terça-feira, 26 de março de 2013

Capitulo 13 – O prega peças.


Não dava pra enxergar direito a casa nova, o que eu vi é que é uma mansão. Tão grande e tão bonita quanto a outra. Fomos para a sala, a porta de entrada era transparente, não de vidro mas acrílico, aquele tipo de matéria que nem um foguete quebraria, e isso é muito bom. Merly pegou uma luminária, e colocou próximo ao sofá em que DJ se encontrava. Com a ajuda de Brenda, Merly terminou com a perna de DJ em 30 minutos. Megan evitava falar ou olhar para Brenda e quando olhava era com ódio. Depois de 40 minutos de Megan olhando errado pra Brenda, ela se irritou.
- Ta bom, garota qual o seu problema? – Perguntou ela desviando o olhar da perna de DJ.
- Meu problema?
- É, se quer falar alguma coisa, desembuche.
- Ta bom – Disse Megan, dava até pra ver o fogo no olhar dela – O meu problema é você.
- Aé? – Brenda sorriu, e voltou o olhar para DJ – E o que eu fiz para irritar a garotinha? – Perguntou com ironia.
- Você é simplesmente um projeto de líder, metida a boazinha – Metida a boazinha? Metida? Boazinha? Putz... Ela falou a coisa errada agora. Vai ficar tudo muito sério. – Fica com a minha irmã, como se ela fosse a sua. Pensa que sabe das coisas. Pensa que é Deus, que pode falar quem morre, e quem vive, pensa que sua vida é difícil? Experimenta ficar num armário – Brenda contraiu o maxilar. Ela é controlada, não vai voar em cima do pescoço da Megan, mesmo que essa seja a vontade dela. Ela sabe se virar sozinha, apenas vou observar. Mas de uma coisa eu sei... Megan, você ta ferrada.
- O.K por partes então – Brenda se virou pra ela, sentada no chão com o arame farpado que pingava sangue na mão – “Projeto de líder, metida a boazinha” isso é o que você diz. Eu nunca disse que era a líder,se você me vê como uma é porque você quer isso. Metida a boazinha? Nunca disse que era boazinha. Se eu fico com a sua irmã é porque ela quer ficar comigo, é porque ela gosta de mim, é porque ela vê em mim, uma pessoa madura diferente de você. Eu nunca disse que sabia das coisas, isso é suposição sua. “Pensa que é Deus, que pode falar quem morre, e quem vive” – Brenda riu com ainda mais sarcasmo – O seu irmão já estava morto. Caso você não tenha visto ele foi mordido – Megan empalideceu – Você prefere seu irmão normal? Ou como um deles?
- Eu prefiro ele vivo – Respondeu ela a beira das lágrimas.
- Ossos do oficio. Você não pode esperar que todos fiquemos vivos numa merda de mundo desses. Você disse “pensa que sua vida é difícil? Experimenta ficar num armário” O que você não vê, é que ficou no armário porque quis. Você preferiu ficar presa, do que enfrentar o mundo aqui fora. Preferia mandar Andrew buscar o que precisavam e voltar. Preferia se esconder. Preferia deixar sua irmã com medo, presa numa droga de armário, do que pelo menos tentar sobreviver e colocar um zumbi pra fora. Você pensa que sua vida foi difícil? Experimenta matar a própria mãe – Brenda se levantou, jogou o arame no chão e subiu as escadas. Meu coração parou. Matt balançou negativamente a cabeça para Megan, e subiu atrás de Brenda. Um silencio constrangedor se instalou, e só foi quebrado quando DJ resolveu perguntar:
- Se ninguém vai dizer eu digo. O que aconteceu com ela?
- Bom...– Comecei  - De uma forma simplificada. – Contei pra eles sobre meus pais, e os dela. Sobre Douggie – O cachorro dela - sobre Brenan, James.  E no final todos ficaram quietos.
- Eu...  – Gaguejou Megan – Não sabia.
- Ninguém sabia, mas dizer que sua vida foi difícil não torna a dela mais fácil.
- Eu sei... Eu só tava meio triste por causa do meu irmão e... Por causa do Jake – Megan e Jake estavam tendo um caso pra quem não lembra – Como consegue a frieza pra matar um amigo?
- A vida te dá isso. Todos perdemos quem amávamos, ta todo mundo ruim nessa... Brigar não vai melhorar a situação de ninguém. – Ela assentiu.
- De qualquer maneira ela não tinha o direito de atirar nele sem falar com a gente – Teimou Megan irritada. Eu entendo que o apocalipse deixa as pessoas com os nervos a flor da pele, irritadas com qualquer coisa, medo de tudo, brigam por nada. Eu sei, mas essa  garota está me tirando do sério.
- Ela salvou sua vida, e isso não foi só uma vez – Defendi – Ela salvou a vida do seu irmão.
