quinta-feira, 21 de março de 2013

Capitulo 9 – Walmart.


- Sorte que é bom a gente não tem, né? – Reclamou Robert, mais tarde naquele dia. Zumbis andavam por todo lugar, e tinha uma aglomeração a frente do mercado. Todos estavam acordados, os olhos de Caterine estavam inchados. Eu posso jurar que ouvi ela chorar um boa parte da noite. Brenda estava sentada, observando a rua por uma fresta nas cortinas pretas da janela.
- Acho que foi o tiro que eu dei ontem – Disse ela vagamente, o tiro que ela deu em Daniel. Deve ter sido isso – A gente tem que sair rápido daqui. E depois ir pra Miami...
- Miami? – Perguntou Matt.
- A... – Eu e Brenda nos entreolhamos – Bom... Ontem – Contei toda a história da ligação do Merly.
- E como o walkie talkie dele está funcionando? – Perguntou Logan.
-É da policia. Só tem uma freqüência. Eles tem um e nós temos outro. A policia pagava sua própria freqüência de energia, então essa coisa de apocalipse não interfere. – Explico – Mas eles tem que estar num lugar bom, para... Digamos... Pegar sinal. Por isso a ligação caiu.
- A ta – Disse Andrew – E devemos confiar num cara que não conhecemos?
- O dono desse trailer iria para Miami também... – Disse – Talvez devêssemos ir para lá.
- O que temos a perder? – Perguntou Emma – Esse lugar já era.
- O mundo já era – Disse Megan.
- Olha... Precisamos sair daqui, rápido – Disse Caterine.
- Ela tem razão. – Disse Logan.
- Qual o plano? – Perguntou Jake. Depois de Brenda explicar tudo que deveríamos fazer, eu peguei minha faca ela o machado, abri uma fresta pela cortina preta, e vi os errantes perambulando.
- Prontos? – Perguntei. Eles assentiram. Lola estava sentada meio assustada no sofá. Todos se dirigiram para a porta, mas eu fui até a menina – Ei gatinha, o que foi?
- Eu... – Seus pequenos e magros dedos tremiam. Como será ser uma criança tão pequena num apocalipse? Mais medo, do que nós.  É tudo pior – Eu... Queria ir com vocês... Não quero aquelas pessoas me seguindo. Não quero morrer Justin. – Sua voz entre sussurros.
- Você vai estar com seus irmãos.
- Eu sei, mas... Me sinto mais segura com vocês. – Seus olhinhos azuis úmidos de lágrimas, cabelos pretos macios caiam sobre os ombros tensos.
-O que foi? – Brenda chegou atrás de mim, colocou a mão no meu ombro e se agachou ao meu lado.
- Posso ir com vocês? – Perguntou a menina com esperança – Por favor – Brenda não respondeu. Olhou para mim, como se estivesse sem palavras e depois voltou-se para a garota.
- Lola, querida sinto muito mas... É perigoso demais ir conosco. Vocês poderia se ferir.
- Eu me sinto segura com vocês. Confio em vocês. Acredito em vocês. Não vou me machucar. Eu sei que iram me proteger – Fazemos silêncio por um tempo.
- Não consigo encontrar argumentos para isso – Digo – Vamos – Brenda não descorda, apenas diz:
- Você vai ter que correr bem rápido, está bem? – Lola assenti animada. Os irmãos dela entendem isso. Apesar de me parecerem contrariados. Nos tempos melhores eu tinha uma irmã. Mas ela se foi no inicio da Mudança. Lola repunha no meu coração o pedaço que minha irmã tirou. Ela é como se fosse uma irmã pra mim, e aposto que para Brenda também.
Matt abriu a porta, e com os outros ele foi silenciosamente para fora. Chegando na metade do percurso eles começaram a gritar coisas como “VENHAM SUAS COISINHAS NOJENTAS! VENHAM ATRÁS DE NÓS”. Senti uma fúria imanando de Caterine. Era insano. Toda aquela coisa doce e inocente que tinha dentro dela se fora, junto com Daniel. Sua família, já era. Quando os zumbis se afastaram, e correram atrás da nossa distração a porta do Walmart vazia, foi a nossa deixa. Empurrei gentilmente Lola para minha frente, o que era para trás de Brenda. Brenda segurava o machado na altura da cabeça, e eu mantinha a faca na cintura. Com uma das mãos no ombro de Lola, para guiá-la. Brenda fez sinal com a mão para segui-la.
Estávamos bem próximos do Walmart quando sussurrei.
