sexta-feira, 22 de março de 2013

Capitulo 11 – Cabeças Ocas.


Eu não sabia o que dizer. Só conseguia pensar que matei Jake. Ou a parte viva dele. Robert com a perna sangrando, e metade da coxa no estomago morto de Jake. Então essa era a sensação estranha? Jake devia ter sido mordido quando foi ajudar Taylor e Brenda. Não falou nada pra ninguém, e simplesmente entrou. E por causa disso... Robert vai ter que ser morto. Todo mundo se deslocou para um lado do cômodo.
- O que... O que fazemos agora? – Perguntou Tyler.
- Bom... Uma hora ou outra – Comecei – Ele vai...
- Não. Não vamos matar meu amigo – Disse Taylor – Olha não importa...
- Sinto muito Taylor – Disse Brenda friamente – Ele já está morto. Ou ele morre agora por nós, ou ele vira um deles e teremos que matá-lo. Você decide.
- Eu descido. – Disse Robert do outro lado da sala.
- Olha... Robert eu...
- Eu falo o que eu quero fazer. Eu morro pela melhor pessoa pra isso.
- Mas... – Tentei argumentar. Ele pegou uma arma – Robert cara, pensa bem no que você... Não! Não, Não Robert não faz isso CARA! – TAFF! Robert atirou na própria cabeça. Seu corpo caiu no chão. Ouvi um choramingo, Lola escondeu o rosto na barriga de Brenda.
Grupo está diminuindo. Como antes. Antes era Brenan, James, Logan, Caterine, Daniel, Tom, Brenda... Mas acabou virando apenas nós. O ruim de se apegar, e que um dia você perde.
A dor é maior.
O tiro de Robert vai chamar a atenção dos zumbis, pegamos e corpo e enterramos os dois melhores amigos um do lado do outro. Lola pegou algumas flores num jardim de uma casa próxima, e colocou um ramo no tumulo de cada um. Grunhidos.  Todos os zumbis que corriam no dia anterior ao nosso encontro, vinham até aqui. E mais alguns depois  do tiro de Robert... Eu diria, 163 errantes. Mas que ótimo – pensei. Corremos para dentro do trailer, Andrew pegou Lola, e a segurou no banco. Brenda ligou o motor do trailer, a pisou no acelerador. A gasolina do nosso auto móvel estava acabando, problemas não faltam. O trailer era grande demais para fazer curvas rápidas mas isso não impede Brenda de tentar. Brenda subiu uma rua, e virou a esquina os mordedores se acumulavam, a cada esquina que virava mais 20 se aglomeravam. Brenda começou a tremer, minha barriga roncava. 12:00 e ninguém tinha comido. Brenda saiu e eu fui no motorista. Pisei fundo no acelerador, fui até o final da avenida, e a única saída era descer uma ladeira íngreme.
- Não, não vai dar certo! – Gritou Andrew.
- Tem que dar – Respirei fundo e acelerei, a rua era tão íngreme que quando os zumbis corriam atrás de nós caíam e rolavam rua a baixo. Como bolas de basquete. A cada metro um BAQUE novo. Pelo retrovisor vi que um errante tinha caído no vidro traseiro, batia no vidro, grunhia e tentava morder Andrew, que veio mais pra frente. O trailer ficou mais pesado. BAQUE, outro errante caiu no nosso auto móvel. BAQUE, outro. Estava ficando mais difícil controlar. Faltavam alguns metros de distancia. BAQUE. Perdi o controle do trailer, os pneus começaram a cantar em quanto o carro ziguezagueava pelo asfalto. O trailer era grande, tombou. O teto virou chão. Todos caímos nele. O trailer escorregou pela rua, consegui ver as fagulhas que o atrito do teto com o asfalto faziam. O trailer bateu num carro fui arremessado para frente, bati a sola dos pés, as costas e a cabeça no vidro dianteiro.  Senti sangue escorrendo pela minha nuca.
- Eu disse que não iria dar certo – Disse Andrew.
- Cala boca – Retrucou Megan.
- Justin? Você ta bem? – Brenda tentou levantar, sua pernas ficaram bambas, e ela caiu de joelhos. Queria ajudá-la a se levantar. Queria me levantar e ajudar todos. Mas comecei a perder muito sangue. Desmaiei.
Grunhidos. Gritos.
Uma mão morta tentava agarrar meu rosto, o vidro dianteiro estava quebrado o suficiente para os zumbis colocarem seus braços para dentro.
- JUSTIN! ACORDA PELO AMOR DE DEUS! LOLA VEM CÁ – O trailer tremia. Os zumbis tinham subido em cima dele, alguns que estavam ao redor dele balançavam o auto móvel. Outros tentavam quebrar os vidros e entrar. Tateei minha cintura, minha faca não estava aqui. Nem arma. Nada. Me virei e chutei o braço do errante, quebrou no meio. Coloquei a mão atrás da cabeça ainda sangrava. Engatinhei, Brenda correu até mim – Deus do céu. Vem cá – Ela me ajudou a levantar. Eu peguei um pano e prendi na cabeça, de modo a fazer estancar o sangramento. Depois peguei meu boné dos Lakers.
- O QUE A GENTE FAZ?! – Gritou Emma desesperada, em quanto chutava um mordedor para fora do trailer. Olhei pra fora da janela, os zumbis se eriçaram ainda mais. Mas sobre suas cabeças que pulavam pra cima e pra baixo eu vi. Vi que a traseira do trailer estava encostado num prédio. Olhei para o lado, Brenda estava aqui. Ela pensou o mesmo que eu, e assentiu.
- TODO MUNDO PRA CIMA! – Ela pegou uma mochila, Lola que estava ao seu lado pegou sua pequena mochila azul, e colocou nas costas. A menina tremia, porém parecia decidida. Peguei a mochila de armas. E subimos as escadas.
