudado – Ela ainda não olhou pra mim.
- Não disse o contrario. Mas poderia ter se machucado também.
- Você poderia ter morrido. Sabe que está mais vulnerável agora. Não é a mesma coisa Justin.
- Tantas vezes vocês também esteve assim. Sempre me preocupei, é bom você se preocupar também.
- Sempre me preocupei. Perdemos muitas pessoas, e perder você agora não é uma opção – Ela se levantou sem olhar pra mim, e subiu as escadas.
- Valeu cara – Agradeceu Taylor, eu fiz aceno com a cabeça e ele foi pra cima. Não disse nada. Me levantei, e sentei no sofá, Lola ainda estava deitada nele.
- Gatinha? – Ela olhou pra mim – Tudo bem? – Vi uma brilhante lágrima escorrendo pelo nariz dela, e caindo no sofá, ela assentiu – Brava comigo também?
- Não. Ela foi mordida. Amo minha irmã, mas estava fora de si. Você não é uma pessoa má Justin. Só faz o que a situação pede – Sorri, olhei nos olhos da garotinha e eu vi. No fundo dos seus olhos, um brilho estranho que sempre vejo nos olhos de Brenda – E a Brenda não está brava. Só estava preocupada, e com medo de te perder.
- Acho que você tem razão. – Eu fiz o que pode pra não trazer os errantes pra cá; E mesmo assim não vai ser o bastante. Eles vão voltar, e temos que ir embora.

sábado, 23 de março de 2013

Capitulo 12 – Perco uma coisa valiosa.


- Como você encontrou a gente? – Perguntou Brenda.
- Eu tive que vir na cidade pra comprar leite e Nescau; E então vi vocês, e não é sempre que alguém conversa com outro por um comunicador. E as pessoas pararam de entrar em Miami. Então... – Merly era um cara de mais ou menos 25 anos. Magro, blusa branca regata, calça jeans, botas de trabalhador e boné da Lacoste. Ele segurava uma sacola de papel. E tinha um sorriso estampado do rosto magro. Olhos castanhos brilhantes.
- É justo – E sorrindo eu apertei sua mão – É muito bom conversar com você sem ser por uma caixa – Guardei o comunicador dentro da mochila de Lola novamente, e começamos a andar – Pra onde vamos?
- Bom, moro com minha filha Sarah de 15 anos, minha sobrinha Laura de 18, e meu sobrinho DJ de 19. Encontramos algumas casas por aqui e as transformamos em fortalezas, não são perfeitas, mas até agora funcionam. A que estamos agora é uma mansão a uns 5 quilômetros daqui. Acho que vocês vão gostar dela. Tem lugar pra todo mundo – Ele passou os olhos pelo grupo. Me sentia mais fraco, desde que bati a cabeça do vidro. Vi um errante a mais ou menos 4 metros de distancia, o estranho foi que eu não o senti.
A mansão tinha três andares. Uma barricada de grade em volta de todo o perímetro da casa, que era mais ou menos 600 metros quadrados. Tinha um jardim por toda sua volta, um jardim incrível que contrastava com a paisagem destruída e devastada da rua. Flores por todo o jardim, uma piscina de 9 metros retangular feita de azulejos brancos, e um D gigante no fundo feito por azulejos azuis.
- Os donos da casa se chamavam Dunkley – Explicou Merly, olhando o que eu olhava – Vi nas contas de água.
A parte da frente da casa era toda de vidro. Teto triangular marrom. O resto da casa feita toda de tijolos. Móveis caros. Duas garotas saíram da cozinha, uma morena de cabelos pretos e roupa de jardineira, a outra era branca de olhos castanhos, cabelos de mesma cor, calça jeans e blusa branca, boné da New York, era assustadoramente parecida com Merly.
- Essa é minha filha – Explicou desnecessariamente Merly, apontando para a garota de boné – E essa é minha sobrinha, filha do Jessie – Jessie, o cara morto da van. Sua filha Laura. Um garoto desceu as escadas, era branco, bem magro, olhos castanhos,cabelo caídos de mesma cor, e um boné da Monster.  – E esse é DJ.
- Fecha a boca Matt... – Disse Brenda – Ta caindo baba.
- Ei queridinha... – Laura chegou perto de Lola,com um sorvete de palito na mão. A quanto tempo eu não vejo isso? A quanto tempo eu não como um desse? E eu pensei que nunca mais veria um desses – Quer? – Lola olhou para Brenda como se pedisse permissão. Ela assentiu, e Lola sorridente pegou o sorvete.

Depois de 15 minutos de conversa, todos foram ver seus quartos e guardar a bagagem.  Mas eu fui dar um volta na casa. Do outro lado da mansão tinha uma pista de skate. Tinha um skate do lado da porta de correr de vidro, que era a porta dos fundos da casa.
- Deita aqui – Brenda saiu da casa, e apontou para uma cadeira de pegar sol. Fixei ela com olhar indagador. E andei até a cadeira, deitei de bruços. Brenda sentou ao meu lado, e tirou meu boné, depois o pano. Mas não fez nada.
- No que você esta pensando?
-Porque você ainda está machucado?
- Como é?
- Depois que você foi mordido, e eu cortei seu braço você se curou sozinho. Em questão de segundos. Mas agora sua cabeça sangra, hemorragia talvez como uma pessoa normal. Eu notei que você também não está sentindo os zumbis.
- Onde quer chegar?
- Não sei. Só quero um resposta.
- Eu tenho um palpite.
- Estou ouvindo.
- Que parte do corpo – Comecei – A Cura afeta.
- O cérebro – Respondeu Brenda em quando injetava anestesia que pegou de Merly em mim.
- Exato. E como se mata um zumbi?
- Apunhalando a cabeça – Respondeu ela,em quanto tirava os pedaços de vidro da minha cabeça, e depois costurava.
-Em que parte da cabeça?
- Ué... Atrás é melhor – Olhei pra ela. E então ela entendeu.
- Vira – Virei a cabeça, e ela voltou a costurá-la – Ta me dizendo... Que quando você bateu a cabeça no vidro...
- Matei minha parte mutante.
- Então...
- Não sinto mais zumbis. Nem sei quantos são. Nada. Tudo... Acabou.
- E como você se sente? – Perguntou ela, passando carinhosamente a mão na minha cabeça, e limpando o sangue do meu cabelo.
- Normal.
- E isso é ruim?
- Depende do ponto de vista... Eu não sou mais forte. Não posso te proteger. Não posso saber o que vai acontecer, então eu sou fraco.
- Cala boca, nunca mais diga isso. Ouviu? – Disse ela – Você não é fraco. Você é mais forte do que pensa. Ser normal, não é tão ruim. Depende do ponto de vista... Agora nós dois nos protegemos, não precisa saber o que vá acontecer só precisamos ter cuidado. Justin, você pode ser qualquer coisa... Menos fraco. – Virei, e olhei pra ela.
- Acha?
- Claro – Eu me apoiei nos cotovelos na cadeira, e coloquei uma das mãos na nuca dela e a puxei para um beijo.
- E pessoal, agora entendi porque vocês sumiram – Matt entrou. Brenda o fuzilou com o olhar.
- Eae Matt, o que acha da gente dar uma andadinha?
- Ainda sabe Bieber?
- Claro Druman – Ele riu. Me levantei, ainda estava sobe os efeitos da anestesia então não sentia minha cabeça doer. Peguei um skate e Matt o outro, fomos para pista e começamos a andar.
Eles tinha geradores de energia própria na casa, então colocamos nossa comida na geladeira e a juntamos com a deles. Matt não parava de olhar pra Laura. A garota exibia aquele costumeiro olhar triste de alguém que perdeu um ente querido. Mas ainda sim parecia feliz, olhava timidamente para Matt, e depois desviava o olhar.
- Para de secar a menina Mattew... Ta deixando ela sem graça – Sussurrou Brenda. Matt parecia ter voltado de um transe, piscou, balançou a cabeça e voltou o olhar para o prato.
Estava tudo bem calmo. Lola estava se divertindo, e de noite ninguém precisava ficar de guarda, mas mesmo assim eu ficava por um tempo, não confiava mais em nenhum lugar já que eu voltei a ser normal. Brenda dormiu num sofá a minha frente, e Lola desceu as escadas no meio da noite:
- Ei... O que foi gatinha?
- Eu... Não consigo dormir. Tive pesadelos. – A pequena garotinha de 7 anos tremia – Posso ficar aqui com você?
