sexta-feira, 19 de abril de 2013

Capitulo 4 – Tudo que sobe, tem que descer.


- Por favor, por favor nos ajudem! Espera! – Um garoto branco, duas garotas negras, muito magros, machucados, desesperados. Ethan desceu do carro, se apoiou com o braço na porta. Eu desci também. O sol da tarde castigando meus olhos.
- No que posso te ajudar cara? – Perguntou Ethan amigavelmente, mas com um leve tom de raiva. Provavelmente por eles atrapalharem nossa viajem.
- Por favor, nos deixe seguir viajem com vocês. Sabemos lutar contra os bichos, temos nosso próprio carro, não somos pessoas ruins.
- O grupo já está grande demais – Respondeu Ethan, andando até o garoto e se virando para nós com as mãos na cintura pensando.
- Olha cara, estamos a semanas viajando. Não sabemos pra onde ir, não temos com quem ficar por favor. Faremos de tudo para ajudar vocês, só... Nos deixe ficar junto – Ethan olhou pra mim.
- O que você acha?
- O que? – Não consegui acreditar no que ouvia, ele está pedindo minha opinião? Como eu posso ajudar?
- O que você acha? – Eu olhei para eles. Pareciam pior que a gente, respirei fundo pensando: E se fosse eu? Eu costumava fazer isso. Mas sempre foi um grande erro, fazer o que... É  um defeito.  Eu dei de ombros e assenti – O.K, podem vir com a gente – Eles sorriram as meninas se abraçaram. – Como são seus nomes?
- David Jackson, mas pode me chamar de DJ – Disse o garoto.
- Lisa e essa é minha irmã Mary.
- Prazer – Taylor se virou e andou de volta pra Honda, meus olhos estavam cerrados por causa do sol, coloquei a mão para proteger – Aqui. Um presente – Ethan me estendeu seus óculos de sol Ray ban RB de lentes pretas e armação dourada. Ergui a sobrancelhas, e estendeu mais o braço, eu preguei o óculo.
-Muito obrigada.
- De nada – Ele sorriu e entrou no carro. Os outros três estavam de carro nos seguindo.
- Você acha que foi uma boa ideia tê-los deixado entrar no grupo? – Perguntou Simas.
- Eles podem ser perigosos – Disse Mason.
- Perigosos como? – Perguntei.
- Assassinos.
- Eu matei meus pais.
- Matar por piedade não te torna uma assassina – Respondeu Link.
- Tem razão – Disse Ethan – Mas você viu a cara deles? Um monte de carros devem ter passado por eles sem nem ao menos tê-los olhado no rosto. Se fosse eu, eu não acharia legal essa atitude não acham? – Uau, ele faz o mesmo que eu. Isso é um duplo defeito.
- Não sinta tanta pena irmão – Retorquiu Nathan – Não se coloque no lugar deles. Não se coloque no lugar de ninguém, porque se fosse ao contrário eles provavelmente passariam com o carro em cima de você – Ethan não respondeu.  Quando o céu já estava escurecendo, Ethan passou a observar a rua para ver onde iríamos ficar. Não ligou os faróis do carro para não chamar a atenção. Estacionou na frente de uma casa velha, com a pintura descascada.
- Acho que dá pra gente ficar aqui essa noite – Descemos do carro, entramos na casa. Eu ouvi alguns ruídos, e caiu poeira do teto, varri a casa com o olhar – Não. Não é seguro – Incrível como Ethan consegue saber o que eu estou pensar apenas olhando nos meus olhos. Isso não é o que eu chamo de legal – Mas vai ser o suficiente por uma noite – Olhei de novo pra cima – Ficaria mais tranquila se eu desse uma olhada?
- Só se eu fosse junto – Ele me olhou, respirou fundo e me entregou uma arma e um walkie talkie.
- Vamos então – Peguei a arma, e uma lanterna.
- Sarah – Chamou Nathan. Me virei, ele jogou um segundo pente de balas eu agarrei, e coloquei na meia do tênis.
- Valeu – Me virei e subi as escadas. Ethan iluminava o caminho com a lanterna, os ruídos vinham do sótão. A escada é feita de madeira, madeiras velhas, roídas por cupins, mofadas e que fazem barulho quando você pisa. Os ruídos ficaram mais altos quando chegamos na porta do sótão.
Ethan olhou pra mim, contando até três com os dedos... Abriu a porta.
Nenhum errante a vista, o ruído vinha de trás de uma mesa empoeirada. Ethan levantou a arma, e eu também. Andou lentamente até a mesa e a empurrou pra trás, fazendo um rato sair correndo. Eu me assustei. Olhei para Ethan, e nós dois rimos.
- Ta vendo? Não tem com o que se pre... – O chão cedeu.
