Merly injetou a metanfetamina na veia dela, ela respirou
mais lentamente, Sarah injetou outro remédio e eu fiquei sentado no chão
encostado no sofá onde Taylor roncava indiferente com tudo que acontecia ao seu
redor.
- Desculpe por ter gritado com você Laura. Não era minha
intenção – Comentei.
- Tudo bem, eu não deveria ter perdido Lola de vista –
Respondeu ela, que estava sentada na escada precária do prédio precário no qual
estávamos instalado, com a cabeça encostada na parede mofada e úmida. Eu não
respondi. Só continuei observando.
- Ela respirou muita fumaça – Sarah pigarreou – ela só acordou
quando as coisas já estavam bem feias. Tentou levantar sozinha, caiu da cama,
derrubou todos os aparelhos, foi só a hora que eu consegui encontrar o caminho
para o quarto dela no meio de toda aquela fumaça – Sarah sentou na cadeira
branca de plástico cansada, passou a mão pelo cabelo e suspirou – Ela tentou
avisar sobre a Lola. Mas não dei ouvidos – Lembrei do momento “tenho que pegar a... Ela esta esperando...
Eu tenho que pega-la” Mas eu não fazia ideia de que, ou de quem ela estava
falando. Também não dei ouvidos, e Lola quase morreu. Quase. A garota é inteligente. Soube se virar sozinha. Sarah olhou
ao redor, e se virou para mim – O que aconteceu com DJ? – Merly me olhou nos olhos.
Seu olhar era pesaroso, triste, como o de alguém que gostaria de desaparecer. Sarah
fez essa pergunta, mas retoricamente. Como se já soubesse a resposta. Meu
coração ficou pesado. Passei por tanta coisa hoje que até teria me esquecido de
DJ, e isso me deu ainda mais pesar.
- Sinto muito, mas... Nos separamos, ele foi mordido. Puxou
o gatilho, tirou a própria vida.
- Ele sempre disse que preferia se matar, do que virar um
monstro – Comentou Sarah amargurada. Só o que iluminava a sala eram algumas
velas que Tyler encontrou na cozinha. Matt, Tyler e Lola foram olhar a parte de
cima. E ao julgar pelo barulho dos passos já estavam voltando.
- Nada. Tudo limpo – Anunciou Matt.
- Legal – Disse.Tyler ainda parecia meio tremulo por ter
atirado no irmão. Mas eu... Meu coração ainda batia com força, minha respiração
não voltou ao normal, minhas mãos ainda tremiam e o bip continuo ainda soava
nos meus ouvidos. Quase perdi ela. Quase.
Ta ai uma palavra bem útil agora. Aquele imagem de eu eletrificando Brenda, com
o teaser como aqueles paramédicos tentando fazer o paciente voltar com aqueles
aparelhos de choque, a diferença é que eu não estava acostumado. Todos iremos
morrer, ou por balas, ou por dentes, ou por uma doença não sei. Mas espero que
isso não seja logo, não da pra ficar sem ela. Simplesmente não dá.
Um voz apareceu na minha cabeça a algum tempo – desde que
Logan morrer – e essa voz sempre volta, ou quando estou sobre muito pressão, ou
sobre ataque, ou raiva. E ela sempre diz a mesma coisa: Vai cara, acaba com isso. Bota fogo em tudo. Bota fogo no mundo todo,
acaba com essa merda.
Uma parte de mim concorda com a voz, mas outra parte que
continuar mantendo a cabeça no lugar, a sanidade nem que seja pouca ainda na
cabeça. Mas a cada dia que passa fica mais difícil, apesar de que eu sei que em
quanto Brenda estiver aqui. Comigo. Eu vou ficar bem.
- Você acha que ela vai ficar bem agora? – Minha voz soava
rouca, mais grave, diferente até pra mim.
- Vai. Vai acordar normalmente agora. Vai poder andar, mas
não correr. Se tiver uma fuga, teremos problemas – Respondeu Merly.
- Se precisarmos sair tem que ser na surdina, não é?
- Aham.
- Tem mais uma mansão que vocês tenham feito de esconderijo?
– Perguntei.
