- O que aconteceu? – Mary estava pressionando um ferimento
em seu braço.
- Tinham duas daquelas coisas lá fora... Ela acabou com eles
– Respondeu Simas.
- E o sangue? – Perguntei.
- Me machuquei no arame farpado do portão.
- Ah – Ela não me olhava nos olhos, e alguma coisa em seu
tom tremulo e baixo não me deixou acreditar.
- Quer – Começou Nathan- Que eu...
- Não tudo bem. Eu mesma faço isso, obrigada.
- Tudo bem – Nathan empurrou com o pé o kit primeiro
socorros. Ela agachou não deixando ninguém ver seu ferimento e enrolou um pano
gazzy nele.
- Alguém tem que ficar de guarda hoje a noite – Enúnciou Ethan.
- Eu fico – Respondi. Não quero dormir, porque não quero
sonhar. Não se os sonhos forem iguais ao ultimo que tive. Tento tentar não
pensar muito nele, mas sempre penso. Penso em como poderia ser diferente. Você
não sabe o quanto ama uma pessoa, até ela não estar mais ao seu lado.
- Tem certeza? – Perguntou Link.
- Tenho – Eles se deitaram, e deixaram apenas uma vela acessa,
na mesa que fica no centro da sala. Sentei no sofá, na frente de Mary. Ela
deitou em posição fetal com o ferimento pra cima, A noite foi passando e todos
adormeceram. Peguei uma lanterna e sai da casa. Acendi a luz baixa da lanterna,
movimento. Virei, ninguém. Continuei andando, movimento mais uma vez, virei.
Nada. Andei, movimento de sombra, virei pra direita, uma mãe tampou minha boca
pela esquerda, me arrastou para dentro da casa.
- O que você estava fazendo?
- Caramba Nathan precisava me arrastar desse jeito. Quase me
matou de susto.
- Desculpa, mas o que você estava fazendo?
- Checando...
- O que?
- No que a Mary disse que se machucou?
- Arame farpado do portão.
- Estranho...
- Porque?
- Não tem arame farpado no portão.
- Então ela mentiu...
- É.
- Não acredita nela?
- Não confio nela. Ela ta escondendo alguma coisa.
- Não acho que tenha motivos para se preocupar.
- Isso foi o que Ethan disse antes do chão quebrar.
- É... Mas meu irmão diferente de mim, é azarão – Nathan deitou
a cabeça de lado, o brilho da vela pegou na lateral de seu rosto fazendo seus
olhos brilharem iguais ao do meu irmão. Me deu uma pontada no coração. Respirei
fundo, pigarreei e pisquei várias vezes para dissipar as lágrimas – Você acha
Lisa bonita?
- Como é?
- Lisa – Ela a apontou com a cabeça – Acha ela bonita?
- Ah... Sim. Sim, ela é uma moça bonita.
- É... Gosto do nome dela também. Eu era viciado nos
Simpsons – Eu ri,
- Eu também.
- Jura? – Ele tirou os olhos de Lisa, e olhou pra mim – Qual
seu personagem favorito?
- Bart.
- Bart Simpson?
- Aham. Adorava o Bart, eu meio que... Me identificava com
ele. Espera... Você está afim da Lisa?
- Eu? Não eu... Eu... Não.
- Hmmmm, Nathan gosta da Lisa – Cantarolei - Nathan gosta da
Lisa.
- Fica quieta.
- Nathan gosta da Lisa, Nathan gosta da Lisa.
- Meu Deus, você tem quatro anos?
- Talvez menos. – Ficamos quietos por um bom tempo.
Provavelmente pensando a mesma coisa. Não adianta irmos pro Tennessee. Não
vamos estar seguros lá. Não estamos seguros em lugar nenhum
- Sabe... Meu maior medo seria: Virar uma coisa daquelas –
Disse Nathan.
- É... Mataríamos nossos amigos, sem nem ao menos termos consciência
disso.
- Bom... Podemos fazer um pacto.
- Um pacto?
- É... Olha: Se eu morrer, ou for mordido, por favor... Me
mate antes que eu volte – Olhei nos olhos verdes de Nathan, bem no fundo
consegui ver a tristeza e o peso que esse pedido fazia sobre ele, mas também
consegui ver o desejo pela resposta.
- Só se você prometer o mesmo por mim.
- Combinado? – Ele ergueu três dedos.
- Combinado – Ergui três dedos também, e toquei a ponta dos
meus com a ponta dos dele.
- Só não conta nada pro meu irmão não – Ele voltou o olhar
para a luz da vela – Ele jamais entenderia porque eu pedi isso a você e não a
ele... Quer dizer, ele nunca faria isso.
- Tem vezes que a vida de dá duas opção: Ou você vai junto
com o outro, ou você livra o outro dele mesmo, e vive sua vida.
- Provavelmente ele escolheria morrer comigo... Não conte a
ninguém, é melhor,
- Tudo bem – A noite passou e Nathan dormiu. Era mais ou
menos cinco horas, e a única coisa que ouvia era o ronco da minha barriga.
Normalmente quando não posso comer eu fumava, mas agora nem isso eu posso.
Perdi literalmente tudo em um dia apenas... Pais, irmão, casa, carro,
cigarros...
Meu cansaço foi me dominando, o tédio me corroendo por dentro,
e o sono me dopou.
Chuva, a chuva
castigada as janelas do meu quarto. Acordei com um barulho insuportável de
mastigação. Tentei dormir de novo, mas com esses ruídos não dava. Me levantei
para dizer para Jason comer mais baixo, mas quando sai do quarto o que eu
encontrei foi Jason sendo mastigado.
Acordei com tanta violência que cai do sofá. Estava ensopada
de suor. Por um instante pensei ainda estar no sonho, porque o barulho de
mastigação continuava. Mas então, olhei pro lado e vi Mary. Ela era uma deles.
E ela estava mastigando o pulmão, de algum pobre coitado que estava deitado no
sofá. Me levantei cambaleante, era muito nojento. Anciã de vomito subiu a minha
garganta. Fiquei tonta por um momento, e cambaleei. Tropecei na mesa de centro,
e chamei a atenção de Mary. Ela largou o pedaço do fígado do anônimo no chão, e
veio lentamente em minha direção. Chutei o tórax dela, e ela caiu em cima de
Simas
- MAS O QUE... – Gritou ele acordando assustado. Arranquei
ela de cima dele, com as mãos na garganta enforcando-a, vi um brilho de baixo
do sofá. Larguei Mary-Zumbi, e me joguei no chão, peguei a arma, Mary se jogou
em cima de mim, eu coloquei o cano em sua boca e apertei o gatilho. A cabeça
dela explodiu. Lisa correu para mim... Para me ajudar? Não. Para pegar o cadáver
de Mary. DJ chegou depois dela. Me apoiei na mesa para levantar.
Apenas para ter um segundo choque. O anônimo em que Mary
estava comendo as partes, era... Mason. O sol estava no topo, deveria ser nove
e meia da manha, Mason veio cambaleante até nós com aqueles olhos leitosos...
Ele se jogou para cima de Simas tentando abocanhar seu pescoço, Simas o
empurrou fungando, e piscando para não
chorar. Ethan pegou um canivete, e cuidadosa, calma e friamente enfiou a ponta
dele na nuca de Mason. Depois na parte de trás da cabeça, Mason cambaleou pra
trás, e depois caiu.
Sabe a pior
parte? É ver um cara incrível, de um
metro e noventa de altura, braços enormes, cair. Isso só mostra, que... Todos
um dia vão ceder. Mostra que até mesmo os fortes, caem.
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