Capitulo 5 – A volta de alguém indesejável.

Eu e Tyler saímos correndo. Correr não é bem o termo correto, imagino. Tinham pelo menos 80 deles ali. Antes de ao menos perceber, a beleza da lua cheia que se encontrava no centro do céu, eu usei meu machado cortando a cabeça de um zumbi.

- Toma – joguei a faca para Tyler, ele fazia muito bom uso dela. Um zumbi esticou o braço para perto de mim, cortei o braço na altura do ombro e depois o outro, e daí a cabeça. Mas sabe o mais estranho? Os zumbis não pareciam me ver. Se desviavam de mim. Não sei se não me viam. Ou se estavam com medo, ou qualquer coisa assim. Eles pareciam apenas ver o Tyler. Com o passar do tempo, eu percebi que eles pensavam que eu fosse um deles. Alguns cheiravam e pareciam em duvida se eu era um humano ou não. Mas por meio da dúvida eles apenas se distanciavam. Entendi agora então, que minha missão não é me proteger, mas proteger ele. Tyler estava num sufoco, com um amontoado de 5 errantes em cima dele.Cortei a cabeça dele e tentei ajudá-lo. – Atrás de mim – Me coloquei na frente de Tyler, e sempre que um zumbi se aproximava ou se afastava ou morria. Começamos a correr em direção a floresta ao longe, não foi tão boa ideia sair de noite. Tive que guiar Tyler para ele não ligar a lanterna. Coloquei a bomba relógio no chão – Eu preciso que você corra a minha frente, deixe eles te seguirem.

- Ta bom – Ele nem questionou do porque – VENHAM SUAS COISINHAS IMUNDAS! – Tyler já estava perto da Floresta quando eu tentei alcançá-lo, ouvia o bip bip da bomba. – VENHAM! VENHAAM! – Gritava.  Os zumbis corriam como nunca correram antes, com tanta rapidez e voracidade, e eu sabia o motivo. Eles quase não vêem humanos aqui. Não vêem “comida” a bastante tempo, e quando vêem precisam dela. É quase como uma necessidade, não como apenas uma comida dispensável.  Não um luxo. Mas é como se fosse uma questão de princípios. Eles não vão parar até alcançarem Tyler. O problema é que ele não cansam, Tyler sim. As montanhas, da floresta estava a quase 400 metros a norte. Longe demais para gente. Não precisa nem de olhar pra trás para visualizar o tremendo problemão em que a gente se encontrava. 71 errantes correndo atrás de nós como se não houvesse amanha.

Pelas minhas contas faltam 2 minutos para bomba explodir. E ainda estávamos próximos demais dela, se explodir no momento errado, nem eu com toda a resistência sobreviveria. Senti uma queimação na orelha, e a cada passo que queimação aumentava. Porque estou sentindo isso agora? Um minuto.

- Rápido Tyler! – Gritei. Vamos lá. Temos que sair daqui. Suor escorria da minha testa até o queixo e se perdia na minha camiseta. Os errantes que se encontravam ao meu redor pararam. A maioria continuou a caminho de Tyler. Os mordedores, cheiraram o ar, como um gato farejando comida. Eles começaram a cambalear a minha direção. Eu parei. Eles sentiam o cheiro do meu suor. Cheiro humano. A que ótimo. Voltei a correr, com os zumbis agora aos meus calcanhares novamente. Dei um golpe duplo, nos dois zumbis próximos demais. E afundei a lamina do machado no centro do crânio de outro, que começou a esguichar sangue negro para todos os lados. Meu suor atraindo a atenção dos errantes, com meu cheiro humano demais. 10 segundos. A floresta estava a 15 metros de nós. BUM. A bomba explodiu, fazendo com que eu e Tyler voássemos e batêssemos contra a montanha. Estava uma fumaça que me impedia de ver qualquer coisa. Não sentia mais nenhum zumbi, ouvia Tyler tossindo ao meu lado, e tateando o chão. Ainda sentia a queimação na orelha, que me deixou ainda mais incomodado.

- Você ta bem Tyler? – Ele tossiu.

- Eu to legal. – Ele segurou um tronco de árvore e se puxou pra cima. Pegou uma lanterna – Posso?

- Acho que sim – Respondi. Ele ligou, deixando a luz da lanterna pairar por 2 metros ao chão. Tyler levantou cambaleante, e depois me ajudou.