- Claro, vem aqui – Bati no sofá, e ela andou até mim, com os braços enrolados e volta do polvo de pelúcia.
Tudo estava calmo no dia seguinte também. Nenhum ataque. Apenas nós, pessoas quase normais. Matt tinha mudado totalmente o que era, ajudava Laura a cuidar do jardim. Até Taylor estava se entrosando bem com a Sarah que estava cozinhando junto com ele, o que era muito bom pra mim. Caterine e Logan voltaram ao normal, ele até pegou o lugar de Daniel e a ajudou a lavar as roupas. Brenda estava a beira da piscina com Lola, que nadava alegremente. Ficar aqui era bom, não só pra nós que estávamos mais descansados do que nunca, mas para Lola também. Não é saudável ficar correndo de um lugar pro outro. Eu peguei o skate e dei um volta pela casa, não sei por que mas ainda não achava bom ficar parado tempo demais num lugar só. Não me sentia seguro. Até porque ao redor é grade, pode ser facilmente quebrado, sendo humano ou não.
- Ei queridinha, sai um pouco, está ficando tarde – Brenda enrolou Lola numa toalha, falou alguma coisa em seu ouvido, e ela correu rindo pra cima. Ela entrou também e eu fui atrás dela.  Coloquei o skate de lado e sentei no sofá do lado dela – É bom ficar aqui. Faz bem pra ela. Lola... Quero dizer, é bom ficar parado, quieto por um tempo.
- É... Merly é um cara legal.
- Foi gentil da parte dele deixar a gente vim pra cá.
- Foi –Disse eu, desviando o olhar do chão e olhando para Brenda nos olhos – A gente fica mais relaxado com uma boa noite de sono. – Coloquei a mão no ombro dela – Ficamos mais calmos, não?
- Senti falta de estar num lugar legal. Sabe? Um lugar assim. Como uma casa, como uma família.
- Sei. É bom pra... – E então foi ai que eu vi. Pelo canto do olho, percebi movimento vindo no lado de fora da porta de vidro. Virei o rosto a tempo de ver a grade – A volta inteira da casa – lotada de zumbis. – Abaixa – Disse a Brenda, mesmo sabendo que seria inútil. Porque eles já nos viram. Fiz sinal com a mão pra Brenda me seguir, e fomos engatinhando pra cima.
- DJ, onde é o próximo abrigo? – Sussurrei.
- A uns 7 quarteirões daqui porque?
- A casa da lotada de zumbis.
- Cabeças ocas aqui?
- Cabeças o que?! – Exclamou Brenda.
- É assim que chamamos por aqui – Respondeu DJ.
- Dane-se a droga do jeito que chama! –Disse irritado – Temos que sair daqui.
- Como? – Perguntou Megan. Ninguém respondeu. – Como?!
- Calma merda... Eu to pensando – Disse Brenda. – Ah... Não sei...
- Esgoto! – Disse – Logan vai lá em cima! No teto, e vê se a boca de lobo mais próxima tem zumbis. Rápido – Logan saiu correndo.
- Como você não sabia que eles estavam aqui? – Perguntou Tyler.
- Bom... É que... – Um barulho. Olhei pra baixo, a grade cedeu, caiu. Os zumbis batiam freneticamente com seus braços mortos, e sua fome voraz por carne humana – Não tem tempo pra isso!
- Tem alguns, mas estão virados para cá. Não estão olhando pra lá. – Disse Logan.
- É agora... Vamos! – Disse Brenda.
- Não, se a gente sair daqui eles vão ver a gente e vir atrás! – Respondi.
- Então o que você prepõe? – Perguntou Brenda desesperada. Não respondi, mas tive uma ideia.
- Vão embora.
- O que? Não, não vou te deixar!
- Não é hora pra isso, vai. Mattew tira ela daqui! – Matt olhou pra mim meio apreensivo e depois agarrou Brenda pelos braços, e a levou para baixo, todos os seguiram e desceram as escadas para o esgoto. Olhei pra trás. Desci correndo as escadas, e fui pra cozinha. Peguei um álcool e joguei pela cozinha e sala. Moveis, e a parede de vidro. CLACK, a porta rachou. Merda, pensei. Voltei pra cozinha e molhei um pano com álcool, CLACK, o vidro quebrou. Os... O que? 180 errantes? Entraram dentro da casa, num uníssono de grunhidos e gemidos. Liguei o fogo, e saí correndo, os mordedores corriam a minha direção, peguei a faca, abri a porta da cozinha e fechei, desci as escadas escuras. Não conseguia ver nada, ouvi o barulho dos errantes batendo na porta. Corri pelo túnel do esgoto, senti um calor vindo por trás. Olhei. O álcool e o fogo entraram em combustão, a casa explodiu. Fui arremessado a 4 metros de distancia. Voei. E caí em cima de alguém.
- Ai – Logan colocou a lanterna em direção ao meu rosto, olhei pra baixo. Caí em cima de Emma.
- Desculpa.
- Tudo bem. – Merly me ajudou a levantar. Andamos a mais ou menos 2 metros antes de Dj cair, agoniado e com dor. Logan colocou a luz da lanterna no tornozelo do garoto, que estava enrolado num arame farpado – Quem deixa um arame no esgoto?
- Qualquer um.  Vem cá – Ele se apoiou em mim. E continuamos a andar. Subimos as escadas, e saímos para o ar puro da noite, que foi interrompido pelo cheiro rançoso, e podre de carne morta. Alguns dos cabeças ocas estavam vindo para nossa direção. Saímos rápido do esgoto, e começamos a correr em direção a nova casa de abrigo.  Dj caiu de joelhos, paramos por um momento.
- Se não tirarmos esse arame ele pode prejudicar a perna dele – Disse Laura.
- Se fizermos isso sem as coisas de médico – Respondeu Merly – Ai sim pode piorar a situação.
- Ele pode morrer – Disse Sarah. DJ riu.
- Mortos voltando a vida – disse ele arfante – e David Jackson morre por causa de um arame na perna? Patético.
Ele se apóia em Merly e voltamos a correr, não importa o quanto a gente corra os zumbis ainda estão nos perseguindo. Não cansam, nós sim. Brenda pegou seu machado, e eu a faca. Matar os zumbis era a única coisa na minha mente, agora estou vulnerável, agora sou normal. E não sei se gosto disso.
Brenda decepou a cabeça de dois zumbis, eu afundei a faca no crânio de um errante que tinha a metade do cérebro exposto, ele caiu no chão com seus fluidos cranianos espirrando para todo lado. Recuamos um pouco mais, viramos uma esquina num beco, estava escuro era difícil ver. Enfiei a faca na garganta de um mordedor, ele caiu com seu queijo escorrendo sangue negro. Depois desferi um golpe na parte de trás de sua cabeça e ele caiu na sua própria poça de sangue.
Corremos. Lola estava próxima de Brenda, não sei por que sendo que ela estava matando zumbis, uma carnificina ao nosso redor e a garota ainda quer ficar ao nosso lado. Andrew caiu, escorregou no sangue de um zumbi. Como estávamos correndo, tive que voltar pra conseguir chegar nele. Ele estava com o pé preso dentro de um boca de lobo. Ele me lembrou a Daniel agora. Foi puxado para baixo por um mordedor que estava no esgoto. Um? Não. Cinco. Eles perambulavam pelo esgoto, e agora mordiam a perna do garoto.
- ANDREW! – Megan correu na direção dele, mas foi parada por Brenda – Me solta! Você não tem o direito de...
- Olha só garota, quer viver? Então anda! E não olha pra trás! – Respondeu Brenda friamente.  Megan olhou pálida para Brenda, e depois com raiva mas mesmo assim foi embora. Ela estendeu a mão para Lola, a menina olhou para mim e Brenda e não foi com a irmã. Megan ficou com ainda mais raiva. Brenda se agachou, e disse sussurrando para Lola – Paraíso – A garotinha que chorava – Não importa que ela tinha 7 anos. Sabia o que iria acontecer – se virou, fechou os olhos e tapou os ouvidos. Não consegui fazer nada, não tive reação. Era outro do nosso grupo que se ia. Brenda se virou, respirou fundo e sem hesitar atirou na cabeça de Andrew. Pegou Lola no colo e disse – Sinto muito.
- Tudo bem – Respondeu com voz tremula – Prefiro ele assim, do que virando um deles – Era incrível como ela tinha maturidade. Os zumbis se amontoaram em cima do corpo inerte de Andrew, e como entramos num beco escuro, eles não nos viram.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Capitulo 11 – Cabeças Ocas.


