A garotinha – Cujo o nome era Lola – Estava sentada com as
pernas flexionadas, cabelos pretos olhos azuis, pele clara, ela se encontrava no
meio de duas outras mulheres.
- Oi – Disse a da esquerda, uma de cabelos pretos de
californiana azul. Grandes olhos azuis. Pele clara, blusa suja da Nirvana e
calça jeans rasgada.
- Quem foi que matou o... –Um garoto com uma sacola com
suprimentos entrou no quarto. E depois parou abruptamente a porta. – Deixe eu
adivinhar... Vocês mataram meu pai?
- A... Sinto muito... Mas ele nos mataria – Respondeu
Brenda. O garoto usava umas roupas brancas sujas também, olhos castanhos
carregados do que eu chamo de – Depressão durante apocalipse – Cabelos
castanhos escuros.
- Quem são vocês? – Perguntou.
- Meu nome é Brenda. E ele é o Justin – Fiz um sinal com a
cabeça – Não vamos machucar vocês. Só estávamos olhando a cidade.
- E... – A outra garota do armário, uma loira e olhos
pretos, de short jeans, e blusa verde – Onde vocês estão?
- Por ai – Respondi – Sobrevivendo.
- E - a garota de cabelos preto e azul se levantou – O grupo
é grande?
- Algumas pessoas.
- Podem ter mais?
- Eu nem sei seus nomes... – Disse Brenda.
- Meu nome é Andrew – Disse o garoto – Essa é minha
irmãzinha de 7 anos Lola, e a outra irmã Megan – Ele apontou para a menina de
cabelo azul.
- Sou Emma... A babá – Respondeu a loira. Olhei para Brenda
e ela fez um sinal para a cabeça como quem diz vem cá. Saímos do quarto.
- O que você acha?
- Não sei como essas pessoas sobreviveram até agora –
Respondi – Do jeito que estão acho que ficam a maior parte do tempo
escondidas... Com medo. E o garoto é o único que sai para procurar qualquer
coisa.
- Também acho... Mas... Você viu ela?
- A garotinha? – Perguntei. Tanto eu quanto Brenda adoramos
crianças. E é estranho ver uma agora, que já não tenha se transformado. Os
olhos suplicantes de Brenda me fixando me diz exatamente o que eu penso. Que os
dois ficamos com pena, da garota. Ela assentiu.
- Se deixarmos eles aqui, não vão durar mais dois dias.
Disso eu sei – Comentou ela. Seu tom,era como um criança pedindo para o pai
deixar ficar com um bichinho de estimação.
- Se a levarmos ela pode atrapalhar – Brenda assentiu. – Mas
a deixar aqui não me parece uma ideia muito boa – Por pior esteja nossa
situação. Ainda somos humanos, e deixar pessoas precisando de ajuda, sozinhas,
pegar sua comida e sair andando feliz da vida, não me parecia a coisa certa a
fazer. Brenda andou até a porta do
quarto.
- Arrumem logo suas coisas precisamos sair. – Andrew sorriu,
e depois saiu apressado para seu quarto – Sinto pelos seus pais.
- Não tem problema. Eu não teria coragem para matá-lo, e
nenhum saqueador que entrou aqui teve. Então vocês fizeram um favor a nós –
Respondeu Megan – É muito boa a ideia de sair desse quarto rosa, torturante. –
Ela saiu.
- Ei – Eu me aproximei de Lola que ainda se encontrava
sentada no armário – Lola não é? – Ela balançou a cabeça, sem me olhar nos
olhos como se tivesse medo – Ei, não precisa ficar com medo de mim. Não vou te
machucar.
- Muito saqueadores entraram aqui – Sua voz era baixa e
suave. Como uma música – Disseram que não iria nos machucar, mas mesmo assim
fizeram. Então não sei se dá pra confiar em outras pessoas – Brenda riu. Andou
e se agachou ao meu lado.
- Gostei dessa garota. – Lola deu um sorrisinho quase
imperceptível - Pode confiar na gente, não faremos mau algum a vocês. – A
garotinha assentiu –Vem cá – Sussurrou Brenda no meu ouvido, os pelinhos da
minha nuca se eriçaram, me levantei.
- Adoro quando você sussurra no meu ouvido – Disse sorrindo.
Brenda sorriu. – Pode falar.
- Já está ficando tarde. Nessas horas Matt deve estar louco
atrás de nós. Está escurecendo rápido. Precisamos ir embora.
- Eu sei. Eae pessoal? Prontos? – Eles assentiram – Legal.
Vocês tem armas?
- Não. Só duas facas.- Parei um instante e pensei.
- Bom... Fiquem atrás de nós e não façam nada precipitado. –
Respondeu Brenda. Senti uma dor estranha na barriga.
- Brenda tem zumbis a 2 metros da casa, temos que ser bem
rápidos.