- Lola, se vir um zumbi não grite. Me cutuque. O.K? – Ela assentiu. Lola pegou uma lanterna e iluminou o mercado escuro. Sentia zumbis, dois aqui dentro. 30 lá fora. Os de dentro, um estava atrás de mim Lola me cutucou e foi bem rápido, apenas um movimento de faca e BAM,já era. O outro Brenda deu cabo. Com seu machado agindo rápido. Cabeça rolando pelo chão, sangue respingando e pingando das prateleiras, o barulho de corpos caindo no chão – Aquele barulho de esponja molhada, coisa oca batendo em solo duro– e depois disso apenas andamos entre a mercadoria. Pegamos energético que por um milagre ainda estava na validade, porém estava quente, mas isso é o de menos. Água, cigarros – Depois do acidente Taylor e Tyler tiveram uma recaída. Pelo menos não estão se drogando, mas fumando... Megan também fuma. Como Taylor disse quando está ansioso ou nervoso, ele tem suas recaídas . Não é a melhor maneira de acabar com a ansiedade ou nervosismo, mas quem pode culpá-lo por isso? Todos estamos com medo, só que cada um lida com isso de um jeito diferente– Salgadinhos, hambúrguer, sopa descente, suco em pó, balas de goma e chicletes. Pegamos também sabonete, e pasta de dente. Chocolate. Roupas. E uma polvo roxo de pelúcia para Lola.
Ela se agarrou ao bichinho como se fosse sua vida.
- Cuidado – Sussurrou a miúda garotinha ao meu lado. Brenda não olhou pra trás, mas vi um sorriso em seu rosto. Ela pegou uma corneta, e fita adesiva. – Posso?
- Claro – Sussurrou ela em resposta – Mas tem que ser bem rápido, está bem? – Lola assentiu. Brenda apertou a cabeça da corneta, Lola começou a enrolar a fita adesiva no objeto, de modo a fazer o alarme soar mesmo quando para de apertar. – Vamos – Lola jogou a corneta barulhenta no chão, e saímos correndo pelos fundos da loja. Os zumbis começaram a se distanciar dos outros e virem a nossa direção. Saímos do mercado, e corremos na direção do trailer. Problema. Os zumbis ainda estavam passando por lá. Fomos para porta de trás do mercado. Esperando até que todos saíam.
Mesmo estando escondidos, eu sabia. Os zumbis viriam por trás também. Ficaríamos encurralados.
- Venham – E assim começamos a andar para a horda de mordedores a frente. Lola ficou atrás de Brenda, escondida. Com as mãozinhas nas costas dela, quase pisando no seu all star que deveria ser vermelho, mas agora estava quase preto. Brenda pegou seu machado, e eu minha faca matando os zumbis e tentando fazer o menos de barulho possível com a menor atenção.
Um errante quase obeso correu ao meu encontro. Enfiei a faca no olho grudento dele, o zumbi não morreu. Mas deixou o olho cair junto com a minha faca, sangue preto escorrendo pelo órbita vazia. Ouvi Brenda sussurrando “paraíso” para Lola, segundos antes de arrancar a cabeça de um errante. Chutei o mordedor grandalhão, ele cambaleou pouco, mas foi o tempo suficiente para eu pegar minha faca, que ainda estava com o olho enfiado nele. Enfiei o olho na boca de dentes podres e enegrecidos do zumbi, o olho se desmanchou como um ovo cozinho apertado. Empunhei a faca na lateral do crânio do mordedor, e ele caiu com o habitual barulho de esponja molhada.
Não tinham muitos deles aqui, só que mais cedo ou mais tarde eles vão perceber que o barulho não era nada. E voltar para procurar comida. Nesse tempo temos que voltar.O problema é que eu acho que esse tempo está chegando. Vi os outros dobrando uma esquina, Matt me viu, fiz sinal com a mão para eles pararem. Matt mandou eles irem de poucos para não chamar a atenção, e eu disse para Brenda ir com Lola. Tudo ia bem, até chegar a vez de Caterine. Ela ficou observando o mercado, atenta nos errantes e não percebeu que tinha uma lata no chão, e tropeçou nela. Merda, pensei. Os zumbis viraram as cabeças mortas para ver. Alguns entenderam imediatamente o que estava acontecendo, outros ainda andavam pelo Walmart. Agora que nosso disfarce estava estragado, eu gritei:
- CORRAM! – Eu sai numa velocidade incrível em direção ao trailer. Caterine entrou dentro do trailer, e eu fui atrás. – RÁPIDO! – Gritei um pouco antes de subir as escadas do auto móvel. Brenda virou a chave na ignição, ligou o motor do trailer. A porta dele não fechava, os zumbis colocaram seus braços nodosos para dentro do veiculo impedindo de fechar. – MAS QUE MERDA! – Brenda pisou no acelerador no mesmo momento em que eu abri a porta do trailer, os zumbis caíram no chão. Meus pés estavam pra fora do auto móvel, e eu meio voava meio me segurava com todas as forças que a minhas mãos tinham na porta do trailer. Matt me ajudou a entrar, me jogou no chão e fechou a porta. Virou a chave e me olhou ofegante. – Valeu cara – Ele fez um gesto com a cabeça.
- Desculpa Justin, eu não te vi.
- Tudo bem, relaxa – Coloquei a mão no ombro dela.
- Agora Justin me diga... Por onde vamos? – Peguei o mapa do porta luvas do trailer.
- Em frente – Para um nova aventura.

Um comentário: