domingo, 17 de março de 2013

Capitulo 6 – Um plano.


Brenda tentava controlar e abafar os gritos de dor, e isso a machucava ainda mais. Matt passou a mão pelas costelas dela, e ela se contraiu, com a respiração arfante.
- Duas costelas fraturadas... Uma quebrada. O tornozelo torcido agora está inflamado também... Justin me ajuda aqui – Matt pegou os ombros de Brenda e a fez sentar, sua respiração ficou ainda mais arfante, e o suor em sua testa escorria, ele ergueu a camiseta dela até a metade da barriga – Segura as duas primeiras costelas dela.
- Vai machucá-la – Disse.
- Eu sei. Faça isso – Matt pegou um pano de gaze, e passou pelas costelas de Brenda, eu segurei nas duas primeiras, sentia-as meio quebradiças, raspando pelos meus dedos. Brenda se contraia, grunhia, respirava ainda mais rápido, abafando os gritos. Sentia seu coração pulando no peito– Calma, calma já está terminando – Ele pegou um rolo de fita adesiva com as mãos tremulas, procurou a ponta, e cortou com os dentes – Vai doer mais um pouquinho agora – Ele colocou a fita adesiva na ponta da gaze, e bateu duas vezes para fixar – Desculpa, desculpa -  Brenda não conseguiu se controlar, soltou um grito agudo, e depois olhou em volta procurando algum errante que ela possa ter atraído.
- Ninguém vem aqui a 3 anos, calma – Disse Jake. Matt deitou a irmã com a cabeça na mochila, depois ergueu a barra calça, ensangüentada :
- Tenho que fazer uns pontos aqui – Ele deu um pano para ela morder – Um... Dois... Três – Brenda mordeu o pano com tanta força, que pensei que ela fosse fazer a gengiva sangrar.
- Cadê a anestesia? – Não estava mais agüentando ver ela sofrer daquele jeito.
- Ela usou toda com você – Senti uma ponta de magoa na voz de Matt. Não posso culpá-lo. Eu sinto o mesmo. Depois de fazer os pontos, Brenda parecia mais calma.
- Justin – Chamou Logan – Os Better Days... Não tem câmeras, não são como os outros. Eles são fortes porque são. Eles são bons por eles mesmos.
- É isso me incomoda também – Respondi – Mas eles não estão nos perseguindo. Não existe mais Vírus e Vários, eles são apenas... Zumbis grandes de mais.
- Espero que você esteja certo – Disse Daniel.
- Eu também – Murmurei mais para mim, do que para eles - O que aconteceu?
- Bom... Você sabe como ela fica quando está preocupada, irritada ou ansiosa – Disse Logan –Ela atacou os zumbis com um velocidade muito maneira, acabou com a metade deles sozinha... Não que eu não tenha ajudado – Ele sorriu, Caterine fixou-o e o sorriso deles desapareceu – Hm... Bom, o Batter Day apareceu...
- Eu – Disse Robert – Tentei ajudá-la, mas ele me deu um soco e eu fui parar no outro lado da rua – Matt deu uma bolsa de gelo, que na verdade tinha água para ele. Robert colocou a bolsa na testa, que tinha um risco, com um pouco de sangue.
- Ela lutou contra ele sozinha? – Perguntei.
- Ela disse que sabia como. Demorou uns cinco minutos – Respondeu Logan – E enquanto isso lutávamos com os zumbis que vinham. Ela matou ele. Mas quase morreu junto. Se não fosse por Taylor, ter tirado ela dali, e Matt pra cuidar dela. Acho que... – Eu apenas assenti.  Sei que Taylor foi um herói, mas se ela tivesse vindo comigo, ou eu ter ido com eles, eu poderia ter ajudado. Ela estaria segura, comigo. Acho que é esse o problema, eu não estava lá. Não foi eu quem ajudou ela, foi ele.  Acho que 15 minutos depois, no silencio apenas sendo quebrado por alguns gritinhos abafados de Brenda – Porque Matt está olhando o olho dela – eu disse : Vão dormir. Eu fico primeiro de guarda. Matt vai descansar também. – Ele passou uma pomada no olho da irmã, e depois se juntou aos outros, Robert tirou seis sacos de dormir, de uma mochila.
- Desculpa pela quantidade de sacos de dormir... – Disse Jake – Não sabíamos que teria mais gente.
