Brenda tentava controlar e abafar os gritos de dor, e isso a
machucava ainda mais. Matt passou a mão pelas costelas dela, e ela se contraiu,
com a respiração arfante.
- Duas costelas fraturadas... Uma quebrada. O tornozelo
torcido agora está inflamado também... Justin me ajuda aqui – Matt pegou os
ombros de Brenda e a fez sentar, sua respiração ficou ainda mais arfante, e o
suor em sua testa escorria, ele ergueu a camiseta dela até a metade da barriga
– Segura as duas primeiras costelas dela.
- Vai machucá-la – Disse.
- Eu sei. Faça isso – Matt pegou um pano de gaze, e passou
pelas costelas de Brenda, eu segurei nas duas primeiras, sentia-as meio
quebradiças, raspando pelos meus dedos. Brenda se contraia, grunhia, respirava
ainda mais rápido, abafando os gritos. Sentia seu coração pulando no peito–
Calma, calma já está terminando – Ele pegou um rolo de fita adesiva com as mãos
tremulas, procurou a ponta, e cortou com os dentes – Vai doer mais um pouquinho
agora – Ele colocou a fita adesiva na ponta da gaze, e bateu duas vezes para
fixar – Desculpa, desculpa - Brenda não
conseguiu se controlar, soltou um grito agudo, e depois olhou em volta
procurando algum errante que ela possa ter atraído.
- Ninguém vem aqui a 3 anos, calma – Disse Jake. Matt deitou
a irmã com a cabeça na mochila, depois ergueu a barra calça, ensangüentada :
- Tenho que fazer uns pontos aqui – Ele deu um pano para ela
morder – Um... Dois... Três – Brenda mordeu o pano com tanta força, que pensei
que ela fosse fazer a gengiva sangrar.
- Cadê a anestesia? – Não estava mais agüentando ver ela
sofrer daquele jeito.
- Ela usou toda com você – Senti uma ponta de magoa na voz
de Matt. Não posso culpá-lo. Eu sinto o mesmo. Depois de fazer os pontos,
Brenda parecia mais calma.
- Justin – Chamou Logan – Os Better Days... Não tem câmeras,
não são como os outros. Eles são fortes porque são. Eles são bons por eles
mesmos.
- É isso me incomoda também – Respondi – Mas eles não estão
nos perseguindo. Não existe mais Vírus e Vários, eles são apenas... Zumbis
grandes de mais.
- Espero que você esteja certo – Disse Daniel.
- Eu também – Murmurei mais para mim, do que para eles - O
que aconteceu?
- Bom... Você sabe como ela fica quando está preocupada,
irritada ou ansiosa – Disse Logan –Ela atacou os zumbis com um velocidade muito
maneira, acabou com a metade deles sozinha... Não que eu não tenha ajudado – Ele
sorriu, Caterine fixou-o e o sorriso deles desapareceu – Hm... Bom, o Batter
Day apareceu...
- Eu – Disse Robert – Tentei ajudá-la, mas ele me deu um
soco e eu fui parar no outro lado da rua – Matt deu uma bolsa de gelo, que na
verdade tinha água para ele. Robert colocou a bolsa na testa, que tinha um
risco, com um pouco de sangue.
- Ela lutou contra ele sozinha? – Perguntei.
- Ela disse que sabia como. Demorou uns cinco minutos –
Respondeu Logan – E enquanto isso lutávamos com os zumbis que vinham. Ela matou
ele. Mas quase morreu junto. Se não fosse por Taylor, ter tirado ela dali, e
Matt pra cuidar dela. Acho que... – Eu apenas assenti. Sei que Taylor foi um herói, mas se ela
tivesse vindo comigo, ou eu ter ido com eles, eu poderia ter ajudado. Ela
estaria segura, comigo. Acho que é esse o problema, eu não estava lá. Não foi
eu quem ajudou ela, foi ele. Acho que 15
minutos depois, no silencio apenas sendo quebrado por alguns gritinhos abafados
de Brenda – Porque Matt está olhando o olho dela – eu disse : Vão dormir. Eu
fico primeiro de guarda. Matt vai descansar também. – Ele passou uma pomada no
olho da irmã, e depois se juntou aos outros, Robert tirou seis sacos de dormir,
de uma mochila.
- Desculpa pela quantidade de sacos de dormir... – Disse
Jake – Não sabíamos que teria mais gente.