- Por aqui – Não faço ideia de como ele sabe o caminho. Quer dizer, é tudo igual. Tem árvores do mesmo jeito, aqui e ali. – Os zumbis estavam te evitando. Deve ser a parte boa de ser mutante.

- Acho que sim. Ter resistência a dor, e pancadas maior que a dos humanos, pra mim é a melhor parte.

- Imagino que sim. Minha perna está doendo, meu braço dormente, meu ouvido zunindo –  Disse Tyler – E você ta de boa?

- Eu estou ótimo. Apenas com fumaça no pulmão – Tossi um pouco. A ardência na minha orelha cessou, o que me deixou ainda mais agoniado. A ultima vez que senti isso, foi quando eu estava frente a frente com os zumbis mutantes, criados por Kendall, os Better Days. Mas... Não tem deles aqui. Tem?

Um pensamento me ocorreu. Fui mordido. Mas continuo aqui. Se for mordido de novo. Vou virar um deles? Talvez, não tenho certeza. Mas sei de uma coisa, não sei se é bom, ou não. Mas o que sei é o seguinte: Se eu morrer. Seja por um tiro, por causa natural, doença ou seja lá o que for. Eu vou voltar, como um deles.

Outro pensamento estava me incomodando, se tiver Better Days aqui, como eles vieram parar aqui? Talvez no inicio do apocalipse, Kendall tivesse mandado o A Cura aprimorado para toda Estados Unidos. E ainda tem alguns deles por aqui. Estremeci. E se tiver mesmo, quem o matou? Quem ele atacou? Seria um dos nossos?

-Vamos encontrar eles na cachoeira? – Perguntei.

- Sim, é por aqui. Uns 2 metros a frente. Ai – Tyler parou um pouco, passou a mão na perna direita e fez uma careta.

- Brenda pode cuidar dessa sua perna. Ela é boa com enfermagem.

- Ótimo... Acho que não é nada sério. Vamos – Ele apontou para frente. Andamos por mais uns 5 minutos, com Tyler balançando a lanterna, pela mão tremula, acho que pela dor na perna, porque ele estava meio pálido também. 

- Aqui, aqui coloquem ela aqui – Ouvi a voz de Matt, andei mais rápido. Eles se moviam com rapidez, será que Caterine teria se ferida? Ouvi alguns gritinhos abafados. Passei por de baixo de algumas densas folhas de uma árvore. Matt parecia tão branco quanto luar, Caterine estava ótima, os outros também. Mas então, Taylor chegou apressado com alguém nos braços, a pessoa em seus braços, estava com o rosto enterrado no tórax do garoto de olhos azuis, por isso os gritos abafados, sua blusa pingando sangue, os cabelos pretos da pessoa em seus braços faz minhas pernas ficarem bambas.

Brenda não consegue se mover. Ela apertava a blusa de Taylor com intensidade, Matt arrumou um lugar para ela perto do lago onde a água da cachoeira caía, com sua mochila servindo como travesseiro, Taylor se ajoelhou, e colocou Brenda no chão, ela se virou pro lado e tossiu, depois cuspiu sangue.  Comecei a correr na direção dela, mas minhas pernas bambas me privaram disso, cai ajoelhado no chão,me apoiei a uma pedra grande ao meu lado e me levantei.

- Calma, calma vai ficar tudo bem – Disse Matt tentando sem nenhum sucesso parecer calmo. Ele procurou alguma coisa murmurando – O que eu tenho que fazer? O que? Não da pra pensar sobre preção! Cadê?!

- Mattew faz parar a dor! – Gritei.

- DOR! É ISSO! – Ele pegou a mochila e procurou – Achei. Sh, sh, sh, toma isso aqui – Ele pegou uma garrafa vazia e colocou água dentro, e deu um remédio para ela. Ela engole com dificuldade. Agora que eu me aproximei, consigo ver. A blusa que era azul, agora está vermelha de sangue. O olho inchado. Arranhões no rosto. Alguma coisa errada com as costelas. Talvez uma perna quebrada.

- O que aconteceu?

-Eles... Eles... – Matt parecia muito nervoso, pensando talvez pela primeira vez, que ele a qualquer dia, ou momento, poderia perder a irmã. Para uma aparição bem desagradável chamada, morte. – Eles... Voltaram Justin.

- Quem?

- Um zumbi gigante. – Disse Taylor, muito branco, com seus olhos vidrados – Parecia um jogador de futebol americano. Ele tinha no mínimo 2, 13 de altura! Era enorme.

- Enorme? – Disse vagamente.

- Sim Justin - Disse Logan – Better Days.