- Sim, só mais uma. A ultima – Respondeu Laura – A mansão
Duffinster. A três quadras daqui.
- Ótimo – Disse – Vão dormir, amanha eu aviso quando vamos
sair – Eles assentiram.
- Ei Merly – Chamou Matt – Desculpa, pelo meu ataque de pelanca...
- Ataque de pelanca Matthew? – Consegui me ver dando risada,
Matt sorriu também.
- Tudo bem carinha, tudo bem – Merly deu um tapinha no ombro
de Matt e depois subiu as escadas. Só um instante... Ataque de pelanca? Eles
gritaram. Como nenhum errante ouviu? Levantei, olhei para a rua, alguns
perambulavam por lá. Talvez não tenham ouvido. Talvez. Deitei no chão, e olhei
para o teto até o sono e o cansaço me vencerem. Quer dizer, não pode ocorrer
nada tão ruim. Pode?
A pode.
Eu não poderia estar mais enganado. Quando eu acordei já era
de dia, talvez umas dez da manha. Mas a luz do dia nem entrava direito dentro
da casa, porque os cadáveres em movimento impediam. Estávamos cercados. Todos
desceram. Brenda já estava acordada, a provavelmente algum tempo. Tinha se
levantado, e se desconectado das máquinas. Andava apoiando nas paredes. Ela me
lançou um olhar perturbado, como se perguntasse “E agora?”, ela andou até atrás de mim.
- Taylor? Acorda cara – Taylor acordou assustado, e levantou
abruptamente batendo sua testa contra a dela – AI – Disseram os dois ao mesmo
tempo, colocando a mão na cabeça.
- Nossa – Disse ele com o ar brincalhão,e sedutor que sempre
usava para falar com ela – Você é tão cabeça dura quanto parece ser.
- Vai se ferrar, Taylor – Respondeu ela.
- Você ta legal? – Perguntei, meio irritado pensando como
ele consegue dar em cima dela até num momento assim?
- To sim – Ela sacudiu a cabeça, e colocou a mão no meu
ombro para se apoiar, ela me lançou outro olhar que dizia “Senti saudades” e eu lancei um igual a ela.
- O que vamos fazer? – Perguntou Laura. Brenda andou até a
cozinha, e observou pela janela.
- Quanto falta até chegarmos aquela tal ilha que você disse
Merly? – Perguntou. Ele andou até a cozinha e olhou pela janela.
- Um dia de caminhada.
- Ta bom, então vamos para a mansão dos Duffinster, e amanha
vamos para a ilha.
- E como saímos da casa? – Perguntou Sarah.
- Pela janela – Respondeu Brenda sem tirar os olhos da
janela – Vamos por trás, sem chamar muita atenção, deixamos algum barulho aqui
dentro, fazemos aqui o mesmo que o Justin fez na outra mansão, eles entram e
morrem queimados.
- Você diz como se fosse tão simples – Diz Taylor.
- Se fizer como eu disse, vai ser – Matt colocou os
medicamentos dentro de uma mochila que encontramos no prédio, e deixamos o
computador. Porque achamos não ser mais necessário, jogamos as mochilas para
fora da janela, começaram a passar. Andaram na rua, indo em direção a mansão
dois por vez. Primeiro Taylor e Sarah, depois Matt e Laura e Lola, Tyler e
Merly, e por ultimo eu e Brenda. Ela foi
primeiro e eu a ajudei a passar. A porta se abriu, os errantes entraram. Liguei
o gás e a boca do fogão. Pulei pela janela e corri. Mudanças de planos. A casa
explodiu muito cedo. Eu e Brenda voamos e caímos no mar.
Foi tão inesperado, eu não tive tempo de absorver o que
estava acontecendo. Não peguei nem um pouco de ar para os meus pulmões, lutei
contra a gravidade, e contra a água do mar pra chegar a superfície, tossi.
Puxei o Maximo de ar como se nunca tivesse sentido ele na vida. Tossi mais um
pouco. Olhei ao redor.
- Brenda? – Não vi nenhuma sombra dela, mergulhei de novo.