Eu não sabia o que dizer. Só conseguia pensar que matei Jake. Ou a parte viva dele. Robert com a perna sangrando, e metade da coxa no estomago morto de Jake. Então essa era a sensação estranha? Jake devia ter sido mordido quando foi ajudar Taylor e Brenda. Não falou nada pra ninguém, e simplesmente entrou. E por causa disso... Robert vai ter que ser morto. Todo mundo se deslocou para um lado do cômodo.
- O que... O que fazemos agora? – Perguntou Tyler.
- Bom... Uma hora ou outra – Comecei – Ele vai...
- Não. Não vamos matar meu amigo – Disse Taylor – Olha não importa...
- Sinto muito Taylor – Disse Brenda friamente – Ele já está morto. Ou ele morre agora por nós, ou ele vira um deles e teremos que matá-lo. Você decide.
- Eu descido. – Disse Robert do outro lado da sala.
- Olha... Robert eu...
- Eu falo o que eu quero fazer. Eu morro pela melhor pessoa pra isso.
- Mas... – Tentei argumentar. Ele pegou uma arma – Robert cara, pensa bem no que você... Não! Não, Não Robert não faz isso CARA! – TAFF! Robert atirou na própria cabeça. Seu corpo caiu no chão. Ouvi um choramingo, Lola escondeu o rosto na barriga de Brenda.
Grupo está diminuindo. Como antes. Antes era Brenan, James, Logan, Caterine, Daniel, Tom, Brenda... Mas acabou virando apenas nós. O ruim de se apegar, e que um dia você perde.
A dor é maior.
O tiro de Robert vai chamar a atenção dos zumbis, pegamos e corpo e enterramos os dois melhores amigos um do lado do outro. Lola pegou algumas flores num jardim de uma casa próxima, e colocou um ramo no tumulo de cada um. Grunhidos.  Todos os zumbis que corriam no dia anterior ao nosso encontro, vinham até aqui. E mais alguns depois  do tiro de Robert... Eu diria, 163 errantes. Mas que ótimo – pensei. Corremos para dentro do trailer, Andrew pegou Lola, e a segurou no banco. Brenda ligou o motor do trailer, a pisou no acelerador. A gasolina do nosso auto móvel estava acabando, problemas não faltam. O trailer era grande demais para fazer curvas rápidas mas isso não impede Brenda de tentar. Brenda subiu uma rua, e virou a esquina os mordedores se acumulavam, a cada esquina que virava mais 20 se aglomeravam. Brenda começou a tremer, minha barriga roncava. 12:00 e ninguém tinha comido. Brenda saiu e eu fui no motorista. Pisei fundo no acelerador, fui até o final da avenida, e a única saída era descer uma ladeira íngreme.
- Não, não vai dar certo! – Gritou Andrew.
- Tem que dar – Respirei fundo e acelerei, a rua era tão íngreme que quando os zumbis corriam atrás de nós caíam e rolavam rua a baixo. Como bolas de basquete. A cada metro um BAQUE novo. Pelo retrovisor vi que um errante tinha caído no vidro traseiro, batia no vidro, grunhia e tentava morder Andrew, que veio mais pra frente. O trailer ficou mais pesado. BAQUE, outro errante caiu no nosso auto móvel. BAQUE, outro. Estava ficando mais difícil controlar. Faltavam alguns metros de distancia. BAQUE. Perdi o controle do trailer, os pneus começaram a cantar em quanto o carro ziguezagueava pelo asfalto. O trailer era grande, tombou. O teto virou chão. Todos caímos nele. O trailer escorregou pela rua, consegui ver as fagulhas que o atrito do teto com o asfalto faziam. O trailer bateu num carro fui arremessado para frente, bati a sola dos pés, as costas e a cabeça no vidro dianteiro.  Senti sangue escorrendo pela minha nuca.
- Eu disse que não iria dar certo – Disse Andrew.
- Cala boca – Retrucou Megan.
- Justin? Você ta bem? – Brenda tentou levantar, sua pernas ficaram bambas, e ela caiu de joelhos. Queria ajudá-la a se levantar. Queria me levantar e ajudar todos. Mas comecei a perder muito sangue. Desmaiei.
Grunhidos. Gritos.
Uma mão morta tentava agarrar meu rosto, o vidro dianteiro estava quebrado o suficiente para os zumbis colocarem seus braços para dentro.
- JUSTIN! ACORDA PELO AMOR DE DEUS! LOLA VEM CÁ – O trailer tremia. Os zumbis tinham subido em cima dele, alguns que estavam ao redor dele balançavam o auto móvel. Outros tentavam quebrar os vidros e entrar. Tateei minha cintura, minha faca não estava aqui. Nem arma. Nada. Me virei e chutei o braço do errante, quebrou no meio. Coloquei a mão atrás da cabeça ainda sangrava. Engatinhei, Brenda correu até mim – Deus do céu. Vem cá – Ela me ajudou a levantar. Eu peguei um pano e prendi na cabeça, de modo a fazer estancar o sangramento. Depois peguei meu boné dos Lakers.
- O QUE A GENTE FAZ?! – Gritou Emma desesperada, em quanto chutava um mordedor para fora do trailer. Olhei pra fora da janela, os zumbis se eriçaram ainda mais. Mas sobre suas cabeças que pulavam pra cima e pra baixo eu vi. Vi que a traseira do trailer estava encostado num prédio. Olhei para o lado, Brenda estava aqui. Ela pensou o mesmo que eu, e assentiu.
- TODO MUNDO PRA CIMA! – Ela pegou uma mochila, Lola que estava ao seu lado pegou sua pequena mochila azul, e colocou nas costas. A menina tremia, porém parecia decidida. Peguei a mochila de armas. E subimos as escadas.
Ao chegar em cima a primeira coisa que eu percebi foram as grandes poças de sangue no chão. As marcas de pés no chão foram proporcionadas pelo sangue. Quebrei o pé de madeira da cama, e quebrei a janela 80 por 80. Peguei uma mesa e coloquei em baixo da janela. Subi nela, e depois abri a janela de ferro do prédio. Megan foi a primeira entrar, e depois Lola. Sorte, que a muito não nos atinge, fez uma visita hoje. O prédio estava vazio.
O trailer foi o melhor lugar que encontramos para morar depois do apocalipse. E deixá-lo foi uma das coisas mais difíceis que eu já tive que fazer. Saímos pelos fundos. Fizemos quase nenhum ruído. Brenda estava ao meu lado, de mãos dadas a Lola. Brenda parou e se agachou Lola perguntou alguma coisa entre sussurros, e depois apontou ao longe. Brenda assentiu. Deixou a garotinha comigo, e andou até a frente com o machado em mãos. Foi até uma van, entrou nela. Ela andou e olhou entre os carros. Depois com a mão chamou Matt. Ele fez uma chupeta – Pra quem não sabe fazer chupeta de um carro para o outro serve para fazer pegar. Se um dos carros no nosso caso a van, não tem bateria, mas o outro tem, essa chupeta serve para passar bateria de um carro para o outro – E chamou a gente. Colocamos as mochilas no porta malas da van, ela nem de longe era tão boa quanto o trailer, mas era muito silencioso. Era de três fileiras. A primeira – motorista e passageiro – segunda passageiros e terceira também. Na ultima Matt, Logan, Caterine e Andrew. Na do meio, Megan, Emma, Tyler, Taylor e Lola espremida entre Megan e Emma. Na frente Brenda dirigia e eu no passageiro.
Meu cabelo por trás estava empapado de sangue. Brenda colocou a mão no meu pescoço, o sangue começara a escorrer pela nuca.
- Isso não é bom. Nada bom.
- Eu vou ficar bem... Ah... Tyler, Taylor, sinto muito pelo seus amigos.
- Tudo bem – Taylor assentiu – Você não tinha escolha.
- Se Jake tivesse contado antes... – Reclamou Tyler – Bom... Agora já foi.
- Caterine, me desculpe por Daniel – Isso me estava me incomodando desde a morte dele. Não sei porque mas... Ainda me culpava por isso – Eu tentei. Juro que tentei, mas... Ele...
- Você não teve chance. Eu sei. – Disse ela calmamente – Eu vi. Tinham muitos daquelas coisas... Daniel não... Teve chance.
- Ninguém tem – Disse Brenda.
- Como você agüenta? Perder os pais daquele jeito... – Perguntou Caterine – A dor é tanta, nem parece que vá passar.
- A dor não passa. Você só se acostuma com ela – Caterine fez menção de falar, mas nada disse. Mudamos o caminho, voltamos e continuamos a dirigir a frente. Mais um pouco pra chegar me Miami.
A noite caí, e Brenda estaciona o carro. Não tem onde ficarmos então dormimos na van. Comemos o que pegamos do Walmart, apesar de ninguém comer muito. Taylor e Tyler ficaram bastante quietos e nós respeitamos seu luto. Caterine estava um pouco melhor, apesar de eu saber que o vazio em seu peito nunca cicatrizaria. Sei disso porque ainda penso nos meus pais. Como minha mãe cuidava de mim, como sorria pra mim. Como os olhos do meu pai brilhavam sempre que falava comigo, sobre seu orgulho. Eu apenas tentava não pensar muito nisso. Agora a única família que eu tenho são as pessoas ao meu redor. E é por isso que eu me preocupo tanto com elas. Elas são tudo que eu tenho. Mesmo não sendo muito fã do Taylor ele é um cara legal.
No dia seguinte mal acordamos e já retomamos a viajem.  Brenda virou uma esquina a 170 k\hr, passamos por um cartaz escrito “Bem Vindos a Miami, população...” alguém pichou em cima do número da população mudando para “cabeças ocas”.
Brenda diminuiu a velocidade.
A van parou.
- Vamos... Vamos! – Ela bateu no volante. Mas isso não a ajudaria em nada. Descemos da van e começamos a andar, mas... Andar pra onde? Não sei.  Miami não está melhor que a Califórnia ou o Caribe. Vazio de carros para entrar, mas a rua que serve para sair está apinhada de carros. Carros amontoados num engarrafamento. Árvores mortas na direita, uma cidadezinha simples, mas apenas para ricos a frente. Lixo nas ruas, alguns pontos de incêndio. Os zumbis começaram a nos perseguir. Saíam de carros parados, ônibus... Não eram muitos. Logan, Tyler e Megan que a algum tempo tem começado a se tornar mais frios, já deram cabo deles com facilidade.
Estática.
- Que barulho é esse? – Tinha esquecido completamente. Alguns dias antes de sair do Caribe, guardei a caixa de suporte do comunicador policial dentro da mochila da Lola. Corri até ela:
- Merly? Merly ta na escuta?
- Bieber? Ufa, pensei que tinha te perdido cara. Já chego em Miami?
- Já.
- Bom e vocês vão ficar com a gente não vão? – Olhei pra Brenda, ela deu de ombros.
- Acho que não temos pra onde ir, não é?
- Não – Eu tomei um susto. Me virei pra trás e levantei rápido – Não tem mesmo.
- Quem é você? – Perguntou Matt.
- Merly. Merly Tompson. 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Capitulo 10 – Caminho para Miami.