Ao chegar em cima a primeira coisa que eu percebi foram as grandes poças de sangue no chão. As marcas de pés no chão foram proporcionadas pelo sangue. Quebrei o pé de madeira da cama, e quebrei a janela 80 por 80. Peguei uma mesa e coloquei em baixo da janela. Subi nela, e depois abri a janela de ferro do prédio. Megan foi a primeira entrar, e depois Lola. Sorte, que a muito não nos atinge, fez uma visita hoje. O prédio estava vazio.
O trailer foi o melhor lugar que encontramos para morar depois do apocalipse. E deixá-lo foi uma das coisas mais difíceis que eu já tive que fazer. Saímos pelos fundos. Fizemos quase nenhum ruído. Brenda estava ao meu lado, de mãos dadas a Lola. Brenda parou e se agachou Lola perguntou alguma coisa entre sussurros, e depois apontou ao longe. Brenda assentiu. Deixou a garotinha comigo, e andou até a frente com o machado em mãos. Foi até uma van, entrou nela. Ela andou e olhou entre os carros. Depois com a mão chamou Matt. Ele fez uma chupeta – Pra quem não sabe fazer chupeta de um carro para o outro serve para fazer pegar. Se um dos carros no nosso caso a van, não tem bateria, mas o outro tem, essa chupeta serve para passar bateria de um carro para o outro – E chamou a gente. Colocamos as mochilas no porta malas da van, ela nem de longe era tão boa quanto o trailer, mas era muito silencioso. Era de três fileiras. A primeira – motorista e passageiro – segunda passageiros e terceira também. Na ultima Matt, Logan, Caterine e Andrew. Na do meio, Megan, Emma, Tyler, Taylor e Lola espremida entre Megan e Emma. Na frente Brenda dirigia e eu no passageiro.
Meu cabelo por trás estava empapado de sangue. Brenda colocou a mão no meu pescoço, o sangue começara a escorrer pela nuca.
- Isso não é bom. Nada bom.
- Eu vou ficar bem... Ah... Tyler, Taylor, sinto muito pelo seus amigos.
- Tudo bem – Taylor assentiu – Você não tinha escolha.
- Se Jake tivesse contado antes... – Reclamou Tyler – Bom... Agora já foi.
- Caterine, me desculpe por Daniel – Isso me estava me incomodando desde a morte dele. Não sei porque mas... Ainda me culpava por isso – Eu tentei. Juro que tentei, mas... Ele...
- Você não teve chance. Eu sei. – Disse ela calmamente – Eu vi. Tinham muitos daquelas coisas... Daniel não... Teve chance.
- Ninguém tem – Disse Brenda.
- Como você agüenta? Perder os pais daquele jeito... – Perguntou Caterine – A dor é tanta, nem parece que vá passar.
- A dor não passa. Você só se acostuma com ela – Caterine fez menção de falar, mas nada disse. Mudamos o caminho, voltamos e continuamos a dirigir a frente. Mais um pouco pra chegar me Miami.
A noite caí, e Brenda estaciona o carro. Não tem onde ficarmos então dormimos na van. Comemos o que pegamos do Walmart, apesar de ninguém comer muito. Taylor e Tyler ficaram bastante quietos e nós respeitamos seu luto. Caterine estava um pouco melhor, apesar de eu saber que o vazio em seu peito nunca cicatrizaria. Sei disso porque ainda penso nos meus pais. Como minha mãe cuidava de mim, como sorria pra mim. Como os olhos do meu pai brilhavam sempre que falava comigo, sobre seu orgulho. Eu apenas tentava não pensar muito nisso. Agora a única família que eu tenho são as pessoas ao meu redor. E é por isso que eu me preocupo tanto com elas. Elas são tudo que eu tenho. Mesmo não sendo muito fã do Taylor ele é um cara legal.
No dia seguinte mal acordamos e já retomamos a viajem.  Brenda virou uma esquina a 170 k\hr, passamos por um cartaz escrito “Bem Vindos a Miami, população...” alguém pichou em cima do número da população mudando para “cabeças ocas”.
Brenda diminuiu a velocidade.
A van parou.
- Vamos... Vamos! – Ela bateu no volante. Mas isso não a ajudaria em nada. Descemos da van e começamos a andar, mas... Andar pra onde? Não sei.  Miami não está melhor que a Califórnia ou o Caribe. Vazio de carros para entrar, mas a rua que serve para sair está apinhada de carros. Carros amontoados num engarrafamento. Árvores mortas na direita, uma cidadezinha simples, mas apenas para ricos a frente. Lixo nas ruas, alguns pontos de incêndio. Os zumbis começaram a nos perseguir. Saíam de carros parados, ônibus... Não eram muitos. Logan, Tyler e Megan que a algum tempo tem começado a se tornar mais frios, já deram cabo deles com facilidade.
Estática.
- Que barulho é esse? – Tinha esquecido completamente. Alguns dias antes de sair do Caribe, guardei a caixa de suporte do comunicador policial dentro da mochila da Lola. Corri até ela:
- Merly? Merly ta na escuta?
- Bieber? Ufa, pensei que tinha te perdido cara. Já chego em Miami?
- Já.
- Bom e vocês vão ficar com a gente não vão? – Olhei pra Brenda, ela deu de ombros.
- Acho que não temos pra onde ir, não é?
- Não – Eu tomei um susto. Me virei pra trás e levantei rápido – Não tem mesmo.
- Quem é você? – Perguntou Matt.
- Merly. Merly Tompson. 

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