Não vi ninguém. É tudo muito escuro no mar, o sal da água ardi nos meus olhos. Olhei
em todas as direções, e finalmente vi uma camiseta branca afundando. Nadei mais
para o fundo, agarrei as costelas dela e a puxei para cima. Sorte? Não, não
existe essa palavra nessas ultimas semanas. Brenda fica em coma, ela tem um
ataque cardíaco, e depois se afoga. Legal não é? Lembrei da minha conversa com
ela “Você perdeu seu irmão depois o
reencontrou. Seus pais morreram você não, seu melhor amigo foi levado para a
Corporação, mas agora está aqui. Isso não te diz nada?” “Só me diz que Deus tem
um senso de humor diferente” Deveria acreditar nisso? Porque estou começando
a pensar sobre. O peso do corpo dela,era demais pra mim. Eu já estava cansado,
minhas forças já estavam se esgotando, não tenho mais fonte de energia para
isso. Tanto emocional, quanto física.
- Justin? Você ta legal? – Perguntei Matt, colocando Brenda
nas costas.
- To, eu to bem sim. – Matt assentiu, e começou a nadar.
Chegamos na areia.
- Brenda? – Perguntou Matt – Ei acorda – Ele bateu de leve
no rosto dela, me arrastei para perto deles, tossindo água – Quanto tempo ela
ficou em baixo d’água? – Perguntou enquanto procurava batimentos cardíacos.
- Acho que quatro minutos.
- Meu deus – Matt colocou as mãos sobre o tórax dela, e
pressionou, uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Nada. Minha mente pensava
freneticamente em como fazê-la volta.
- Matt, Matt calma cara, desse jeito você vai machucar ela –
Ele parou, e sentou na areia com a cabeça baixa e as mãos atrás da cabeça.
Pensei bem. É, é isso que eu tenho que fazer. Tampei o nariz dela, e me
aproximei. Toquei seus lábios com os meus, e fiz uma respiração boca a boca. O
frio de seus lábios, com o frio dos meus estranhamente provocava um calor
elétrico pelo meu corpo como se fosse gasolina no carro. Ela acordou. Tossiu,
cuspindo água. Não disse nada, não precisou. Apenas se sentou, me abraçou e me
deu um beijo. A quanto tempo não fazemos isso? Não sei. Mas eu sentia falta.
Ela me abraçou de novo, eu abraço apertado, tão apertado que sentia seu coração
bater forte contra o meu peito – Porque você vive fazendo isso? É frustrante,
preocupa.
- Desculpa, mas eu voltei não voltei? Eu prometi que
voltaria.
- É – me senti sorrindo, apertei o abraço dei um beijo na
bochecha dela – Prometeu – Fechei os olhos, e desejei que esse momento fosse
pra sempre, mesmo sabendo que não seria.
Matt pigarreou.
- Sabe eu também existo. Alo? – Ele deu um “oi” com a mão.
Brenda riu, se arrastou até Matt e o abraçou também.
- Eu sei mano,
cadê os outros?
- Já foram para a mansão.
- ótimo – Levantamos e andamos até lá. A mansão Duffinster
era a maior de todas. Tinha um cerca de 15 metrôs de altura, e 180 metrôs de diâmetro.
Passando pela cerca tinham algumas armadilhas, e depois um muro de concreto.
Jardim, onde Laura e Sarah já estavam até pensando em plantar algumas coisas. A
casa era incrível, e tinha uma rede elétrica própria, ou seja, temos luz, temos
água quente. E isso é bom. Eu, Brenda, Matt e Taylor fomos dar um olhada pelos cômodos
da casa. Estavam todos trancados. E com pelo menos três mordedores em cada um.
Levei minha faca até a cabeça do primeiro, mas o errante foi mais rápido
agarrou meu braço e me fez cambalear para trás, me prendendo contra a parede. Por
um instante ficamos num impasse, mas depois eu dei uma joelhada no queixo dele,
ele cambaleou e me soltou, enfiei a faca na barriga dele, e se debruçou depois
rapidamente tirei a faca da barriga dele e enfiei na parte de trás da cabeça.