- Não com a menina...
- Ei gatinha, sobe nas minhas costas. – Agachei na frente da
garota, e ela enroscou seus braços finos ao redor do meu pescoço, descemos as
escadas, o céu estrelado, com vento gélido, e a noite começando a se formar,
saímos então para noite a dentro. Sentia os zumbis se aproximando, mas a
floresta começava bem aqui. Foi bem fácil, mas antes de começar a escalar o
morro, parei e olhei em volta, com minha visão avantajada de noite. Tinha um
Walmart no final da rua, as portas estavam abertas, tinha algumas prateleiras
caídas no chão, mas tinha muita coisa.
- Justin rápido!
- Se segura ai boneca – Coloquei meu pé numa pedra grande, e
segurei com as duas mãos numa árvore. Me puxei para cima com bastante
facilidade considerando que tinha uma criança de 7 anos nas costas.
A noite caiu como veludo sobre nós. Estávamos todos em
silencio. Até...
- O que foi isso? – Brenda e eu nos entreolhamos. O grito vinha do acampamento. Coloquei Lola
no chão e comecei a correr. O barulho de gravetos quebrando e folhas balançando
indicava que os outros corriam também. Apesar da dor nas costelas Brenda estava
a minha frente.
- O que aconteceu?! – Gritou ela ao chegar no acampamento.
- Mas que merda! – Gritou Tyler em resposta – Onde vocês
estavam?!
- Na cidade – Respondi. Matt e Logan vinham com Taylor. Ele
estava desacordado.
- Bom, em quanto vocês se aventuravam na cidade, zumbis nos
atacaram!
- Como?
- Eles estão ficando sem comida na cidade eu acho – Disse
Daniel – Estão vindo mais alto...
- Ouvimos barulhos vindo do horizonte – Disse Jake, Logan
deitou Taylor que agora estava acordado e gritava no chão – Fomos atrás.
- As armadilhas tinham pegado a maioria – Completou Robert –
Mas tinha alguns mais vindo. Eu, Robert, Tyler e Taylor fomos atrás deles, na
volta Taylor não viu a armadilha. – Taylor se debatia no chão, vi um lágrima
escorrendo pelo canto do olho. Seu pé direito estava preso dentro de uma
armadilha de urso. Eu conseguia ver um pedaço do osso dele, para fora da pele.
Esguichava sangue para todos os lados. Ele iria atrair mais errantes com seus
gritos, mas quem poderia impedir. Tyler olhou para nós, e sua expressão de
abrandou quando viu Megan.
- A... Quem são?
- Encontramos eles na cidade... – Respondeu Brenda enquanto
ia até Taylor – Calma cara, calma. Morde. Não grita – Ela deu um pano pra ele,
sua respiração estava bem rápida – Ele perdeu muito sangue, você vai
desmaiar... Mas é melhor assim. Agüenta firme Taylor... Um...Dois...Três – Com força
Brenda abriu as duas parte de ferro, com dentes cerrados da armadilha. Colocou
depois o objeto pingando sangue na grama. – Logan, ajuda eles a se locarem. –
Logan andou até os outros que olhavam boquiabertos atrás a cena. Tyler ainda
observava Megan, ela sorriu pra ele. Taylor mordeu o pano com força, saiu ainda
mais sangue da perna dele, acho que dessa vez vai ser mais complicado pra ele
ficar bom, porque nem Brenda com todo seu curso de enfermagem forçado pela mãe,
vai conseguir fazer milagre com rapidez. Não via pior momento para Taylor ficar
mau.
A respiração dele ficou mais tranqüila. Seus olhos reviravam
nas orbitas. Ele apagou.
Matt e Brenda demoraram uma hora para parar o sangue,
estancar o ferimento... Fazer os pontos. Brenda depois deu uma folga para Matt,
rasgou a barra da calça de Taylor cujo ela tinha sangue seco impregnando-a toda.
- Me ajuda aqui – Fui até ela, e a ajudei a levar o garoto
musculoso para dentro do lago. – Obrigada. – Brenda limpou o sangue da canela,
e um corte ralo da testa do menino. Deixou ele um pouco dentro d’água enquanto
fazia um travesseiro com uma mochila, e um apoio para a perna com uma jaqueta
sem uso. Depois disso, disse para Tyler trocar a roupa dele por secas. E daí eu
a ajudei a colocar Taylor dentro do saco de dormir.
- Meu Deus do céu, minha perna ta doendo. – Taylor acordou.
- Você só pode tomar esses remédios depois de comer. Sinto
muito – Respondeu Brenda. Daniel fez uma fogueira não muito alta próxima a
Taylor. Onde Caterine armou um suporte para colocar a panela, em que Emma fazia
uma sopa com coisas da sua casa. Lola enrolada em muitas camadas de jaqueta,
Megan numa conversa entre sussurros com Tyler. Uma meia hora depois, eu e
Brenda sentamos do lado de Lola – Sinto muito por você ter chegado numa dia
ruim.