O trailer tinha todo o conforto de uma casa, tirando a luz. Sofá, cama, mesa, armário, tudo. E agora com todas as coisas que trouxemos ficou melhor ainda. A segunda coisa que mudou bastante desde que chegamos no Caribe foi o valor da amizade. A única parte boa de estar num apocalipse é que você se dá conta de quão valiosa é uma amizade, e como as piores pessoas se tornam sinceras. É claro, com os dias hostis as pessoas se tornaram assim também. A maioria não liga pra ninguém que não seja do seu grupo. Se tem o que eu preciso morra, mas eu consigo o que eu quero. Por isso tomamos muito cuidado com quem falamos, e é por isso que eu ainda não sei se devíamos confiar em Merly. Mas o dono do trailer, o finado Jessie iria para Miami também, então qual seria o problema de irmos?
Pelo o que eu entendi o mundo acabou – Não com uma explosão, ou tsunami, ou qualquer coisa que o filme 2012 tenha mostrado, mas com um apocalipse zumbi – e isso significa sobreviver, não importa onde. O mundo já era, não importa pra onde formos tudo estará bem ruim. Enquanto saíamos do Caribe o tempo começou a melhorar, fevereiro se foi e trouxe o calor de março. Durante a noite, em que estacionamos o trailer, e todos começaram a dormir. Em quanto eu ficava de vigia, Brenda foi até mim com uma garrafa de vinho e balas de goma açucaradas – minhas favoritas.
- Feliz aniversário – Depois disso apenas passamos o resto da noite tomando vinha e vendo as estrelas. No dia seguinte sim, eu estava com uma dor de cabeça infernal. Mas pelo menos o dia estava quente. Não que eu não curta frio, mas estando no momento em que estamos a neve não é uma opção. Brenda me deu uma pulseira de trança com pano roxo e preto, feito por ela. Simples, porém perfeito pra mim. Ela tinha uma igual.
O trailer era nossa casa, todos estávamos nos adaptando muito bem a ele. Que Jessie fique com Deus. Lola estava se dando muito bem comigo e Brenda. Ela ficava bastante tempo conosco. Seus irmãos não ligavam, era mais tempo para eles conhecerem os outros. Emma e Andrew, Megan e Tyler estavam se dando muito bem. Se é que você me entende. Jake e Robert são os palhaços do grupo, tudo que eles falam é uma piada. E não tem quem não dê risada. Na noite dessa quinta feira, eu fiquei a metade da noite de vigia, estava começando a ficar difícil ficar acordado. Lola veio até o banco do passageiro e se espremeu ao meu lado.
- Desculpe, não estava conseguindo dormir. – Me afastei para um lado, no banco espaçoso. Lola sentou ao meu lado, com os pés perto do vidro dianteiro, e com a cabeça no meu tórax.
- Tudo bem gatinha, pode ficar aqui.
- Ah Justin quer que eu fique... – Brenda parou um instante. Lola olhou meio assustada pra ela.
- Ah... Eu... Eu...
- Ei tudo bem boneca – Brenda passou a mão pelo cabelo dela, e sentou no banco do motorista – Você é a única pessoa que eu não me importo de dividir ele. – Sorri. Passei a mão pelo cabelo da garotinha e segundos depois ela dormiu. Brenda ficou de vigia e eu dormi também.
O dia estava começando, talvez fosse 7:00 horas da manha. O sol estava no topo. E os zumbis nos cercando. Quatro dias de paz, duas semanas de inferno. Acordei assustado, os outros estavam dormindo ainda. Com excessão de Brenda que estava de vigia, ela olhava com os olhos estreitos  para o vidro dianteiro, parece que viu movimento.
- Eles estão aqui – Ela se assustou com a minha voz. Ela virou a chave na ignição. Os zumbis se voltaram para nós. O barulho de suas mãos mortas batendo contra a lataria do trailer, e os vidros fizeram todos acordarem. Lola quase caiu do meu colo – Deita no chão – Ela assentiu, e depois deitou no chão atrás da minha cadeira. Brenda pisou no acelerador atropelando, 10,15,20,40 zumbis. E mais vinham. Eles estavam aglomerados pela avenida inteira. Brenda andou com o carro até o final da rua e no final dela virou bruscamente na esquina, zumbis desciam de lá também. Brenda deu ré, e virou o trailer, desceu a rua. – Não vai dar pra deter eles agora. Vai embora, depois a gente cuida disso.
- Mas...
- Faz o que eu to falando, porque se não, não sairemos vivos daqui! – Brenda acelerou, saímos 400 metros do percurso de Miami. Ela virou outra esquina com tanta brutalidade que quase me fez cair do banco.
Quanto mais a gente andava, mais encurralado a gente ficava.
Desceu uma rua deserta, com excessão dos carros. Tinham carros parados na rua atrapalhando nossa passagem. Ela parou, olhando. Ponderando. Pensando no que fazer.
- Vamos ter que descer.
- O que?! – Exclamou Logan.
- Não todos. Apenas alguns.
- Eu vou – Disse Matt. Brenda riu sarcasticamente.
- Não. Não vai. E não discuta comigo Mattew. Taylor, vem.
- Não – Disse – Eu vou.
- Não você tem que estar aqui – Relutante eu concordei. Mas que droga, mais uma vez Taylor vai ser mais prestativo do que eu? Isso é muito frustrante. Porque eu não posso ir? Eu sou o namorado não? Sei que isso é pensamento de criança mimada, mas não consigo evitar. E é nessas horas que amo o fato de os pensamentos ficarem apenas na cabeça. Taylor se levantou, não sei se é porque eu estou com cabeça quente mais pensei ter visto um olhar malicioso dele pra mim. Olhei no retrovisor. Os errantes desciam feroz e velozmente rua a baixo. Brenda e Taylor empurraram um carro e estavam indo para outro.
Robert e Jake se levantar.
- Ei, ei onde vocês vão?
- Ajudar eles – Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, eles desceram. Ficavam na retaguarda. Matando os mordedores que se aproximavam muito de Taylor e ou Brenda; Vamos, vamos pensava. Olhei para trás, Lola observava Brenda pelo vidro dianteiro, assustada, com medo de que ela morresse. Os errantes estavam se aproximando ainda mais rápido. Faltavam 4 carros, Brenda e Taylor se separaram, começou a ficar mais rápido. Os mordedores estavam logo atrás do trailer, Jake e Robert correram pra dentro do trailer, deixamos a porta aberta, os carros já não estavam no caminho,Taylor correu para dentro do trailer eu acelerei, Matt trouxe Brenda pra dentro do auto móvel, vi Brenda quebrando o braço de um zumbi e fazendo ele deixar o braço dentro do trailer, Lola chutou o braço e abraçou Brenda. Logan fechou a porta.
- Que foi queridinha?
- Eu... – Ela não precisou terminar a frase, sabíamos o que era. Ela pensou que Brenda morreria.  Dá pra entender porque estava assustada, eu que já estou acostumado estou com o coração pulsando para fora da boca. Afundei meu pé no acelerador, ouvi um barulho que significava que Jake tinha caído no chão. Ele estava estranho. Meio pálido. Senti uma coisa estranha na boca do estomago. Mas não sei o que é. Andamos mais uns 560 quilômetros com o trailer. Ainda sentia alguns zumbis, mas estavam longe demais pra nos fazerem mau.
- Façam o mínimo possível de barulho agora – Disse. Me levantei meio tremulo, e estremeci.
- Justin, você ta bem? –Brenda segurou meus ombros.
- Não sei, tem alguma coisa errada aqui. Não sei o que é. É como se tivesse um zumbi do meu lado – Brenda ergueu as sobrancelhas. Mas não disse nada, tanto ela quanto eu estamos meio confusos com isso. Lola dormia com Brenda, até ser minha vez na vigia. Brenda se levantou e foi se sentar no banco do motorista. Eu deitei no sofá, Lola tinha acordado e deitou junto comigo. O sentimento de estar sendo observado por um zumbi não havia me abandonado. Jake, Robert e Megan se deitaram na parte de cima do trailer,o resto em baixo. A cada minuto que passava eu sentia o errante mais próximo, mas era estranho, porque o sentimento não é comum. Não é de um errante, mas é. Não sei.
A noite foi passando e eu simplesmente tentei parar de pensar. O sono me dominou, e eu dormi.
-O que foi? – Lola me cutucava. Gritos estrondosos escoavam pelos trailer. Brenda saiu correndo escada acima, Taylor estava desesperado. Lola com seu fino rostinho pálido puxava minha blusa. Agora eu senti o zumbi em si bem aqui. Me levantei e corri para cima.
O errante mordia Robert. Tirava a metade da carne de sua coxa. Puxei minha faca, e corri da dele. Enfiei a faca por trás da cabeça do mordedor, que nem sabia o que tinha lhe acertado. E quando caiu no chão. Eu vi seu rosto deformado. Com uma pequena mordida no peito. Mortos braços musculosos. E então descobri que por baixo de tudo aquilo, quem era. Jake tinha se transformado. 