Mau pude respirar antes de vir o próximo. Andei para trás
chutei o errante, ele caiu, com os pés girei seu crânio quebrando o. O terceiro
me pegou de surpresa por trás, agarrando meu pescoço, e me derrubando no chão,
deixei a faca cair. Não conseguia me desvelenciar dele, e ele apenas me largou
e caiu no chão. Puxei um golfada de ar para os meus pulmões, sentei de joelhos
no chão, e depois levantei olhei para trás.
- Agora estamos quites? -
Perguntei Brenda, arrancando o machado das costas do errante do chão.
- Acho que falta um pouco mais até ficarmos quites – Ela deu
de ombros.
- Eu chego lá – Eu dei de ombros. Os outros deram conta dos
outros dois quartos. Mais então só faltava o ultimo. O maior quarto da casa, um
quarto cujo a porta pegava toda a parede. Não estava trancada, a porta de
correr. Contamos até três com os dedos, e Taylor abriu a porta. Sete errantes,
correram para nós. Brenda enfiou o machado, no primeiro, passei a faca no
segundo, passei a perna para trás da perna do outro errante, fazendo-o cair de
joelhos, coloquei a mão no tórax dele, e o forcei a deitar para trás, sua perna
quebrou ao meio. Enfiei a faca na boca dele, fazendo seu sangue preto
esparramar por todo o chão de madeira. Joguei a faca na perna de outro, mas ele
continuou vindo na minha direção, chutei o peito dele, ele caiu, coloquei meu
pé da lateral do seu rosto, agachei, arranquei a faca da perna dele, e enfiei
na cabeça. Me levantei rápido, Brenda deixou o machado escapar de sua mão, o
mordedor investiu contra ela. Corri até o machado, com o pensamento explodindo
na cabeça ela não seu otário. Peguei
o machado, o segurei com as duas mãos e corri de volta ao errante, a voz voltou
ao fundo da minha cabeça Acaba com isso
cara, bota fogo em tudo. Bota fogo no mundo todo. Acaba com isso, e o
ultimo som que ouvi, foi o da oca cabeça do zumbi rolando pelo chão. Se corpo
caiu depois, com aquele barulho costumeiro de esponja molhada no chão.
- Acho limpamos tudo – Disse Matt. Eu assenti. Taylor e Matt
desceram. Eu e Brenda atrás deles.
- Sabe, poderíamos ficar aqui – Comentou Brenda para todos,
quando voltamos a sala – Acho mais seguro ficar aqui, do que numa ilha.
- Eu concordo – Disse Matt.
- Cada um teria seu quarto. Sua cama. Tem água quente aqui.
Tem roupas nos armários. Tem um jardim. Tem comida nos armários... Acho uma boa
ideia – Disse Lola.
- É, eu apoio – Disse Laura.
- ótimo. Então podemos chamar agora este lugar, de casa –
Disse. Eles sorriram, todos parecendo mais relaxados. Mesmo assim cansados,
podia sentir isso na atmosfera da casa. O cansaço era nosso pior inimigo. Mas
agora eles podemos simplesmente pegar um quarto, deitar na cama, e dormir o dia
todo. Esse lugar é murado, tem grades, e armadilhas, não é impossível algum
deles entrar, não é perfeito, mas é bom. Vai servir pra gente ficar aqui.
Chamar um lugar de lar.
- Vocês dois podem ficar no quarto maior – Disse Taylor –
Acho que é o mínimo não é? – Não respondi. Brenda e eu nos entreolhamos, e
depois assentimos. Um quarto só pra gente. Acho uma ótima ideia.
A única coisa que continua certa na minha cabeça é: Não
perca a fé. Você pode duvidar de muitas das decisões de Deus, mas ele realmente
sempre sabe o que faz. Pode ter um caminho turvo para você, cheio de armadilhas,
mas no final você sempre vai encontrar a luz.
“As pessoas entram em nossa vida por acaso,
mas não é por acaso que elas permanecem” – Lilian Tonet.
“O mundo
não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade” –
Albert Einstein
“A
amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas” –
Carlos Drummond de Andrade.
“As únicas pessoas que nunca fracassam são as que nunca
tentam” – Justin Bieber.
Fim.
ATÉ QUEM FIM NÉ BRENDA? tava demorando a postar.. continua que ta otimo :) bjs @_JBMyDiamond
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