quinta-feira, 21 de março de 2013

Capitulo 10 – Caminho para Miami.


O trailer tinha todo o conforto de uma casa, tirando a luz. Sofá, cama, mesa, armário, tudo. E agora com todas as coisas que trouxemos ficou melhor ainda. A segunda coisa que mudou bastante desde que chegamos no Caribe foi o valor da amizade. A única parte boa de estar num apocalipse é que você se dá conta de quão valiosa é uma amizade, e como as piores pessoas se tornam sinceras. É claro, com os dias hostis as pessoas se tornaram assim também. A maioria não liga pra ninguém que não seja do seu grupo. Se tem o que eu preciso morra, mas eu consigo o que eu quero. Por isso tomamos muito cuidado com quem falamos, e é por isso que eu ainda não sei se devíamos confiar em Merly. Mas o dono do trailer, o finado Jessie iria para Miami também, então qual seria o problema de irmos?
Pelo o que eu entendi o mundo acabou – Não com uma explosão, ou tsunami, ou qualquer coisa que o filme 2012 tenha mostrado, mas com um apocalipse zumbi – e isso significa sobreviver, não importa onde. O mundo já era, não importa pra onde formos tudo estará bem ruim. Enquanto saíamos do Caribe o tempo começou a melhorar, fevereiro se foi e trouxe o calor de março. Durante a noite, em que estacionamos o trailer, e todos começaram a dormir. Em quanto eu ficava de vigia, Brenda foi até mim com uma garrafa de vinho e balas de goma açucaradas – minhas favoritas.
- Feliz aniversário – Depois disso apenas passamos o resto da noite tomando vinha e vendo as estrelas. No dia seguinte sim, eu estava com uma dor de cabeça infernal. Mas pelo menos o dia estava quente. Não que eu não curta frio, mas estando no momento em que estamos a neve não é uma opção. Brenda me deu uma pulseira de trança com pano roxo e preto, feito por ela. Simples, porém perfeito pra mim. Ela tinha uma igual.
O trailer era nossa casa, todos estávamos nos adaptando muito bem a ele. Que Jessie fique com Deus. Lola estava se dando muito bem comigo e Brenda. Ela ficava bastante tempo conosco. Seus irmãos não ligavam, era mais tempo para eles conhecerem os outros. Emma e Andrew, Megan e Tyler estavam se dando muito bem. Se é que você me entende. Jake e Robert são os palhaços do grupo, tudo que eles falam é uma piada. E não tem quem não dê risada. Na noite dessa quinta feira, eu fiquei a metade da noite de vigia, estava começando a ficar difícil ficar acordado. Lola veio até o banco do passageiro e se espremeu ao meu lado.
- Desculpe, não estava conseguindo dormir. – Me afastei para um lado, no banco espaçoso. Lola sentou ao meu lado, com os pés perto do vidro dianteiro, e com a cabeça no meu tórax.
- Tudo bem gatinha, pode ficar aqui.
- Ah Justin quer que eu fique... – Brenda parou um instante. Lola olhou meio assustada pra ela.
- Ah... Eu... Eu...
- Ei tudo bem boneca – Brenda passou a mão pelo cabelo dela, e sentou no banco do motorista – Você é a única pessoa que eu não me importo de dividir ele. – Sorri. Passei a mão pelo cabelo da garotinha e segundos depois ela dormiu. Brenda ficou de vigia e eu dormi também.
O dia estava começando, talvez fosse 7:00 horas da manha. O sol estava no topo. E os zumbis nos cercando. Quatro dias de paz, duas semanas de inferno. Acordei assustado, os outros estavam dormindo ainda. Com excessão de Brenda que estava de vigia, ela olhava com os olhos estreitos  para o vidro dianteiro, parece que viu movimento.
- Eles estão aqui – Ela se assustou com a minha voz. Ela virou a chave na ignição. Os zumbis se voltaram para nós. O barulho de suas mãos mortas batendo contra a lataria do trailer, e os vidros fizeram todos acordarem. Lola quase caiu do meu colo – Deita no chão – Ela assentiu, e depois deitou no chão atrás da minha cadeira. Brenda pisou no acelerador atropelando, 10,15,20,40 zumbis. E mais vinham. Eles estavam aglomerados pela avenida inteira. Brenda andou com o carro até o final da rua e no final dela virou bruscamente na esquina, zumbis desciam de lá também. Brenda deu ré, e virou o trailer, desceu a rua. – Não vai dar pra deter eles agora. Vai embora, depois a gente cuida disso.
- Mas...