- Sem problema, a gente usa nossas coisas – Disse Mattew, ele pegou uma toalha manchada, e colocou na grama, depois ele enrolou uma jaqueta e colocou na árvore, e fez de travesseiro. Não sentia frio nenhum, apesar de estar começando a nevar. Com pequenas e finas bolinhas de neve, que apesar de pequena arde quando encosta na pele. Peguei uma jaqueta e coloquei só para não virar pedra de gelo, sentei do lado de Brenda. Ao passar da noite, onde todos já estavam dormindo, eu a vi tremer. Peguei outra jaqueta e coloquei em cima dela.
- Obrigada – Sussurrou fracamente.
- Ei... – Passei a mão nos cabelos dela – Pensei que estava dormindo.
- A dor não deixa. – Ela não conseguia quase nem falar. A dor a impedir de se mexer, apenas os olhos de moviam.
- Você não devia ter brigado com o Better Day... Devia tê-lo deixado passar.
- Ele poderia ter... Atacado outro dos nossos.
- Eu poderia estar lá, não é? A gente não devia ter se separado.
- Não começa – Sua voz não passava de um sussurro, tão baixo que parecia um sopro – Não teve nada a ver com você. Você sempre estava lá Justin. Só uma vez que...
- Que eu não estava, você quase morreu – Interrompi, com uma dor no peito.
- Quase, não morri. E essa não é a primeira nem a ultima vez que eu quase vou morrer. Não foi culpa sua, relaxa – Sua voz, por mais baixa que fosse, me acalmava. Senti um leve sorriso se abrindo no meu rosto. O céu do Caribe era lindo, repleto de estrelas, e uma lua cheia incrível.
Sempre quis vir ao Caribe, sua praias, ilhares, cachoeiras lindas... Mas não nessas condições. Os lábios de Brenda já ficavam roxos de frio. A neve se tornava mais densa, agora até eu comecei a ficar com frio, me agachei ao lado dela, e a levantei, de modo a ela ficar sentada. Ela se retraiu um pouco, sentei e depois coloquei ela no meu tórax, sua cabeça no meu peito. Ainda me sentia um pouco quente.  Passei a mão pelo seu braço. E beijei sua testa.
- Matt fez um bom trabalho – Disse ela.
- Ele estava com medo de que você não sobrevivesse... Mas sim. Ele fez um ótimo trabalho.
- Esse olho vai demorar duas semana para voltar a ser o que era – Reclamou ela.
- Você continua linda – Ela sorriu.
- Amanha temos que fazer equipes. Uma para caçar animais nessa floresta. E a outra para lavar a roupa, ferver a água, e os animais.
- Não vamos poder sobreviver só com esses animais podemos? – Perguntei.
- Não. Uma hora ou outra vamos ter que ir para a cidade. Vou precisar de remédios e etc.
- Se quiser amanha eu vou na cidade e trago...
- Não. Vamos juntos – Ela tossiu, eu passei a mão pelo seu braço.
- Tenta dormir. – Ela nem tentou argumentar. Simplesmente fechou os olhos, e alguns minutos mais tarde já estava dormindo. O sol já estava quase no topo no céu, quando o sono me dominou e eu adormeci.
Para mim se passaram minutos, até eu ouvir uma voz.
- Taylor.
- Diga.
- Me passa o remédio?
- Claro, garota.
- Não... O azul – Ouvi uma risadinha de Brenda – O vermelho é tipo energético.
- Não queremos você mais agitada, não é? – Cocei os olhos, Brenda estava na minha frente.  Taylor com aquele sorriso branco, deu-lhe uma capsula com alguns comprimidos dentro – Ia encher o saco, de todo mundo.
- Vai se ferra – Ela tomou água da garrafinha junto com o remédio. – Ei Já acordou? Bom Dia.
- Oi – Olhei em volta. Robert e Jake estavam pegando alguns arco e flechas, e uma faca. Tinha um pequeno caminho aberto por entre as árvores mais altas, onde Matt estava voltando com uma espada na mão. Caterine estava lavando as roupas de Daniel. E ele estava fervendo a água numa fogueira feita de galhos e folhas, que Matt estava reforçando. Logan estava montando - ou tentando. Talvez brigando – com uma barraca. Tyler vinha em nossa direção – O que está acontecendo aqui?
- Encontramos um acampamento mais em cima daqui... – Respondeu Brenda – Na verdade eles encontraram...
- Mas ela teve a ideia – Disse Tyler.
