quinta-feira, 25 de abril de 2013

Capitulo 6 – A arte do improviso.


Isso é um sonho? Quem dera se fosse... É estranho como a gente se apega as pessoas com tanta rapidez e facilidade. Ainda mais quando ela saúva sua vida. Me sentei no sofá com a visão escurecendo e turva. Ninguém falava uma só palavra. Uma loucura. Ontem Ethan quase morreu e eu atirei... Eu atirei? Atirei agora também. Meu Deus... Me levantei e sai da casa. Olhei pros lados, nada. Nada? Entrei de novo. Isso não é bom.
- Você matou minha prima... – Murmurou Lisa. Será possível que ela não viu o que aconteceu aqui?
- Como é que é?
- Você sua louca, matou minha prima! – Ela se levantou e olhou pra mim – Como você pode? – Ela apontou com o dedo indicador pra mim – Você não tinha o direito de...
- Salvar sua vida? Se ela continuasse “viva” mataria você, sem nenhuma hesitação – Tirei o dedo dela da minha frente - Mary não era mais ela, era um monstro.
- Como você se atreve? – Perguntou Lisa. DJ veio entre nós.
- Sabe que ela tem razão – Lisa olhou indignada pra ele, e depois se virou e sentou. Fui até a janela... Nada.
-O que foi? – Perguntou Link com voz falhada.
- Não tem nenhum zumbi lá fora. Nenhum.
- Isso é bom, não é? – Perguntou ele.
- Não. Atirei agora, e ontem. Barulhos atraem qualquer coisa, incluindo eles. Porque eles não estão aqui?
- Talvez não tenham ouvido – Disse Nathan.
- Não... Eles ouviram – Disse Ethan, entendendo o problema.
- Não tem problema – Disse Nathan – Eles não estão aqui.
- Não é porque o problema não esteja visível, que ele não esteja presente – Murmurou Ethan.
- Vamos sair daqui agora – Disse.
- Temos que enterrá-los primeiro – Disse Simas pela primeira vez desde o “acidente”.
- Não dá tempo – Disse Ethan.
- Eles demoraram a noite toda pra chegar aqui! Uma hora a mais não faz diferença! – Exclamou Simas irritado.
- Tudo bem cara... Calma – Disse Ethan. Ele se aproximou, e com a ajuda de Nathan ele levantou o corpo de Mason, e o levou para o jardim de fora. Eu peguei uma pá e os ajudei a cavar.
Quando acabamos, ninguém disse nada. Simas, estava com os olhos fechados, talvez rezando. Mas rezando pelo o que? Que ele vá para o paraíso? Será que isso existe mesmo? Bom... No inferno ele não vai. E sabem como eu sei? Porque já estamos nele.
Ou será que estamos no Purgatório? Apenas esperando para ver qual destino levaremos. Virar um errante, e ficar aqui, ou seja, inferno. Ou morrer e ir pro paraíso. Isso eu posso saber a qualquer minuto. Será que morrer é tão ruim? Já vi tanta coisa ruim que morrer parece ser a parte boa da vida. A verdade é que a vida não é complicada, nós somos. É interessante viver a base de: Viva cada dia como se fosse o ultimo. É mais emocionante, eu não sei como, mas nunca me senti mais viva. Mesmo no meio de tanta merda.
Pouco a pouco todos foram entrando. Apenas Simas ficou, andei até ele.
- Ei... Simas você está bem?
-Ele era meu melhor amigo desde que eu tinha 10 anos. É como se todos que eu um dia conheci, não existissem mais. Vocês são tudo que eu tenho.
- E vocês são tudo que eu tenho também – Ele me olhou.
- É bom ver como você me entende. Nenhum deles saberia como é.
- Eu sei – Eu segurei o braço dele, e o ajudei a se levantar. A alguns anos atrás teve um assalto na minha escola, parece que Deus me ama muito, porque quatro das minhas melhores amigas foram mortas naquele dia. Pra quem nunca perdeu ninguém apenas saiba: Sua alma se fecha. É como se pedaços da sua vida, fossem tiradas de você, até que você nunca mais é o mesmo. Você meio que morre por dentro. E eu... Eu passei tantos anos morta, que não sei o que é se sentir viva. Você se fecha pro mundo, é como se seu corpo estive aqui, mas sua alma não. Até você amar de novo, e amar... Não uma coisa simples de se fazer.
- Precisamos sair daqui rápido – Nathan estava desesperado.
- O que aconteceu? – Não precisei da resposta. “Meu deus o que é isso? Saíram errantes do esgoto?” Tinham tantos que eu nem consegui contar. Eles tampavam toda luz do sol que passava pelas janelas, seus grunhidos, e barulhos de passos arrastados vinham simultaneamente atacando meus ouvidos. Eu olhei para todos pensando no que fazer.
- Eu também não sei – Ethan, como você sabe o que eu estou pensando, quando nem mesmo eu sei? Olhei nos olhos dele, incrível. Não consigo ver nada. Apenas o desespero pela sobrevivência. Não sei o que ele está pensando. A mente humana é cheia de surpresas. Você nunca pode saber exatamente no que uma pessoa está pensando, ou sentindo, você só pode supor. Legal é que isso... Não se aplica a Ethan.
E agora? Olhei pra fora, vi o carro.
- Vão! – Eles olharam para mim como se eu fosse louca. E talvez seja. Correram pros carros. Ethan abriu a porta do passageiro pra mim – Não. Eu não vou agora.
- Como é que é? Não, entra logo. Vai!
- Não Ethan – Fechei a porta – Vai.
- Não vou sem você.
- Uma vida ou muitas? Vai logo. Isso não é um pedido – Ethan não se móvel. Eu corri para fora da casa, isso já deu certo uma vez. Pode dar duas... Não é? – EI! OLHEM AQUI! EI! – Os errantes começaram a correr a minha direção. Corri de volta para dentro da casa, Ethan não teve outra opção se não sair com o carro, com Lisa e DJ no carro atrás dele.  Alguns zumbis correram atrás deles, se eu não tivesse gritado todos iriam atrás de nós e estaríamos muito perdidos. Uma parte do plano funcionou. Mas e agora? Olhei ao redor, procurando qualquer coisa para me ajudar. Saibam: As vezes o improviso salva sua vida. Mas as vezes ele fode tudo. Então muito cuidado quando usar. Bem... A casa é feita de madeira, podre e velha... Queima fácil. Vai ter que servir.
Corri para dentro da cozinha, os errantes vindo em jorradas atrás de mim, peguei uma caixinha de fósforo, ascendi e joguei na cozinha, corri para as escadas subi correndo por ela, uma degrau quebrou. Puxei, mas não soltava de jeito nenhum. Meu coração batia com tanta força e vivacidade que pensei que fosse pular pela boca. Pisei no degrau até quebrar – o que não precisou de muito esforço – e me apoiei na pilastra que tem ao lado da escada para continuar a subir. Cheguei no corredor de cima, senti um calor por trás, o que significava que as chamas do fósforo já estava devorando a casa. A estrutura começou a chacoalhar – Não tenho tempo para pensar, caralho só corre – Janela aberta. Tem uma árvore de sabugueiro bem aqui ao lado, corri pelo corredor e joguei um fósforo no chão. O fogo se alastrou. Alguns errantes flamejantes, e com seus rostos em decomposição derretendo vieram atrás de mim pelo fogo. Dei impulso no chão e parapeito da janela e pulei. Segurei no tronco da podre arvore de sabugueiro, que quebrou me jazendo deslizar pelo tronco da árvore como um bombeiro. Não esperei para ver a casa em chamas atrás de mim, apenas corri para a rua. Não sabendo para onde ir, ou para onde me localizar. Só me dei conta de onde estava quando Ethan quase me atropelou com o carro.
Ele parou a centímetros da minha perna. Entrei no banco de trás do carro. Minhas mãos ardiam, por causa do tronco no qual acabei de escorregar. Nathan pegou seu kit primeiros socorros, não tinha mais quase nada. Tudo estava acabando, e não eram apenas suprimentos, e coisas medicinais...
- Não temos munição. Precisamos – Nathan passou um algodão com álcool nos machucados. Você não sabe o significado da ardência até sentir isso aqui.
- Primeiro – Disse Ethan – Você está bem?
- Sim. Eu... AI NATHAN!
- Desculpa – Nathan passou o utimo algodão, e depois enfaixou minha mão com gazzi.
- Ta, precisamos de munição. Não temos nada. Precisamos de comida também.
- E eu não sei? Só não faço ideia de onde conseguir...
- A gente poderia ir no shopping – Disse Link – Lá tem comida.
- Shopping deve estar entupido de zumbis – Sensurou Simas.
- Meu pai era policial – Disse – Ele estava comentando um dia antes do... “Acidente” ele teve que fechar um restaurante, por estar contrabandeando drogas... A comida ta lá até agora. E não está estragada, ainda.
- ótimo! – Disse Simas.
- Antes de pegar comida, precisamos de armas – Disse Ethan.
- E combustível. Porque o nosso, não vai durar pra sempre – Disse Link.
- Na casa dos nossos amigos no Tenneesse, não vai precisar de combustível. É só pegar um cavalo – Comentou Nathan.
- Não estamos no Tenneesse – Respondi.
- Ainda – Completou Nathan.
- Tem armas a dois quarteirões de lá– Comentei.
- Você acha que ainda estão lá? – Perguntou Ethan.
- Acho.
- Mas e os policiais que estavam lá? Devem ter pegado – Disse Simas.
- Não pegaram.
- Como sabe? – Perguntou Simas.
- Porque no final, tinham mais armas do que pessoas para  pegar.

