Sabe o mais estranho? Não foram todos os zumbis que eu vi
pela janela, que atacaram Megan. Tinham pelo menos quarenta. Vinte, talvez
trinta atacaram... Então, onde estão os outros? Parece que os zumbis não foram os
únicos a desaparecer. Faz algum tempo que Emma desapareceu. Desde a hora que eu
disse pra ela fugir, ela não voltou. E ninguém a encontrou.
Não procurei muito por ela, porque talvez ela esteja
tentando ficar sozinha um pouco se dar um tempo para sentir o luto. Matt disse
que a viu sentada no jardim de trás. O tempo está mudando muito. Está começando
a ficar frio.
- Ei boneca – Disse Brenda para Lola no dia seguinte,
durante o café da manha – Tudo bem?
- Tudo – Lola sorriu. Brenda contraiu ligeiramente os olhos.
Não disse mais nada depois disso. A ultima coisa que fez foi sair de casa, e
ainda não tinha falado comigo. Fui atrás dela.
- Ei – Disse me aproximando lentamente e me sentando na
grama ao seu lado – Ainda está brava comigo?
- Eu nunca fico brava com você. Só estava preocupada, só
isso – Ela olhou pra mim, com sua respiração visível no ar frio do dia, ficamos
em silencio por um tempo, e depois Brenda finalmente disse – Você viu os olhos
dela?
- Vi – Lembrei do brilho no olhar de Lola – Parecia com os
seus.
- E é esse o problema – Olhei pra ela – Olha ela não nos
odeia, ela odeia a eles...
- Os irmãos?
- É,ela pensa que eles a abandonaram, que poderiam ter
evitado, é culpa deles aos olhos dela. Acredite, eu sei como ela se sente.
- Não... Os irmãos dela foi uma acidente uma fatalidade,
seus pais...
- Foi a mesma coisa. Um acidente.
Não, fatalidade é morrer num acidente de carro, num incêndio. Agora serem
mordidos por zumbis? Não...-Uma pausa – Mas que merda da na cabeça de uma
pessoa pra fazer um vírus assim?
- O mundo era movido por uma coisa apenas – Respondi – Poder
– Ela balançou a cabeça.
- Exatamente. Poder,se desse certo seriam a corporação mais
bem sucedida do mundo. Mas tudo o que fizeram foi... Acabar com a vida de todo
mundo.
- Deus sabe o que faz.
- A sabe? Sei lá... To começando a duvidar disso – Balançou a
cabeça negativamente. Sei que como ela se sente, mas talvez esse apocalipse
tenha sido um modo de tirar todas as pessoas ruins do mundo e as pessoas boas
que também se foram... Efeito colateral? Não sei, lembro de quando eu ia a
igreja junto com meus pais e Brenda e seus pais. Mas agora... – Se ele sabe o
que faz... – Ela respirou fundo – Então porque levou as melhores pessoas que
existem?
- Minha mãe uma vez disse “Quando você vai num jardim, você
pega as melhores flores, não é? Deus pega as melhores flores para florir seus
próprio jardim”
- Bom, então o jardim de Deus está lindo. Diferente do
nosso. – Ela olhou ao redor, e fixou uma fresta em que se via a rua – Sabe como
eu tenho certeza que quando morrerem todos vão pro paraíso?
- Como?
- Porque já estamos no inferno.
- Olha... As coisas podem ser melhores.
- A é? E como? Justin você ta vendo isso? A nossa vida é só
correr de um lugar pro outro, tentando sobreviver. Não temos casa, não temos
família não temos nada.
- Temos um ao outro.
- Não dura pra sempre, um dia eu não vou estar aqui.
- Tem razão. Você vai morrer na sua cama quentinha quando
você tiver 90 anos – Ela riu.
- Que bom que pensa assim Leo diCaprio, só falto a gente
cair do Titanic – Espera... Eu acabei de citar Titanic? - Queria poder ter toda
essa certeza.
- Então tenha. Nossa vida não é tão boa, tem razão. Temos
que ficar indo de um lugar para o outro. Sobreviver é o que nos motiva. Nem
sempre temos comida. Muitos de nós morreram. As pessoas estão ficando ruins...
- Não... Elas já eram. O apocalipse apenas trouxe essa parte
a tona.
- Talvez, de todo modo, as coisas podem estar bem ruins, mas
se você conseguir ver a luz no fim do túnel se sentir a fé, e enxergar o amor
que ainda tem entre nós, acho que você vai perceber que as coisas vão melhorar.