Capitulo 9 – Walmart.


- Sorte que é bom a gente não tem, né? – Reclamou Robert, mais tarde naquele dia. Zumbis andavam por todo lugar, e tinha uma aglomeração a frente do mercado. Todos estavam acordados, os olhos de Caterine estavam inchados. Eu posso jurar que ouvi ela chorar um boa parte da noite. Brenda estava sentada, observando a rua por uma fresta nas cortinas pretas da janela.
- Acho que foi o tiro que eu dei ontem – Disse ela vagamente, o tiro que ela deu em Daniel. Deve ter sido isso – A gente tem que sair rápido daqui. E depois ir pra Miami...
- Miami? – Perguntou Matt.
- A... – Eu e Brenda nos entreolhamos – Bom... Ontem – Contei toda a história da ligação do Merly.
- E como o walkie talkie dele está funcionando? – Perguntou Logan.
-É da policia. Só tem uma freqüência. Eles tem um e nós temos outro. A policia pagava sua própria freqüência de energia, então essa coisa de apocalipse não interfere. – Explico – Mas eles tem que estar num lugar bom, para... Digamos... Pegar sinal. Por isso a ligação caiu.
- A ta – Disse Andrew – E devemos confiar num cara que não conhecemos?
- O dono desse trailer iria para Miami também... – Disse – Talvez devêssemos ir para lá.
- O que temos a perder? – Perguntou Emma – Esse lugar já era.
- O mundo já era – Disse Megan.
- Olha... Precisamos sair daqui, rápido – Disse Caterine.
- Ela tem razão. – Disse Logan.
- Qual o plano? – Perguntou Jake. Depois de Brenda explicar tudo que deveríamos fazer, eu peguei minha faca ela o machado, abri uma fresta pela cortina preta, e vi os errantes perambulando.
- Prontos? – Perguntei. Eles assentiram. Lola estava sentada meio assustada no sofá. Todos se dirigiram para a porta, mas eu fui até a menina – Ei gatinha, o que foi?
- Eu... – Seus pequenos e magros dedos tremiam. Como será ser uma criança tão pequena num apocalipse? Mais medo, do que nós.  É tudo pior – Eu... Queria ir com vocês... Não quero aquelas pessoas me seguindo. Não quero morrer Justin. – Sua voz entre sussurros.
- Você vai estar com seus irmãos.
- Eu sei, mas... Me sinto mais segura com vocês. – Seus olhinhos azuis úmidos de lágrimas, cabelos pretos macios caiam sobre os ombros tensos.
-O que foi? – Brenda chegou atrás de mim, colocou a mão no meu ombro e se agachou ao meu lado.
- Posso ir com vocês? – Perguntou a menina com esperança – Por favor – Brenda não respondeu. Olhou para mim, como se estivesse sem palavras e depois voltou-se para a garota.
- Lola, querida sinto muito mas... É perigoso demais ir conosco. Vocês poderia se ferir.
- Eu me sinto segura com vocês. Confio em vocês. Acredito em vocês. Não vou me machucar. Eu sei que iram me proteger – Fazemos silêncio por um tempo.
- Não consigo encontrar argumentos para isso – Digo – Vamos – Brenda não descorda, apenas diz:
- Você vai ter que correr bem rápido, está bem? – Lola assenti animada. Os irmãos dela entendem isso. Apesar de me parecerem contrariados. Nos tempos melhores eu tinha uma irmã. Mas ela se foi no inicio da Mudança. Lola repunha no meu coração o pedaço que minha irmã tirou. Ela é como se fosse uma irmã pra mim, e aposto que para Brenda também.
Matt abriu a porta, e com os outros ele foi silenciosamente para fora. Chegando na metade do percurso eles começaram a gritar coisas como “VENHAM SUAS COISINHAS NOJENTAS! VENHAM ATRÁS DE NÓS”. Senti uma fúria imanando de Caterine. Era insano. Toda aquela coisa doce e inocente que tinha dentro dela se fora, junto com Daniel. Sua família, já era. Quando os zumbis se afastaram, e correram atrás da nossa distração a porta do Walmart vazia, foi a nossa deixa. Empurrei gentilmente Lola para minha frente, o que era para trás de Brenda. Brenda segurava o machado na altura da cabeça, e eu mantinha a faca na cintura. Com uma das mãos no ombro de Lola, para guiá-la. Brenda fez sinal com a mão para segui-la.
Estávamos bem próximos do Walmart quando sussurrei.
- Lola, se vir um zumbi não grite. Me cutuque. O.K? – Ela assentiu. Lola pegou uma lanterna e iluminou o mercado escuro. Sentia zumbis, dois aqui dentro. 30 lá fora. Os de dentro, um estava atrás de mim Lola me cutucou e foi bem rápido, apenas um movimento de faca e BAM,já era. O outro Brenda deu cabo. Com seu machado agindo rápido. Cabeça rolando pelo chão, sangue respingando e pingando das prateleiras, o barulho de corpos caindo no chão – Aquele barulho de esponja molhada, coisa oca batendo em solo duro– e depois disso apenas andamos entre a mercadoria. Pegamos energético que por um milagre ainda estava na validade, porém estava quente, mas isso é o de menos. Água, cigarros – Depois do acidente Taylor e Tyler tiveram uma recaída. Pelo menos não estão se drogando, mas fumando... Megan também fuma. Como Taylor disse quando está ansioso ou nervoso, ele tem suas recaídas . Não é a melhor maneira de acabar com a ansiedade ou nervosismo, mas quem pode culpá-lo por isso? Todos estamos com medo, só que cada um lida com isso de um jeito diferente– Salgadinhos, hambúrguer, sopa descente, suco em pó, balas de goma e chicletes. Pegamos também sabonete, e pasta de dente. Chocolate. Roupas. E uma polvo roxo de pelúcia para Lola.
Ela se agarrou ao bichinho como se fosse sua vida.
- Cuidado – Sussurrou a miúda garotinha ao meu lado. Brenda não olhou pra trás, mas vi um sorriso em seu rosto. Ela pegou uma corneta, e fita adesiva. – Posso?
- Claro – Sussurrou ela em resposta – Mas tem que ser bem rápido, está bem? – Lola assentiu. Brenda apertou a cabeça da corneta, Lola começou a enrolar a fita adesiva no objeto, de modo a fazer o alarme soar mesmo quando para de apertar. – Vamos – Lola jogou a corneta barulhenta no chão, e saímos correndo pelos fundos da loja. Os zumbis começaram a se distanciar dos outros e virem a nossa direção. Saímos do mercado, e corremos na direção do trailer. Problema. Os zumbis ainda estavam passando por lá. Fomos para porta de trás do mercado. Esperando até que todos saíam.
Mesmo estando escondidos, eu sabia. Os zumbis viriam por trás também. Ficaríamos encurralados.
- Venham – E assim começamos a andar para a horda de mordedores a frente. Lola ficou atrás de Brenda, escondida. Com as mãozinhas nas costas dela, quase pisando no seu all star que deveria ser vermelho, mas agora estava quase preto. Brenda pegou seu machado, e eu minha faca matando os zumbis e tentando fazer o menos de barulho possível com a menor atenção.
Um errante quase obeso correu ao meu encontro. Enfiei a faca no olho grudento dele, o zumbi não morreu. Mas deixou o olho cair junto com a minha faca, sangue preto escorrendo pelo órbita vazia. Ouvi Brenda sussurrando “paraíso” para Lola, segundos antes de arrancar a cabeça de um errante. Chutei o mordedor grandalhão, ele cambaleou pouco, mas foi o tempo suficiente para eu pegar minha faca, que ainda estava com o olho enfiado nele. Enfiei o olho na boca de dentes podres e enegrecidos do zumbi, o olho se desmanchou como um ovo cozinho apertado. Empunhei a faca na lateral do crânio do mordedor, e ele caiu com o habitual barulho de esponja molhada.
Não tinham muitos deles aqui, só que mais cedo ou mais tarde eles vão perceber que o barulho não era nada. E voltar para procurar comida. Nesse tempo temos que voltar.O problema é que eu acho que esse tempo está chegando. Vi os outros dobrando uma esquina, Matt me viu, fiz sinal com a mão para eles pararem. Matt mandou eles irem de poucos para não chamar a atenção, e eu disse para Brenda ir com Lola. Tudo ia bem, até chegar a vez de Caterine. Ela ficou observando o mercado, atenta nos errantes e não percebeu que tinha uma lata no chão, e tropeçou nela. Merda, pensei. Os zumbis viraram as cabeças mortas para ver. Alguns entenderam imediatamente o que estava acontecendo, outros ainda andavam pelo Walmart. Agora que nosso disfarce estava estragado, eu gritei:
- CORRAM! – Eu sai numa velocidade incrível em direção ao trailer. Caterine entrou dentro do trailer, e eu fui atrás. – RÁPIDO! – Gritei um pouco antes de subir as escadas do auto móvel. Brenda virou a chave na ignição, ligou o motor do trailer. A porta dele não fechava, os zumbis colocaram seus braços nodosos para dentro do veiculo impedindo de fechar. – MAS QUE MERDA! – Brenda pisou no acelerador no mesmo momento em que eu abri a porta do trailer, os zumbis caíram no chão. Meus pés estavam pra fora do auto móvel, e eu meio voava meio me segurava com todas as forças que a minhas mãos tinham na porta do trailer. Matt me ajudou a entrar, me jogou no chão e fechou a porta. Virou a chave e me olhou ofegante. – Valeu cara – Ele fez um gesto com a cabeça.
- Desculpa Justin, eu não te vi.
- Tudo bem, relaxa – Coloquei a mão no ombro dela.
- Agora Justin me diga... Por onde vamos? – Peguei o mapa do porta luvas do trailer.
- Em frente – Para um nova aventura.

