Comecei a respirar rápido. Só Merly estava do lado de fora
da casa.
- Você... – Gaguejei, segurei o tórax de Taylor e disse –
Você vai ficar bem? Sem mim?
- Vai lá cara. Pode ir – Eu assenti para Tyler e ele veio no
meu lugar, agachei e tirei uma arma, e um cartucho extra de balas, e coloquei
na meia. Corri – Cadê ela?
- Não saiu ainda – Respirei fundo para não gritar com Merly,
corri para dentro. Quase não conseguia enxergar com a escuridão, e as densas
fumaças negras que me impediam de respirar, quando passavam pelas narinas
ardiam ao chegar no pulmão. Tossi. Senti alguém do meu lado. Uma luz de
lanterna no meu rosto.
- Ai que susto – Disse Laura, pálida – Pensei que fosse um
errante.
- Cadê ela?
- Acho que não acordou ainda – Ela tossiu – Eu estava indo
procurá-la.
- Saia daqui. Agora – Ela me deu uma das lanternas, e
assentiu. Depois saiu. Ouvi passos pesados, e um barulho que seguinificava alguém
caindo, mais passos pesados.
- MERLY?! –
Brenda. Ela tossiu. Vi Sarah correndo pelo corredor de cima, comecei a subir as
escadas – MERLY?! SARAH?! ALGUÉM?? – Sarah
encontrou Brenda, ela se apoiou no ombro de Sarah, Brenda passou a arma por de
baixo do tórax da outra e atirou. Virou atirou. Chutou um de atrás sem olhar pra ele, e ainda sem olhar pro
errante atirou na cabeça. Andou desajeitadamente junto com Sarah.
- Ei, ei vocês estão bem? – Não conseguia ver seus rostos,
via apenas o contorno das coisas. Não conseguia respirar direito, tossi. Eu
estava completamente cheio de fumaça.
- Aham – Respondeu Sarah.
- Saiam daqui.
- Não... – Disse Brenda – Eu preciso, pegar a... – Ela tossiu,
depois cuspiu no chão – Eu preciso...
- Você precisa sair... VÃO! – Gritei. Elas desceram as
escadas. Atirei num dos errantes, e em outro deles. Desci as escadas de costas
ainda atirando, as balas acabaram. Um mordedore veio rangendo os dentes, com os
braços esticados, estiquei a perna e chutei a bunda dele, ele caiu pra trás de
mim pisei na perna dele, que quebrou esparramando sangue por toda escada, pisei
cinco vezes na cabeça do errante. O outro veio, tirei o pente de balas, não deu
tempo de colocar na arma, física vai valer de alguma coisa agora. Dez segundos,
a três metrôs do chão. O.K. Acho que eu consigo. Joguei o pente de balas pro
alto, o errante escorregou no sangue do anterior, o pente caiu peguei ele ainda
no ar coloquei na arma, e dei dois tiros na cabeça dele. Corri pra baixo. Vi
três errantes em chamas correndo pela casa na minha direção. Tem vários na rua.
Corri pra porta – Vão para aquele prédio! – Todos correram pro prédio da
esquina. Sai pra frente da casa – EI!! OLHEM PRA MIM! EU TO AQUI! VENHAM ME
PEGAR SEUS MORTOS FILHOS DA MÃE! VENHAM!! VENHAM! – Chamei a atenção que eu
queria. Corri pra dentro da casa, a cozinha ainda não foi atingida pelas chamas,
os zumbis entraram. Abri o gás. Corri para fora da casa, atirando nos zumbis
que atrapalhavam a minha passagem.
A casa explodiu.
Fui arremessado para o outro lado da rua, batendo com as
costas e cabeça na árvore. Isso vai doer
muito amanha – Pensei. Levantei. Minhas mãos estavam pretas pela fumaça.
Tossi, uma lufada de nuvem preta. Meus pulmões queimavam. Tossi de novo, e
cuspi um pouco de bile. Inalei tanta fumaça, que tive anciã de vomito. Brenda e
Sarah eram as únicas que não tinham entrado na casa. Brenda estava pesando em
Sarah, ela tossiu, e caiu.