- Sem problema, a gente usa nossas coisas – Disse Mattew,
ele pegou uma toalha manchada, e colocou na grama, depois ele enrolou uma
jaqueta e colocou na árvore, e fez de travesseiro. Não sentia frio nenhum,
apesar de estar começando a nevar. Com pequenas e finas bolinhas de neve, que
apesar de pequena arde quando encosta na pele. Peguei uma jaqueta e coloquei só
para não virar pedra de gelo, sentei do lado de Brenda. Ao passar da noite,
onde todos já estavam dormindo, eu a vi tremer. Peguei outra jaqueta e coloquei
em cima dela.
- Obrigada – Sussurrou fracamente.
- Ei... – Passei a mão nos cabelos dela – Pensei que estava
dormindo.
- A dor não deixa. – Ela não conseguia quase nem falar. A
dor a impedir de se mexer, apenas os olhos de moviam.
- Você não devia ter brigado com o Better Day... Devia tê-lo
deixado passar.
- Ele poderia ter... Atacado outro dos nossos.
- Eu poderia estar lá, não é? A gente não devia ter se
separado.
- Não começa – Sua voz não passava de um sussurro, tão baixo
que parecia um sopro – Não teve nada a ver com você. Você sempre estava lá
Justin. Só uma vez que...
- Que eu não estava, você quase morreu – Interrompi, com uma
dor no peito.
- Quase, não morri. E essa não é a primeira nem a ultima vez
que eu quase vou morrer. Não foi culpa sua, relaxa – Sua voz, por mais baixa
que fosse, me acalmava. Senti um leve sorriso se abrindo no meu rosto. O céu do
Caribe era lindo, repleto de estrelas, e uma lua cheia incrível.
Sempre quis vir ao Caribe, sua praias, ilhares, cachoeiras
lindas... Mas não nessas condições. Os lábios de Brenda já ficavam roxos de
frio. A neve se tornava mais densa, agora até eu comecei a ficar com frio, me
agachei ao lado dela, e a levantei, de modo a ela ficar sentada. Ela se retraiu
um pouco, sentei e depois coloquei ela no meu tórax, sua cabeça no meu peito.
Ainda me sentia um pouco quente. Passei
a mão pelo seu braço. E beijei sua testa.
- Matt fez um bom trabalho – Disse ela.
- Ele estava com medo de que você não sobrevivesse... Mas
sim. Ele fez um ótimo trabalho.
- Esse olho vai demorar duas semana para voltar a ser o que
era – Reclamou ela.
- Você continua linda – Ela sorriu.
- Amanha temos que fazer equipes. Uma para caçar animais
nessa floresta. E a outra para lavar a roupa, ferver a água, e os animais.
- Não vamos poder sobreviver só com esses animais podemos? –
Perguntei.
- Não. Uma hora ou outra vamos ter que ir para a cidade. Vou
precisar de remédios e etc.
- Se quiser amanha eu vou na cidade e trago...
- Não. Vamos juntos – Ela tossiu, eu passei a mão pelo seu
braço.
- Tenta dormir. – Ela nem tentou argumentar. Simplesmente
fechou os olhos, e alguns minutos mais tarde já estava dormindo. O sol já
estava quase no topo no céu, quando o sono me dominou e eu adormeci.
Para mim se passaram minutos, até eu ouvir uma voz.
- Taylor.
- Diga.
- Me passa o remédio?
- Claro, garota.
- Não... O azul – Ouvi uma risadinha de Brenda – O vermelho
é tipo energético.
- Não queremos você mais agitada, não é? – Cocei os olhos,
Brenda estava na minha frente. Taylor
com aquele sorriso branco, deu-lhe uma capsula com alguns comprimidos dentro –
Ia encher o saco, de todo mundo.
- Vai se ferra – Ela tomou água da garrafinha junto com o
remédio. – Ei Já acordou? Bom Dia.
- Oi – Olhei em volta. Robert e Jake estavam pegando alguns
arco e flechas, e uma faca. Tinha um pequeno caminho aberto por entre as
árvores mais altas, onde Matt estava voltando com uma espada na mão. Caterine
estava lavando as roupas de Daniel. E ele estava fervendo a água numa fogueira
feita de galhos e folhas, que Matt estava reforçando. Logan estava montando -
ou tentando. Talvez brigando – com uma barraca. Tyler vinha em nossa direção –
O que está acontecendo aqui?
- Encontramos um acampamento mais em cima daqui... –
Respondeu Brenda – Na verdade eles encontraram...
- Mas ela teve a ideia – Disse Tyler.