terça-feira, 19 de março de 2013

Capitulo 8 – O walkie talkie.


- Bom Dia.
- Boa tarde, não acha? – Comentou Matt. Realmente o sol estava no alto, devia ser 12:00 quando eu acordei.
A sensação que senti ontem de noite, a que tinham zumbis se aproximando, ainda não passou. Acho que eles estavam por ai, andando procurando humanos. Lola e Caterine estavam se dando bem. As duas se divertindo em quanto lavavam roupa. Coisa que eu não acho nenhum pouco divertida. Jake, Robert e Logan voltavam de sua caçada. Matt pegando água, enquanto Daniel esquentava. E Emma começara sua sopa. Megan e Tyler conversando enquanto tiravam os ossos dos animais. Brenda estava ao lado de Taylor, os dois limpando as facas.
- É claro... Até porque eu sou muito boa com elas...
- E não é?
- Não, prefiro o machado. É mais preciso –Cheguei por trás dela e dei-lhe um beijo na bochecha. – Bom Dia.
- Eae cara – Cumprimentou Taylor.
- Olá...
- Taylor não mexe tanto sua perna.
- Grrr, mas é chato ficar parado.
- Não posso fazer nada. A... Pessoal precisamos conversar – Matt assoviou.
- Estamos todos ferrados. – Disse ele.
- Algum problema? – perguntou Jake.
- Mais ou menos – Respondeu – Bom... A parte ruim: Justin sentiu zumbis se aproximando. Rondando por aqui. – Todos se entreolharam – Temos que sair daqui, rápido. A parte boa: O Walmart da cidade está lotado de coisas. Não quero ser arrogante, mas não consigo mais agüentar comer sopa. – Emma não parecia ofendida, parecia mais aliviada – A rua está lotada de zumbis.
- E isso faz parte da boa noticia? – Perguntou Matt.
- Não, na verdade é a segunda parte da má noticia.
- Porque não podemos sair daqui agora? – Perguntou Logan.
- Por causa do pé do Taylor. Precisamos de mais 4 dias, no mínimo.
-E como vocês pretendem pegar comida no Walmart? Se esta entupido de zumbis?
- Bom...
- Não vá me dizer que vamos usar distração humana de novo!
- Nossa única chance – Respondi. Nenhum deles parecia muito convencido, mas ao longo da conversa pareceram entender os nossos motivos. A cada dia que se passava eu sentia com mais freqüência, e força a presença dos errantes. Dois de se passam não digo que se passaram em paz, mas pelo menos não teve acidentes. Mas então, chegou aquela fatídica quarta feira:
- O QUE FOI ISSO?! – Sai apreçado da barraca, ouvi um grito tão estridente que parecia ter levado uma facada no cérebro.
- A droga... – Brenda voltou para a barraca, tirou seu machado de dentro dela , e saiu correndo, para salvar Megan. Armadilhas... Eu disse que isso não seguraria os mordedores por tanto tempo. Ouvia grunhidos dos zumbis mais distantes, presos nas armadilhas de urso, mas tinham 15 aqui. Tirei minha faca da cintura e corri em direção a Caterine. Segurei com força o cabo da faca e enfiei na garganta do errante, seu sangue escorrendo pela roupa rasgada, ele caiu de joelhos e empunhei a faca a sua cabeça. O errante caiu.
- LOLA! PARAÍSO! – Ouvi o grito de Brenda se sobrepondo a carnificina geral. Vi a pequena garotinha agachada atrás de Andrew, e lutava com um faca. Todos resistiram ao máximo sem atirar. Mas no final, era muitos mais zumbis para pessoas a detê-los.
- CORRAM! PRA CIDADE! – Tyler levantou Taylor e meio levou meio arrastou ele para baixo. Os outros foram com mais rapidez. Olhei para todos os lados, contando cada um. Mas no final, eu não vi uma pessoa – DANIEL! DANIEEEEEEEEEEL! – Vi uma barraca de mexendo loucamente. O que eu não estava entendendo, é que a metade da porta da barraca estava aberta. Só a metade. Corri até ela. – DANIEL! CALMA EU TE TIRO DAÍ! CALMA! – Quando cheguei até a barraca, a única parte que eu vi foi Daniel enfiando uma faca na cabeça de um dos zumbis. – Você ta bem,cara?
- Eu... Sim. – Segurei o braço do garoto e o puxei para fora da barraca, ainda tinham vários zumbis por aqui, mas a maioria ainda tinha corrido atrás dos outros. Empurrei Daniel para frente, e ele começou a correr com mais rapidez e agilidade do que nunca. Passou por entre as árvores, e eu te dando cobertura. Enfiava a faca na cabeça deles, antes que eles pudessem chegar perto de Daniel. Pulamos uma grande pedra e pisamos no asfalto. Os outros corriam a nossa frente, os errante que estavam na ultima vez aqui na cidade corriam ao nosso encontro.
53 mordedores ao todo.
- CORRE DANIEL!
- AQUI! AQUI!!! – Gritou Logan. Eles acharam um trailer do tamanho de um ônibus dois andares. Preto.
- Vai! – Coloquei Daniel a minha frente, e o empurrei. Eu senti tanto zumbi nas minhas costas que tinha medo de olhar. Já tinha passado dos 80. Já estávamos quase chegando no trailer. Daniel escorregou, bateu a cabeça no degrau do trailer. Seu cabelo preto pingando de suor. Seu nariz sangrando. Ele caiu no chão. Estava na minha frente, não tive a mínima chance. Daniel gritou, segurou o tornozelo de Caterine. Ela segurou as mãos dele. Mas o que ela poderia fazer?  O errante segurou o tornozelo de Daniel, abri caminho entre eles, matando todos os zumbis no desespero. Sabe qual a pior parte disso tudo?  Quando Daniel parou de gritar.  Só ouvia o gorgolejar de uma boca espirrando sangue.
-NÃO! NÃO! DANIEL! DANIEL!
- Lola... Lola para cima querida. Paraíso esta bem? – Ouvia a voz embargada de Brenda. Deixei cair minha faca e eu nem tentei pegar. Tirava os zumbis da frente tocando em suas cabeças, e ao meu toque eles se despedaçavam. Depois de um tempo os mordedores paravam de se aproximar. Daniel estava caído no chão, sem um braço, com sangue caindo pelo canto da sua boca, olhos fechados.
-Não... Não... Não... – Me ajoelhei ao lado dele, passei a mão pelo rosto frio do garoto – Desculpa cara... Eu tentei juro. – Como eu sabia que daqui no máximo cinco minutos ele voltaria transformado. Eu me virei, e olhei para o horizonte. Para o céu cinza. Logo mais tarde ouvi – Além do choro de Caterine, entre soluços – foi o grunhidos que Daniel começara a fazer. Depois um único tiro.
- Sinto muito Caterine. – Brenda guardou a arma – Vamos enterrá-lo?
- É claro que vamos. – Pegamos duas pás de dentro do trailer, começamos a cavar num jardim próximo a areia, o que o deixaria enterrado de frente para o mar.
As lágrimas escorriam pelos olhos de Caterine, parecia que tinham arrancado meu coração, pisado e colocado de volta. Eu realmente queria dizer que nunca mais fomos visitados pela morte. Ou que Daniel envelheceu e morreu de morte natural. Mas não. Claro que não, ele tinha que ser levado. Tirado de nós. Como muitos outros que ainda vão, infelizmente eu sei, eu sei, não precisava ser desse jeito, só que mais cedo ou mais tarde eles vão morrer. Mas eu ainda estou torcendo que isso demore a acontecer. Sentei na terra, ao lado de onde Daniel estaria e fiquei por um tempo. Pensando, olhando para o mar. Caterine não agüentou ficar aqui, chorou tanto que pensei que secaria, depois Logan lhe deu alguns calmantes e a levou para dentro do trailer.
- Ei... –Brenda se sentou ao meu lado.
- Não era pra isso ter acontecido –Disse com a voz falhada.
- Nunca é. Mas é assim que as coisas funcionam. Minha mãe dizia que “tudo na vida é um empréstimo. E um dia temos que devolver tudo a Deus. Inclusive a vida”
- Você concorda com isso? – Brenda deu de ombros – Sabe o que mais dói? Que nós somos fracos. Eles são fortes. Eles estão se multiplicando. E a gente diminuindo. Isso não é certo.
- O mundo não é certo Justin. Não é Justo. Apenas... Aceite. – Eu assenti. Passamos mais uma meia hora sentados, até o frio ser demais para os meus ossos. Minha respiração era visível no ar.  – Vem – Brenda segurou meu braço e me ajudou a levantar. Depois me guiou na entrada, onde ainda tinha algumas gotas de sangue do Daniel na escada. Não tive tempo de apreciar o quanto o trailer era incrível. Eu só entrei direto e deitei numa cama sofá, que sem sombra de dúvidas era muito mais confortável que o chão.
A pior parte de estar num apocalipse é que você não tem tempo para passar pelo luto, tem que estar sempre alerta. Caterine dormiu depois dos analgésicos.  Com a noite se aprofundando, meu suor secando. O frio aumentando. Os zumbis começaram a se aglomerar em volta do trailer. Não precisava ficar de vigia porque a porta estava trancada. Mas como eu não conseguia dormir... Tudo ficou no acampamento. Barracas, água, comida, panela, arco e flecha, tudo. Não deu tempo de pegar nada. Matt e Jake conseguiram pegar as armas porque estava numa mochila. A única boa noticia era que tinha gasolina do trailer. Estava tudo bem quieto. A não ser pelo grunhidos dos zumbis.
- Alguém? Alguém ai na escuta? Câmbio. – Me levantei com sobressalto. Brenda se assustou e caiu do sofá
- Que isso?
- Ta vindo da frente. – Eu e ela fomos para a cabine do motorista, onde tinha um walkie talkie de policia. Os transmissores da policia são com uma freqüência só, então uma pessoa tem uma e a outra o outro – Você consegue me ouvir?
- A... Graças a Deus. Tio Jessie está ai?
-Esse trailer era dele imagino. Não, sinto muito. – O anônimo fungou.
-Tio Jessie se foi gente – Ouvi um murmúrio sobre “o que?!” “não pode ser” “que deus nos proteja” – Como é seu nome meu chapa?
- Justin, Justin Bieber e o seu?
-Marly – O homem tinha uma voz forte – Olhem... Eu aconselho vocês a saírem do Caribe, este lugar esta um inferno.
- Espera – Brenda pegou o walkie talkie – Você não está no Caribe, Marly?
- Não, eu to em Miami.
- Miami?
- Sim, passei por muitos lugares, eu e minha filha Sarah. Saímos do Caribe e passamos por Nova York, Chicago, Washington. Tudo um pior que o outro. Atlanta também.
-Atlanta? Atlanta está bem? – Os tios de Brenda moram em Atlanta.
-Não sinto muito. Atlanta caiu. Está horrível lá. Escutem essa transmissão vai cair em instantes então preste atenção: Saíam rápido do Caribe! Saíam!
-E para onde você acha que deveríamos ir? O mundo já era.
- Sim o mundo já era. Mas tem lugares seguros em Miami. Não é dos melhores, mas dá para se cuidar.Ficar em paz por um tempo. Estou dizendo, acho que vocês deveriam sair daí rápido. Caribe é mais perigoso... Não que eu... Sabe acho que... Precisam sair...
-Merly? – Chamei – Merly ta ruim. Eu não te ouço. Merly?
-Então... Vocês... Vão... – Estática.
- Droga. O único meio de comunicação em meses que funciona e para. – Reclamo.
- Você ouviu muito bem o que ele disse... – Disse a Brenda.
- Devemos confiar num estranho? – Questionei – Você sabe que o mundo agora está hostil. Não se pode confiar em ninguém hoje em dia.
- Nunca se pode confiar muito nas pessoas Justin. Mas esse Merly me pareceu sincero. O tal cara o... Jessie, dono do trailler ele estava indo para Miami. Veja – Ela tirou um mapa dos Estados Unidos que estava no chão. Tinha um risca no meio do mapa, um ponto no Caribe partindo com uma linha vermelha até Miami – Não sei se devemos confiar num cara que não conhecemos , mas ele pode estar certo. Justin Caribe é bem pequena. É quase uma ilha, e dela uma linha reta que da em outros lugares. Quanto menor o lugar mais eles ficam aglomerados...
- E assim fica mais difícil fugir deles – Completei –E...
- Sobreviver. Exato. Podemos tentar. Qual seria o problema?
- Poderíamos tentar. – Ela sorriu – Falamos pra eles amanha.
-O.K E amanha vamos no Walmart. Minha barriga está roncando. – Eu assenti.
A noite passou o dia chegou, e nossa sorte só piorou. No clarear do dia, olhei para a janela. A agitação do dia seguinte só trouxe mais zumbis pra cá. E para porta do Walmart.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Capitulo 7 – A cidade.