- Brenda? – Tombei a cabeça pro lado. Cuspiu bile. Tossiu
mais um pouco, não conseguiu levantar – Brenda?? – Andei lentamente. Vomitou. Andei
mais rápido. Se levantou, e se arrastou menos de um metro até a casa antes de cair,
e ter convulsões no chão – BRENDA?! – Comecei a correr em direção a ela. Sarah
ficou perplexa. Colocou as mãos na boca, e arregalou os olhos. Merly saiu da casa,
e Matt também. Matt fez menção a segurá-la, mas Merly o deteu.
- Não, se a segurar ela vai se machucar. Ela tem que passar por
isso.
- Isso o que? – Tentei parecer calmo, mas eu estava
desesperado. Tudo que eu conseguia pensar era protegê-la, tirá-la daqui, fazê-la
parar de ter essas convulsões, fazê-la ficar melhor.
- Ataque epilético.
- O que?! – Matt estava descontrolado.
- Ela vai ter dois ataques epiléticos. O terceiro vai ser um
ataque cardíaco. E depois... – Merly hesitou.
- Depois o que? – Não sei se quero saber a resposta, mas sei
que precisava.
- Depois... Depois ela vai ter uma parada cardíaca. E depois
disso já era.
- Já era? – Matt ficou pálido – Como assim já era?
- Ela morre.
- Mas... Mas...
- Não é lugar pra conversar gente – Tyler saiu da casa –
Entrem. Taylor começou a perder muito sangue – Brenda parou e ficou quieta de
novo. Isso é bom. Acho. Merly pegou ela com jeito e a levou para dentro do
prédio.
Merly tirou a bala de Taylor, que estava deitado no sofá.
Taylor dormiu.
- Agora me explica o que está acontecendo – Disse. Eu estava
tremendo. Nem os bichos me dão tanto medo, quanto a ideia de perdê-la.
- Bom, os remédios acabaram. Sem os remédios, até a cura.
Ela não vai viver.
- Mas onde estão os remédios? – Matt começou a se
descontrolar de novo.
- Acabaram. O ultimo que tinha hoje, queimou junto com a
casa.
- Acabou? – Matt levantou – Como assim “acabou”? Você está
vendo o quanto tem. Você sabe quantos remédios tem. VOCÊ sabe que ela precisa
então porque não disse que estava acabando?! – Gritou Matt, ele agarrou Merly
pelo colarinho e prendeu ele contra a parede. Merly ficou vermelho.
- Você ta de brincadeira?! Eu não controlo os remédios
Matthew! Eu só vi hoje que tinham acabado! Vocês já tinham saído! O que queria
que eu fizesse? Corresse atrás de vocês deixando os outros sozinhos?! Não tenho
culpa que a merda da casa pegou fogo! Eu ainda tinha mais um! Dava pra pegar
amanha!
- Matt, Matt calma cara! CALMA! – Gritei arrancando Matt de
cima de Merly – BRIGAR NÃO VAI ADIANTAR DE NADA! CALMA! Saco – Passei a mão
pelo meu cabelo, nervoso. Matt arfou, revirou os olhos, foi para o outro lado
da sala e andou de um lado para o outro – O que acontece se ela não tiver os
remédios até amanha?
- Acho que mais um ataque cardíaco.
- Como assim “acho”?
- Varia de uma pessoa para pessoa Justin – Explicou-se Merly
– Ela pode agüentar mais um ataque, ou pode pular direto pra parada cardíaca.
Não sei.
- Então ela precisa deles agora?
- Se possível.
- ótimo... Eu vou lá – Disse. Sarah olhou pra mim. Um bolo
se formou na minha barriga. Olhei para os lado – Cadê a Lola? – Sarah e Laura
olharam ao redor.
- Ela... – Começou Laura – Ela... Ela estava bem ao meu
lado.
- É mas agora não está! – Peguei duas armas, e um cinto de
armas e fui em direção a porta.
- Espera, eu vou com você Justin – Disse Matt. Eu só assenti
sem olhar pra ele. Segurei na maçaneta da porta e abri com força. Não tem
ninguém na rua. Ninguém. Fui pro lado da casa do Mike Tyson, agora em chamas.