- Em fim, Jake e Robert vão caçar. Matt estava abrindo
caminho na floresta, procurando outros acampamentos, acho que não achou. Logan
está sendo atacado por uma barraca? – Ela riu, mas depois fez uma careta de dor
- Bom, Matt acho uma barraca, um isqueiro, uma panela, arco e flecha, um mapa
daqui, umas armadilhas, que Tyler e Taylor vão colocar para delimitar o nosso
território.
- Nós vamos ficar por aqui...
- Não muito tempo – Respondeu ela – Mas em quanto estivermos,
precisamos deixar intrusos humanos e zumbis fora daqui. Então eles vão colocar
armadilhas por aqui.
- Muito bom.
- Obrigada – Ela sorriu. Taylor se levantou e começou a
conversar com Tyler sobre uma armadilha para ursos. Depois começaram a se
afastar – Ei Taylor! Eu não tive a chance de te agradecer pelo o que você fez
ontem. Obrigada.
- Não precisa agradecer. – Ele se afastou, com o irmão.
- O que eu tenho que fazer? - Perguntei bocejando.
- Você tem uma tarefa comigo -Ergui a sobrancelhas – Me
ajuda a traçar uma rota, para chegar até a cidade.
- Como é?
- Daqui duas semanas eu vou estar bem de novo. Mas preciso
de ajuda pra chegar lá. – Ela pegou o mapa do Caribe e esticou no chão gramado.
Ninguém prestou muita atenção em nós – Mas não quero que ninguém veja a gente
saindo. Matt não me deixaria sair.
Duas semanas se passaram num piscar de olhos. Caterine
estava até gostando de fazer um trabalho dona de casa. Acho de ser pelo fato,
de parecer uma coisa comum. Uma coisa normal. Logan ficava de guarda pela
manha. Matt ficava bastante durante a noite, e revezava comigo. Ele dormia
quase a manha inteira. Jake e Robert sempre achavam cervos, e veados. As vezes
até coelhos. Mas acabou que os coelhos não comemos, porque Caterine não
deixava. Achamos alguns zumbis que caíram nas armadilhas, estava ficando fácil
viver ali.
Brenda estava se curando bem, ela já conseguia andar, o que
era um perigo pra ela.
Já estava entardecendo quando eu e ela pegamos as coisas de
que precisávamos para dar uma olhada na cidade. Seria uma tarefa fácil, pegar
alguma munição, sair sem que ninguém perceba, sermos rápidos na cidade e depois
voltar. O crepúsculo cor de aço estava mais frio hoje do que dos outros dias. A
boa noticia é que não nevava. Cada um estava fazendo uma tarefa, quando saímos disfarçadamente
para mata a dentro.
- Como está se sentindo? – Perguntei.
- Muito bem – Respondeu Brenda. Os únicos zumbis que encontramos
foram na rua, seis no máximo. As casas estavam saqueadas, abertas com as portas
e janelas quebradas. A melhor que tinha era uma branca com marcas de mãos ensangüentadas
por toda parede, fiz sinal com a cabeça e Brenda me seguiu, entramos
silenciosamente dentro da casa, que era de frente ao mar. Uma casa de pelo
menos quatro andares. Família rica. Encontramos comida enlatada no armário,
barras de chocolate nas prateleiras, um maço de cigarro, balas de goma,
chiclete, bolachas. Porque não levaram essas coisas?
Um errante saiu de dentro do banheiro da casa, Brenda enfiou
o machado no meio da cabeça dele, por onde jorrou litros de sangue preto,
espirrando nas paredes e formando uma poça no chão, antes de ele cair eu o
segurei, e o deitei com cuidado no chão, para não fazer barulho. Coloquei
depois os suprimentos dentro de uma bolsa, ouvi um barulho a cima de nós. Uma
porta se abrindo. Rangendo. Fechei a bolsa com cuidado, e em silencio, subi as
escadas com Brenda em meus calcanhares. O barulho vinha no terceiro andar, um
quarto obviamente de uma garotinha, tinha seu nome na porta “Lola”. Um quarto
todo rosa, com uma cama branca, um criado mudo branco do lado da cama, com um
porta retrato com a foto de uma menina de cabelo preto ao lado de sua mãe, e
seu pai. O mordedor do banheiro. O barulho voltou, olhei para o lado e instintivamente
ergui a faca. Um armário, cujo a porta era de tiras de madeiras bege. Fiz sinal
com a cabeça, e Brenda foi na frente, ainda mancando um pouco pela costela
dolorida. Contou até três com os dedos. E abriu a porta.
Não sabia o que dizer na hora, tudo que veio na minha
cabeça, foram as palavras que saíram da minha boca:
- Olá.
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