- É bem melhor que ficar preso o tempo todo num armário –
Respondeu a menina. Sorri para ele.
- Meio ruim estar num mundo horrível desses...
Principalmente para crianças – Disse.
- Eu também acho. – Disse Lola – Não gosto de ver pessoas
morrendo, mesmo que na verdade não sejam pessoas... É ruim. – Eu assenti –
Minha mãe e meu pai viraram essas coisas. É ruim a sensação de não vê-los mais.
E é ruim a sensação de ver minha mãe morrer. – Brenda e eu nos entreolhamos.
- Ei, que tal fazermos assim – Começou Brenda, com a
respiração visível pelas fumaçinhas que fazem no ar. Está realmente muito frio
aqui – Criamos uma palavra, e sempre que eu ou ele falarmos essa palavra, você
fecha os olhos e tampa os ouvidos, até tudo acabar. O que acha?
- Eu gosto da ideia – Respondeu a garotinha com um sorriso
animado – Posso escolher? A palavra.
- Claro – Respondi. É uma boa ideia, manter a garota entretida.
A sopa apesar ter poucas coisas, mais água do que coisas pra comer,ela estava
gostosa e quente. Então estava muito boa. Os olhos de Lola pulavam de felicidade.
Conseguia até ver as engrenagens do seu cérebro girando. E depois um sorriso se
estende pelo seu rosto.
- Já sei! Que tal... Paraíso? É uma boa palavra? – Brenda da
um sorriso triste. Sutileza é ela sonhar com o paraíso, dentro do inferno.
-Não poderia ser melhor – Disse. A noite foi passando. Cada
um foi para o seu lado, dormir. Todos muito cansados. Taylor foi o ultimo a adormecer.
Tremia um pouco. Mas ficara muito bem, depois dos analgésicos que Brenda lhe
dera. Ela também não dormia. Ficara acordada de vigia comigo. Apagamos a
fogueira e ela ligou a lanterna.
- Sabe o que eu estava pensando? – Sussurrou ela.
- O que?
- Que eu entendi o que deu errado, na nossa distração
humana.
- A... Qual é. Vai começar? Distração humana não da certo e
ponto.
- Não, não escuta – Ela se virou pra mim – O que chama mais
atenção? Duas pessoas, ou dez?
- Dez.
- Então era esse o problema. A gente tentava distrair com
duas pessoas. Enquanto dez faziam o que tinham de fazer. Se a gente deixar dez
pessoas distraindo enquanto duas...
- Que são mais rápidas e discretas fazem o que tem que fazer
– Completei – Fica mais fácil e menos perigoso.
- Exatamente.
- É... Pode funcionar. Temos que sair daqui, sabe não? –
Sussurrei – Temos que sair rápido daqui. Os zumbis começam a se aproximar mais.
E essas armadilhas não vão prende-los por muito tempo.
- Eu sei... – Concordou ela – Mas precisamos de no mínimo uma
semana para Taylor conseguir andar.
- Eu sei... Acho que da pra agüentar mais uma semana.
- Acha mesmo? – Ela se aproximou. E se curvou para beijar
minha bochecha, mas virei o rosto e beijei sua boca.
- A... Caras? – Logan acordou. Andou cuidadosamente até
nossa frente e disse – Vão dar uma discançada. Eu fico de guarda.
- A... Claro. – Brenda olhou ao redor. Um calor emanava
dela. E de mim. Não sei o que é, mas foi febril. Só tinha uma cabana livre. A
mais distante do outro lado do rio. Fomos os dois até lá. Estava completamente
ciente o olhar risonho de Logan nos seguindo. Não sei o que deu em mim, só sei
que subiu a minha cabeça. O amor. O desejo. Agora, ou nunca.
Brenda fechou a barraca, eu a abracei por trás, e a puxei,
deitando-a no chão. Conseguia ver um brilho engraçado e diferente no seu olhar,
talvez até feroz. Ela agarrou a ponta da minha camiseta e tirou-a. Beijei seu
pescoço, e ela segurou minhas costas. Foi melhor do que eu imaginei que seria.
Tirei a camiseta dela, e depois o sutiã. Foi mais suave, e voraz do que eu
poderia pensar. Qualquer barulho que fizéssemos, era encoberto pelo barulho das
cascatas e da água na cachoeira caindo.
Naquele momento estava completamente alheio ao mundo. Frio?
Isso não existe nesse meio quente em que me encontro. Zumbis? Esqueci no
momento. Estava alheio ao mundo, com a cabeça apenas aqui. E somente aqui. A
única coisa a não ser meu corpo colado no dela, que eu ainda estava ciente, era
que estava sendo seguidos. Observados. E não era por humanos.
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