segunda-feira, 22 de abril de 2013

Capitulo 5 – Os fortes, também caem.


- O que aconteceu? – Mary estava pressionando um ferimento em seu braço.
- Tinham duas daquelas coisas lá fora... Ela acabou com eles – Respondeu Simas.
- E o sangue? – Perguntei.
- Me machuquei no arame farpado do portão.
- Ah – Ela não me olhava nos olhos, e alguma coisa em seu tom tremulo e baixo não me deixou acreditar.
- Quer – Começou Nathan- Que eu...
- Não tudo bem. Eu mesma faço isso, obrigada.
- Tudo bem – Nathan empurrou com o pé o kit primeiro socorros. Ela agachou não deixando ninguém ver seu ferimento e enrolou um pano gazzy nele.
- Alguém tem que ficar de guarda hoje a noite – Enúnciou Ethan.
- Eu fico – Respondi. Não quero dormir, porque não quero sonhar. Não se os sonhos forem iguais ao ultimo que tive. Tento tentar não pensar muito nele, mas sempre penso. Penso em como poderia ser diferente. Você não sabe o quanto ama uma pessoa, até ela não estar mais ao seu lado.
- Tem certeza? – Perguntou Link.
- Tenho – Eles se deitaram, e deixaram apenas uma vela acessa, na mesa que fica no centro da sala. Sentei no sofá, na frente de Mary. Ela deitou em posição fetal com o ferimento pra cima, A noite foi passando e todos adormeceram. Peguei uma lanterna e sai da casa. Acendi a luz baixa da lanterna, movimento. Virei, ninguém. Continuei andando, movimento mais uma vez, virei. Nada. Andei, movimento de sombra, virei pra direita, uma mãe tampou minha boca pela esquerda, me arrastou para dentro da casa.
- O que você estava fazendo?
- Caramba Nathan precisava me arrastar desse jeito. Quase me matou de susto.
- Desculpa, mas o que você estava fazendo?
- Checando...
- O que?
- No que a Mary disse que se machucou?
- Arame farpado do portão.
- Estranho...
- Porque?
- Não tem arame farpado no portão.
- Então ela mentiu...
- É.
- Não acredita nela?
- Não confio nela. Ela ta escondendo alguma coisa.
- Não acho que tenha motivos para se preocupar.
- Isso foi o que Ethan disse antes do chão quebrar.
- É... Mas meu irmão diferente de mim, é azarão – Nathan deitou a cabeça de lado, o brilho da vela pegou na lateral de seu rosto fazendo seus olhos brilharem iguais ao do meu irmão. Me deu uma pontada no coração. Respirei fundo, pigarreei e pisquei várias vezes para dissipar as lágrimas – Você acha Lisa bonita?
- Como é?
- Lisa – Ela a apontou com a cabeça – Acha ela bonita?
- Ah... Sim. Sim, ela é uma moça bonita.
- É... Gosto do nome dela também. Eu era viciado nos Simpsons – Eu ri,
- Eu também.
- Jura? – Ele tirou os olhos de Lisa, e olhou pra mim – Qual seu personagem favorito?
- Bart.
- Bart Simpson?
- Aham. Adorava o Bart, eu meio que... Me identificava com ele. Espera... Você está afim da Lisa?
- Eu? Não eu... Eu... Não.
- Hmmmm, Nathan gosta da Lisa – Cantarolei - Nathan gosta da Lisa.
- Fica quieta.
- Nathan gosta da Lisa, Nathan gosta da Lisa.
- Meu Deus, você tem quatro anos?
- Talvez menos. – Ficamos quietos por um bom tempo. Provavelmente pensando a mesma coisa. Não adianta irmos pro Tennessee. Não vamos estar seguros lá. Não estamos seguros em lugar nenhum
- Sabe... Meu maior medo seria: Virar uma coisa daquelas – Disse Nathan.
- É... Mataríamos nossos amigos, sem nem ao menos termos consciência disso.
- Bom... Podemos fazer um pacto.
- Um pacto?
- É... Olha: Se eu morrer, ou for mordido, por favor... Me mate antes que eu volte – Olhei nos olhos verdes de Nathan, bem no fundo consegui ver a tristeza e o peso que esse pedido fazia sobre ele, mas também consegui ver o desejo pela resposta.
- Só se você prometer o mesmo por mim.
- Combinado? – Ele ergueu três dedos.
- Combinado – Ergui três dedos também, e toquei a ponta dos meus com a ponta dos dele.
- Só não conta nada pro meu irmão não – Ele voltou o olhar para a luz da vela – Ele jamais entenderia porque eu pedi isso a você e não a ele... Quer dizer, ele nunca faria isso.
- Tem vezes que a vida de dá duas opção: Ou você vai junto com o outro, ou você livra o outro dele mesmo, e vive sua vida.
- Provavelmente ele escolheria morrer comigo... Não conte a ninguém, é melhor,
- Tudo bem – A noite passou e Nathan dormiu. Era mais ou menos cinco horas, e a única coisa que ouvia era o ronco da minha barriga. Normalmente quando não posso comer eu fumava, mas agora nem isso eu posso. Perdi literalmente tudo em um dia apenas... Pais, irmão, casa, carro, cigarros...
Meu cansaço foi me dominando, o tédio me corroendo por dentro, e o sono me dopou.

Chuva, a chuva castigada as janelas do meu quarto. Acordei com um barulho insuportável de mastigação. Tentei dormir de novo, mas com esses ruídos não dava. Me levantei para dizer para Jason comer mais baixo, mas quando sai do quarto o que eu encontrei foi Jason sendo mastigado.
Acordei com tanta violência que cai do sofá. Estava ensopada de suor. Por um instante pensei ainda estar no sonho, porque o barulho de mastigação continuava. Mas então, olhei pro lado e vi Mary. Ela era uma deles. E ela estava mastigando o pulmão, de algum pobre coitado que estava deitado no sofá. Me levantei cambaleante, era muito nojento. Anciã de vomito subiu a minha garganta. Fiquei tonta por um momento, e cambaleei. Tropecei na mesa de centro, e chamei a atenção de Mary. Ela largou o pedaço do fígado do anônimo no chão, e veio lentamente em minha direção. Chutei o tórax dela, e ela caiu em cima de Simas
- MAS O QUE... – Gritou ele acordando assustado. Arranquei ela de cima dele, com as mãos na garganta enforcando-a, vi um brilho de baixo do sofá. Larguei Mary-Zumbi, e me joguei no chão, peguei a arma, Mary se jogou em cima de mim, eu coloquei o cano em sua boca e apertei o gatilho. A cabeça dela explodiu. Lisa correu para mim... Para me ajudar? Não. Para pegar o cadáver de Mary. DJ chegou depois dela. Me apoiei na mesa para levantar.
Apenas para ter um segundo choque. O anônimo em que Mary estava comendo as partes, era... Mason. O sol estava no topo, deveria ser nove e meia da manha, Mason veio cambaleante até nós com aqueles olhos leitosos... Ele se jogou para cima de Simas tentando abocanhar seu pescoço, Simas o empurrou fungando, e  piscando para não chorar. Ethan pegou um canivete, e cuidadosa, calma e friamente enfiou a ponta dele na nuca de Mason. Depois na parte de trás da cabeça, Mason cambaleou pra trás, e depois caiu.
 Sabe a pior parte?  É ver um cara incrível, de um metro e noventa de altura, braços enormes, cair. Isso só mostra, que... Todos um dia vão ceder. Mostra que até mesmo os fortes, caem. 

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