- ETHAN! – Ele caiu dentro de um armário no andar de baixo. Ethan gritou, tinha um errante preso dentro do armário, ele prendeu o errante contra a lateral do armário depois atirou na cabeça dele. Alguns errantes saíram das sombras. Vantagem: O armário é alto, o teto ta muito em cima os errantes não vão conseguir passar. Desvantagens: O armário é alto, o teto ta muito em cima Ethan não vai conseguir passar.  Tentei andar, o piso de madeira velha rangiu, não ia me aguentar. Olhei pra baixo tentando pensar nas possibilidades, Ethan pode quebrar o armário. Mas tem dez errantes, e ele não tem todas essas balas. Se ele ficar ali ele vai morrer lá dentro.
Dei dois passos pra trás, e sentei no chão empoeirado.
- Cara... Você ta cercado – Sussurrei pelo walkie-talkie.
- Obrigado Sherlock – Sussurrou Ethan de volta.
- De nada Watson.
- Troca de papeis?
- As vezes é necessária.
- Sarah... Tem alguma ideia? – Pensei por um instante, pensar e fazer loucuras quando a adrenalina está no sangue é fácil. Difícil é fazer o certo quando se está sóbria. Os passos lentos e arrastados no andar de baixo se aglomerando, me apreçando. A única coisa que eu conseguia pensar era “tire Ethan de lá” e é o que eu iria fazer.
- Eu vou te tirar daí.
- Eu sou pesado. Não dá pra você me tirar daqui sozinha.
- Mas eu vou.
- O chão vai ceder, e você vai se juntar a mim.
- Se isso acontecer, a gente vai matar esses zumbis e saímos juntos – Respondi.
- Isso não vai funcionar.
- Quer parar de ser pessimista?
- Olha... Só diga ao meu irmão que eu tentei ser bom, não fui o melhor, e peça para ele desculpas... Por não ter lutado por ele.
- Diga isso você mesmo pra ele.
- Sarah...
- Cala boca Ethan – Eu me deitei no chão de barriga pra baixo. E me arrastei até o buraco no chão, Ethan é bem mais pesado do que eu. Não vou conseguir puxar ele pra cima. Não posso gritar os outros, caso tenham mais deles pela casa. A única opção é...
Desci para o andar de baixo.
- O que você pensa que está fazendo Sarah?! – Exclamou Ethan. Atirei num errante e no outro, tinham três amontoados no mesmo canto, atirei em suas cabeças. Nunca tinha segurado uma arma na vida, mas o conceito é simples: Mantenha a calma, destrave e mire na cabeça. As balas acabaram – Muito boa, e agora? – Tinham ainda quatro deles. Senti um incomodo na meia, não dá tempo de colocar... Mas dá tempo de pegar. É simples: Lei da gravidade. Tudo que sobe – Joguei o pente pra cima, dei um soco no rosto em decomposição do primeiro errante, ele cambaleou e voltou, chutei o rosto dele e ele caiu – Tem que descer – Peguei o pente e pluguei na arma. Um tiro na cabeça. O outro chegou, acertei o cabo da arma na lateral da cabeça dele, girei a arma pela alça de ferro com o dedo e apertei o gatilho. O ultimo me empurrou e eu bati as costas contra o armário, mirei a arma na cabeça dele, e ele agarrou meu braço tentando me morder. Isso me lembrou de um momento bizarro na infância quando eu e Jason disputávamos o controle da TV, só que agora é sério. Joguei a arma pra cima, e a agarrei com a outra mão, segurei a nuca do errante e o virei deixando o topo de sua cabeça em baixo do meu queixo e atirando a queima roupa, fazendo assim espirrar sangue no meu rosto.
Acabou. Minha respiração estava ofegante. Bati no puxador do armário com o cabo da arma, quebrou e Ethan saiu de dentro. Olhou ao redor. E me abraçou. O abraço dele era gostoso. O jeito quente em que seus braços musculosos envolviam minhas costelas, e meus braços sua nuca. Seu cabelo macio encostava no meu rosto. Senti meu coração bater com violência contra o peito, espera que isso não seguinifique o que eu acho que seguinifica porque... Eu o conheço a um dia.
- Nunca mais vou duvidar de uma Idea sua – Disse ele me soltando, e sorrindo – Muito obrigado.
- De nada – Sorri pra ele. Saímos do quarto e descemos as escadas.
- A partir de hoje, eu sou caustrofóbico... – Eu ri.
- Imagino.
- O que aconteceu lá em cima? – Perguntou  Nathan.
- Eu quase morri. Mas ela salvou minha vida.  Agora estamos quites – Disse Ethan.
- Estamos – As cortinas estavam fechadas, DJ, Mary e Lisa ascenderam velas. A noite caíra como veludo sobre o céu. Não consigo imaginar ainda a causa disso tudo. Vírus? Um trabalho para Deus? Será que ele transformou as pessoas assim, para que os sobreviventes limpassem o mundo? Eu estou sendo usada ou será que estou trabalhando pra ele? O único problema é que... Eu não trabalho pra ninguém.


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