Parece que milagres acontecem... Porque nossa gasolina durou mais 5 quilometros, que foi o suficiente para chegarmos até a prisão para pegar as armas. Tínhamos uma pistola 9 milimetros com uma bala no pente. Um machado. Meu machado. E um taco de baseboll, que ficou com Nathan.
Abrimos o fortão de latão e entramos na escuridão. Lisa e DJ ligaram as lanternas, descemos as escadas abrimos a porta. Grunhidos. Lisa se assentou e quase caiu em cima de Nathan. Quase.  E lógico ele teria adorado isso. Os presidiários foram deixados pra trás... Pra morrer. Estavam todos como errantes presos nas celas inferrujadas. Ouvi um gorgolejar de água a baixo de mim. Não sei porque, não espero não descobrir.
Fomos até o final do corredor a abrimos a porta.
-EITA QUE EU TO NO PARAÍSO! – Exclamou Ethan abrindo os braços feliz da vida e colocando as armas dentro da mochila. São 56 fileiras, 35 delas lotadas de munição e armas. Enchemos nossas mochilas. Tinha até dois tanques de gasolina. Mas como sorte dura pouco...
- O que foi isso? – Perguntou Lisa. As grades das celas cederão e os errantes estavam socando a porta para entrar. Não da pra voltar por lá.
- Como vamos sair daqui agora? – Perguntou DJ.
- Por aqui – Simas apontou para um portinha no chão. Ele abriu, água saiu de dentro.
- Mas o que...
- As caixas de água ficavam ai embaixo... – Lembrei.
- Que ótimo, elas quebraram. Vamos ter que nadar pra sair daqui, não é? – Perguntou Link. São 2 quilometros, isto é, 5 minutos sem respirar. Estamos ferrados. 

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