- Faz o que eu to falando, porque se não, não sairemos vivos daqui! – Brenda acelerou, saímos 400 metros do percurso de Miami. Ela virou outra esquina com tanta brutalidade que quase me fez cair do banco.
Quanto mais a gente andava, mais encurralado a gente ficava.
Desceu uma rua deserta, com excessão dos carros. Tinham carros parados na rua atrapalhando nossa passagem. Ela parou, olhando. Ponderando. Pensando no que fazer.
- Vamos ter que descer.
- O que?! – Exclamou Logan.
- Não todos. Apenas alguns.
- Eu vou – Disse Matt. Brenda riu sarcasticamente.
- Não. Não vai. E não discuta comigo Mattew. Taylor, vem.
- Não – Disse – Eu vou.
- Não você tem que estar aqui – Relutante eu concordei. Mas que droga, mais uma vez Taylor vai ser mais prestativo do que eu? Isso é muito frustrante. Porque eu não posso ir? Eu sou o namorado não? Sei que isso é pensamento de criança mimada, mas não consigo evitar. E é nessas horas que amo o fato de os pensamentos ficarem apenas na cabeça. Taylor se levantou, não sei se é porque eu estou com cabeça quente mais pensei ter visto um olhar malicioso dele pra mim. Olhei no retrovisor. Os errantes desciam feroz e velozmente rua a baixo. Brenda e Taylor empurraram um carro e estavam indo para outro.
Robert e Jake se levantar.
- Ei, ei onde vocês vão?
- Ajudar eles – Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, eles desceram. Ficavam na retaguarda. Matando os mordedores que se aproximavam muito de Taylor e ou Brenda; Vamos, vamos pensava. Olhei para trás, Lola observava Brenda pelo vidro dianteiro, assustada, com medo de que ela morresse. Os errantes estavam se aproximando ainda mais rápido. Faltavam 4 carros, Brenda e Taylor se separaram, começou a ficar mais rápido. Os mordedores estavam logo atrás do trailer, Jake e Robert correram pra dentro do trailer, deixamos a porta aberta, os carros já não estavam no caminho,Taylor correu para dentro do trailer eu acelerei, Matt trouxe Brenda pra dentro do auto móvel, vi Brenda quebrando o braço de um zumbi e fazendo ele deixar o braço dentro do trailer, Lola chutou o braço e abraçou Brenda. Logan fechou a porta.
- Que foi queridinha?
- Eu... – Ela não precisou terminar a frase, sabíamos o que era. Ela pensou que Brenda morreria.  Dá pra entender porque estava assustada, eu que já estou acostumado estou com o coração pulsando para fora da boca. Afundei meu pé no acelerador, ouvi um barulho que significava que Jake tinha caído no chão. Ele estava estranho. Meio pálido. Senti uma coisa estranha na boca do estomago. Mas não sei o que é. Andamos mais uns 560 quilômetros com o trailer. Ainda sentia alguns zumbis, mas estavam longe demais pra nos fazerem mau.
- Façam o mínimo possível de barulho agora – Disse. Me levantei meio tremulo, e estremeci.
- Justin, você ta bem? –Brenda segurou meus ombros.
- Não sei, tem alguma coisa errada aqui. Não sei o que é. É como se tivesse um zumbi do meu lado – Brenda ergueu as sobrancelhas. Mas não disse nada, tanto ela quanto eu estamos meio confusos com isso. Lola dormia com Brenda, até ser minha vez na vigia. Brenda se levantou e foi se sentar no banco do motorista. Eu deitei no sofá, Lola tinha acordado e deitou junto comigo. O sentimento de estar sendo observado por um zumbi não havia me abandonado. Jake, Robert e Megan se deitaram na parte de cima do trailer,o resto em baixo. A cada minuto que passava eu sentia o errante mais próximo, mas era estranho, porque o sentimento não é comum. Não é de um errante, mas é. Não sei.
A noite foi passando e eu simplesmente tentei parar de pensar. O sono me dominou, e eu dormi.
-O que foi? – Lola me cutucava. Gritos estrondosos escoavam pelos trailer. Brenda saiu correndo escada acima, Taylor estava desesperado. Lola com seu fino rostinho pálido puxava minha blusa. Agora eu senti o zumbi em si bem aqui. Me levantei e corri para cima.
O errante mordia Robert. Tirava a metade da carne de sua coxa. Puxei minha faca, e corri da dele. Enfiei a faca por trás da cabeça do mordedor, que nem sabia o que tinha lhe acertado. E quando caiu no chão. Eu vi seu rosto deformado. Com uma pequena mordida no peito. Mortos braços musculosos. E então descobri que por baixo de tudo aquilo, quem era. Jake tinha se transformado. 

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