Andei quieto pelo beco escuro.
- Lola? – Sussurrei. Ouvi um barulho vindo do outro lado da
cerca de proteção no final do beco. – Gatinha? É você? – Andei até a caçamba de
lixo. Alguém vem correndo. Respiro mais aliviado do que nunca. Parece que um
peso saiu das minhas costas. Lola veio correndo com o desespero estampado em
seu rosto lívido, e olhos azuis vidrados. Três mordedores vinham atrás dela.
Joguei minha arma para Matt, subi em cima da tampa da caçamba, segurei na barra
de ferro da grade se segurança, e subi. Me debrucei na barra e estiquei meu
braço. Lola com seus dedinhos finos, segurou a grade e com dificuldade começou
a subir. Os errantes chegando, e deixando meu coração ainda mais rápido. Me
debrucei mais pra frente, senti meu rosto vermelho e latejando na minha testa.
Segurei o braço da garotinha e puxei-a para cima. Quem diria que ela é tão
pesada. Me lembrou uma vez que eu tive que subir de uma moto com movimento para
o topo de um prédio, junto com Brenda e Logan. Daniel e Caterine. Puxei Lola,
ela agarrou minha mão, e depois meu braço, passou os braços para meu tórax e
deu uma cambalhota para a caçamba de lixo, onde Matt a segurou. Os errantes se
chocaram contra a grande. Mordendo a grande, e segurando com seus dedos mortos –
Tudo bem gatinha? – Me agachei, e segurei seu rosto frio pelo medo. Ela parecia
incapaz de falar. Só assentiu.
- Lola. O que aconteceu aqui? – Perguntou Matt, se agachando
atrás de mim.
-O buraco de baixo quebrou de novo – Sussurrou ela – Um monte
daquelas coisas entraram. Taylor tentou por fogo neles, mas ele perdeu o
controle do fogo, e a casa toda pegou fogo. Brenda não conseguia se mexer, e eu
fui tentar ajudá-la, mas ela me mandou correr para os fundos e me esconder aqui
que depois ela vinha me buscar.
- Ela não conseguiu... – Comecei.
- Eu sei – Imterrompeu ela – Eu vi. Mas não chamei vocês
porque eles estavam perambulando aqui – Ela apontou para os zumbis – Mas então
eu ouvi sua voz. E sai correndo. Porque sabia que você iria me salvar – Ela sorriu,
e me abraçou. Eu me senti tão feliz em
saber que Lola pode contar comigo, e por saber que eu consegui salvar ela.
- Ta bom gatinha, corre para dentro da casa. Eu preciso sair
agora.
- Onde vai?
- Pegar remédio para a Brenda – Ela respirou fundo, tossiu,
coçou o pescoço. Ela estava toda suja de fuligem. E depois assentiu, e correu
para dentro da casa. Eu andei até a esquina, e observei até ela entrar no
prédio. Depois eu e Matt nos misturamos as sombras da noite, e fomos em direção
a cidade.
Com a arma apontada para baixo. Os mordedores não estavam
aqui, mas provavelmente estavam escondidos. Virei para Matt e fiz sinal com a
mão para ele fazer silencio, e se abaixar. Fomos agachados para a farmácia no
meio do circulo de lojas. Agachamos na frente da porta trancada. Como Tyler e Taylor fazem falta, não é? –
Pensei. Pensei por um instante e descobri que não vai ter saída. Me
levantei olhei para os lados, e então chutei com força a porta. Ela abriu. Não
fez tanto barulho, acho que não chamamos muita atenção. Entramos.
- Metanfetamina, não é uma droga? – Sussurrou Matt no meu
ouvido; Eu assenti – Então porque minha irmã ta tomando isso?
- Metanfetamina vai ser o melhor remédio para ela no
momento. Ele entorpece os sentidos, faz a mesma função que a anestesia. E pode
ficar tranqüilo porque ela não vai virar viciada – Matt assentiu. Ele pegou um
frasco de um dos remédios, esquecemos as mochilas. Eu fui até o balcão olhei
para dentro, e vi sacolas esparramadas no chão, pulei dentro do circulo do
balconista. Peguei algumas sacolas, virei.