A garotinha – Cujo o nome era Lola – Estava sentada com as pernas flexionadas, cabelos pretos olhos azuis, pele clara, ela se encontrava no meio de duas outras mulheres.
- Oi – Disse a da esquerda, uma de cabelos pretos de californiana azul. Grandes olhos azuis. Pele clara, blusa suja da Nirvana e calça jeans rasgada.
- Quem foi que matou o... –Um garoto com uma sacola com suprimentos entrou no quarto. E depois parou abruptamente a porta. – Deixe eu adivinhar... Vocês mataram meu pai?
- A... Sinto muito... Mas ele nos mataria – Respondeu Brenda. O garoto usava umas roupas brancas sujas também, olhos castanhos carregados do que eu chamo de – Depressão durante apocalipse – Cabelos castanhos escuros.
- Quem são vocês? – Perguntou.
- Meu nome é Brenda. E ele é o Justin – Fiz um sinal com a cabeça – Não vamos machucar vocês. Só estávamos olhando a cidade.
- E... – A outra garota do armário, uma loira e olhos pretos, de short jeans, e blusa verde – Onde vocês estão?
- Por ai – Respondi – Sobrevivendo.
- E - a garota de cabelos preto e azul se levantou – O grupo é grande?
- Algumas pessoas.
- Podem ter mais?
- Eu nem sei seus nomes... – Disse Brenda.
- Meu nome é Andrew – Disse o garoto – Essa é minha irmãzinha de 7 anos Lola, e a outra irmã Megan – Ele apontou para a menina de cabelo azul.
- Sou Emma... A babá – Respondeu a loira. Olhei para Brenda e ela fez um sinal para a cabeça como quem diz vem cá. Saímos do quarto.
- O que você acha?
- Não sei como essas pessoas sobreviveram até agora – Respondi – Do jeito que estão acho que ficam a maior parte do tempo escondidas... Com medo. E o garoto é o único que sai para procurar qualquer coisa.
- Também acho... Mas... Você viu ela?
- A garotinha? – Perguntei. Tanto eu quanto Brenda adoramos crianças. E é estranho ver uma agora, que já não tenha se transformado. Os olhos suplicantes de Brenda me fixando me diz exatamente o que eu penso. Que os dois ficamos com pena, da garota. Ela assentiu.
- Se deixarmos eles aqui, não vão durar mais dois dias. Disso eu sei – Comentou ela. Seu tom,era como um criança pedindo para o pai deixar ficar com um bichinho de estimação.
- Se a levarmos ela pode atrapalhar – Brenda assentiu. – Mas a deixar aqui não me parece uma ideia muito boa – Por pior esteja nossa situação. Ainda somos humanos, e deixar pessoas precisando de ajuda, sozinhas, pegar sua comida e sair andando feliz da vida, não me parecia a coisa certa a fazer.  Brenda andou até a porta do quarto.
- Arrumem logo suas coisas precisamos sair. – Andrew sorriu, e depois saiu apressado para seu quarto – Sinto pelos seus pais.
- Não tem problema. Eu não teria coragem para matá-lo, e nenhum saqueador que entrou aqui teve. Então vocês fizeram um favor a nós – Respondeu Megan – É muito boa a ideia de sair desse quarto rosa, torturante. – Ela saiu.
- Ei – Eu me aproximei de Lola que ainda se encontrava sentada no armário – Lola não é? – Ela balançou a cabeça, sem me olhar nos olhos como se tivesse medo – Ei, não precisa ficar com medo de mim. Não vou te machucar.
- Muito saqueadores entraram aqui – Sua voz era baixa e suave. Como uma música – Disseram que não iria nos machucar, mas mesmo assim fizeram. Então não sei se dá pra confiar em outras pessoas – Brenda riu. Andou e se agachou ao meu lado.
- Gostei dessa garota. – Lola deu um sorrisinho quase imperceptível - Pode confiar na gente, não faremos mau algum a vocês. – A garotinha assentiu –Vem cá – Sussurrou Brenda no meu ouvido, os pelinhos da minha nuca se eriçaram, me levantei.
- Adoro quando você sussurra no meu ouvido – Disse sorrindo. Brenda sorriu. – Pode falar.
- Já está ficando tarde. Nessas horas Matt deve estar louco atrás de nós. Está escurecendo rápido. Precisamos ir embora.
- Eu sei. Eae pessoal? Prontos? – Eles assentiram – Legal. Vocês tem armas?
- Não. Só duas facas.- Parei um instante e pensei.
- Bom... Fiquem atrás de nós e não façam nada precipitado. – Respondeu Brenda. Senti uma dor estranha na barriga.
- Brenda tem zumbis a 2 metros da casa, temos que ser bem rápidos.
- Não com a menina...
- Ei gatinha, sobe nas minhas costas. – Agachei na frente da garota, e ela enroscou seus braços finos ao redor do meu pescoço, descemos as escadas, o céu estrelado, com vento gélido, e a noite começando a se formar, saímos então para noite a dentro. Sentia os zumbis se aproximando, mas a floresta começava bem aqui. Foi bem fácil, mas antes de começar a escalar o morro, parei e olhei em volta, com minha visão avantajada de noite. Tinha um Walmart no final da rua, as portas estavam abertas, tinha algumas prateleiras caídas no chão, mas tinha muita coisa.
- Justin rápido!
- Se segura ai boneca – Coloquei meu pé numa pedra grande, e segurei com as duas mãos numa árvore. Me puxei para cima com bastante facilidade considerando que tinha uma criança de 7 anos nas costas.
A noite caiu como veludo sobre nós. Estávamos todos em silencio. Até...
- O que foi isso? – Brenda e eu nos entreolhamos.  O grito vinha do acampamento. Coloquei Lola no chão e comecei a correr. O barulho de gravetos quebrando e folhas balançando indicava que os outros corriam também. Apesar da dor nas costelas Brenda estava a minha frente.
- O que aconteceu?! – Gritou ela ao chegar no acampamento.
- Mas que merda! – Gritou Tyler em resposta – Onde vocês estavam?!
- Na cidade – Respondi. Matt e Logan vinham com Taylor. Ele estava desacordado.
- Bom, em quanto vocês se aventuravam na cidade, zumbis nos atacaram!
- Como?
- Eles estão ficando sem comida na cidade eu acho – Disse Daniel – Estão vindo mais alto...
- Ouvimos barulhos vindo do horizonte – Disse Jake, Logan deitou Taylor que agora estava acordado e gritava no chão – Fomos atrás.
- As armadilhas tinham pegado a maioria – Completou Robert – Mas tinha alguns mais vindo. Eu, Robert, Tyler e Taylor fomos atrás deles, na volta Taylor não viu a armadilha. – Taylor se debatia no chão, vi um lágrima escorrendo pelo canto do olho. Seu pé direito estava preso dentro de uma armadilha de urso. Eu conseguia ver um pedaço do osso dele, para fora da pele. Esguichava sangue para todos os lados. Ele iria atrair mais errantes com seus gritos, mas quem poderia impedir. Tyler olhou para nós, e sua expressão de abrandou quando viu Megan.
- A... Quem são?
- Encontramos eles na cidade... – Respondeu Brenda enquanto ia até Taylor – Calma cara, calma. Morde. Não grita – Ela deu um pano pra ele, sua respiração estava bem rápida – Ele perdeu muito sangue, você vai desmaiar... Mas é melhor assim. Agüenta firme Taylor... Um...Dois...Três – Com força Brenda abriu as duas parte de ferro, com dentes cerrados da armadilha. Colocou depois o objeto pingando sangue na grama. – Logan, ajuda eles a se locarem. – Logan andou até os outros que olhavam boquiabertos atrás a cena. Tyler ainda observava Megan, ela sorriu pra ele. Taylor mordeu o pano com força, saiu ainda mais sangue da perna dele, acho que dessa vez vai ser mais complicado pra ele ficar bom, porque nem Brenda com todo seu curso de enfermagem forçado pela mãe, vai conseguir fazer milagre com rapidez. Não via pior momento para Taylor ficar mau.
A respiração dele ficou mais tranqüila. Seus olhos reviravam nas orbitas. Ele apagou.
Matt e Brenda demoraram uma hora para parar o sangue, estancar o ferimento... Fazer os pontos. Brenda depois deu uma folga para Matt, rasgou a barra da calça de Taylor cujo ela tinha sangue seco impregnando-a toda.
- Me ajuda aqui – Fui até ela, e a ajudei a levar o garoto musculoso para dentro do lago. – Obrigada. – Brenda limpou o sangue da canela, e um corte ralo da testa do menino. Deixou ele um pouco dentro d’água enquanto fazia um travesseiro com uma mochila, e um apoio para a perna com uma jaqueta sem uso. Depois disso, disse para Tyler trocar a roupa dele por secas. E daí eu a ajudei a colocar Taylor dentro do saco de dormir.
- Meu Deus do céu, minha perna ta doendo. – Taylor acordou.
- Você só pode tomar esses remédios depois de comer. Sinto muito – Respondeu Brenda. Daniel fez uma fogueira não muito alta próxima a Taylor. Onde Caterine armou um suporte para colocar a panela, em que Emma fazia uma sopa com coisas da sua casa. Lola enrolada em muitas camadas de jaqueta, Megan numa conversa entre sussurros com Tyler. Uma meia hora depois, eu e Brenda sentamos do lado de Lola – Sinto muito por você ter chegado numa dia ruim.
- É bem melhor que ficar preso o tempo todo num armário – Respondeu a menina. Sorri para ele.
- Meio ruim estar num mundo horrível desses... Principalmente para crianças – Disse.
- Eu também acho. – Disse Lola – Não gosto de ver pessoas morrendo, mesmo que na verdade não sejam pessoas... É ruim. – Eu assenti – Minha mãe e meu pai viraram essas coisas. É ruim a sensação de não vê-los mais. E é ruim a sensação de ver minha mãe morrer. – Brenda e eu nos entreolhamos.
- Ei, que tal fazermos assim – Começou Brenda, com a respiração visível pelas fumaçinhas que fazem no ar. Está realmente muito frio aqui – Criamos uma palavra, e sempre que eu ou ele falarmos essa palavra, você fecha os olhos e tampa os ouvidos, até tudo acabar. O que acha?
- Eu gosto da ideia – Respondeu a garotinha com um sorriso animado – Posso escolher? A palavra.
- Claro – Respondi. É uma boa ideia, manter a garota entretida. A sopa apesar ter poucas coisas, mais água do que coisas pra comer,ela estava gostosa e quente. Então estava muito boa. Os olhos de Lola pulavam de felicidade. Conseguia até ver as engrenagens do seu cérebro girando. E depois um sorriso se estende pelo seu rosto.
- Já sei! Que tal... Paraíso? É uma boa palavra? – Brenda da um sorriso triste. Sutileza é ela sonhar com o paraíso, dentro do inferno.
-Não poderia ser melhor – Disse. A noite foi passando. Cada um foi para o seu lado, dormir. Todos muito cansados. Taylor foi o ultimo a adormecer. Tremia um pouco. Mas ficara muito bem, depois dos analgésicos que Brenda lhe dera. Ela também não dormia. Ficara acordada de vigia comigo. Apagamos a fogueira e ela ligou a lanterna.
- Sabe o que eu estava pensando? – Sussurrou ela.
- O que?
- Que eu entendi o que deu errado, na nossa distração humana.
- A... Qual é. Vai começar? Distração humana não da certo e ponto.
- Não, não escuta – Ela se virou pra mim – O que chama mais atenção? Duas pessoas, ou dez?
- Dez.
- Então era esse o problema. A gente tentava distrair com duas pessoas. Enquanto dez faziam o que tinham de fazer. Se a gente deixar dez pessoas distraindo enquanto duas...
- Que são mais rápidas e discretas fazem o que tem que fazer – Completei – Fica mais fácil e menos perigoso.
- Exatamente.
- É... Pode funcionar. Temos que sair daqui, sabe não? – Sussurrei – Temos que sair rápido daqui. Os zumbis começam a se aproximar mais. E essas armadilhas não vão prende-los por muito tempo.
- Eu sei... – Concordou ela – Mas precisamos de no mínimo uma semana para Taylor conseguir andar.
- Eu sei... Acho que da pra agüentar mais uma semana.
- Acha mesmo? – Ela se aproximou. E se curvou para beijar minha bochecha, mas virei o rosto e beijei sua boca.
- A... Caras? – Logan acordou. Andou cuidadosamente até nossa frente e disse – Vão dar uma discançada. Eu fico de guarda.
- A... Claro. – Brenda olhou ao redor. Um calor emanava dela. E de mim. Não sei o que é, mas foi febril. Só tinha uma cabana livre. A mais distante do outro lado do rio. Fomos os dois até lá. Estava completamente ciente o olhar risonho de Logan nos seguindo. Não sei o que deu em mim, só sei que subiu a minha cabeça. O amor. O desejo. Agora, ou nunca.
Brenda fechou a barraca, eu a abracei por trás, e a puxei, deitando-a no chão. Conseguia ver um brilho engraçado e diferente no seu olhar, talvez até feroz. Ela agarrou a ponta da minha camiseta e tirou-a. Beijei seu pescoço, e ela segurou minhas costas. Foi melhor do que eu imaginei que seria. Tirei a camiseta dela, e depois o sutiã. Foi mais suave, e voraz do que eu poderia pensar. Qualquer barulho que fizéssemos, era encoberto pelo barulho das cascatas e da água na cachoeira caindo.
Naquele momento estava completamente alheio ao mundo. Frio? Isso não existe nesse meio quente em que me encontro. Zumbis? Esqueci no momento. Estava alheio ao mundo, com a cabeça apenas aqui. E somente aqui. A única coisa a não ser meu corpo colado no dela, que eu ainda estava ciente, era que estava sendo seguidos. Observados. E não era por humanos. 