- Matando ele? – Senti uma queimação subindo a garganta. Me levantei.
- O que você esperava? Que arriscássemos nossa vida por ele, trouxemos ele pra cá? Pra ele se transformar? E trancar um zumbi dentro de uma sala?
- Você sobreviveu, porque ele não?
- Porque ele não tinha sido infectado foi? Colocaram A Cura nele?
- Você fala como se fosse ruim – Debochou – Ter A Cura nas veias, sentir os zumbis, saber quando estão perto e poder sair mais rápido. Ter uma resistência maior do que humana.
- Você diz como se fosse bom – Eu estava com raiva, não da pra negar. Mas me mantinha calmo, e com voz controlada – parece até que sua alma foi dividida. Você não sabe como é.
- Porque vocês dois ficam falando isso?!
- Porque você não sabe o que a gente passou pra chegar aqui inteiro! Você perdeu seu irmão, seus pais. Eu perdi meus pais também, meus amigos, minha família inteira, minha casa eu perdi tudo. Então não diga que sua vida é difícil, porque você não faz ideia do que é vida ruim – Ela apenas me observou, com olhar debochado. E subiu as escadas. A noite passou, e deixou com ela a tenção no ar. Brenda não desceu, apenas as pessoas subiram. E como sempre eu fiquei em baixo, de guarda. A barricada nessa mansão é de concreto, não grade. A parede não era de vidro, eu via o lado de fora pela janela. Acho que aqui é melhor, talvez mais seguro do que a outra mansão. O sono começou a me dominar, e quando estava prestes a dormir ouvi vozes do topo da escada.
- O que você pensa que está fazendo? – Disse a voz de Emma.
- Me mandando daqui – Respondeu Megan ligando a luz do quarto. Muito boa... Ligar a luz, pra atrair eles... pensei irritado – Você vem comigo Lola.
- Mas eu não quero – Respondeu Lola – Você irritou Brenda e Justin porque? Eles são pessoas legais.
- Tão legais que mataram Andrew.
- Eles salvaram nossas vidas Megan – Disse Emma severamente – Você não tinha direito de falar todas aquelas coisas.
- Ora pelo amor de deus... Podemos confiar em uma pessoa que mata os próprios pais?!
- Eles já estavam mortos – Disse Lola.
- Não diga isso! – Disse Megan apagando a luz do quarto e ligando a da escada – A Vírus e Vários diz que estão apenas doentes. Vão conseguir um antídoto, e eu prefiro confiar numa Corporação do que nessas pessoas completamente loucas.
- Megan, não faça isso.
- Eu faço o que eu quiser, a irmã é minha e eu vou levar ela! – Gritou Megan, descendo as escadas.
- Para de gritar, vai atrair os bichos – Disse Lola. Megan deu um puxão no braço da irmã.
- Não chame eles de bichos! Eles vão voltar! Não são perigosos – Emma riu.
Elas desceram as escadas correndo. Ouvi grunhidos, olhei para fora da janela, alguns zumbis vinham para cá. Depois de ficar acendendo as luzes, e gritaria eu não me surpreendo. Lola segurou firme no braço da irmã e se soltou dela.
- Eu não vou.
- Você só tem sete anos, não sabe de nada.
- Mas que merda está acontecendo aqui ?! – Taylor desceu as escadas.   
- Vem com a gente Taylor.
- Embora? Ta loca?!
- Porque? Eu sei o que estou fazendo. A gente pode sair e sobreviver muito bem, nós quatro.
- Não podemos não! Megan, pensa bem no que você ta falando. Eles cuidam bem na gente, temos comida, água quente, pessoas que nos protegem. Porque iria embora?
- Você está se enganando, eles estão mentindo pra gente. Quando menos esperarmos eles vão nos matar.
- Pra que eu faria isso? – Sussurrei, todos olharam pra mim. Lola se desprendeu de Megan, correu até mim e me abraçou.
- Justin eu não quero ir embora.
- Você não vai gatinha.
- Não é você quem decide – Respondeu Megan.
- Nem você. Se ela quer ficar, ela fica.
-ótimo – Exclamou Megan, ela foi batendo os pés para fora da casa. Não é uma boa idéia. Emma foi atrás dela e eu também.
- Megan. Megan!
- Não gritem, não estamos sozinhos.
- DANE-SE EU JÁ DISSE QUE ELES NÃO SÃO PERIGOSOS! A VÍRUS E VÁRIOS...
- A Vírus e Vários caiu garota! Eles não estavam procurando merda de cura, droga nenhuma! Acorda! – Disse.
- E como você pode saber?