Mãos sufocavam meu pescoço. O errante se jogou em cima na
mim, coloquei minhas mãos em volta do pescoço dele também, peguei uma caneta do
chão e enfiei na parte de trás da cabeça dele. Ele caiu morto no chão. Respirei
fundo, e peguei as sacolas. Levantei. Vi Matt sendo arrastado para de baixo de
uma mesa, e com um movimento rápido sendo livrado do errante. Pulei de volta a
loja, e joguei todos os remédios que Matt diz ser importante. Quer dizer, eu
não entendo nada sobre medicina. Mas o mesmo curso de infermagem que Brenda foi
obrigada a fazer pela mãe, Matt também foi obrigado. Antes isso foi motivo de
piada por parte de nós, mas agora eu devo é agradecer todos os dias e rezar
pela mãe dele. Matt foi até os fundos da farmácia e eu fui atrás dele, ele
abriu a porta e tinha uma sala, com seringas. Mas remédios. Pinças. Esterilizador.
Luvas. Um computador que mede os batimentos cardíacos, e mais alguns
brinquedinhos médicos.
- Tiramos a sorte grande, chapá! – Sussurrou Matt – a casa
pegou fogo, precisamos disso tudo.
- Tudo?! – Sussurrei indignado. Ele assentiu. Ele pegou uma
caixa de papelão no chão, e me deu. Eu coloquei o computador. Ele colocou as
outras coisas nas sacolas. Coloquei a
caixa no chão, e levantei. – Matt – Coloquei as mãos na cintura olhando para a
caixa – Isso aqui é muito pesado cara... Não sei se vai dar pra... – Uma mão na
minha boca, felizmente não era morta. Mesmo assim me deu um susto. Matt fez
sinal com a mão para eu fazer silencio. E depois apontou para de baixo da mesa.
Tinha um mordedor ali, ele não precisou ir até lá, só usufruiu do seu dom com a
faca, e atirou em cheio na cabeça dela. Mas então eu notei que ele ainda estava
atrás de mim, e nós muito próximos – Matthew não sei se você sabe, mas eu tenho
problemas de aproximação cara – Eu me distanciei dele. Ele apenas riu. Eu
peguei o computador, e saímos da farmácia.
Entramos no prédio, e uma só palavra descreve: Caos.
- O que foi? – Perguntou Matt.
- Graças a deus vocês chegaram – Disse Sarah, tirando o
computador de mim e colocando aos lugares – Ela teve terceira convulsão – Meu coração
voltou a bater violentamente contra o peito. Eles conectaram os cabos em
Brenda.
Convulsão.
Os batimentos cardíacos dela ficaram loucos, mas de repente
pararam. E Brenda morre.
Não sei. Eu apenas fiquei sem chão. Nada importava mais. Nem
minha própria vida. Tudo que eu registrava era o bip continuo dos batimentos
nulos. Matt ficou tremulo, suas pernas cederam, e ele caiu ajoelhado no chão.
Afundou o rosto nas mãos, e eu ouvi seu choro baixo.
É assim que acaba?
Justin fica sem Brenda? É assim Deus? Não, não, se você
levou ela de mim, por favor... Devolva. Peguei o teaser – Para quem não sabe
teaser é aquele aparelho de choque – Corri para frente, e coloquei o aparelho
no peito dela. Ela temeu, ainda sem vida. De novo. E de novo. Por favor, volta.
Volta. VOLTA! De novo. Eu não vou conseguir sem você, não vou. Eu apenas deixei
a loucura me levar ao limite da minha sanidade, não sei se estava a machucando
mais ainda. Mas ela isso que eu precisava fazer, eu acho. Mais um vez. E Então.
Bip. Senti uma mão me impedindo de desferir mais um choque nela. Era ela.
- Nunca mais faça isso. Machuca – Disse ela. Eu assenti,
abracei ela. Matt levantou o rosto. Merly me tirou de cima dela.
- A... E Brenda... Nunca mais faça isso comigo. Machuca.
Promete?
- Prometo.
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