domingo, 17 de março de 2013

Capitulo 6 – Um plano.


Brenda tentava controlar e abafar os gritos de dor, e isso a machucava ainda mais. Matt passou a mão pelas costelas dela, e ela se contraiu, com a respiração arfante.
- Duas costelas fraturadas... Uma quebrada. O tornozelo torcido agora está inflamado também... Justin me ajuda aqui – Matt pegou os ombros de Brenda e a fez sentar, sua respiração ficou ainda mais arfante, e o suor em sua testa escorria, ele ergueu a camiseta dela até a metade da barriga – Segura as duas primeiras costelas dela.
- Vai machucá-la – Disse.
- Eu sei. Faça isso – Matt pegou um pano de gaze, e passou pelas costelas de Brenda, eu segurei nas duas primeiras, sentia-as meio quebradiças, raspando pelos meus dedos. Brenda se contraia, grunhia, respirava ainda mais rápido, abafando os gritos. Sentia seu coração pulando no peito– Calma, calma já está terminando – Ele pegou um rolo de fita adesiva com as mãos tremulas, procurou a ponta, e cortou com os dentes – Vai doer mais um pouquinho agora – Ele colocou a fita adesiva na ponta da gaze, e bateu duas vezes para fixar – Desculpa, desculpa -  Brenda não conseguiu se controlar, soltou um grito agudo, e depois olhou em volta procurando algum errante que ela possa ter atraído.
- Ninguém vem aqui a 3 anos, calma – Disse Jake. Matt deitou a irmã com a cabeça na mochila, depois ergueu a barra calça, ensangüentada :
- Tenho que fazer uns pontos aqui – Ele deu um pano para ela morder – Um... Dois... Três – Brenda mordeu o pano com tanta força, que pensei que ela fosse fazer a gengiva sangrar.
- Cadê a anestesia? – Não estava mais agüentando ver ela sofrer daquele jeito.
- Ela usou toda com você – Senti uma ponta de magoa na voz de Matt. Não posso culpá-lo. Eu sinto o mesmo. Depois de fazer os pontos, Brenda parecia mais calma.
- Justin – Chamou Logan – Os Better Days... Não tem câmeras, não são como os outros. Eles são fortes porque são. Eles são bons por eles mesmos.
- É isso me incomoda também – Respondi – Mas eles não estão nos perseguindo. Não existe mais Vírus e Vários, eles são apenas... Zumbis grandes de mais.
- Espero que você esteja certo – Disse Daniel.
- Eu também – Murmurei mais para mim, do que para eles - O que aconteceu?
- Bom... Você sabe como ela fica quando está preocupada, irritada ou ansiosa – Disse Logan –Ela atacou os zumbis com um velocidade muito maneira, acabou com a metade deles sozinha... Não que eu não tenha ajudado – Ele sorriu, Caterine fixou-o e o sorriso deles desapareceu – Hm... Bom, o Batter Day apareceu...
- Eu – Disse Robert – Tentei ajudá-la, mas ele me deu um soco e eu fui parar no outro lado da rua – Matt deu uma bolsa de gelo, que na verdade tinha água para ele. Robert colocou a bolsa na testa, que tinha um risco, com um pouco de sangue.
- Ela lutou contra ele sozinha? – Perguntei.
- Ela disse que sabia como. Demorou uns cinco minutos – Respondeu Logan – E enquanto isso lutávamos com os zumbis que vinham. Ela matou ele. Mas quase morreu junto. Se não fosse por Taylor, ter tirado ela dali, e Matt pra cuidar dela. Acho que... – Eu apenas assenti.  Sei que Taylor foi um herói, mas se ela tivesse vindo comigo, ou eu ter ido com eles, eu poderia ter ajudado. Ela estaria segura, comigo. Acho que é esse o problema, eu não estava lá. Não foi eu quem ajudou ela, foi ele.  Acho que 15 minutos depois, no silencio apenas sendo quebrado por alguns gritinhos abafados de Brenda – Porque Matt está olhando o olho dela – eu disse : Vão dormir. Eu fico primeiro de guarda. Matt vai descansar também. – Ele passou uma pomada no olho da irmã, e depois se juntou aos outros, Robert tirou seis sacos de dormir, de uma mochila.
- Desculpa pela quantidade de sacos de dormir... – Disse Jake – Não sabíamos que teria mais gente.
- Sem problema, a gente usa nossas coisas – Disse Mattew, ele pegou uma toalha manchada, e colocou na grama, depois ele enrolou uma jaqueta e colocou na árvore, e fez de travesseiro. Não sentia frio nenhum, apesar de estar começando a nevar. Com pequenas e finas bolinhas de neve, que apesar de pequena arde quando encosta na pele. Peguei uma jaqueta e coloquei só para não virar pedra de gelo, sentei do lado de Brenda. Ao passar da noite, onde todos já estavam dormindo, eu a vi tremer. Peguei outra jaqueta e coloquei em cima dela.
- Obrigada – Sussurrou fracamente.
- Ei... – Passei a mão nos cabelos dela – Pensei que estava dormindo.
- A dor não deixa. – Ela não conseguia quase nem falar. A dor a impedir de se mexer, apenas os olhos de moviam.
- Você não devia ter brigado com o Better Day... Devia tê-lo deixado passar.
- Ele poderia ter... Atacado outro dos nossos.
- Eu poderia estar lá, não é? A gente não devia ter se separado.
- Não começa – Sua voz não passava de um sussurro, tão baixo que parecia um sopro – Não teve nada a ver com você. Você sempre estava lá Justin. Só uma vez que...
- Que eu não estava, você quase morreu – Interrompi, com uma dor no peito.
- Quase, não morri. E essa não é a primeira nem a ultima vez que eu quase vou morrer. Não foi culpa sua, relaxa – Sua voz, por mais baixa que fosse, me acalmava. Senti um leve sorriso se abrindo no meu rosto. O céu do Caribe era lindo, repleto de estrelas, e uma lua cheia incrível.
Sempre quis vir ao Caribe, sua praias, ilhares, cachoeiras lindas... Mas não nessas condições. Os lábios de Brenda já ficavam roxos de frio. A neve se tornava mais densa, agora até eu comecei a ficar com frio, me agachei ao lado dela, e a levantei, de modo a ela ficar sentada. Ela se retraiu um pouco, sentei e depois coloquei ela no meu tórax, sua cabeça no meu peito. Ainda me sentia um pouco quente.  Passei a mão pelo seu braço. E beijei sua testa.
- Matt fez um bom trabalho – Disse ela.
- Ele estava com medo de que você não sobrevivesse... Mas sim. Ele fez um ótimo trabalho.
- Esse olho vai demorar duas semana para voltar a ser o que era – Reclamou ela.
- Você continua linda – Ela sorriu.
- Amanha temos que fazer equipes. Uma para caçar animais nessa floresta. E a outra para lavar a roupa, ferver a água, e os animais.
- Não vamos poder sobreviver só com esses animais podemos? – Perguntei.
- Não. Uma hora ou outra vamos ter que ir para a cidade. Vou precisar de remédios e etc.
- Se quiser amanha eu vou na cidade e trago...
- Não. Vamos juntos – Ela tossiu, eu passei a mão pelo seu braço.
- Tenta dormir. – Ela nem tentou argumentar. Simplesmente fechou os olhos, e alguns minutos mais tarde já estava dormindo. O sol já estava quase no topo no céu, quando o sono me dominou e eu adormeci.
Para mim se passaram minutos, até eu ouvir uma voz.
- Taylor.
- Diga.
- Me passa o remédio?
- Claro, garota.
- Não... O azul – Ouvi uma risadinha de Brenda – O vermelho é tipo energético.
- Não queremos você mais agitada, não é? – Cocei os olhos, Brenda estava na minha frente.  Taylor com aquele sorriso branco, deu-lhe uma capsula com alguns comprimidos dentro – Ia encher o saco, de todo mundo.
- Vai se ferra – Ela tomou água da garrafinha junto com o remédio. – Ei Já acordou? Bom Dia.
- Oi – Olhei em volta. Robert e Jake estavam pegando alguns arco e flechas, e uma faca. Tinha um pequeno caminho aberto por entre as árvores mais altas, onde Matt estava voltando com uma espada na mão. Caterine estava lavando as roupas de Daniel. E ele estava fervendo a água numa fogueira feita de galhos e folhas, que Matt estava reforçando. Logan estava montando - ou tentando. Talvez brigando – com uma barraca. Tyler vinha em nossa direção – O que está acontecendo aqui?
- Encontramos um acampamento mais em cima daqui... – Respondeu Brenda – Na verdade eles encontraram...
- Mas ela teve a ideia – Disse Tyler.
- Em fim, Jake e Robert vão caçar. Matt estava abrindo caminho na floresta, procurando outros acampamentos, acho que não achou. Logan está sendo atacado por uma barraca? – Ela riu, mas depois fez uma careta de dor - Bom, Matt acho uma barraca, um isqueiro, uma panela, arco e flecha, um mapa daqui, umas armadilhas, que Tyler e Taylor vão colocar para delimitar o nosso território.
- Nós vamos ficar por aqui...
- Não muito tempo – Respondeu ela – Mas em quanto estivermos, precisamos deixar intrusos humanos e zumbis fora daqui. Então eles vão colocar armadilhas por aqui.
- Muito bom.
- Obrigada – Ela sorriu. Taylor se levantou e começou a conversar com Tyler sobre uma armadilha para ursos. Depois começaram a se afastar – Ei Taylor! Eu não tive a chance de te agradecer pelo o que você fez ontem. Obrigada.
- Não precisa agradecer. – Ele se afastou, com o irmão.
- O que eu tenho que fazer? - Perguntei bocejando.
- Você tem uma tarefa comigo -Ergui a sobrancelhas – Me ajuda a traçar uma rota, para chegar até a cidade.
- Como é?
- Daqui duas semanas eu vou estar bem de novo. Mas preciso de ajuda pra chegar lá. – Ela pegou o mapa do Caribe e esticou no chão gramado. Ninguém prestou muita atenção em nós – Mas não quero que ninguém veja a gente saindo. Matt não me deixaria sair.
Duas semanas se passaram num piscar de olhos. Caterine estava até gostando de fazer um trabalho dona de casa. Acho de ser pelo fato, de parecer uma coisa comum. Uma coisa normal. Logan ficava de guarda pela manha. Matt ficava bastante durante a noite, e revezava comigo. Ele dormia quase a manha inteira. Jake e Robert sempre achavam cervos, e veados. As vezes até coelhos. Mas acabou que os coelhos não comemos, porque Caterine não deixava. Achamos alguns zumbis que caíram nas armadilhas, estava ficando fácil viver ali.
Brenda estava se curando bem, ela já conseguia andar, o que era um perigo pra ela.
Já estava entardecendo quando eu e ela pegamos as coisas de que precisávamos para dar uma olhada na cidade. Seria uma tarefa fácil, pegar alguma munição, sair sem que ninguém perceba, sermos rápidos na cidade e depois voltar. O crepúsculo cor de aço estava mais frio hoje do que dos outros dias. A boa noticia é que não nevava. Cada um estava fazendo uma tarefa, quando saímos disfarçadamente para mata a dentro.
- Como está se sentindo? – Perguntei.
- Muito bem – Respondeu Brenda. Os únicos zumbis que encontramos foram na rua, seis no máximo. As casas estavam saqueadas, abertas com as portas e janelas quebradas. A melhor que tinha era uma branca com marcas de mãos ensangüentadas por toda parede, fiz sinal com a cabeça e Brenda me seguiu, entramos silenciosamente dentro da casa, que era de frente ao mar. Uma casa de pelo menos quatro andares. Família rica. Encontramos comida enlatada no armário, barras de chocolate nas prateleiras, um maço de cigarro, balas de goma, chiclete, bolachas. Porque não levaram essas coisas?
Um errante saiu de dentro do banheiro da casa, Brenda enfiou o machado no meio da cabeça dele, por onde jorrou litros de sangue preto, espirrando nas paredes e formando uma poça no chão, antes de ele cair eu o segurei, e o deitei com cuidado no chão, para não fazer barulho. Coloquei depois os suprimentos dentro de uma bolsa, ouvi um barulho a cima de nós. Uma porta se abrindo. Rangendo. Fechei a bolsa com cuidado, e em silencio, subi as escadas com Brenda em meus calcanhares. O barulho vinha no terceiro andar, um quarto obviamente de uma garotinha, tinha seu nome na porta “Lola”. Um quarto todo rosa, com uma cama branca, um criado mudo branco do lado da cama, com um porta retrato com a foto de uma menina de cabelo preto ao lado de sua mãe, e seu pai. O mordedor do banheiro. O barulho voltou, olhei para o lado e instintivamente ergui a faca. Um armário, cujo a porta era de tiras de madeiras bege. Fiz sinal com a cabeça, e Brenda foi na frente, ainda mancando um pouco pela costela dolorida. Contou até três com os dedos. E abriu a porta.
Não sabia o que dizer na hora, tudo que veio na minha cabeça, foram as palavras que saíram da minha boca:
- Olá.