- Como ter fé... Não sei, no tempo que tive fé seus pais
morreram, Mattew sumiu, você desapareceu. E quando voltou não lembrava de mim.
– Tive um pontada no estomago. Isso sempre me incomodou. Como foi que eu me
esqueci dos meus amigos? De tudo que Vírus e Vários fizeram, isso foi a pior de
todos.
- Olha pensa bem, eu desapareci, poderia ter morrido, mas
não morri. Seu irmão escapou da morte duas vezes. Seus pais morreram, mas você
viveu. Você conseguiu liderar um grupo de... Não sei... 200 pessoas na Corporação
apocalipse? E conseguiu, até essas pessoas irem embora, acho que foi melhor.
Nós escapamos pela 2ª vez da Vírus e Vários, saímos da California e Caribe e
ainda estamos aqui. Isso não te diz nada?
- Só me diz que Deus tem um senso de humor diferente.
- Ainda dá pra melhorar.
-Como? Como as coisas podem melhorar? Só me diz como.
- Podemos dar um jeito.
-Como? – Não respondi. As engrenagens no meu cérebro
trabalhavam freneticamente a busca de alguma resposta, mas eu não consegui
encontrar. Brenda virou o rosto pra baixo, parecendo decepcionada, esperando
uma resposta, que não obteve.
- Brenda?
- Fala Mattew – Ele andou cuidadosamente até nós.
- O que a gente vai comer hoje? – Eu e ela rimos. Caramba,
nós numa conversa intensa e Mattew chega pedindo comida? Ele tem mesmo 17 anos?
Ou será que é 5?
- O que você quer? – Brenda se levantou sorriu pra ele, com
um olhar maternal.
- Posso pedir o que eu quiser?! – Matt estava com um brilho
no olhar de uma criança num playground.
- Pode... Que tal
pizza? Quer pizza?
- PIZZA! – Exclamou Matt. Brenda andou até ele e disse:
- Mas você vai me ajudar?
- Claro! – Matt correu até a cozinha.Brenda foi logo depois
dele.
- Eu ajudo. Não sei se você sabe, mas eu sou um ótimo
cozinheiro!
- Aham, só se for pra sopa – Ela riu. Eu sorri. Terminamos a
pizza, e foi o melhor almoço em meses. Não encontramos Emma ainda, ela não
estava mais nos fundos, não sei onde está agora está começando a me preocupar.
- Mattew me ajuda a lavar a louça.
- A... Porque só eu faço as coisas por aqui?
- Para de reclamar, e vai pegar o sabão no porão – Matt,
abriu a porta que tinha no chão na cozinha e desceu para o portão. Matt gritou,
o sorriso de Brenda se desfez, ela jogou o pano na pia e saiu correndo. Matt
fechou as pressas a porta do porão, e sentou no chão com o peito arfante.
- Merda, merda,merda, merda – Brenda se agachou derrapante
ao lado dele, e colocou a mão em suas costas.
- O que foi? O que foi?
- Tem... Tem... – Os olhos verdes de Matt, estavam vidrados
de medo – Tem... Zumbis no porão – Eu e Brenda nos entreolhamos. Então é aqui
que os zumbis estavam? Entraram por trás acho. Brenda pegou o machado, e me
entregou a faca, a luz estava acesa. O resto dos zumbis, estavam ali andando de
um lado pro outro, em estágios diferentes de decomposição. Taylor desceu pra
ajudar. Uns vinte errantes eu diria. Assim que sentiram o cheiro humano, se
eriçaram, pulavam. Corriam cambaleantes ao nosso encontro, segurei a faca com
uma mão, e decepei um zumbi, andei até um que pulava por trás de Brenda, puxei
ele e o larguei no chão, Taylor pisou na cabeça do errante até explodir, Brenda
decepou um mordedor que quando caiu ainda mexia a mandíbula e olhos, chutei
ele, voou com força como uma bola até se chocar contra a parede e quebrar em
dois. Não foi tão difícil. Estávamos em
três, somos rápidos e eles lentos. Mas então, eu vi. Quando os errantes estavam
no chão, ainda restava um. Um zumbi vindo dos fundos da sala, loira. Tinha
acabado de se transformar. Tinha um bolo no meu estomago. Mas pelo menos, agora
eu sei onde Emma estava.
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