- Eu estava lá! – Ela não respondeu, mas continuou andando para o porta – Não abre a porta! É sério! – Ela segurou a maçaneta e olhou para mim, depois abriu a porta de latão. Não deu dois segundos e os trinta errantes que estavam do lado de fora atacaram Megan – PRA DENTRO TAYLOR! VAI! – Taylor correu, empurrei Lola para dentro – Paraíso, paraíso – Ela deitou no sofá com as mãos nos ouvidos, peguei a arma e fechei a porta. Tranquei por fora, dei o primeiro tiro, Brenda correu pra baixo com o machado na mão, all star vermelho desamarrado e blusa do pijama, como a porta da sala era transparente ela olhou para mim, não ia abrir a porta, não ia deixar ela em perigo, nenhum deles, não deixaria os zumbis entrarem na casa. A porta era forte, Brenda ficou com raiva pegou o machado e bateu com a parte pontuda na porta, ela disse alguma coisa do tipo “Justin, abre essa porta! Vem pra cá! Eu posso ajudar! Eu vou te matar menino”.
Os mordedores arrancaram o braço de Megan, e depois a perna. Emma corria para ajudar ela.
- MEGAN! MEGAN CALMA EU VOU TE AJUDAR!
- NÃO! EMMA VOLTA AQUI! – Emma olhou pra mim, e depois para Megan que gritava cada vez mais alto, lagrimas pularam de seus olhos, ela sussurrou um “Sinto Muito” e Megan a olhou com incredulidade.
- NÃO! EMMA! EMMA! – Emma veio pro meu lado.
- Foge, vai! – Ela saiu correndo e deu a volta na casa. Atirei em um errante, fazendo a bala passar no crânio dele, e o fazendo cair no chão. Atirei em outro e outro, eu tremia, pelo medo que me consumia. Um barulho atrás de mim, que uma coisa pesada batendo em plástico só que 30 vezes mais alto,esse era o barulho que Brenda e seu machado faziam. Emma chutava e empurrava os zumbis que estavam acumulados em cima de Megan, e acabou sendo mordida na nuca, merda... Qual é o problema de fazer o que eu to mandando!
- ME LIVRA! – Gritou Megan – ME LIVRA DA DOR! ME TIRA DAQUI! ATIRA CARA! POR FAVOR ATIRA!! – Berrou. A dor de atirar num amigo, num aliado, agora é maior. Parece que os poderes me deixavam mais frio. Agora não mais. Respirei fundo, tentei parar de tremer, e em dois tiros, matei Megan. Os zumbis se atiçaram com o sangue expelido pra fora da cabeça da Emma, atirei nos zumbis o suficiente para chegar até a porta. Agora eles estavam interessados nos corpos no chão. Não tinha mais balas na arma. Peguei a faca. Eles não estavam me vendo mesmo. Foi fácil. Tossi. Sentei no chão. Olhei pra trás, Brenda também tinha sentado no chão, desistido de tentar bater na porta que nenhum arranhão fez. Fechei a porta.
Enterrei o que tinha sobrado da garota, e queimei os corpos dos errantes, pra não começar a chegar. E amanha eu jogo na rua. O barulho dos tiros pode trazer alguns pra cá, então peguei o sangue do chão e coloquei o rastro até chegar na frente. Enganando os errantes. Abri a porta, Brenda não olhou pra mim. Ficamos em silencio por um tempo, e então finalmente disse:
- Não podia deixar você em perigo – Ela não respondeu. Agachei ao lado dela - Eles poderiam entrar na casa, poderiam matar outros de nós.
- Eu poderia ter ajudado – Ela ainda não olhou pra mim.
- Não disse o contrario. Mas poderia ter se machucado também.
- Você poderia ter morrido. Sabe que está mais vulnerável agora. Não é a mesma coisa Justin.
- Tantas vezes vocês também esteve assim. Sempre me preocupei, é bom você se preocupar também.
- Sempre me preocupei. Perdemos muitas pessoas, e perder você agora não é uma opção – Ela se levantou sem olhar pra mim, e subiu as escadas.
- Valeu cara – Agradeceu Taylor, eu fiz aceno com a cabeça e ele foi pra cima. Não disse nada. Me levantei, e sentei no sofá, Lola ainda estava deitada nele.
- Gatinha? – Ela olhou pra mim – Tudo bem? – Vi uma brilhante lágrima escorrendo pelo nariz dela, e caindo no sofá, ela assentiu – Brava comigo também?
- Não. Ela foi mordida. Amo minha irmã, mas estava fora de si. Você não é uma pessoa má Justin. Só faz o que a situação pede – Sorri, olhei nos olhos da garotinha e eu vi. No fundo dos seus olhos, um brilho estranho que sempre vejo nos olhos de Brenda – E a Brenda não está brava. Só estava preocupada, e com medo de te perder.
- Acho que você tem razão. – Eu fiz o que pode pra não trazer os errantes pra cá; E mesmo assim não vai ser o bastante. Eles vão voltar, e temos que ir embora.

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