- Em fim, Jake e Robert vão caçar. Matt estava abrindo caminho na floresta, procurando outros acampamentos, acho que não achou. Logan está sendo atacado por uma barraca? – Ela riu, mas depois fez uma careta de dor - Bom, Matt acho uma barraca, um isqueiro, uma panela, arco e flecha, um mapa daqui, umas armadilhas, que Tyler e Taylor vão colocar para delimitar o nosso território.
- Nós vamos ficar por aqui...
- Não muito tempo – Respondeu ela – Mas em quanto estivermos, precisamos deixar intrusos humanos e zumbis fora daqui. Então eles vão colocar armadilhas por aqui.
- Muito bom.
- Obrigada – Ela sorriu. Taylor se levantou e começou a conversar com Tyler sobre uma armadilha para ursos. Depois começaram a se afastar – Ei Taylor! Eu não tive a chance de te agradecer pelo o que você fez ontem. Obrigada.
- Não precisa agradecer. – Ele se afastou, com o irmão.
- O que eu tenho que fazer? - Perguntei bocejando.
- Você tem uma tarefa comigo -Ergui a sobrancelhas – Me ajuda a traçar uma rota, para chegar até a cidade.
- Como é?
- Daqui duas semanas eu vou estar bem de novo. Mas preciso de ajuda pra chegar lá. – Ela pegou o mapa do Caribe e esticou no chão gramado. Ninguém prestou muita atenção em nós – Mas não quero que ninguém veja a gente saindo. Matt não me deixaria sair.
Duas semanas se passaram num piscar de olhos. Caterine estava até gostando de fazer um trabalho dona de casa. Acho de ser pelo fato, de parecer uma coisa comum. Uma coisa normal. Logan ficava de guarda pela manha. Matt ficava bastante durante a noite, e revezava comigo. Ele dormia quase a manha inteira. Jake e Robert sempre achavam cervos, e veados. As vezes até coelhos. Mas acabou que os coelhos não comemos, porque Caterine não deixava. Achamos alguns zumbis que caíram nas armadilhas, estava ficando fácil viver ali.
Brenda estava se curando bem, ela já conseguia andar, o que era um perigo pra ela.
Já estava entardecendo quando eu e ela pegamos as coisas de que precisávamos para dar uma olhada na cidade. Seria uma tarefa fácil, pegar alguma munição, sair sem que ninguém perceba, sermos rápidos na cidade e depois voltar. O crepúsculo cor de aço estava mais frio hoje do que dos outros dias. A boa noticia é que não nevava. Cada um estava fazendo uma tarefa, quando saímos disfarçadamente para mata a dentro.
- Como está se sentindo? – Perguntei.
- Muito bem – Respondeu Brenda. Os únicos zumbis que encontramos foram na rua, seis no máximo. As casas estavam saqueadas, abertas com as portas e janelas quebradas. A melhor que tinha era uma branca com marcas de mãos ensangüentadas por toda parede, fiz sinal com a cabeça e Brenda me seguiu, entramos silenciosamente dentro da casa, que era de frente ao mar. Uma casa de pelo menos quatro andares. Família rica. Encontramos comida enlatada no armário, barras de chocolate nas prateleiras, um maço de cigarro, balas de goma, chiclete, bolachas. Porque não levaram essas coisas?
Um errante saiu de dentro do banheiro da casa, Brenda enfiou o machado no meio da cabeça dele, por onde jorrou litros de sangue preto, espirrando nas paredes e formando uma poça no chão, antes de ele cair eu o segurei, e o deitei com cuidado no chão, para não fazer barulho. Coloquei depois os suprimentos dentro de uma bolsa, ouvi um barulho a cima de nós. Uma porta se abrindo. Rangendo. Fechei a bolsa com cuidado, e em silencio, subi as escadas com Brenda em meus calcanhares. O barulho vinha no terceiro andar, um quarto obviamente de uma garotinha, tinha seu nome na porta “Lola”. Um quarto todo rosa, com uma cama branca, um criado mudo branco do lado da cama, com um porta retrato com a foto de uma menina de cabelo preto ao lado de sua mãe, e seu pai. O mordedor do banheiro. O barulho voltou, olhei para o lado e instintivamente ergui a faca. Um armário, cujo a porta era de tiras de madeiras bege. Fiz sinal com a cabeça, e Brenda foi na frente, ainda mancando um pouco pela costela dolorida. Contou até três com os dedos. E abriu a porta.
Não sabia o que dizer na hora, tudo que veio na minha cabeça, foram as palavras que saíram da minha boca:
- Olá.

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